GP Emilia Romagna de Fórmula 1: Verstappen e Red Bull vencem, implosão da Ferrari

Por a 25 Abril 2022 15:23

Os ‘tifosi’ ansiavam por uma vitória da Ferrari em Imola, depois de um início de temporada quase perfeito da parte da ‘Scuderia’, mas acabaram por assistir ao domínio da Red Bull e ao triunfo de Max Verstappen no Grande Prémio do Made in Italy e da Emilia-Romagna num dia em que Charles Leclerc errou.

Os homens da formação de Maranello chegavam ao Autódromo Dino e Enzo Ferrari em alta e confiantes, depois de nas três primeiras provas da época terem conseguido dois triunfos, sempre pelas mãos do monegasco, e cinco pódios, o que lhes permitia liderar confortavelmente ambos os campeonatos.

Já a Red Bull, mostrara ter um carro rápido, mas frágil, que lhe tinha custado três abandonos – dois a Verstappen, quando rodava em segundo, e um a Pérez.

Os responsáveis da formação de Milton Keynes chegavam a Imola sob pressão, uma vez que Ferrari e Leclerc estavam em fuga no comando dos campeonatos, sendo imperativo travar esse ascendente.

Para isso, e ao contrário do que se passava com a Scuderia, Adrian Newey e os seus correligionários tinham concebido alguns componentes técnicos novos que não teriam grande impacto ano nível aerodinâmico, mas poupavam quatro quilogramas de peso ao RB18, que estava do lado dos carros mais pesados do plantel.

Esta cura de emagrecimento não tinha apenas um impacto na performance pura, mas também na forma como o monolugar da equipa de bandeira austríaca geria os pneus.

A Red Bull chegava, portanto, ao traçado italiano com uma nova esperança, ao passo que a Ferrari, sem novidades técnicas de relevo, apostava no seu conhecimento do F-75.

No entanto, outro facto entrava na equação – as condições climatéricas.

À semelhança do que ocorrera o ano passado, a chuva marcou presença em Imola ao longo de quase todo o fim-de-semana, sendo o sábado a excepção, dia em que a Sprint se disputou inteiramente com a pista seca e sem ameaça das nuvens deixarem cair a sua carga, mais ainda assim, as temperaturas eram frescas, bastante mais que nas corridas anteriores.

A qualificação, realizada no sábado, alternou entre o húmido, o seco e o molhado, sendo comprometida por cinco bandeiras vermelhas, que dificultou que os pilotos encontrassem um ritmo.

Na Q3, com a chuva a cair e três interrupções, seria quem errasse menos que conseguiria a melhor posição para grelha de partida da Sprint e, desta feita, foi Verstappen que se impôs, apesar de ter levantado o pé de forma audível e clara, quando passou por uma zona de bandeiras amarelas causadas por Valtteri Bottas, que parara com problemas técnicos

no seu carro.

Leclerc, por seu lado, bloqueava uma roda numa travagem durante a sua segunda volta lançada, desistindo dela, e acabava com o seu primeiro registo, o que o deixava no segundo posto a sete décimos de segundo do Campeão do Mundo.

Pior estiveram Carlos Sainz e Sérgio Pérez, que ficaram longe dos seus colegas de equipa. O espanhol protagonizou um despiste despropositado na Q2, quando tinha já assegurada a passagem ao derradeiro segmento da qualificação, e com o seu carro danificado ficou no décimo posto da grelha de partida.

O mexicano não conseguiu uma volta limpa e ficou no sétimo posto da grelha de partida e distante dos dois da frente.O circuito de Imola não é conhecido por proporcionar muitas

ultrapassagens, mas o facto de este ser um fim-de-semana Sprint, ajudou

os dois pilotos hispânicos.

Pérez rapidamente recuperou até terceiro, ao passo que Sainz protagonizou igualmente uma subida na classificação, dividindo a segunda linha da grelha de partida para o Grande Prémio com o piloto da Red Bull.

Entre o duo que tem lutado por vitórias este ano, Leclerc arrancou melhor do segundo posto, assumindo a liderança, conseguindo até criar uma vantagem que o colocou ao abrigo de qualquer ataque potenciado pelo DRS do lado de Verstappen.

O líder do Campeonato de Pilotos parecia destinado a dar a primeira alegria do fim-de-semana aos “tifosi”. Mas com a pista seca e a maioria dos pilotos a escolherem os marginais pneus macios, o final da Sprint poderia ser penoso para alguns.

Leclerc pagaria nas últimas voltas o esforço realizado no início com a granulação do pneu dianteiro / direito, ficando exposto ao ataque de Verstappen, que apesar da pressão de rodar no “ar sujo” do Ferrari, tinha os seus Pirelli em melhor estado.

Com a ajuda do DRS, o Campeão do Mundo não teve dificuldades em suplantar o seu rival na aproximação à chicane de Tamburello na última volta, assegurando a melhor posição para o Grande Prémio do Made in Italy e da Emilia-Romagna.

A Red Bull vencia a primeira batalha de Imola, ganhando pontos à Ferrari e ficando mais bem colocada para o arranque da corrida do dia seguinte, o que viria a ser determinante.

No domingo, a chuva voltaria a abater-se sobre o circuito italiano, molhando-o por completo, o que obrigaria ao uso de pneus intermédios, pelo menos, nas primeiras voltas.

Com os Red Bull colocados do lado esquerdo da pista, com menos água que o lado direito, e os Ferrari do lado contrário, Verstappen arrancou bem, levando consigo o seu colega de equipa e Lando Norris, que suplantava os dois monolugares de Maranello, mas o pior para a “Scuderia” estava ainda para vir.

Sainz, na tentativa de perder o mínimo de lugares possível, entrou na Chicane de Tamburello lado a lado com Daniel Ricciardo, mas este ao passar pelo corrector interior, deixou a frente escorregar, tocando ligeiramente no F1-75 número cinquenta e cinco. Este entrou em pião e

imobilizou-se na escapatória de gravilha, terminando aí a sua corrida – o espanhol, pelo segundo Grande Prémio consecutivo, abandonava atascado nos momentos iniciais.

Leclerc ficava sozinho contra os dois Red Bull e ainda tinha de se desenvencilhar de Lando Norris, que subira a terceiro nos primeiros momentos de acção.

O inglês, porém, não foi um obstáculo muito difícil e na oitava volta, três depois do Safety-Car espoletado pelo incidente de Sainz ter regressado às boxes, o monegasco ascendia a terceiro a 2,8s de Pérez e a 6,0 de Verstappen.

Era o momento em que se esperava ver o que valia o F1-75 nas mãos de

Leclerc naquelas condições.

O líder do Campeonato de Pilotos conseguiu aproximar-se do mexicano, rodando num ritmo muito semelhante ao de Verstappen, mas ultrapassar era um desafio completamente diferente, uma vez que a trajectória estava seca, mas fora dela a pista permanecia bastante molhada e, sem DRS, tudo era bastante mais difícil.

A questão passava agora por decidir o melhor momento para realizar as paragens nas boxes. Havia o risco de voltar a chover e as equipas queriam controlar essa possibilidade. Por outro lado, o asfalto estava bastante seco em algumas zonas e os slicks poderiam ser uma vantagem, que, contudo, poderia ser extirpada se a chuva voltasse.

Ricciardo, na cauda do pelotão e sem nada a perder, montou médios na décima sexta volta e rapidamente começou a descer os seus tempos, o que motivou uma romaria às boxes, tendo todos os pilotos entrado nas boxes nas três voltas seguintes.

Com a pista fria, aquecer os pneus poderia ser um problema, o que daria vantagem ao “overcut”.

Entres os três primeiros, Pérez foi o primeiro a parar – décima oitava volta – ao passo que Verstappen e Leclerc paravam uma volta depois. Porém, a paragem da Ferrari não foi perfeita, e muito embora o monegasco tenha saído à frente do mexicano, este, com pneus mais quentes, conseguiu suplantar o líder do Campeonato de Pilotos, recuperando o

segundo posto.

O monegasco voltava ao terceiro lugar e não mostrava ser capaz de criar um impacto no piloto da Red Bull que ia abrindo uma ligeira vantagem que, na quadragésima oitava volta se cifrava em quase três segundos, ao passo que Verstappen estava já a dezasseis caminhando autoritariamente para a sua segunda vitória da temporada.

Sem muito a perder, a Norris rodava no quarto a quase uma paragem nas boxes de distância, a Ferrari resolveu chamar o seu piloto para lhe colocar um jogo de pneus macios novos para as últimas catorze voltas.A estratégia por detrás da decisão era obrigar a Red Bull fazer o mesmo com Pérez e agitar a corrida de modo que Leclerc ficasse em posição de

poder lançar um ataque ao segundo lugar.

Os estrategas da equipa de Milton Keynes responderam nas duas voltas seguintes, primeiro com o mexicano e depois com o holandês, tendo o piloto da Ferrari ficado na zona de DRS do piloto da Red Bull.

Nas voltas seguintes, o monegasco deu o máximo para se manter na esteia

do Pérez, mas sem que conseguisse alguma vez colocar-se em posição de lançar uma ultrapassagem. Para isso contribuía ainda o facto de a pista estar húmida fora da trajectória e a superior velocidade de ponta do RB18.

Na quinquagésima terceira volta, Leclerc cortou em demasia o primeiro corrector da Variante Alta, lançando o seu Ferrari no ar, e quando este aterrou, perdeu o seu controlo, entrando em pião e embatendo nas barreiras de protecção.

O carro italiano aguentou o choque apenas com alguns danos na asa dianteira, mas o líder do Campeonato de Pilotos era obrigado a entrar nas boxes para montar um novo apêndice aerodinâmico e trocar de pneus, uma vez que aqueles que tinha no seu carro danificaram-se com o pião.

A Red Bull ficava descansada no comando das operações, com Verstappen a liderar uma dobradinha da equipa, tendo o holandês conquistado a sua segunda vitória da temporada e a sua primeira volta mais rápida do ano, tendo somado o máximo de pontos ao longo de todo o fim-de-semana.

Leclerc com o seu erro, caía para o nono posto, mas em dez voltas conseguia recuperar até sexto, o que ainda assim significou uma perda de dezoito pontos para Verstappen, mantendo o comando do Campeonato de Pilotos, mas agora com uma vantagem de vinte e sete pontos para o segundo, que é o Campeão do Mundo em título.

Num fim-de-semana em que os “tifosi” desejavam um resultado para celebrar, os erros cometidos por Sainz e Leclerc, ainda com o azar do espanhol, fizeram ecoar um sorumbático silêncio em Imola enquanto a Red Bull celebrava.

A questão agora é perceber como a Ferrari e os seus pilotos vão reagir ao desaire de Imola, sendo Miami o palco dessa reacção…

FIGURA: Valtteri Bottas

O finlandês voltou a ter um fim-de-semana pejado de problemas, não tendo participado em toda a qualificação devido ao escape que se soltou, queimando diversos componentes, o que o impediu ainda de tomar parte na segunda sessão de treinos-livres.

Na corrida, uma má paragem nas boxes atrasou-o bastante, mas nem isso esmoreceu Bottas que com um ritmo impressionante, recuperou 13s a Russell e 10 a Norris, terminando a pressionar o jovem da Mercedes.

Tinha ritmo para o pódio e, se tiver um fim-de-semana “limpo”, poderá triunfar no Segundo Pelotão…

MOMENTO: Arranque

O Red Bull parecia ter uma ligeira vantagem sobre o Ferrari, sobretudo

no que diz respeito à capacidade de gerir os pneus, e, portanto, seria

muito difícil a Leclerc bater Verstappen na corrida de domingo.

Num circuito em que as ultrapassagens não são fáceis, o mau arranque do

monegasco rapidamente o deixou numa situação difícil e, com Pérez em

segundo, só um problema de fiabilidade poderia roubar o triunfo ao

holandês, o que não aconteceu, tendo este conquistado o seu segundo

sucesso da temporada.

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