Robert Kubica foi mais Forte que o destino: foi o primeiro polaco a vencer em Le Mans e na F1, é um autêntico símbolo que se recusou a cair. Recordamos o seu percurso, do Estoril 2005 à glória final. Kubica passou de jovem promessa da Renault e vencedor na Fórmula 1 a símbolo máximo de resiliência, regressando ao topo do automobilismo com o triunfo absoluto nas 24 Horas de Le Mans em 2025.
Há precisamente 20 anos, em 2005, o circuito do Estoril foi palco da consagração do primeiro campeão da World Series by Renault, o polaco Robert Kubica. Nessa corrida no nosso País, bastava ao piloto da Epsilon Euskadi dois terceiros lugares para garantir a consagração, e com o abandono do seu principal adversário, Adrian Valles, Kubica apenas precisou do segundo lugar na primeira corrida para levar a taça para casa.
No final, em conversa com o AutoSport, Robert Kubica, já campeão da World Series by Renault, estava longe de ter o futuro definido. Embora otítulo da competição lhe tivesse assegurado um teste com o Renault de Fórmula 1, o piloto polaco não sabia o que poderia fazer em 2006, pois “não possuo patrocinadores pessoais. Na Polónia não há tradição de desporto automóvel e por isso não sou apoiado. Gostava de fazer F1 ou Champ Car, mas é difícil”, disse-nos na altura.
Mas há pilotos que, embora não o saibam, obviamente, têm o destino traçado, pela sua qualidade, que dificilmente passa despercebida a quem de direito. E foi isso que sucedeu com Robert Kubica, apesar das pedras no caminho que teve durante a sua carreira.
Do título na World Series à Fórmula 1
Depois de conquistar as World Series by Nissan/Fórmula Renault 3.5 em 2005, Kubica deu o salto para a Fórmula 1 com a BMW Sauber em 2006, tornando‑se o primeiro piloto polaco na categoria. Em 2008 atingiu o auge na F1 ao vencer o Grande Prémio do Canadá e lutar pelo título, solidificando o estatuto de estrela emergente do campeonato.
O acidente de rali e a longa recuperação
Em fevereiro de 2011, quando se preparava para deixar a Renault e estava bem colocado para um futuro na Ferrari, sofreu um gravíssimo acidente num rali em Itália (Ronde di Andora), em que um rail perfurou o habitáculo, causando fraturas e lesões severas no braço direito. Este episódio afastou-o da F1 durante anos e colocou em causa não só a carreira, mas a própria sobrevivência, obrigando a múltiplas cirurgias e a uma reabilitação longa e dolorosa.
Regresso às corridas, ralis e F1
Apesar das limitações físicas permanentes, Kubica regressou primeiro aos ralis, conquistando o título de WRC2 em 2013 e somando vitórias e presenças no WRC entre 2013 e 2016. Anos mais tarde conseguiu mesmo voltar ao pelotão da Fórmula 1, alinhando pela Williams em 2019 e somando um ponto no Mundial, e depois pela Alfa Romeo, numa das histórias de retorno mais improváveis da categoria.
Le Mans e a consagração definitiva
Paralelamente, Kubica reinventou a carreira nos protótipos de resistência, vencendo a European Le Mans Series em 2021 e o título LMP2 do Mundial de Endurance em 2023. Em 2025, ao volante do Ferrari 499P privado da AF Corse, venceu as 24 Horas de Le Mans e tornou‑se o primeiro polaco a triunfar na geral da prova, juntando essa conquista à de um Grande Prémio de Fórmula 1 e fechando simbolicamente o ciclo iniciado duas décadas antes, quando ainda não sabia até onde o seu talento o poderia levar. O destino pregou-lhe uma partida, mas a categoria do polaco reservou-lhe bons capítulos no Livro de Ouro do ‘MotorSport’ mundial…
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