F1, Franz Tost: Da agressão a Speed à vitória de Vettel…


Franz Tost é o chefe de equipa com mais tempo de serviço na F1, atrás apenas do seu homólogo da Red Bull, Christian Horner. Nos seus 18 anos ao leme do Toro Rosso, Tost supervisionou a primeira pole e a vitória da equipa, em Monza 2008, alimentou talentos como Sebastian Vettel, Max Verstappen e Daniel Ricciardo, e ajudou a reabilitar as carreiras daqueles que se deslocam para o outro lado da pirâmide da Red Bull. Mas também teve momentos maus, como quando agrediu Scott Speed, um dos seus pilotos na Toro Rosso. E são esses dois os momentos que recordamos, o seu triste episódio de 2007 com o piloto norte-americano e depois o único triunfo da história da Toro Rosso na F1, o dia em que Sebastian Vettel mostrou o piloto que iria ser…

Franz Tost agrediu Scott Speed

Estavamos em julho de 2007 e depois de vários meses de paz podre na Toro Rosso, começou uma guerra civil! Se Gerhard Berger e Franz Tost há muito que tinham deixado clara a sua falta de confiança nos pilotos que lhes foram impostos por Dietrich Mateschitz, Vitantonio Liuzzi e Scott Speed, naquela altura as coisas pioraram muito. Ainda no Nurburgring, Scott Speed e Franz Tost tiveram uma troca de palavras muito acesa, culminando com uma agressão do patrão da equipa ao seu piloto americano. Este acabou por revelar tudo o que se passara numa entrevista a um site do seu país, com a Toro Rosso a tentar minorar os danos com uma declaração de Tost em que reconhecia ter “tocado” Speed nas costas, mas negando a agressão.

Só que Speed avançou com todos os detalhes e fontes da equipa garantiram-nos que houve mesmo agressão ao piloto. Este queixou-se diretamente a Mateschitz, que impôs a sua continuação e, por isso, na semana seguinte, o californiano testou no Mugello.

Curiosamente, também Vitantonio Liuzzi estava em rota de colisão com a sua equipa. Depois da Toro Rosso não ter prestado as tradicionais informações no final da corrida desse mesmo fim de semana, limitando-se a distribuir um comunicado em que estava escrito apenas, «Nada a dizer.» Liuzzi garantiu aos repórteres que se despistou por ter uma suspensão partida, versão que a equipa desmentiu. Mais tarde, o italiano mandou SMS a alguns jornalistas, indicando um problema de diferencial como causa do seu despiste. O que a Toro Rosso também desmentiu, sendo-nos referido que a situação é idêntica à de Montreal, onde Liuzzi atirou contra um muro o quinto lugar que tinha a 15 voltas do final da corrida e insistiu que foi uma suspensão partida que o fez sair de pista.

Face a estes problemas admitiu-se que Speed já nem corresse na Hungria, aparecendo Sebastian Vettel, e foi exatamente isso que sucedeu.

Um ano e ‘tal’ depois…

…uma inesperada vitória de Sebastian Vettel e da Toro Rosso em Monza, o que foi uma lufada de ar fresco na Fórmula 1, dois meses depois de Kubica e da BMW terem quebrado a hegemonia da McLaren e da Ferrari, vencedoras de todas as outras corridas disputadas desde o início de 2007. Na base deste fantástico triunfo esteve uma belíssima leitura das condições da pista por parte de Vettel e da sua equipa, o aproveitamento completo das potencialidades dum chassis de qualidade, empurrado pelo melhor motor do plantel, uma estratégia ajustada às mudanças nas condições da pista e, claro, a felicidade da Ferrari ter problemas de pneus com as baixas temperaturas do asfalto, combinada com o tiro no pé que Hamilton deu na qualificação.

Mas convém não esquecer que Vettel teve Kovalainen sempre sob controlo, no molhado, no húmido e no seco, sem que o finlandês tivesse problemas de maior no seu McLaren-Mercedes.

Por isso, sendo verdade que a sorte ajudou o alemão e a equipa de Faenza, o triunfo obtido foi inteiramente merecido, no dia em que ficou à vista de todos que, em determinadas circunstâncias, o factor humano ainda pode superar melhores orçamentos e estruturas muito maiores.

De Vettel já tudo se tinha dito e escrito: era um jovem prodígio, tinha uma maturidade que espantava dada a sua juventude, trabalhava de forma meticulosa e organizada com os seus engenheiros, sendo um elemento-chave na equipa, era um motivador de homens verdadeiramente adorado pelos seus mecânicos e tinha um talento especial para pilotar no molhado, como se percebeu no passado.

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