TCR Europe: Balanço positivo

Por a 22 Outubro 2018 15:01

Chegou ao fim o TCR Europe. A competição que veio substituir o ETCC trouxe competitividade, uma grelha recheada de bons pilotos e boas equipas, além de nos ter dado corridas interessantes. Com os títulos já entregues é tempo de fazer as contas finais.

O campeonato começou em Paul Ricard e logo na primeira ronda se entendeu que os níveis de agressividade seriam elevados ao longo do ano. À boa moda dos turismos, os toques sucederam-se e as batalhas em pista foram intensas. Dusan Borkovic venceu as duas corridas e assumiu-se como candidato ao título, mas havia outros nomes na calha para o ceptro final, tal como Attila Tassi, Jean-Karl Vernay, Josh Files, Daniel Nagy entre outros.

A segunda ronda sorriu a Mikel Azcona. O jovem espanhol venceu a primeira corrida em Zandvoort e colocou-se também na rota do título. Josh Files mostrou-se e venceu a segunda corrida, numa prova em que Japp Van Laggen ocupou o lugar de Vernay, com excelentes resultados.

Os bons resultados da WRT continuaram, com Vernay a vencer na Bélgica, no circuito de Spa-Francorchamps. O francês aproximou-se dos lugares da frente e Julien Briché colocou o seu Peugeot no lugar mais alto do pódio na corrida 2,  numa fase em que as máquinas francesas tinham sucesso quer no WTCR como no TCR Europe.

Seguiu-se a ronda húngara e aí tivemos motivos para festejar. Borkovic voltou a vencer e na corrida dois, a bandeira lusa subiu mais alto com a vitória de Francisco Mora. O piloto português levou a melhor sobre Francisco Abreu e levou para casa um saboroso troféu. Foi a última participação do piloto da M1RA neste campeonato.

O TCR Europe regressou à Holanda, à pista de Assen e foi a vez do húngaros festejarem. Attila Tassi conquistou a vitória na corrida 2 e Daniel Nagy levou a melhor na corrida 1, baralhando as contas do título, que nesta altura estavam ainda em aberto.

Chegou a ronda italiana e aí Vernay reforçou a sua candidatura com duas vitórias na pista de Monza. O francês aproveitou da melhor forma a vantagem do seu Audi e fez o pleno. Nagy, com um fim de semana para esquecer, ficou definitivamente arredado do título enquanto Azcona assumia-se como um dos favoritos. O espanhol manteve sempre a regularidade nos resultados e com isso ficou em excelente posição para levar o “caneco” para casa. Mas para isso teria de superar a concorrência, com Vernay e Borkovic, que na ronda italiana perdeu o norte e agrediu um membro do staff da equipa de Azcona.  Tassi era um “outsider”, mas ainda mantinha o sonho.

Em Espanha, no circuito da Catalunha, Azcona tinha uma oportunidade de ouro de concretizar o sonho do título em casa e assim fez. Não foi exuberante, como nunca foi no resto da época e limitou-se a fazer o necessário para conquistar o título. Uma exibição inteligente, ponderada e eficaz, o espelho do resto da temporada. Tassi ainda sonhou e a vitória na corrida 1 permitiu encurtar distâncias, mas o sonho depressa acabou, ao mesmo tempo que o de Borkovic, num toque entre ambos, que os atirou para fora de prova. Vernay pagou caro por uma qualificação pobre e teve de correr atrás do prejuízo nas duas corridas do fim de semana, sem sucesso.

Num campeonato em que a agressividade e a exuberância das manobras arriscadas prevaleceu, a sobriedade e a simplicidade de Azcona fez a diferença. Borkovic venceu três corridas tal como Vernay, Tassi venceu duas e Azcona apenas uma. Mas a regularidade foi a chave (como sempre é nos campeonatos).  Vernay mostrou que é um excelente pilotos, mas a ronda perdida em Zandvoort talvez lhe tenha custado o título. Borkovic foi igual a si próprio com altos e baixos. Tassi teve um ano positivo e mostrou que poderá ambicionar outros voos. Files foi um dos grandes nomes deste campeonato e embora não tenha acabado onde se esperava, mostrou aqui e ali o seu talento. Stian Paulsen, com os poucos recursos à disposição esteve muito bem, Richard esteve abaixo do esperado e Comini foi uma sombra do que já mostrou.

 

O balanço dos portugueses

O ano começou com três portugueses em pista. Francisco Abreu tinha um projecto para a época completa com a Sports & You e a Peugeot, Francisco Mora apostou numa filosofia “prova a prova” procurando sempre apoios, inserido na M1RA, uma estrutura com qualidade e Gustavo Moura fez apenas a primeira prova do ano.

Abreu e Mora continuaram a competir e se  Mora conseguia lutar com os homens da frente, Abreu tinha primeiro de fazer crescer o seu Peugeot. O ponto mais alto foi na Hungria, em que os dois lutaram pela primeira posição na corrida 2, mas Mora levou a melhor, com Abreu a não aguentar a pressão do compatriota, com a ajuda dos travões que mais uma vez deram dores de cabeça ao madeirense, um problema recorrente no início da época que foi sendo resolvido. Mora foi um dos nove vencedores este ano mas infelizmente foi a última participação do bi-campeão nacional. Abreu manteve-se e continuou a sua evolução mostrando potencial, especialmente em Monza onde os incidentes da corrida o prejudicaram.

O balanço é positivo. Esperava-se um pouco mais é certo, pois o talento dos pilotos justifica outros voos, mas foi um bom ano de aprendizagem. O TCR Europe pode ser uma excelente plataforma para este duo com muita qualidade  e se Mora conseguir um projecto a tempo inteiro e  Abreu colocar em pista todo o conhecimento angariado este ano, poderemos ter motivos para sorrir em 2019. 2018 foi o início do que se espera ser uma história bonita para ambos.

 

Disciplina no centro das atenções

Um dos factores que, pessoalmente, me pareceu mais negativo foi a irregularidade com que as sanções desportivas foram aplicadas. Foram várias vezes em que vimos dois pesos e duas medidas, o que fomentou o aparecimento de algumas injustiças. Pudemos ver neste fim de semana Kris Richard ser excluído por um post mais aceso nas redes sociais e Borkovic pôde correr este fim de semana após uma agressão que foi vista por todo o mundo. Mesmo Abreu e Mora foram vitimas desta falta de coerência que terá sido a raiz de alguns abusos que se viram em pista. O campeonato é interessante, com um calendário atractivo e é uma excelente porta de acesso ao WTCR, ou até uma competição indicada para pilotos com menos orçamento. Mas este “pormenor” tem de ser revisto e assim que isso acontecer o TCR Europe tem tudo para ser um sucesso ainda maior. Não é à toa que vimos 31 carros em pista neste fim de semana.

 

O Futuro

O futuro só pode ser bom. O TCR Europe conquistou o seu espaço e por certo verá novos nomes tentarem a sua sorte. Ashley Sutton e Mike Halder estão prontos para dar o salto dos seus campeonatos para o europeu e mostraram qualidade e são apenas dois nomes numa lista de potenciais reforços que deverá crescer nos próximos meses. Mesmo em território nacional poderão surgir mais nomes a apostar no europeu na próxima época. 2018 foi bom mas queremos mais em 2019.

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