GP Rússia F1: Bottas atrapalha Wolff e Ferrari sem controlo

Por a 29 Setembro 2019 16:14

Por José Manuel Costa

Diz-se dos jogadores de futebol que quando é chegada a hora de renovar contrato, ganham vida, na Fórmula 1 parece a mesma coisa, com Nico Hulkenberg a dar água pela barba a um desiludido Daniel Ricciardo quando está de saída da Renault e Valtteri Bottas a fazer o exercício habitual de subserviência que acaba recompensado com um biscoito, perdão, contrato no final da temporada.

A maioria acreditou que o finlandês iria ser uma pedra no sapato de Hamilton, mas percebe-se agora que Bottas apenas estava a preencher o lugar do campeão enquanto este não recuperasse.

E o finlandês, cujas qualidades nem me atrevo a quantificar pois não sou entendido o suficiente, mesmo tendo a minha opinião, voltou a atrapalhar Toto Wolff.

Primeiro ao aceder às ordens de equipa em Singapura, para não aumentar a humilhação de Hamilton, após erro clamoroso da Mercedes na estratégia.

Agora, na Rússia, voltou a deixar campo aberto a Hamilton e dedicou-se a fazer aquilo que tão bem fez em 2018 a Kimi Raikkonen e à Ferrari.

Sem andar a passear caracóis e sem cometer um único erro, manteve Charles Leclerc atrás de si para que Lewis Hamilton fugisse e ganhasse uma corrida que nem nos melhores sonhos o pentacampeão, a Mercedes e Toto Wolff pensavam ganhar. Mais ainda quando na partida, foram absolutamente enganados pela Ferrari.

Os comandados por Mattia Binotto devem levar um abraço de parabéns. Primeiro porque fizeram a frente rimar com a traseira do melhor carro da Fórmula 1, aproveitando o motor mais potente. Depois, porque recuperaram o campeão do Mundo em Singapura, mesmo correndo o risco de deixar o jovem Leclerc a espumar de raiva pela ‘traição’ da equipa.

Finamente, porque nos devolveram a emoção às corridas. Dito isto, a Ferrari precisa de encontrar um homem que esbofeteie os seus pilotos quando estes não cumprem as suas ordens.

Sebastian Vettel estava a mergulhar na depressão, quando a sua equipa o agarrou pelos fundilhos das calças e o atirou para a vitória em Singapura, atropelando um Charles Leclerc que, ufano das vitórias, achava-se no direto de humilhar Vettel mais um bocadinho. Não permitiu, bem, a Ferrari isso e recuperou o alemão.

Esperava-se que o quatro vezes Campeão do Mundo chegasse a Sochi confiante, mas agradecido à equipa e ao seu companheiro de equipa. Sorrisos, abraços, apertos de mão, declarações bonitas, enfim, aquilo que podia ser feito para dar a imagem de serenidade no reino de Maranello.

A Ferrari desenhou uma estratégia brilhante: Vettel iria ter a ajuda de Leclerc no arranque para os dois passarem por Hamilton e Bottas e ganharam mais uma corrida.

Sabe-se que Binotto com o seu ar angelical e voz de anjo sapudo, explicou a estratégia para ‘entalar’ a Mercedes e que Vettel teria de se sacrificar por Leclerc, já que este tinha feito a “pole position” por larguíssima margem.

A estratégia funcionou e facilmente a Ferrari ficou na frente com os dois carros e a caminho de um sucesso que iria aumentar em mais umas valentes horas os dias miseráveis de Toto Wolff.

Ganha a vantagem suficiente, ergueu-se a voz da box que pedia a Vettel para deixar passar Leclerc. O alemão fez-se de surdo ás ordens dadas, continuou de pé cravado e foi discutindo com a equipa o seu estatuto, para irritação de Leclerc. Ganha a batalha por Vettel através da exaustão, Leclerc voltou a engolir em seco e tudo ficou na mesma até à paragem nas boxes.

Com um ritmo estratosférico e uma ligeiríssima ajuda nas boxes, o monegasco passou pelo alemão e ficou confortavelmente instalado no comando. Hamilton e Bottas deixaram-se ficar em pista com os Pirelli amarelos (os que o Mercedes trata melhor) à espera da deusa da sorte.

A rapariga acabou por despir o fato vermelho e envergou as vestes prateadas. Sebastian Vettel ficou parado na pista com um problema de recuperação de energia no SF90, saiu um “Safety Car Virtual” que neutralizou a corrida e ofereceu a Hamilton e Bottas uma borla em termos de paragem nas boxes.

Ou seja, a Ferrari “ofereceu” o comando à Mercedes e a partir daqui perderam o controlo: o despiste de George Russell fez sair um “Safety Car” e a Ferrari mandou parar Leclerc para trocar mais uma vez de pneus, agora para os mais macios. O monegasco caiu para terceiro, com a Ferrari convencida que Leclerc iria passar facilmente pelos dois Mercedes nas pouco mais de 20 voltas que faltavam para acabar a prova.

Podiam os homens da Ferrari chamar Frederic Vasseur e pedir ao Kimi Raikkonen que recordasse como é que foi a corrida de Monza em 2018, desenhada para uma vitória Ferrari e que acabou com uma dobradinha Mercedes. Não o fizeram, acreditaram no Pai Natal em outubro e negaram a Leclerc uma vitória. Vitória? Claro! Os pneus mais macios acabariam por perder eficácia se o piloto da Ferrari “encostasse” ao Mercedes e a vantagem do SF90 acabaria por vir ao de cima.

Nada disso sucedeu e Lewis Hamilton limitou-se a poupar a borracha do seu W10, escudado pelo obediente e eficiente Valtteri Bottas, para um desesperado Charles Leclerc que apesar de suplicar que “deem tudo o que possam” não tinha combustível suficiente para ativar o “party mode” e ganhar o segundo lugar a Bottas com o DRS.

Tal como em Monza, uma vitória que tinha escrito o nome da Ferrari antes do arranque e que foi engrossando o traço após a excelente estratégia de largada, acabou no colo da Mercedes, com mais uma dobradinha e uma vantagem de 73 pontos face a Valtteri Bottas por parte de Lewis Hamilton. Isto porque o britânico, feliz de poder poupar os pneus porque rodou sozinho, ainda foi buscar o ponto da volta mais rápida… na última volta da corrida.

Contas feitas, quando estamos a cinco provas do final do campeonato, Hamilton tem uma vantagem de quase três vitórias sobre Bottas. Vestida de prata, a deusa da sorte beijou a Mercedes e cuspiu na Ferrari, oferecendo a oitava dobradinha do ano à Mercedes e a quarta em Sochi. Bottas estendeu o seu contrato e a Ferrari voltou a tropeçar nos atacadores.

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