Sebastian Vettel: a 4 corridas de se despedir da F1 como um dos melhores de todos os tempos
Na meninice, Sebastian Vettel dizia que queria ser cantor, sendo um ávido fã de Michael Jackson. Mas, de repente, descobriu outra coisa: as corridas de automóveis. E de tal forma levou isso a peito que acabou por colecionar vários recordes.
Está a quatro corridas de se despedir da F1, mas já estamos com saudades dele.
Sebastian Vettel nasceu em Heppenheim, a 3 de Julho de 1987, de uma família numerosa. Tem um irmão mais novo, Fabian, e duas irmãs mais velhas – Melanie, que faz corridas de cavalos, e Stefanie, fisioterapeuta de crianças com necessidades físicas e mentais.
Uma vez, numa entrevista, confessou que começou a andar de kart aos três anos e meio. E o seu jeito era tal que, quando começou a participar em corridas a sério, com oito anos, começou logo a vencer – corridas, troféus e campeonatos. O mais significativo terá sido o triunfo na Taça do Mónaco, na categoria Júnior, em 2001 – aos 14 anos.
Dois anos mais, tarde, estreou-se nos monolugares, vencendo em 2004 o Campeonato Alemão da Fórmula BMW, com 18 vitórias em 20 corridas. Em 2005, subiu mais um degrau, então para a F3 Euro Series, terminando o campeonato no quinto lugar, mas vencendo o troféu reservado ao melhor rookie, ou estreante. Como prémio, testou o Williams FW27 de F1, a 27 de setembro, com somente 18 anos, o que faz dele um dos mais jovens pilotos de sempre a testar um monolugar de F1. Nesse ano, ficou assente que seria piloto de testes oficial da Sauber, em 2006.
2006 que foi, até então, o seu melhor ano: lutou com Paul di Resta, seu colega de equipa, pelo título na F3 Euro series, perdendo-o por pouco e, além disso, participando pela primeira vez numa prova da World Series by Renault, em Misano. A vitória foi-lhe atribuída depois do vencedor, Pastor Maldonado, ter sido desclassificado. Porém, na prova seguinte, em Spa-Francorchamps, quase ficou sem um dedo, atingido por destroços oriundos de um acidente, e a sua carreira ficou em dúvida durante várias semanas. Ou melhor, deveria ter ficado…pois, logo no fim de semana seguinte, estava à partida do BPUltimateMasters de F3, em Zandvoort, que acabou em sexto lugar, depois de ter assinado a terceira melhor volta da prova!
Para 2007, Vettel tinha prevista a sua participação na totalidade da World Series by Renault, lutando pelo título. E foi isso que começou por fazer, continuando com a Carlin Motorsport: participou nas sete primeiras provas, venceu no Nürburgring e subiu por mais três vezes ao pódio, antes de ser chamado para pilotar a tempo inteiro a F1, com a Toro Rosso. Estava na frente do campeonato, a caminho de um mais que provável título… que acabou nas mãos agradecidas de Álvaro Parente. Vettel ainda foi quinto, mesmo atrás de… Filipe Albuquerque.
O mais jovem…
Sebastian Vettel teve um impressionante número de recordes de juventude na F1. Foi ele o mais jovem piloto de sempre a lutar pelo título até ao fim de uma temporada; o mais jovem piloto a participar numa sessão oficial de treinos de F1; o mais jovem a fazer uma pole position; o mais jovem a conquistar pontos na F1; o mais jovem a liderar uma corrida da F1; o mais jovem a vencer um GP (Itália, em 2008); o mais jovem Campeão do Mundo (2010); o mais jovem bicampeão do Mundo (2011)…
Mas, antes disso, o seu papel de ‘tester’ oficial da BMW Sauber colocou-o no palco dos GP de F1, participando nas sessões de treinos livres de sexta-feira, a partir do GP da Turquia, ocupando o lugar até então de Robert Kubica, chamado à equipa de corrida quando Jacques Villeneuve foi despedido, no GP da Hungria.
A rapidez inata do jovem Vettel, então com 19 anos (!) foi logo provada quando fez a melhor volta na segunda sessão de treinos livres, em Istambul. Repetiu a proeza em Monza, mas agora em ambas as sessões. A F1 rendeu-se a mais este jovem, ‘descoberto’ pelo talento de olheiro de Peter Sauber.
Para 2007, Sebastian Vettel foi confirmado como piloto de testes da BMW Sauber, mas acabou por ser chamado à equipa principal quando Kubica sofreu o grave acidente durante o GP do Canadá, efetuando assim, nesse dia 17 de junho, a sua estreia na F1 em Indianapolis, palco do GP dos Estados Unidos, que acabou em oitavo lugar, depois de ter largado da sétima posição da grelha – e conquistando assim o seu primeiro ponto na F1! E, já agora, tornando-se, com 19 anos e 349 dias, o mais jovem piloto a fazê-lo, na história da F1.
A 31 de julho, a Sauber libertou-o do seu contrato, deixando-o ir para a Toro Rosso, onde foi substituir o norte-americano Scott Speed, despedido por falta de resultados. Todavia, o problema da equipa não era apenas a falta de… velocidade do jovem Speed, pois Vettel, claramente mais rápido, apenas conseguiu um quarto lugar na China.
A época seguinte, também com a Toro Rosso, então uma equipa júnior da Red Bull, não foi melhor nas cinco primeiras corridas, que foram feitas com uma derivação do STR2, chamada B. Porém, depois de a equipa estrear o STR3, outro galo (ou touro…) começou a cantar: pontuou logo no Mónaco, abandonou somente por duas vezes e, em Monza, conquistou a sua primeira vitória na F1, depois de uma prova realizada em difíceis condições atmosféricas, assinando aquela que foi, até agora, a última vitória de uma equipa ‘privada’ na F1 – se tal se pode chamar a uma equipa, numa F1 em que tudo é levado ao extremo, desde a condição humana à sobrevivência…
Oitavo no final desse ano, com 35 pontos, tal foi suficiente para, em 2009, ser promovido à equipa principal, a RedBull, substituindo o veterano David Coulthard, que decidiu então colocar um ponto final na sua carreira. Vettel agradeceu a confiança, triunfando logo na terceira corrida que fez com a equipa de Dietrich Mateschitz, na China. Até ao final do ano, venceu mais três provas, subindo ao pódio em nove das 17 corridas – e, mais que isso, lutando até ao fim pelo título com Jenson Button, que o garantiu para a neófita Brown ao vencer a última corrida, no Brasil, prova que Vettel teria que acabar pelo menos em segundo lugar para ser campeão do Mundo. Foi quarto…
Mas, nos dois anos seguintes, vingou-se da ‘afronta’. Em 2010, Vettel garantiu o seu primeiro título de campeão na derradeira prova, uma vez mais o GP do Brasil, batendo Fernando Alonso por quatro pontos. Na verdade, Vettel apenas ganhou cinco GP, mas, ao vencer três das quatro últimas corridas do ano, carimbou aí a passagem para se tornar no mais jovem Campeão do Mundo de F1 de sempre, com 23 anos e 134 dias.
O ano de 2011 foi ainda melhor, pois Sebastian Vettel e a Red Bull mostraram-se perfeitamente de outro mundo. O jovem alemão venceu a primeira prova da temporada, o GP da Austrália e, depois, nunca mais perdeu a liderança da tabela de pilotos, assinado mais um recorde pessoal: o do piloto que maior número de corridas esteve na frente do campeonato, numa temporada – Vettel nunca foi ultrapassado nessa tabela, durante um campeonato que teve 19 GP!
Na verdade, Vettel apenas abandonou uma única vez e venceu 11 provas, subindo ao pódio em mais seis ocasiões – o suficiente para se sagrar o mais jovem bicampeão do mundo, com 24 anos e 98 dias!
Em 2012 e 2013, mais dois títulos depois de nova luta com Fernando Alonso. Foi tudo muito equilibrado em 2012, resolvendo-se apenas em Abu Dhabi, mas totalmente desequilibrado em 2013.
Ao lado das suas quatro coroas mundiais pode gabar-se de mais de 50 pole positions e vitórias nas corridas, classificando-o – estatisticamente – acima de muitos dos maiores nomes da história da F1.
Após a sua mudança para Maranello, para a Ferrari, essa missão não correu exatamente como planeado, uma vez que a rivalidade de Vettel com Lewis Hamilton se intensificou. Depois veio um espinho adicional do seu lado, o jovem companheiro de equipa da Ferrari Charles Leclerc, o primeiro homem a ultrapassá-lo durante uma temporada na Scuderia.
O seu último desafio é este ano, como líder da equipa de Aston Martin. Ele já levou a equipa ao pódio, mas Vettel está prestes a despedir-se da Fórmula 1 como um dos grandes do desporto de todos os tempos.
Um artigo factual em que se demonstra claramente que Vettel foi um piloto de excepção e que merece o reconhecimento de todos aqueles que sabem apreciar a qualidade de um piloto independentemente dos seus “amores ou ódios”.