24 Horas de Daytona: Recordar o primeiro triunfo de João Barbosa

Por a 28 Janeiro 2017 19:13

O Riley-Porsche da Action Express venceu as 24 Horas de Daytona, com o português João Barbosa a vencer a clássica norte-americana pela primeira vez…

Do outro lado do Atlântico, também há uma corrida de 24 horas. Hoje faz parte de um campeonato estranho, chamado Grand-Am, onde se usam carros que não correm em mais lado nenhum, chamados Daytona Prototypes. Aha! A palavra mágica… pode já não ter as mais exóticas e espectaculares máquinas de competição do mundo, mas ainda conserva a mística das 24 Horas de Daytona.

É neste campeonato que João Barbosa escolheu fazer carreira nos últimos anos. Depois de duas épocas com a Brumos, lançou-se à aventura e aceitou fazer parte de um novo projecto Action Express Racing. Os pilotos eram experientes, o chassis tinha rodagem, os mecânicos vinham da equipa que ganhou Daytona em 2009… só havia uma incógnita, o novo motor, um Porsche V8 desenvolvido pela Lozano Bros, sem apoio da casa-mãe. Mas este não causou problemas. Aliás, o Riley-Porsche quase não deu problemas nenhuns. Foi apenas nas últimas três horas que a embraiagem e o pedal do acelerador mostraram sinais de fadiga, mas nessa altura já Barbosa e os seus colegas tinham aprendido a controlar o seu novo carro e chegaram ao fim da prova com vantagem suficiente para serem os primeiros a ver a bandeira de xadrez.

Sempre a subir

Foi no início da segunda metade da corrida que a Action Express Racing mostrou as suas garras, entrando definitivamente para os três primeiros lugares e passando a lutar de igual para igual com os carros favoritos da Chip Ganassi Racing e da Michael Shank Racing (MSR). Barbosa e os seus três colegas, o americano Terry Borcheller, o escocês Ryan Dalziel e o alemão Mike Rockenfeller, rapidamente assumiram o comando das operações, com a equipas de boxes a garantir ganhos regulares na vantagem sobre os adversários. Sem ter o carro mais rápido em pista, a equipa liderada por Bob Johnson foi suficientemente regular para conseguir bater uma concorrência melhor equipada.

Quanto ao outro português em prova, Pedro Lamy, a sorte não esteve do seu lado, mas ainda assim conseguiu terminar no sexto lugar. A participar em Daytona pela segunda vez, com a equipa Suntrust Racing, Lamy viu o seu colega Max Angelelli fazer a pole-position, mas durante a corrida começaram logo os problemas, com sucessivas entradas nas boxes, a maioria motivadas por avarias no sistema de transmissão (o Dallara-Ford da equipa de Wayne Taylor trocou de caixa de velocidades três vezes). A isto junta-se um acidente de Lamy à saída das boxes, motivado pela baixa temperatura dos pneus, para um total de 44 voltas perdidas. Mesmo assim, o carro da Suntrust conseguiu recuperar de 19º para sexto, fazendo a volta mais rápida da corrida pelo caminho.

Outros ângulos

Nas 24 Horas de Daytona, a grandes perdedora foi a Chip Ganassi Racing. Com dois carros em pista e três vitórias consecutivas entre 2006 e 2008, era a grande favorita, mesmo tendo trocado os motores Lexus por BMW. Mesmo com um carro mais rápido, o Riley-BMW nº 01 ficou em segundo com paragens nas boxes mais lentas, enquanto o 02 havia desistido antes da nona hora com motor partido. A MSR de Michael Shank também perdeu, principalmente por causa do Riley-Ford nº 6, que a meio da corrida era terceiro na volta do líder, mas depois perdeu tempo com um furo e abandonou a menos de duas horas do fim com um incêndio no motor. Destaque também para o final inglório da carreira do lendário Hurley Haywood. Depois da primeira vitória em 1973 e da última o ano passado, 36 anos depois, o piloto e director da Brumos Racing não chegou ao fim da sua derradeira participação em Daytona, pois o Riley-Porsche da antiga equipa de João Barbosa partiu o motor na fase final da corrida.

João Barbosa (1º)

“Tínhamos planos para ganhar a corrida mas sabíamos que ia ser difícil, sobretudo porque não achávamos que íamos ser competitivos com o andamento que tivemos nos treinos. Decididos mudar as afinações durante a noite e depois correu tudo bem, via-se perfeitamente que o nosso carro era mais lento nas rectas mas estava o ideal para a parte interior do circuito. Foi uma prova quase perfeita, pois tínhamos uma equipa muito equilibrada e pudemos contar com um excelente trabalho de boxes. Este resultado motiva-nos bastante para podermos continuar a lutar pelas vitórias, pois o nosso motor está longe de ser o mais competitivo e gostávamos de poder contar com mais apoio da Porsche.”

CLASSIFICAÇÃO Rolex 24 Hours of Daytona (1/12), Perímetro 5729 metros, disputadas 755 voltas

1º João Barbosa/Terry Borcheller/Ryan Dalziel/Mike Rockenfeller Action Express/Riley-Porsche 24h00m07,601s

2º Max Papis/Scott Pruett/Memo Rojas/Justin Wilson Ganassi/Riley-BMW a 52,303s

3º Christophe Bouchut/Ryan Hunter-Reay/Lucas Luhr/Scott Tucker/Richard Westbrook NPN/Riley-BMW a 4 voltas

4º Colin Braun/Nic Jonsson/Tracy Krohn/Ricardo Zonta Krohn/Lola-Ford a 20 voltas

5º Brian Frisselle/Oswaldo Negri/John Pew/Mark Wilkins MSR/Riley-Ford a 29 voltas

6º Max Angelelli/Pedro Lamy/Ricky Taylor/Wayne Taylor SunTrust/Dallara-Ford a 44 voltas

7º AJ Allmendinger/Brian Frisselle/Mark Patterson/Michael Valiante MSR/Riley-Ford a 48 voltas

8º Jonathan Bomarito/Nick Ham/David Haskell/Sylvain Tremblay SpeedSource/Mazda RX-8 a 48 voltas

9º Jörg Bergmeister/Patrick Long/Seth Neiman/Johannes van Overbeek TRG/Porsche 997 GT3 a 52 voltas

10º Ted Ballou/Kelly Collins/Patrick Flanagan/Wolf Henzler/Andy Lally TRG/Porsche 997 GT3 a 64 voltas

Pole-position: Suntrust Racing, 1m40,681s

Volta mais rápida: Suntrust Racing, 1m41,101s

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