WTCR: Campeonato renhido e com muito para dar

Por a 14 Agosto 2018 12:14

Em tempo de férias, é habitual fazer um balanço do que aconteceu até agora durante o ano. A calma e o calor dão o ambiente certo para rever os principais acontecimentos. No WTCR essa pausa dura desde 15 de Julho e apenas terminará a 30 de Setembro, uma pausa demasiado grande para uma taça do mundo. A ronda da Argentina  faria a ponte entre a Europa e o périplo pela Ásia, mas o seu cancelamento levou a mais um período grande de inactividade, uma repetição do ano passado e, infelizmente, já que era habitual no WTCC.

Ainda assim, os fãs dos turismos puderam apreciar uma meia época de bom nível, com corridas emocionantes, vários vencedores e uma luta pelo título que promete ser renhida até ao final. A aposta na maquinaria TCR por parte da Eurosport Events e a forma mais dinâmica como a promoção está a ser feita permite um balanço muito positivo até agora.

 

O filme da época até agora

Marraquexe foi o primeiro palco do ano. O citadino recebeu as máquinas do WTCR e colocou à prova os 25 participantes da primeira jornada. Nas qualificações mesmo com piso molhado, vimos que os Hyundai eram, como esperado, as máquinas mais fortes do pelotão. A pole de Thed Bjork e a vitória de Gabriele Tarquini no sábado mostraram isso mesmo. O novo formato, com duas qualificações e três corridas, foi bem recebido e permitiu ter o dobro da acção em pista. No domingo Pepe Oriola saia da pole mas foi Jean-Karl Vernay a vencer a corrida 2. Na corrida 3 Tarquini não facilitou e capitalizou a pole com a segunda vitória do fim de semana. Os Hyundai dominaram, os Audi da Comtoyou tiveram vários problemas mas foi o Audi da WRT de Vernay a fazer frente às máquinas coreanas. Destaque também para Oriola, um apreciador dos traçados citadinos. Por outro lado, os Honda ficaram um pouco aquém do esperado, principalmente na Boutsen Ginion Racing, pois Guerrieri e Ehrlacher,

da Munnich, prometiam ser grandes animadores do campeonato. Os Golf apresentaram um andamento muito interessante ao contrário dos Cupra da Zengo, e dos Alfa. Os Peugeot 308  TCR que fazia a estreia a nível oficial, mostraram potencial a espaços.

Na Hungria o dominio da Hyundai voltou a ser evidente mas a distribuição dos prémios não foi coincidente com esse domínio e pudemos ver finalmente a Honda a mostrar serviço. Apesar da pole em casa,Norbert Michelisz não conseguiu aproveitar esse facto e com Esteban Guerrieri e Tarquini à mistura, abriu as portas para o triunfo de Yann Ehrlacher vencedor da corrida 1, a primeira vitória do ano da Honda. Na corrida 2 foi a vez de Robert Huff “picar o ponto” com uma vitória de fio a pavio, depois de ter alcançado o 10º lugar na segunda qualificação do ano e na corrida 3, embora Michelisz tenha saído outra vez da pole, não conseguiu suster o arranque de Tarquini (já um hábito) e o italiano carimbou a segunda vitória do ano.

O campeonato começava bem para Tarquini mas o italiano teve de enfrentar o Inferno Verde de Nubrugring Nordshleife e mais uma vez deu-se mal. O veterano piloto da BRC não é fã da pista e tendencialmente não consegue ter os mesmos desempenhos que noutros traçados e quem aproveitou foi Muller que venceu a corrida 1. Bjork foi o mais rápido na qualificação 1 mas foi o seu colega de equipa (e patrão) que levou a melhor na primeira corrida do fim de semana. A segunda qualificação foi dominada novamente por Bjork (uma volta fenomenal) que permitiu ao campeoão do mundo do WTCC vencer de forma categórica a corrida 3. Antes disso, Esteban Guerrieri teve motivos para sorrir com a vitória na corrida com grelha invertida. Mesmo com um Balance of Performance revisto e penalizador, os Hyundai conseguiram dominar, especialmente os da YMR.

Em Zandvoort os Hyundai foram presenteados com um BoP francamente penalizador e pela primeira vez este ano, os i30 N TCR ficavam arredados da discussão pelos lugares cimeiros. Foi assim a vez dos Audi e dos Peugeot brilharem. Na corrida 1 foi Ehrlacher a vencer e começava o fim de semana a ameaçar a liderança de Muller. Na corrida dois  tivemos uma estreia no primeiro lugar. Aurélien Comte deu a primeira vitória DG Sport colocando o 308 TCR no topo do pódio, coroando um fim de semana em que as máquinas francesas estavam muito competitivas. Mas JK Vernay destacou-se com uma pole para a corrida 3, seguida de uma penalização por troca de motor, que o fez sair de último lugar na corrida 2, e por fim a vitória na última prova do fim de semana. Ehralacher concretizou a ameaça e saiu lider da tabela classificativa, a segunda troca de lider até então.

O meio da época chegava e Vila Real recebia as equipas do WTCR, naquela que foi uma das mais intensas rondas do ano até agora. O acidente na primeira corrida fez temer o pior e foi provavelmente um dos mais espectaculares do ano em todas as competições motorizadas. Huff e Bennani deitaram por terra o esforço feito até então e não mais foram vistos em pista com as suas máquinas completamente destruídas. Dos sobreviventes da corrida 1 foi Muller o mais forte. No domingo um nome voltou a destacar-se… Thed Bjork. Com uma pole fantástica arrecadou o melhor lugar para carimbar a vitória dominadora na corrida 3, em mais uma grande exibição do sueco. A corrida 2 voltou a ser para os Peugeot, desta vez com Mato Homola a levar a melhor frente a Muller, que perdeu a hipotese de repetir o triunfo do dia anterior com um erro na Joker Lap. Homola agradeceu e provou o champanhe da vitória.

A última paragem antes da pausa foi feita na Eslováquia. Oriola manteve o excelente ritmo que apresentou em Portugal e venceu a corrida 1. O espanhol foi o 10º piloto a vencer uma corrida em 2018 enquanto Tarquini repetiu a dose na Corrida 2, de onde saiu vencedor. Michelisz andava em maré de azar mas finalmente conseguiu vencer na Corrida 3.

Para já é Tarquini que lidera o campeonato, com 202 pontos, seguido de Muller (199), Michelisz (176), Yann Ehrlacher (171) e Jean-Karl Vernay (166). Ainda com algumas hipóteses de chegar ao título temos Thed Bjork (164), Oriola (154)  e Guerrieri (134). Huff tem 130 e Comte fecha o top 10 com 109.

 

Destaques 

O líder do campeonato tem de ser destacado. Tarquini regressou à competição determinado em mostrar que velhos são os trapos. O italiano começou de forma muito forte (ser o piloto com mais Km feitos no carro terá ajudado) e já foi o MVD (Most Valuable Driver) por três vezes. O rei dos arranques continua em forma tal como Muller, seu perseguidor mais próximo. O francês já tinha metido os papeis da reforma mas exigências obrigaram-no a colocar de novo o capacete e para quem não queria correr não está nada mal. Duas vezes MVD, Muller tem mostrado um nível que parecia ter perdido no WTCC e está na luta. Michelisz tem sido rápido como é seu hábito, mas desde o ano passado que vinha a acumular azares pouco comuns, que talvez tenha espantado com a vitória na Eslováquia.

Yann Ehralcher tem sido também dos melhores de 2018. O jovem francês já no ano passado tinha mostrado muito potencial que este ano está a confirmar. Já liderou o campeonato e tem tudo para lutar pelo titulo até ao fim. Também Oriola tem sido motivo de destaque. Talvez o único piloto capaz de levar o Cupra a outros voos, os espanhol tem sido muito regular e as últimas duas rondas permitiram que subisse na tabela de forma considerável. Também Vernay tem confirmado as suas credenciais e tem sido de longe o melhor Audi.

Por fim destaque para os Peugeot, especialmente Comte que tem mostrado muito potencial. Os carros franceses tem evoluído de forma clara e poderão ainda surpreender este ano.

 

Destaques negativo para Huff, que embora não tenha estado particularmente mal e esteja ainda na luta, não tem estado ao nível que se esperaria, tal como Coronel, que fez questão de avisar tudo e todos que este ano estaria na luta e afinal está muito longe disso. Os Honda da Boutsen Ginion não têm apresentado o mesmo nível dos carros da Munnich. Os homens da Zengo também não têm estado particularmente brilhantes, tal como a grande maioria dos pilotos da Comtoyou. Apenas Vervisch tem conseguido sair do registo algo pobre dos restantes companheiros de equipa. Os Alfa da Team Mulsane esperaram até à pausa de verão para se mostrar. Depois de um início fraco e da saída de Morbidelli a equipa conseguiu finalmente pontuar com Giovanardi e Ceccon, mas tem sido claramente a equipa mais fraca do ano.

 

Os Wildcards

Daniel Nagy foi o wildcard que mais se destacou conseguido fazer 36 pontos no fim de semana em que participou. O homem da M1RA deu nas vistas e aproveitou a oportunidade de jogar em casa para se evidenciar. Petr Fulin foi o wildcard mais “estranho” pois não se encaixava minimamente no perfil indicado pelo promotor mais ainda assim fez 13 pontos aquando da sua participação. René Rast também pontuou na ronda alemã (10 pontos) mas ficou um pouco aquém do que se esperava e do que poderia ter feito, dado o potencial que mostrou em pista. Kris Richard não deu nas vistas como se esperava (venceu o ETCC em 2016), Andrzej Studenič teve uma passagem discreta, dada a pouca experiência que tinha neste tipo de carros, Bernhard van Oranje e Michael Verhagen tiveram o gosto de participar nestas provas. Edgar Florindo e José Rodrigues, apesar das condicionantes que enfrentaram estiveram em bom plano, mostraram potencial para estarem nesta competição e no geral deram uma excelente imagem de si e do país.

 

O que esperar para o resto da época?

Muito equilíbrio e muita incerteza. O BoP será como sempre um factor a ter em conta e os desempenhos das equipas serão sempre influenciados pela forma como os responsáveis penalizam os carros mais rápidos. Ainda decorre o apelo das equipas depois das penalizações dos Hyundai e dos Honda. Na ronda da Eslováquia a FIA fez circular um novo BoP cuja a única mudança estava relacionada com o boost do turbo dos carros que foi alterado. Como as equipas seguem o BoP da WSC não repararam da mudança e quando os carro foram vistoriados pelos comissários, alguns foram penalizados. Isto vem criar uma confusão tremenda pois assim fica claro que há uma cisão entre a FIA e os donos do conceito TCR. No entanto esta mudança não faz sentido e vem contra a filosofia do TCR que implica que todos os carros sob este regulamento respeitem o mesmo BoP. É um assunto que fará ainda correr muita tinta.

No que a corrida diz respeito, os homens da frente, especialmente o top5, são os mais sérios candidatos ao título, pelo que se tem visto. A experiência dos veteranos tem sido importante mas a juventude quererá bater o pé e mostrar do que são capazes. A luta Hyundai vs Honda irá continuar e com as pistas que compões o resto do calendário não parece provável que os Audi encontrem um “terreno de caça” favorável, sem ser Macau. Há muita curiosidade para ver como Oriola, Comte, Guerrieri e Vervisch se vão apresentar nas últimas corridas do ano.

 

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