Sebastian Vettel: a 4 corridas de se despedir da F1 como um dos melhores de todos os tempos

Por a 19 Outubro 2022 15:55

Na meninice, Sebastian Vettel dizia que queria ser cantor, sendo um ávido fã de Michael Jackson. Mas, de repente, descobriu outra coisa: as corridas de automóveis. E de tal forma levou isso a peito que acabou por colecionar vários recordes.

Está a quatro corridas de se despedir da F1, mas já estamos com saudades dele.

Sebastian Vettel nasceu em Heppenheim, a 3 de Julho de 1987, de uma família numerosa. Tem um irmão mais novo, Fabian, e duas irmãs mais velhas – Melanie, que faz corridas de cavalos, e Stefanie, fisioterapeuta de crianças com necessidades físicas e mentais.

Uma vez, numa entrevista, confessou que começou a andar de kart aos três anos e meio. E o seu jeito era tal que, quando começou a participar em corridas a sério, com oito anos, começou logo a vencer – corridas, troféus e campeonatos. O mais significativo terá sido o triunfo na Taça do Mónaco, na categoria Júnior, em 2001 – aos 14 anos.

Dois anos mais, tarde, estreou-se nos monolugares, vencendo em 2004 o Campeonato Alemão da Fórmula BMW, com 18 vitórias em 20 corridas. Em 2005, subiu mais um degrau, então para a F3 Euro Series, terminando o campeonato no quinto lugar, mas vencendo o troféu reservado ao melhor rookie, ou estreante. Como prémio, testou o Williams FW27 de F1, a 27 de setembro, com somente 18 anos, o que faz dele um dos mais jovens pilotos de sempre a testar um monolugar de F1. Nesse ano, ficou assente que seria piloto de testes oficial da Sauber, em 2006.

2006 que foi, até então, o seu melhor ano: lutou com Paul di Resta, seu colega de equipa, pelo título na F3 Euro series, perdendo-o por pouco e, além disso, participando pela primeira vez numa prova da World Series by Renault, em Misano. A vitória foi-lhe atribuída depois do vencedor, Pastor Maldonado, ter sido desclassificado. Porém, na prova seguinte, em Spa-Francorchamps, quase ficou sem um dedo, atingido por destroços oriundos de um acidente, e a sua carreira ficou em dúvida durante várias semanas. Ou melhor, deveria ter ficado…pois, logo no fim de semana seguinte, estava à partida do BPUltimateMasters de F3, em Zandvoort, que acabou em sexto lugar, depois de ter assinado a terceira melhor volta da prova!

Para 2007, Vettel tinha prevista a sua participação na totalidade da World Series by Renault, lutando pelo título. E foi isso que começou por fazer, continuando com a Carlin Motorsport: participou nas sete primeiras provas, venceu no Nürburgring e subiu por mais três vezes ao pódio, antes de ser chamado para pilotar a tempo inteiro a F1, com a Toro Rosso. Estava na frente do campeonato, a caminho de um mais que provável título… que acabou nas mãos agradecidas de Álvaro Parente. Vettel ainda foi quinto, mesmo atrás de… Filipe Albuquerque.

O mais jovem…

Sebastian Vettel teve um impressionante número de recordes de juventude na F1. Foi ele o mais jovem piloto de sempre a lutar pelo título até ao fim de uma temporada; o mais jovem piloto a participar numa sessão oficial de treinos de F1; o mais jovem a fazer uma pole position; o mais jovem a conquistar pontos na F1; o mais jovem a liderar uma corrida da F1; o mais jovem a vencer um GP (Itália, em 2008); o mais jovem Campeão do Mundo (2010); o mais jovem bicampeão do Mundo (2011)…

Mas, antes disso, o seu papel de ‘tester’ oficial da BMW Sauber colocou-o no palco dos GP de F1, participando nas sessões de treinos livres de sexta-feira, a partir do GP da Turquia, ocupando o lugar até então de Robert Kubica, chamado à equipa de corrida quando Jacques Villeneuve foi despedido, no GP da Hungria.

A rapidez inata do jovem Vettel, então com 19 anos (!) foi logo provada quando fez a melhor volta na segunda sessão de treinos livres, em Istambul. Repetiu a proeza em Monza, mas agora em ambas as sessões. A F1 rendeu-se a mais este jovem, ‘descoberto’ pelo talento de olheiro de Peter Sauber.

Para 2007, Sebastian Vettel foi confirmado como piloto de testes da BMW Sauber, mas acabou por ser chamado à equipa principal quando Kubica sofreu o grave acidente durante o GP do Canadá, efetuando assim, nesse dia 17 de junho, a sua estreia na F1 em Indianapolis, palco do GP dos Estados Unidos, que acabou em oitavo lugar, depois de ter largado da sétima posição da grelha – e conquistando assim o seu primeiro ponto na F1! E, já agora, tornando-se, com 19 anos e 349 dias, o mais jovem piloto a fazê-lo, na história da F1.

A 31 de julho, a Sauber libertou-o do seu contrato, deixando-o ir para a Toro Rosso, onde foi substituir o norte-americano Scott Speed, despedido por falta de resultados. Todavia, o problema da equipa não era apenas a falta de… velocidade do jovem Speed, pois Vettel, claramente mais rápido, apenas conseguiu um quarto lugar na China.

A época seguinte, também com a Toro Rosso, então uma equipa júnior da Red Bull, não foi melhor nas cinco primeiras corridas, que foram feitas com uma derivação do STR2, chamada B. Porém, depois de a equipa estrear o STR3, outro galo (ou touro…) começou a cantar: pontuou logo no Mónaco, abandonou somente por duas vezes e, em Monza, conquistou a sua primeira vitória na F1, depois de uma prova realizada em difíceis condições atmosféricas, assinando aquela que foi, até agora, a última vitória de uma equipa ‘privada’ na F1 – se tal se pode chamar a uma equipa, numa F1 em que tudo é levado ao extremo, desde a condição humana à sobrevivência…

Oitavo no final desse ano, com 35 pontos, tal foi suficiente para, em 2009, ser promovido à equipa principal, a RedBull, substituindo o veterano David Coulthard, que decidiu então colocar um ponto final na sua carreira. Vettel agradeceu a confiança, triunfando logo na terceira corrida que fez com a equipa de Dietrich Mateschitz, na China. Até ao final do ano, venceu mais três provas, subindo ao pódio em nove das 17 corridas – e, mais que isso, lutando até ao fim pelo título com Jenson Button, que o garantiu para a neófita Brown ao vencer a última corrida, no Brasil, prova que Vettel teria que acabar pelo menos em segundo lugar para ser campeão do Mundo. Foi quarto…

Mas, nos dois anos seguintes, vingou-se da ‘afronta’. Em 2010, Vettel garantiu o seu primeiro título de campeão na derradeira prova, uma vez mais o GP do Brasil, batendo Fernando Alonso por quatro pontos. Na verdade, Vettel apenas ganhou cinco GP, mas, ao vencer três das quatro últimas corridas do ano, carimbou aí a passagem para se tornar no mais jovem Campeão do Mundo de F1 de sempre, com 23 anos e 134 dias.

O ano de 2011 foi ainda melhor, pois Sebastian Vettel e a Red Bull mostraram-se perfeitamente de outro mundo. O jovem alemão venceu a primeira prova da temporada, o GP da Austrália e, depois, nunca mais perdeu a liderança da tabela de pilotos, assinado mais um recorde pessoal: o do piloto que maior número de corridas esteve na frente do campeonato, numa temporada – Vettel nunca foi ultrapassado nessa tabela, durante um campeonato que teve 19 GP!

Na verdade, Vettel apenas abandonou uma única vez e venceu 11 provas, subindo ao pódio em mais seis ocasiões – o suficiente para se sagrar o mais jovem bicampeão do mundo, com 24 anos e 98 dias!

Em 2012 e 2013, mais dois títulos depois de nova luta com Fernando Alonso. Foi tudo muito equilibrado em 2012, resolvendo-se apenas em Abu Dhabi, mas totalmente desequilibrado em 2013.

Ao lado das suas quatro coroas mundiais pode gabar-se de mais de 50 pole positions e vitórias nas corridas, classificando-o – estatisticamente – acima de muitos dos maiores nomes da história da F1.

Após a sua mudança para Maranello, para a Ferrari, essa missão não correu exatamente como planeado, uma vez que a rivalidade de Vettel com Lewis Hamilton se intensificou. Depois veio um espinho adicional do seu lado, o jovem companheiro de equipa da Ferrari Charles Leclerc, o primeiro homem a ultrapassá-lo durante uma temporada na Scuderia.

O seu último desafio é este ano, como líder da equipa de Aston Martin. Ele já levou a equipa ao pódio, mas Vettel está prestes a despedir-se da Fórmula 1 como um dos grandes do desporto de todos os tempos.

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Scirocco
Scirocco
2 anos atrás

Um artigo factual em que se demonstra claramente que Vettel foi um piloto de excepção e que merece o reconhecimento de todos aqueles que sabem apreciar a qualidade de um piloto independentemente dos seus “amores ou ódios”.

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