Crónica: “Esqueçam lá o Ronaldo… Há um novo herói em Portugal e chama-se António Félix da Costa”

Por a 20 Novembro 2016 09:43

Foi uma vitória arrancada a ferros, mas em que a classe e talento do vencedor nunca estiveram em causa. Um triunfo num carro sem patrocinadores, como o próprio fez questão de referir na conferência de imprensa que se seguiu à conclusão da prova, e que no entretanto já deve ter deixado umas quantas empresas arrependidas. É a sina de ser português, diz-se por aí. Mas isso não impediu António Félix da Costa de voltar a demonstrar que é um dos melhores pilotos do mundo, num fim-de-semana de sonho para as cores portuguesas, em Macau (com o triunfo de Tiago Monteiro no TCR) e no WEC (com a conquista de Rui Águas nos GTE-Am e o vicecampeonato de Felipe Albuquerque nos LMP2).

António aceitou o convite surpresa de Trevor Carlin, com quem trabalhou na GP3 e venceu a edição de 2012 do GP de Macau, para regressar ao Circuito da Guia. E a emoção tomou conta de todos no final da corrida: do piloto à equipa, e dos portugueses que fizeram questão de entoar “Campeões! Campeões! Nós somos Campeões!” com o hino nacional como música de fundo.

Em março de 2013, fui a Barcelona assistir aos testes da GP2, na altura com Jolyon Palmer como ponta de lança da Carlin, e nunca irei esquecer o que me disse o patrão da equipa: “O António é um dos melhores pilotos com quem trabalhei. Um tipo impecável, trabalhador e rapidíssimo, e merece a 100% estar na Fórmula 1 no próximo ano”, contava-me Trevor Carlin, seguro do ‘pilotaço’ que tivera em mãos.

O vaticínio tinha sido dado por quem o conhecia melhor, poucos meses após uma época de sonho para o piloto português. Em 2012, acumulou a GP3 com a estreia nas World Series by Renault 3.5 e em ambas brilhou, conseguindo o ‘passaporte Red Bull’ e uma carreira, dizia-se, na Fórmula 1. Tal não chegou pelas razões que se conhecem –  a entrevista que deu ao AutoSport em janeiro foi esclarecedora nesse sentido. Mas hoje voltou a ouvir-se como ele merecia estar nesse lote de pilotos.

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Talvez nunca se tenha referido tanto o nome de um piloto português durante a transmissão internacional de uma prova, com os comentadores de serviço, de origem britânica, a questionarem-se também sobre o motivo para António Félix da Costa não estar na Fórmula 1 e ter sido preterido pelo russo Daniil Kvyat. “Esqueçam lá o Ronaldo. Há um novo herói em Portugal e chama-se António Félix da Costa”, disseram, coroando este segundo triunfo do piloto português em Macau. E tinham toda a razão, com o ‘brilharete’ a surgir após muitos anos sem pilotar este tipo de carros e com apenas dois dias de testes para voltar a conhecê-lo.

No entanto, não é mais esta vitória a confirmá-lo. Só mesmo quem não o conheça, e não tenha acompanhado o percurso brilhante da sua carreira, é que poderia duvidar das suas qualidades nesta profissão que ele escolheu e que o acolheu, com muita entrega e sacrifício pelo meio. O patriotismo faz-se ouvir agora, e com todos os motivos para tal. Mas a memória é curta, e nos momentos maus nem sempre o ouvimos. Era bom que todos se lembrassem destes feitos com maior frequência, tal como em seu tempo aconteceu nos ralis com Armindo Araújo, por exemplo. Mas isso agora não interessa nada. Afinal, hoje é dia de festa… portuguesa, com certeza!

André Bettencourt Rodrigues

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6 Comentários
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demolidor19
demolidor19
7 anos atrás

Grande Formiga……

Pity
Pity
7 anos atrás

Foi tão bom ouvir um comentador a dizer “he should be in F1” e “he is not only a great driver, he is also an amaizing guy”.

Kimi Iceman
Kimi Iceman
Reply to  Pity
7 anos atrás

Só os tipos da Red Bull não vêm isso, devem ter palas gigantes que nem os burros.

Pity
Pity
Reply to  Kimi Iceman
7 anos atrás

Um país pequeno, com excelentes águas e vinhos, não bebe Red Bull 🙂
Já devem ter visto, mas não dão o braço a torcer. E interessados houve mais, mas aí, faltou o “incentivo” necessário. O dinheiro, sempre o dinheiro….

Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
7 anos atrás

A única coisa que falta ao AFC para estar na F1 é o mesmo problema do costume: o dinheiro. Talento? Querem mas tem de vir com uma valente mala de dinheiro, se não ficas à porta. Porque na altura muitos defenderam a entrada do Kvyat, porque tinha feito isto e aquilo, quando todos viram qual foi a marosca: red bull queria entrar com o pé grande no mercado russo e também temos de ver que Petrov estava de saída e acabava de entrar no circuito um GP russo, por isso tudo Kvyat saiu beneficiado contra um piloto que demonstra ser… Ler mais »

senna-rossi
senna-rossi
7 anos atrás

É um sentimento amargo-doce este..depois de acompanhar o Formiga durante estes anos todos…em 2012 a primeira vitória os companheiros de equipa da Carlin eram …Sainz e Nasr..deu pelo menos 11 segundos durante as 15 voltas aos companheiros de equipa…hoje dizia ele e bem estou num carro e num fato sem

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