Ralis: “Os novos WRC podem ser um tiro no pé” – Rui Madeira

Por a 22 Agosto 2016 15:52

 

Rui Madeira foi um dos grandes destaques da edição que ainda está em banca do AutoSport, fazendo um balanço das principais incidências que marcaram, até ao momento, os campeonatos nacional e mundial de ralis. Numa última questão que acabou por não ser publicada, o antigo vencedor da Taça FIA de Grupo N, fazendo parceria com Nuno Rodrigues da Silva, mostrou-se preocupado com as novas regras que serão introduzidas no próximo ano, e que resultarão em carros mais potentes e agressivos:

“Em parte, sou contra. Porque acho que os carros já são tão competitivos e  rápidos. Aliás, não é por acaso que têm acontecido alguns acidentes agora em testes. Muitos deles não têm sido abordados, porque os pilotos são profissionais e pagos pelas marcas. Tudo o que seja na parte da aerodinâmica, para alterar um carro e para dar aspecto de carro de corrida, sou sempre a favor. Agora pôr mais 60 ou 70 cv, que é o que se fala… Já aconteceram alguns acidentes fortes agora nos testes e penso que os carros já estão a andar demais. Esta é a minha perspectiva”.

TIRO NO PÉ

O piloto português levanta ainda algumas questões acerca da aerodinâmica reforçada, que poderá influenciar negativamente o espectáculo: “Vamos ver como vai ser a fiabilidade dos carros e como os pilotos vão reagir a troços de 40 ou 50 km com viaturas tão rápidas. Se as coisas vão correr pelo melhor ou não. Mas acho que é um risco muito grande. Uma forma mais justa seria introduzir uma melhoria gradual, de 20 ou 30 cv. Agora 60 ou 70 cv, além da aerodinâmica… pode ser um passo atrás. Acho que pode mesmo ser um tiro no pé. A tecnologia evoluiu muito, os carros cada vez são mais trancados, mais agarrados ao solo, e o que vemos na estrada parece quase impossível. Quem está de fora gosta de ver espectáculo, o carro a fugir de traseira ou de frente, e neste momento os carros estão muito direcionais, muito contidos aos trilhos, amarrados. Mas quando saem de estrada saem muito, muito depressa. É um risco”, concluiu.

Citroën DS3 WRC 2017

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13 comentários

  1. [email protected]

    22 Agosto, 2016 at 18:41

    Opinião de quem lá anda agora :

    Hayden Paddon ‏@HaydenPaddon
    Hayden Paddon Retweeted Bert Verstraete
    The speed diff won’t be so big that it causes concerns for safety. The cars are built strong and FIA pushing hard

    @HaydenPaddon #askpaddon Scary moment for you & bad crash for @SLefebvreRallye. #WRC2017 cars are even faster! Are you worried? @OfficialWRC

    Hayden Paddon ‏@HaydenPaddon
    Hayden Paddon Retweeted Rally Paradise
    Not at all. As drivers we understand the risks involved and personally the cars are not fast enough. More bhp = ����

  2. JorgeCarvalho65

    22 Agosto, 2016 at 23:17

    Vamos em frente.;-)

  3. rfz

    23 Agosto, 2016 at 9:08

    Comentário de velho do restelo…

  4. Seven

    23 Agosto, 2016 at 16:31

    Claro que para o público, as novas regras prometem carros com performances mais excitantes e, por isso, teoricamente mais entusiasmantes e espectaculares.
    Os comentários postados reflectem isso mesmo, mas será que o Rui Madeira é assim tão bota de elástico?…
    Na minha opinião não é(vá, pontuem lá negativamente) e acho mesmo que os seus argumentos têm sentido.
    O ser humano é assim. Acontece uma desgraça e logo tudo é posto em causa, regras alteradas com excessiva prudência e desmedida apetência para tornar tudo absolutamente seguro.
    Depois passam os anos, e muito gradualmente tudo se vai redirecionando novamente para os limites… até estes se voltarem a ultrapassar e aí retornamos quase à estaca inicial(com a devida adaptação à época tecnológica).
    Para muitos, os graves acidentes dos Grupos B não passam duma ténue memória, ou nem sequer a têm por nem serem ainda nascidos à época.
    Eu estava na Peninha, PE a seguir à Lagoa Azul, nessa fatídica manhã de Março de 86, e vi passar aqueles «monstros» cujo som e velocidade provocavam simultãneamente grande excitação e respeito!
    Não sou profeta da desgraça nem creio que o seja o Rui Madeira, mas que actualmente quando os carros voam para fora da estrada, fazem-no cada vez mais depressa, disso não haja dúvidas.
    Evolução claro que sim, mas talvez fosse mais prudente como o Rui diz: «introduzir uma melhoria gradual, de 20 ou 30 cv. Agora 60 ou 70 cv, além da aerodinâmica…» Ele viveu esses tempos loucos!

    • Vasco Morgado

      24 Agosto, 2016 at 4:21

      O seu cometário é do melhor que aqui tenho lido ultimamente porque além de estar bem escrito, tem uma linha coerente de raciocínio do início ao fim.

      Infelizmente não vemos por aqui muitos comentários como o seu, o que é pena.

      Quanto ao assunto em apreço, conheço o Rui Madeira e sempre o tive como um piloto ponderado quer no plano pessoal, quer desportivo e concordo absolutamente com aquilo que ele diz porque, para mim, estas alterações que a FIA pretende introduzir no WRC ‘cheiram-me’ a déjà-vu já que me estou a referir ao que aconteceu com os ‘abusos’ permitidos pela então FISA quando os Grupo B entraram numa espiral de potência e não só, que terminou da maneira como alguns de nós sabemos (outros parece-me que não).

      Quando vejo aqui comentários a comparar o Rui Madeira ao ‘velho do Restelo’, respeito a opinião de quem o escreveu mas duvido que esse comentador tenha vivido os acontecimentos que levaram à abolição do Grupo B e ao retrocesso tecnológico que se lhe seguiu e, como diz o povo “depois de casa roubada, trancas nas portas”.

      Por mim, não quero que se volte a repetir essa situação pelo que subscrevo integralmente a opinião do Rui Madeira. É melhor irmos avançando aos poucos do que muito de uma vez só até porque os WRC actuais já são muito rápidos e espectaculares e eu não quero – a exemplo do que sucedeu em 1987 – deixar de ver os actuais WRC para passar a ‘tartarugas’ a percorrerem os troços do Campeonato de Mundo de Ralis.

    • Vasco Morgado

      24 Agosto, 2016 at 4:27

      Eu estava no troço da Lagoa Azul, 1 km depois do Rio da Mula onde o Joaquim Santos teve o despiste.

  5. fjdnt123

    23 Agosto, 2016 at 20:31

    Foi desta forma que se chegou aos grupo B do antigamente. Aqueles carros desafiavam as leis da fisica por a construção não estar ao nivel da potência. Quando os pilotos ultrapassavam os seus limites ou os da física os acidentes
    só não eram mais graves porque a velocidade em curva era menor que nos actuais WRC. Contudo poderá estar-se no limite do equilibrio, e como diz o Rui, se ele for ultrapassado, poderemos começar a ter acidentes bem mais graves tanto para tripulações como para espectadores. Mas como diz aquele senhor de 86 anos os pilotos são pagos para correr …

  6. rfz

    23 Agosto, 2016 at 22:35

    Se os carros andam pouco é que andam pouco, se aumentam a potência já é perigoso…quem atura esta gente?!!! Os mesmos que dizem ter saudades dos grupos B devem estar agora a dizer que o Madeira tem razão porque é o Madeira a dizer…se fosse o Zé da esquina a dar a mesma opinião já era um ignorante…

    • Vasco Morgado

      24 Agosto, 2016 at 4:44

      Mas quem é que disse que os carros andam pouco? Essas pessoas que possam ter dito isso de certeza que não vão ver as provas in loco e não se apercebem da real velocidade e capacidade de aceleração que os actuais WRC têm.

      O seu comentário tem uma afirmação certíssima quando refere que “o Madeira tem razão porque é o Madeira a dizer…se fosse o Zé da esquina a dar a mesma opinião já era um ignorante…”. É isso mesmo, o Rui Madeira sabe do que é que está a falar porque andou lá ‘dentro’ ao mais alto nível e até foi ‘só’ vencedor da Taça FIA de Grupo N (actual PWRC) enquanto que o Zé da esquina muitas vezes diz o que sabe mas… não sabe o que diz.

      • rfz

        24 Agosto, 2016 at 21:45

        Pois…e o Loeb e o Paddon são 2 ignorantes quando têm opinião diferente….eles que andam ao mais alto nível atualmente devem ser desconhecedores da realidade atual…o Madeira que foi campeão de grupo N há 20 anos atrás é que está mesmo experimentado com os WRC atuais…enfim, o habitual fado português da desgraça. Daqui a um ano dou-lhe a resposta..a si e aos outros “seguidores” da opinião do Madeira…

        • Vasco Morgado

          25 Agosto, 2016 at 3:16

          Que eu saiba, o Loeb e o Paddon não são propriamente o ‘Zé da esquina’ e respeito igualmente a opinião deles mas, como referi noutro comentário neste mesmo tópico, se a FIA viesse a introduzir essas alterações e a permitir uma enorme – mais de 25% – escalada de potência nos novos WRC, estaria a reviver um ‘filme’ que já vi em 1985 e ’86 quando a então FISA permitiu os ‘abusos’ praticados nos Grupo B quando estes entraram numa espiral de potência e não só e que terminou da maneira como alguns de nós sabemos (outros parece-me que não).

          Os actuais WRC são muitíssimo mais rápidos dos que os Grupo B. Há troços do Campeonato do Mundo de Ralis onde a diferença de tempos realizados pelos actuais WRC e pelos antigos Grupo B cifram-se não em segundos mas em minutos.

          Bem sei que a tecnologia evoluiu muito desde meados dos anos ’80, nomeadamente nas suspensões, pneus, transmissões, etc, mas se a tecnologia evoluiu exponencialmente, o mesmo não poderemos dizer das capacidades do ser humano ainda que tenhamos assistido ao aparecimento de alguns ‘extra-terrestres’ como, por exemplo, foi apelidado o Sebastien Loeb.

          Essa nova tecnologia tornou mais fácil a condução dos actuais WRC comparativamente aos antigos Grupo B mas os limites físicos e psíquicos dos pilotos estão novamente a ser postos à prova e receio que acabemos por ver novamente cenas como aquelas que infelizmente vi em 1986 – algumas ao vivo e outras através da televisão – e é isso que eu não quero que se repita.

          De qualquer modo e pelas informações a que tenho tido acesso, a FIA não irá tão longe nessa abertura à escalada de potência, ficando por valores bem mais ‘modestos’ do que aqueles que aqui têm sido ventilados por isso a resposta que daqui a um ano me possa dar, a mim e aos outros ‘seguidores’ do Rui Madeira, não será, certamente, aquela que desejará mas outra bem mais plausível. Vai ver…

        • Seven

          29 Agosto, 2016 at 11:45

          Caro rfz, parece que para si o mais importante é dar a resposta a alguém. Ou seja, ter a presunção da razão.
          Para quem pensa como o Rui Madeira, trata-se de usar alguma prudência, porém seguindo o evidente caminho da evolução.
          Ao contrário do que diz, o Rui Madeira está bem a par da performance dos carros actuais, tendo conduzido vários R5 e mantendo contacto muito estreito com a modalidade.
          A sua competência e a informação a que tem acesso, é dum nível bastante mais elevado do que aquela reservada aos mais atentos, mas contudo simples adeptos como eu.
          Talvez o rfz seja um desses privilegiados como o Rui Madeira…
          O Loeb e o Paddon, pilotos excepcionais e do grupo dos meus favoritos, talvez não discordassem do Rui Madeira, se colocados perante os seus comentários.
          Não se trata de parar a evolução, trata-se de a manter com as rédeas postas(os os cintos, se quiser).

  7. miguelgaspar

    23 Agosto, 2016 at 22:49

    Infelizmente tenho de concordar com o Rui Madeira… o aumento de potencia tão acentuado junto com a carga aerodinamica, vai tornar os carros menos espectaculares… em asfalto serão autenticos DTM. Os carros actuais já não estão ao alcance de jovens que teem varias epocas de WRC2… muito poucos são os que vingam depois no WRC. Os acidentes vão aumentar e não será facil a passagem de um R5 para um WRC2017.

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