António Barros: Um campeão à moda antiga

Por a 26 Março 2023 09:45

António Carlos Figueiredo Pinto de Barros é um nome que, por certo, pouco dirá aos mais novos. Mas a verdade é que foi um dos mais conceituados pilotos nacionais da década de 50, 60, 70 e até 80 e o que fez nas pistas ficou gravado na história do automobilismo nacional.

Uma história que se iniciou no início dos anos 50, por influência do seu irmão Abílio, mas que recebeu diversos golpes que travaram a genialidade do piloto portuense com qualquer volante na mão e que o impediram de se ter destacado numa carreira internacional, apesar de um dia ter recebido um forte elogio de um tal de Juan Manuel Fangio!

Um dos golpes mais difíceis de encarar foi, certamente, o que o obrigou a recusar um convite para ser piloto oficial da Stanguellini, em Itália depois da sua memorável vitória no circuito de Monthléry, emParis, quando, simultaneamente, a sua mãe tve um problema cardíaco ao descobrir o convite. Assim, Barros não teve outra opção, na altura, que não dedicar-se às corridas de velocidade nacionais.

Com uma condução exuberante, mas muito eficaz, o piloto conseguiu então êxitos ao volante de carros tão diferentes como o MG TF, o MG A, o Porsche 1600, o Jaguar 3.8, sem esquecer o Mercedes 300 SL e o Porsche Aurora. Os fórmulas também o cativaram, mesmo sabendo que à partida de cada corrida estava já em desvantagem pela relação de peso piloto/carro. Porém, não foi isso que o impediu de ter bons resultados com os Fórmula V e os Fórmula Ford e de estar sempre no ritmo dos da frente.

Felizmente, um interregno na sua carreira, entre 1963 e 1967, por motivos profissionais, não foi suficiente para lhe abalar as qualidades de piloto. E depois de desenvolver uma metodologia de trabalho muito própria, que não se dispensava os aturados treinos, Barros regressou em força para conseguir os títulos que lhe faltavam, nomeadamente os de Campeão Nacional de Velocidade de Grupo, 2, 3, 4 e 5, em 1979, e do de Grupo B, em 1980, sempre no memorável Porsche Aurora. Foi também aos comandos do carro alemão que foi obrigado a colocar um ponto final na sua carreira, em circunstâncias dramáticas, depois de realizar a sua última corrida no Circuito de Vila do Conde, já com o coração a acusar a adrenalina. O mesmo coração que o atraiçoou definitivamente, mas que não lhe conseguiu roubar um lugar de destaque na história do automobilismo português.

Prosseguir a tradição de família

Envolto desde sempre numa tradição familiar dedicada aos automóveis, António Barros cumpriu a tradição e deixou também ao filho a herança do “bichinho” das corridas. Por isso, desde muito cedo, António Barros (filho) habituou-se a acompanhar as provas do pai, até lhe herdar o estilo e a habilidade que tão bem soube igualmente transpor para as pistas. Como recorda, «assisti a quase todas as suas corridas desde 1966 e percebi que era um piloto muito aguerrido e não tinha medo de nada. Com ele aprendi uma grande lição que foi só se fazer o que se sabe dentro da pista e nunca ultrapassar os nossos limites».

António Barros e o seu irmão Abílio Barros partilharam a paixão pelo automobilismo (foto em cima). O piloto participou no Circuito da Boavista em 1953 com um FAP e depois com um Mercedes 300 SL (em 1960)

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1 Comentário
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frescoantonio01
frescoantonio01
4 anos atrás

Foi um grande Piloto, adorava vê-los Pilotar, eram corridas extraordinárias, vibrava ao ver o seu carro passar frente a nós.

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