TCR Europe 2025: números, protagonistas e uma temporada de referência
A temporada de 2025 do TCR Europe confirmou o renascimento pleno da série, combinando grelhas fortes, luta intensa pelo título até ao último metro e uma base competitiva que voltou a atrair equipas e campeonatos nacionais. O britânico Jenson Brickley conquistou o título por um único ponto – depois transformado em empate decidido por “countback” – no final de um ano que muitos já classificam como clássico.
Vitórias, fabricantes e ‘poles’: equilíbrio até ao fim
Ao longo das 12 corridas de 2025, nada menos do que nove pilotos diferentes venceram, com apenas três a repetirem triunfos: Teddy Clairet, Jenson Brickley e o regressado em grande forma Ruben Volt. Dois desses nomes, Clairet e Brickley, acabariam empatados em pontos no final do campeonato, evidenciando o equilíbrio da grelha.
Quatro construtores TCR colocaram carros no degrau mais alto do pódio:
Audi RS 3 LMS (Audi Sport customer racing): 4 vitórias.
CUPRA Leon VZ TCR (CUPRA Racing): 3 vitórias, incluindo as que sustentaram o título de Brickley.
Honda Civic Type R FL5 TCR (JAS Motorsport): 3 vitórias.
Hyundai Elantra N TCR (Hyundai Motorsport Customer Racing): 2 vitórias.
Nas qualificações, cinco pilotos diferentes assinaram “pole positions” nos seis fins de semana: Ruben Volt foi o único a repetir, em Misano e Barcelona, ao volante do Honda da ALM Motorsport, enquanto Jimmy Clairet (Portimão), Felipe Fernández (Spa‑Francorchamps), Marco Butti (Hockenheimring) e Eric Gené (Red Bull Ring) completaram a lista.
O rei das recuperações e o peso das grelhas invertidas
A estatística de posições ganhas em corrida revelou um dos “outsiders” do ano: o estreante italiano Filippo Barberi foi o piloto que mais lugares recuperou ao longo da época, somando 44 posições ganhas – uma média de cerca de 3,7 por corrida. Logo atrás surgiu o campeão Diamond Trophy, Victor Fernández, com 40 ultrapassagens contabilizadas.
O maior “disparo” numa única prova pertenceu, porém, a um dos candidatos ao título: Teddy Clairet subiu 13 lugares ao sair de 19.º para 6.º na segunda corrida de Hockenheim. Tanto Clairet como o seu rival direto Brickley surgem bem posicionados na tabela de lugares ganhos ao longo do ano, com 38 e 28 posições recuperadas, respetivamente – reflexo de grandes recuperações em corridas de grelha invertida, mas também de sessões de qualificação mais difíceis (Clairet fora do top‑10 na Alemanha e Áustria, Brickley a partir de 16.º em Spa e Hockenheim).
No extremo oposto, Eric Gené – rápido a uma volta e autor de uma “pole” – foi o piloto que mais posições perdeu no conjunto da época, com um saldo negativo de 17 lugares, cerca de 1,4 por corrida.
Consistência: os melhores em média
Na análise das médias de resultados, o melhor registo pertenceu ao estreante italiano Jacopo Cimenes, embora num universo reduzido: alinhou apenas em três eventos e largou para quatro corridas, depois de danos significativos nas duas primeiras provas de fim de semana no Red Bull Ring e em Misano. Nas duas corridas que terminou, fechou em 3.º (na estreia em Misano) e 6.º, o que lhe deu uma média de 4,5.
Entre os pilotos a tempo inteiro, Teddy Clairet foi o mais forte em consistência, com média de 5,0 e um campeonato que o levou ao empate com Brickley em pontos. O seu irmão e colega de equipa, Jimmy Clairet, aparece logo a seguir, com média de 5,2, enquanto o campeão Brickley surge pouco atrás, com 5,6, sublinhando que a luta pelo título se fez tanto de pódios como de regularidade.
Penalizações, direção de prova e ‘fair play’
Num campeonato com até 26 carros em pista, os comissários tiveram um ano relativamente preenchido, com 76 decisões tomadas – cerca de 13 por fim de semana – muito inflacionadas pela final de Barcelona, que sozinha gerou 29 processos, na maioria por limites de pista.
Ao longo da temporada foram atribuídas:
17 penalizações por incidentes de corrida.
5 por conduta de pilotagem (ultrapassagens sob “safety car”, ganhar vantagem fora de pista, etc.).
22 penas por limites de pista em corrida.
2 violações de procedimento de partida.
1 exclusão técnica, aplicada já na última corrida, quando Ruben Volt perdeu o 2.º lugar por uma irregularidade sem ganho de performance – decisão que reduziu a margem de Brickley para um empate em pontos com Clairet, resolvido por “countback”.
Entre os pilotos de época completa, apenas um terminou o ano sem qualquer penalização – sem toques, avisos de conduta, nem sequer um aviso de “track limits”: Jimmy Clairet, exemplo de disciplina em pista numa época de alto risco competitivo.
Uma final de Barcelona digna de filme
O desfecho da época em Barcelona esteve ao nível das melhores finais de turismos. Brickley chegou à derradeira corrida como um dos cinco candidatos ao título e, durante grande parte da prova, parecia preso ao 6.º lugar com o CUPRA, enquanto Teddy Clairet rodava em 2.º com o Audi e assumia virtualmente a liderança do campeonato.
A prestação dos Honda mudaria o enredo: após ter vencido Brickley na Corrida 1, Ruben Volt passou Clairet pela 2.ª posição, enquanto Felipe Fernández ameaçava o britânico, só travado pela defesa musculada do CUPRA gémeo de Eric Gené, que o deixou passar e depois o protegeu de ataques do compatriota. Essa combinação bastou para Brickley assegurar o título por um ponto – até à exclusão técnica de Volt, que igualou os pontos com Clairet e levou a decisão para o critério de melhores resultados.
Hockenheim, Spa e a afirmação da nova geração
Para muitos, a segunda corrida de Hockenheim foi a prova do ano: apenas Felice Jelmini acertou na escolha de pneus, enquanto o resto do pelotão lutava para manter o carro na pista à medida que o asfalto se tornava cada vez mais escorregadio. Nomes fortes ficaram pelo caminho num espetáculo tão caótico quanto imprevisível.
Já em Spa, Marco Butti protagonizou um fim de semana de “montanha‑russa”: meio capotamento nos treinos, vitória na Corrida 1 e um acidente forte na Corrida 2, condensando em poucos dias os altos e baixos típicos do automobilismo de risco.
Domínio espanhol nos bastidores e em pista
O título de Brickley foi também uma vitória do ecossistema espanhol de turismos. O britânico guiou um CUPRA Leon VZ preparado pela Monlau Motorsport, equipa espanhola que já tinha sido campeã em 2024 com Franco Girolami e que, nas palavras do cronista, mereceria “um monumento” pelo trabalho e resultados.
Eric Gené, 4.º classificado final, lutou até ao fim contra a dupla Clairet e o próprio Brickley, reforçando a presença espanhola num campeonato que recuperou grelhas mais completas após anos de alguma incerteza.
TCR Europe recupera estatuto de rampa para o TCR World Tour
Do ponto de vista de Marco Colletta (P300.it, Itália), 2025 foi uma época de renascimento não só em pista, mas também nos bastidores, com um paddock mais satisfeito, ambiente competitivo duro mas respeitador e renovado interesse de equipas e pilotos oriundos de campeonatos nacionais.
Desde a primeira ronda em Portugal, o nível competitivo ficou evidente, e cada fim de semana reforçou a ideia de que não havia um “favorito óbvio” à partida. O facto de 12 pilotos entrarem em Barcelona ainda com possibilidades matemáticas de discutir o título sublinhou o esforço coletivo e a dificuldade do caminho até à glória. Para Colletta, o TCR Europe recuperou o lugar de verdadeira série regional de topo, capaz de receber campeões nacionais e prepará‑los para o patamar seguinte: o TCR World Tour.
O Autosport já não existe em versão papel, apenas na versão online.
E por essa razão, não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Desconto nos combustíveis Repsol
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI






