Fórmula 1, a melhor inovação do ano: pinças de travão
O Mundial de F1 tem sempre muito que se lhe diga em termos técnicos e este ano não foi exceção. Desde inovação a desenvolvimento, houve de tudo um pouco este ano e logo com equipas a mostrarem algo de muito diferente em pista, como consequência das alterações feitas nas fábricas. Mark Hughes e Giorgio Piola, especialistas técnicos explicaram o essencial à F1.com.
A melhor inovação do ano foi a tecnologia de pinças de travão. É uma das poucas áreas em que ainda existe uma grande liberdade de design dentro dos regulamentos. O estudo cada vez mais detalhado dos fluxos de temperatura em torno dos travões dianteiros em CFD (dinâmica de fluxo computacional) abriu caminho para formações incrivelmente complexas das pinças de liga de alumínio-lítio. Tendo em conta que existe um conflito entre a rigidez da pinça e o peso, reduzir a massa trouxe benefícios em termos de aderência mecânica e de condução, mas também comprometeu a rigidez da pinça, uma vez que os pistões no seu interior se prendem aos discos de fibra de carbono para criar forças de travagem imensas, auxiliadas pela força descendente, superiores a 5g.
A Aston Martin e a Red Bull estiveram na frente neste tipo de inovação, com designs de pinças de travão dianteiro cada vez mais complexos. Segundo Mark Hughes e Giorgio Piola à mesma fonte, a massa também tem uma implicação importante na temperatura das pinças, que normalmente não devem funcionar a mais de 200 graus Celsius (os discos podem atingir os 1000 graus Celsius). Com menos material para dissipar o calor, atingem a temperatura crítica mais rapidamente. Mas também arrefecem mais rapidamente.
Otimizar a combinação de uma rigidez adequada, reduzindo a massa e tendo as características de temperatura necessárias, é uma equação complexa em que o CFD tem ajudado os projetistas de travões.
O resultado são pinças de formato extravagante com nervuras finas para proporcionar resistência estrutural apesar da redução do material à sua volta. Para compensar a redução da massa, muitos pinos minúsculos e expostos nas superfícies aumentam a área de superfície e, consequentemente, a capacidade de arrefecimento.
A Aston Martin e a Red Bull foram as primeiras a começar a explorar verdadeiramente esta área em 2022, mas as outras não demoraram a perceber. Em 2023, a Williams tornou-se a terceira equipa a utilizar estes componentes super intrincados, introduzindo-os em Melbourne. Poupam cerca de 200 gramas por roda, o que dá uma poupança total de 0,8 kg de peso não suspenso.