Rali Dakar: a última década dos portugueses nos autos
Portugal vai voltar a ter uma dupla lusa na categoria principal do Dakar. João Ferreira e Filipe Palmeiro confirmaram a presença no Dakar 2025 com o Mini JCW T1 Plus da X-Raid, naquele que será o primeiro Dakar do jovem piloto num carro da categoria Ultimate! É o terceiro Rali Dakar consecutivo: “onde irei lutar lado a lado com alguns dos pilotos mais impressionantes de sempre! Vamos aprender muito ao participar nesta competição com a x-raid”, disse João Ferreira.
Nesse contexto, vamos recordar os 10 últimos anos de participações de duplas, pilotos ou navegadores no Rali Dakar.
2024: Portugueses longe da frente
Vaidotas Zala/Paulo Fiuza (Mini X-Raid Arijus Team) terminaram a prova muito atrasados. Mantiveram durante muito tempo um lugar no top 10 do MINI JCW Rally Plus e foram avançando na classificação geral. Mas na etapa crono das 48 horas, o veículo ficou tão danificado ao embater numa duna que teve de abandonar a etapa mais cedo e com isso tiveram uma enorme penalização. Terminaram na 131ª posição.
Já Pau Navarro/Gonçalo Reis (Mini JCw Rally T1+) tiveram um forte capotanço, em que o jovem piloto espanhol se lesionou no pulso e teve de abandonar a prova. Para o português, depois de se ter estreado em 2023 ao lado de Hélder Rodrigues nos SSV, o salto era grande, para os T1+ e a luta do top 10 à geral, mas infelizmente ficaram-se pela segunda etapa da prova.
Gintas Petrus e José Marques (Gintas Petrus) foram 50º da geral, numa prova em que depois dos problemas que tiveram na Etapa 7, foram sempre subindo posições. Terminaram a primeira semana do Dakar no 49º lugar da geral e não conseguiram bater o 41º lugar de 2020 e 2022 e o 36º de 2021 fruto de uma prova com altos e baixos. O principal objetivo foi cumprido, chegar ao fim, mas suplantar o 36º posto de 2021 ficou para a próxima.
Ricardo Porém/Augusto Sanz (MMP T3 Rally Raid) partiram para esta 5ª participação no Dakar com objetivos concretos, que não foram cumpridos. A última etapa da competição foi madrasta para o piloto de Leiria que contou com alguns problemas mecânicos que o atrasaram e o fizeram terminar na oitava posição: “Foi um grande balde de água fria. Sabíamos que para cumprir o nosso objetivo tínhamos de ter alguma sorte e, na verdade, acabámos por ter algum azar. O carro teve problemas mecânicos no último dia, depois de se ter demonstrado fiável ao longo das últimas 11 etapas. As corridas são assim, mas é bastante frustrante terminar a prova assim.”
Mário Franco/Daniel Jordão (Yamaha YXZ) foram 7º lugar entre os pilotos e equipas do Ranking Challenger. Em ano de estreia aos comandos de um Yamaha YXZ 1000R Turbo T3, tiveram alguns contratempos mecânicos e pedidos de assistência, utilizaram o Joker, que após a ausência na 10ª etapa,
mas acima de tudo, por muita aprendizagem: “Não foi o Dakar que desejávamos, mas tendo em conta a dureza deste rallye todos os imprevistos que tivemos, podemos dizer que foi concluído com sucesso!”
João Monteiro/Nuno Morais (Can Am Maverick XRS Turbo) terminaram a sua primeira participação na mais dura maratona de todo-o-terreno do Mundo. A dupla nacional ‘sobreviveu’ a dias muito duros, fazendo sempre o seu papel dentro da estrutura South Racing: “Quando se fala que o Dakar é a corrida mais dura do Mundo não é ao acaso. É um esforço pessoal e psicológico que nos obriga a estar muito preparados. Eu e o Nuno atacamos este Dakar com pouca experiência em dunas e isso fez-se sentir em algumas etapas. Terminar etapas de noite aconteceu, num dos dias fizemos cerca de 100 km e isso é uma aprendizagem incrível. Chegamos ao fim com o objetivo cumprido e conseguimos ainda ser os melhores rookies entre os carros. É brilhante. Não podia pedir mais, é um sonho tornado realidade que nunca esperei que acabasse assim.”
Nos T4 João Ferreira/Filipe Palmeiro (Can Am Maverick X3) terminaram a segunda participação no Dakar. Depois de algumas etapas inglórias, concluiram a prova na quinta posição e três triunfos em etapas.
“Naturalmente não podemos estar felizes quando o nosso objetivo era o de vencer. Fizemos uma prova menos regular do que o que esperávamos e isso acabou por nos prejudicar no resultado. Ainda assim, tiramos boas ilações, vencemos várias etapas, mais do que qualquer piloto da nossa categoria, o que comprova que somos rápidos e que temos condições para lutar por vitórias.”
Cristiano Batista/Fausto Mota (Can Am Maverick X3) foram sétimos, venceram a 9ª especial.
2023: Dois portugueses no top 10, três venceram etapas
João Pedro Ré e Pedro Bianchi Prata foram os portugueses melhor colocados. Respetivamente navegadores do piloto saudita Saleh Alsaif e do brasileiro Bruno Conti de Oliveira, levaram a que Portugal terminasse com dois concorrentes no top 10. De toda a caravana lusa, foram ambos os mais destacados nas respetivas categorias.
Fausto Mota ficou perto, pois ao lado de Cristiano Batista (BRP South Racing), era 6ª na etapa 11, mas as coisas correram mal e caíram para o 32º lugar. O piloto português melhor colocado foi Ricardo Porém, com o 12º lugar nos T3.
De resto, o Dakar foi positivo com dois triunfos em etapas de pilotos lusos, entre os três portugueses que venceram etapas: no T3 João Ferreira venceu a etapa 8, Ricardo Porém, a 11 e Cristiano Batista e Fausto Mota, tinham vencido a Etapa 3 no T4.
O destaque deste Dakar vai para o triunfo de João Ferreira/Filipe Palmeiro na 8ª etapa do Dakar, e também o de Ricardo Porém e Augusto Sanz na 11ª. Nos autos, Vaidotas Zala/Paulo Fiúza (BRX Hunter T1+) ficaram pelo caminho, na etapa 12, e Gintas Petrus/José Marques (Optimus Petrus Racing), terminaram no 114º lugar.
O Camião #529 de Joao Dias (X-Raid Yamaha Supported Team) terminaram na 19ª posição. Eram 17º na etapa 10, mas nos últimos dias caíram duas posições. No T4, Ricardo Suarez e David Megre (Can-Am) desistiram na 8ª etapa, quando eram 43º. Por fim, Hélder Rodrigues e Gonçalo Reis (BRP South Racing Can-Am), que terminaram em 27º, o moçambicano Paulo Oliveira e o português Miguel Alberty (Can-Am Mozambique) foram 37º do T4, e por fim nos Camiões, José Martins (Iveco Team Boucou) foi 22º e Armando Loureiro (Man Team Boucou), 47º.
2022: Luís Portela Morais destacou-se
O melhor resultado do ‘nosso’ contingente pertenceu a Luís Portela Morais e David Megre (Can-Am/Bp Ultimate SSV Team), que terminaram no sétimo lugar da geral do SSV T4. Uma grande prestação da dupla lusa na sua estreia no Dakar em SSV.
Vaidotas Zala/Paulo Fiúza (Mini All4 Racing) bem tentaram chegar ao top 10, mas ficaram-se pela 11ª posição.
Mário Franco/Rui Franco (Yamaha ZX 1000R), terminaram o Dakar na 13ª posição. Na etapa 10 tiveram problemas, caíram para 16º mas ainda recuperaram três posições.
Rui Oliveira/Fausto Mota (Can-Am/CRN Competition Team) fizeram uma prova regular, e terminaram no 16º da geral.
José Martins/Belivier/Gimbre, finalizaram o Dakar no 28º da geral, depois da terem iniciado no 37º. Por fim, no Dakar Classic, João de Almeida/João Sousa (Ssangyong da TH-Trucks) foram 80º classificados. Todos os portugueses com exceção de Filipe Palmeiro, terminaram a prova.
2021: Portugueses com prestações positivas
Traçar objetivos antes da prova é bom para alimentar a motivação, mas todos sabem à partida que o Dakar é sempre mais complicado do que imaginamos. A verdade é que a prestação lusa foi globalmente positiva. Lamenta-se apenas a desistência de Paulo Fiúza e Vaidotas Zala, com problemas no motor do Mini no início da segunda semana, mas todos os restantes concorrentes dos autos e SSV todos terminaram a prova, e todos eles com prestações muito meritórias.
Ricardo Porém e Jorge Monteiro (Borgward) chegaram ao fim da prova no 20º lugar da geral. Fizeram um Dakar em crescendo, eram 41º no final do primeiro dia, chegaram ao top 10 na Etapa 8, ainda caíram uma posição mas recuperaram-na no dia seguinte. Apontaram para o top 15, mas este ano o nível dos concorrentes subiu um bom bocado. Menos, mas melhores.
Paulo Fiúza e Vaidotas Zala tiveram graves problemas mecânicos com o motor do Mini JCW Rally, logo na Etapa 2. Tinham sido 19º no prólogo e 34º na Etapa 1, mas logo aí tiveram problemas com a caixa de velocidades do Mini e também motor. No dia seguinte, o motor cedeu e desta vez foi definitivo. Ficaram pelo caminho.
Beneditkas Vanagas e Filipe Palmeiro (Toyota Hilux), ter4minaram a prova na 12ª posição, e não conseguiram sequer, igualar o melhor resultado do piloto , o 11º lugar em 2019. Filipe Palmeiro já tem outro palmarés na prova já que foi 10º com Guillerme Spinelli em 2010, nono em 2014 com Martin Kaczmarski e 8º em 2019 com Boris Garafulic.
Nesta prova, foram 32º na Etapa 1, depois de dois furos e um erro de navegação, mas desde aí foi sempre a subir. Logo na Etapa 2 ganharam oito posições na geral, e depois disso recuperaram mais onze. Contudo, aí como se calcula, ganhar lugar tornou-se mais difícil e ainda não foi desta que o lituano bateu o seu recorde, o 11º lugar de 2019.
Gintas Petrus e José Marques (Optimus Chevrolet) terminaram a prova no 31º lugar da geral, depois de começarem a prova na 57ª posição. O Optimus foi uma boa surpresa, pois sendo um carro que não é muito potente, não permitindo por isso grandes feitos em termos de classificação, é fiável e porta-se muito bem nas dunas, e isso permitiu à dupla uma prova muito consistente que permitiu ao piloto bater, por larga margem o seu recorde no Dakar. Foi 41º em 2020, 31º agora.
Quanto a José Marques, que nos últimos tinha vindo a fazer o Africa Race com Elisabete Jacinto, regressou ao Dakar, e fê-lo pela primeira vez num Buggy Optimus. Uma experiência bem diferente do Camião MAN. As coisas correram bem.
Nos SSV, Lourenço Rosa e Joaquim Dias (Can Am), tiveram azar já perto do final da prova, com a quebra duma suspensão, que levou cerca de duas horas a reparar, caindo de 11º para 15º, onde terminaram. Frustrante, depois de mostrarem que apesar de ser estreantes, fizeram o suficiente para andar na luta pelo Top 10, o que parecia poder acontecer na etapa 10. Começaram calmos, no 23º lugar, a meio da prova já estavam no 12º lugar, ganharam maisu ma posição antes do azar lhes bater à porta. Um grande Dakar de estreia e a certeza que se repetirem no futuro, são candidatos ao Top 10.
Rui Carneiro e Filipe Serra (MMP Can Am) terminaram o Dakar na 26ª posição da geral, conseguindo recuperar muitas posições depois de um primeiro dia muito difícil em que os furos os atrasaram muito. O oitavo lugar da Etapa 4 foi o melhor de toda a prova, e entre a Etapa 1 (54º lugar) e a Etapa 12 (26º) subiram 28 posições. Não começou bem, mas estabilizaram e tiraram partido da nova experiência, já que foram ambos estreantes no Dakar.
Nos Camiões também houve portugueses, mas todos com missões de assistência rápida. Por isso as classificações não importam tanto, mas sim a aventura e as experiências que vivem.
No Camião #521 esteve o português Nuno Fojo, na assistência aos Polaris, ao lado dos espanhóis Alberto Herrero e Juan Carlos Macho. Terminaram em 17º da geral, a sua melhor classificação de sempre na prova. Até aqui tinha sido em 2010: 18º lugar.
No Camião #524 de Javier Jacoste/Francesc Ester Fernandez esteve José Rosa Oliveira. Ficaram-se pela primeira etapa, onde foram 42º, mas prosseguiram depois a sua missão de ajudar quem precisa. No #542 o piloto é José Martins e teve a seu lado Jean François Cazeres e Jerôme Naquart. As coisas não correram bem e abandonaram após a Etapa 2, quando eram 31º da geral. Da mesma forma, prosseguiram em prova, como assistência rápida.
2020: Portugueses fizeram história no Dakar
Foi boa a prestação lusa neste Dakar, ensombrada pela morte de Paulo Gonçalves. Paulo Fiúza terminou no pódio, Pedro Bianchi Prata ficou perto. Um top 15 para Filipe Palmeiro, e um abandono para Ricardo e Manuel Porém.
O terceiro lugar de Paulo Fiúza e Stéphane Peterhansel fica marcado na história do Dakar como o melhor resultado de um português nos autos, suplantando o feito de Carlos Sousa em 2003, que com Henri Magne ao lado, terminou na quarta posição. Logicamente, em termos gerais, são os segundos lugares de Rúben Faria (2013) e Paulo Gonçalves (2015) nas motos, os melhores resultados de sempre de portugueses no Dakar.
Fiúza navegou nesta prova um dos melhores pilotos de sempre da história do TT, Stéphane Peterhansel, mas os adversários estiveram sempre muito fortes, e a dupla luso-francesa não conseguiu ir além do terceiro lugar. Chegaram a estar a 6m38s a três etapas do fim da prova, mas Sainz reagiu e controlou a prova até ao fim. No último dia de prova, não fazia sentido à X-Raid arriscar os dois carros que tinha certos no pódio e com isso ficaram-se pelo terceiro lugar. Ainda assim, como já se percebeu, uma classificação histórica.
Já Ricardo e Manuel Porém, depois de terem parado no final da primeira semana de prova com problemas na caixa de velocidades do Borgward, regressam após o dia de descanso, em Dakar Experience, que permite continuar em prova sem contar para a classificação, mas na 7ª Etapa voltaram a ter problemas desta feita na direção. Falharam vários waypoint e ficaram fora de prova: “Como já tínhamos utilizado o Joker, ficámos impossibilitados de alinhar novamente uma vez que só se pode utilizar uma vez. Não era o desfecho pelo qual lutámos e demos tudo mas as corridas têm destas coisas”, disse Ricardo Porém.
Benediktas Vanagas e Filipe Palmeiro chegaram ao top 10 na etapa 5, mas na sétima, a primeira após o dia de descanso, perderam mais de três horas depois de um grave problema de suspensão. Estavam na luta pelo top 10, mas o azar bateu-lhes à porta, caíram para a 20ª posição da geral. Até aí, tinham sabido fugir de problemas e estavam a ser regulares. Mas com o tempo perdido, as esperanças de uma boa classificação foram-se. Depois da forte queda na geral após a sétima etapa, a dupla luso-lituana, ganhou posições quase todos os dias, terminando no 15º lugar. Depois de terem estado em décimo, o sabor foi agridoce. O objetivo apontava para terminar mais à frente, mas o Dakar é isto mesmo.
Ao lado de Conrad Rautenbach, ex-piloto de ralis, Pedro Bianchi Prata terminou em quarto dos SSV, numa prestação muito boa do ‘rookie’ navegador luso, que considerou que este foi um Dakar duro e difícil, mas desportivamente sem problemas significativos: “Não tivemos problemas de maior, só uns furos, mas o Dakar é mesmo assim. Chegámos ao fim. O quarto lugar, não foi mau. A segunda semana foi muito, muito complicada. Com a perda do Paulo, não consigo estar feliz, mas saio com o sentimento de missão cumprida e com o meu décimo Dakar terminado enquanto concorrente”.
Bruno Sousa terminou em 26º dos Camiões, mas a missão dele não era o cronómetro, mas sim o apoio aos homens da South Racing.
Já Armando Loureiro, mecânico do camião #546, tal como já tinha sucedido o ano passado, abandonaram cedo, na segunda etapa e continuaram como assistência. Ficam por referir muitos portugueses, já que sendo a comitiva que anda na pista, pequena, face ao que já se viu no passado, em África e já na América do Sul, nos bastidores há muita gente a olear esta enorme máquina que é o Dakar. Quer dois exemplos, Rúben Faria e Hélder Rodrigues, que na estrutura da Honda ajudaram a fazer história nas motos.
2019: Melhor de sempre para Filipe Palmeiro
Ricardo Porém e Jorge Monteiro terminaram o Dakar na 11º da geral. Filipe Palmeiro obteve a sua melhor classificação de sempre no Dakar, Pedro de Mello Breyner cumpriu o seu grande objetivo de terminar o Dakar. Com uma missão de mochileiros no Dakar, Bruno Martins e Rui Ferreira levaram o Can-Am X3 UTV até ao fim. Miguel Jordão foi o 2º Melhor Rookie dos SXS
Ricardo Porém: Missão cumprida, aprendizagem feita
Ricardo Porém e Jorge Monteiro terminaram o Dakar na 11º da geral, posição em que já se encontravam desde a sétima etapa, dia em que ao Km 200, na transposição de uma duna alta, danificaram os amortecedores no seu Can Am. Caíram da sétima para a 11ª posição da geral, posição em que terminaram a prova, numa prestação muito positiva, em que a aprendizagem vai valer muito no futuro.
Antes disso, “Os primeiros dias foram difíceis, mas também foi uma experiência inacreditável, mesmo muito boa. Eu e o Jorge (Monteiro), meu navegador, estamos a adorar. A primeira parte deste Dakar teve muita areia, muito feshfesh e muita navegação. A SouthRacing preparou-nos um carro praticamente novo para a segunda semana, com todas as peças de desgaste trocadas e continuamos confiantes que vamos chegar a Lima”, disse o piloto que em vindo cada vez mais a adaptar-se à pilotagem do seu Can-AmMaverick. Numa das etapas, chegou a liderar nos parciais: “tive muito bom feeling com o carro e liderámos grande parte da etapa, muito graças à excelente navegação do Jorge Monteiro”, mas o último waypoint revelou-se difícil de descobrir e com isso caiu para a nona posição na etapa. Na etapa 3, o maior contratempo: “Furámos e inexplicavelmente não tínhamos macaco e tivemos de trocar a roda ‘à mão’, perdendo 45 minutos”, explicou.
Filipe Palmeiro: melhor resultado no Dakar
Quem porfia sempre alcança! Boris Garafulic e Filipe Palmeiro terminaram o Dakar na oitava posição, naquela que é a melhor classificação de sempre da dupla, e mais… é o melhor resultado do navegador luso na prova. O objetivo assumido à partida era o top 10 e até meio da prova a dupla estava a cumprir na íntegra com o que se propôs, chegarem ao dia de descanso no nono lugar. Sempre num ritmo forte, mas que evitava problemas foram conseguindo levar água ao seu moinho, mas por vezes tiveram de ajudar companheiros em dificuldades, é assim que funciona na X-Raid, o bem maior, e apesar de um problema com a caixa de velocidades que os atrasou, a subida ao top 10 dá-se quando os Comissários decidem devolver muito do tempo que a dupla passou a assistir equipas com problemas, isso faz parte do espírito do Dakar, e com isso finalmente surgiu o ansiado top 10, configurado num oitavo lugar. Para Garafulic e Palmeiro fica a sensação do dever cumprido: “Foi um bom Dakar para nós. Foi extremamente duro, mais do que todos os anteriores juntos, estou feliz por ter terminado” disse Garafulic. Para Filipe Palmeiro, que já tinha sido nono em 2014 ao lado de Martin Kaczmarski, agora o top 8.
A tenacidade de Bruno Martins
Com uma missão de mochileiros no Dakar, Bruno Martins e Rui Ferreira levaram o Can-Am X3 UTV até ao fim, depois duma prova de grande abnegação e espírito de luta contínua, suplantando todas as adversidades, e foram mesmo muitas. Tiveram uma prova complicada, com várias ‘aventuras’. Chegaram ao limite após a quinta etapa, depois de três dias sem dormir, mas não desistiram.
Continuaram e lograram chegar ao fim, mostrando que as dificuldades não eram óbice suficiente para os impedir de terminar: “A segunda etapa foi muito dura e dava para escrever um livro! Sabíamos ao que vínhamos e o Dakar é mesmo assim. Fizemos o trabalho que a equipa nos solicitou, mais para a frente, e devido ao carro ter gasto mais combustível do que o esperado para passar as dunas, ficámos sem combustível, sendo depois ajudados um concorrente. Se a segunda etapa tinha sido dura, a terceira foi impressionante! Terminou quase 24 horas depois do início! Chegámos ao bivouac às 5h00 locais, estava quase a nascer o Sol. Quase três dias sem dormir”, revelou o piloto da Marinha Grande que de atraso em atraso, foram conseguindo chegar ao bivouac, tendo depois uma segunda parte de prova, um pouco mais calma, mas não menos trabalhosa. E a aventura lá seguiu até ao fim…
Miguel Jordão foi o 2º Melhor Rookie dos SXS
Miguel Jordão e Lourival Roldan terminaram o Dakar na sétima posição da geral dos SXS, segundo melhor rookie em prova. Realizaram uma prova muito forte, nunca terminaram pior que 11º em etapas, logo a abrir, mas a partir daí foi quase sempre a melhorar, exceção feita à complicada etapa maratona antes do descanso. Foram décimos na etapa 2, subiram ao mesmo lugar da geral, oitavos na etapa 3, subiram ao sétimo lugar da geral, sextos classificados na etapa 4, mantiveram a mesma posição da geral. Foram 10º na etapa 5, caindo um posição na geral, repetiram o resultado na etapa e caíram mais uma posição na sexta etapa, e nos últimos três dias levaram a água ao seu moinho ao terminar em sétimo.
Missão cumprida para Pedro Mello Breyner
Pedro de Mello Breyner e Javier Uribe lograram terminar o Dakar, cumprindo dessa forma o grande objetivo, com o piloto a juntar este feito ao às 24 Horas de LeMans, que disputou em 1997. Com a boa navegação de Javier Uribe, e com um Yamaha YXZ 1000 R Turbo Extramotion preparado pela Franco Sport, que suportou bem as dificuldades, a dupla geriu de forma muito inteligente a sua corrida: “Estou verdadeiramente feliz. É uma alegria enorme uma felicidade tremenda. Tinha este sonho e depois de no ano passado ter ficado logo no início da prova e por sinal numa etapa do Perú, percebi que tinha de repensar tudo e trabalhar de forma muito adequada para conseguir ser bem-sucedido. A preparação do carro e toda a sua assistência em prova foram fantásticas. O Javier foi um parceiro extremamente importante. Não só pelo conhecimento que tinha da zona, mas pela qualidade da sua navegação e por todo o seu empenho. A mim competiu-me andar depressa onde se podia andar depressa, poupar o carro na maior parte das ocasiões e aprender a lidar e ultrapassar as temíveis dunas. O certo é que consegui e estou muito feliz” salientou Pedro Mello Breyner à chegada a Lima.
2018: Dakar de Carlos Sousa ficou a meio!
Carlos Sousa regressou em 2018 ao Dakar, mas abandonou a caminho da oitava etapa, no arranque para a segunda metade da prova, devido a uma fuga de óleo no radiador, que não pode ser reparada a meio da etapa maratona. Foi o cúmulo dos azares do piloto luso nesta sua nova aventura no Dakar, pois apesar de antes já ter tido muito contratempo, nenhum o impediu de levantar a cabeça e seguir para a frente.
Pelo que se viu na primeira semana de Dakar era perfeitamente possível ao piloto luso chegar ao top 10, mas a verdade é que alguns problemas da Duster, a que se juntou um Dakar duríssimo, levaram a que nem a superior experiência do piloto evitasse algumas armadilhas. Depois do colega de equipa ter ficado pelo caminho muito cedo na prova, a Renault Duster logo havia de se ‘lembrar’ de furar o radiador numa altura em que era quase impossível repará-lo sem ajuda. Um dia antes, ou um dia depois, e teria sido possível continuar em prova, mas o Dakar é assim mesmo. Foram poquíssimas as vezes em que Carlos Sousa mostrou o que podia fazer no carro, e quando olhamos para a classificação ao cabo de oito etapas e percebemos que estão no top 10 pilotos como Jakub Przygonski (Mini), Martin Prokop (Ford), Khalid Al Qassimi (Peugeot), Peter Van Merksteijn (Toyota) e Lucio Alvarez (Toyota), e aí ficamos com a certeza que bastaria um pouco mais de sorte para que fosse possível o top 10. Não foi, o Dakar deste ano foi matreiro para muita gente, e um deles foi Carlos Sousa.
Depois de resolvida a questão duma penalização mal atribuída, e das primeiras ‘maleitas’ com um rótula de suspensão partida, que ‘levou’ 45m, o terceiro dia ficou marcado por vinte minutos perdidos, a etapa 4 foi a melhor de todas, com um 13º lugar, que lhe permitiu subir a 15º da geral. Só que no dia seguinte, quase o abandono, ao perder 5h36m49s devido a ter ficado apenas com tração traseira no Duster, o que redundou em ‘atascanços’ sucessivos. A partir daí uma boa classificação estava fora de causa, mas o pior estava para vir, já que depois surgiu o problema irresolúvel, e nem sequer chegaram ao início da oitava etapa. Qual Duster, Mini, Peugeot ou Toyota, este Dakar, só mesmo de Chaimite!
Villas-Boas e Ruben Faria de fora na 4ª Etapa
Não acabou bem e terminou cedo a participação de André Villas-Boas e Ruben Faria no Dakar, que sofreram com uma das muitas armadilhas da prova com a dupla a sofrer um acidente no deserto. Ao abordar uma duna, a Toyota Hilux caiu de bico e o impacto foi forte, o que provocou dores ao piloto, que acabou por ser transportado para o Hospital por precaução: “É pena porque o André estava a fazer uma boa estreia”, disse Jean MarcFortin, patrão da Overdrive.
Foi mais o susto, e depressa André Villas-Boas descansou toda a gente: “Eu e o Rúben (Faria) ficámos bem. Saltámos uma duna e caímos com o nariz do carro. O Dakar, infelizmente, terminou para nós. Mais sorte da próxima vez!Obrigado a todos pelas vossas amáveis mensagens de apoio “, disse.
Depois do 42º lugar na primeira etapa, André Villas-Boas e Ruben Faria mostraram na segunda tirada que levavam a lição bem estudada. Confiante, na Etapa 3 André Villas-Boas subiu quatro posições na classificação geral, com a dupla a ser muito regular, um pouco acima do top 40. Fica para o ano, já que logo por azar André Villas-Boas escolheu para se estrear o que deverá ser dos mais duros Dakar de sempre.
Susto para Filipe Palmeiro: Bater de frente no meio do nada
No Dakar já se sabe que este tipo de coisas pode suceder, e são várias as vezes em que os pilotos, na procura pelos waypoints se cruzam no percurso. Desta vez aconteceu com o piloto da Árabia Saudita, Yazeed Al-Rajhi, que aos comandos de um buggy MINI da X-Raid, bateu de frente no Mini All4 Racing, do chileno Boris Garafulic Portugal, que como se sabe leva Filipe Palmeiro ao lado. Yazeed al-Rahji ia a subir a duna, enquanto Boris Garafulic e Filipe Palmeiro se preparavam para a descer, chocando de frente.
Mas como para Yazeed Al-Rajhi, Timo Gottschalk, Boris Garafulic e Filipe Palmeiro desistir não era opção, depois de várias horas parados no deserto, as duas duplas repararam os seus carros em pleno deserto. Yazeed Al-Rajhi perdeu 7:02:37s, enuanto Garafulic e Palmeiro… cidadão muito tranquilo, cidadão muito tranquilo cidadão muito tranquilo cidadão muito tranquilo cidadão muito tranquilo.
A mão amiga de Filipe Palmeiro: Ao lado de Boris Garafulic, os problemas que tiveram na Etapa 2, que os atirou para lá do 60º lugar, terminaram com a esperança de um bom resultado, e por isso, a partir daí, têm feito bons resultados em etapas e estão neste momento, no fim da etapa 9, no 21º lugar da geral. Mas fique a saber que o navegador português, correu mundo através da foto em que aperta a mão a Nani Roma, que teve de ir para o hospital na sequência de um forte acidente: ” Quando um amigo está naquela situação um aperto de mão ajuda bastante”, disse na altura, ele que uns dias antes tinha também estado ao lado de Pedro Velosa, aquando do abandono de Pedro Mello Breyner devido a acidente. Só quem lá anda sabe a importância destas atitudes. Em termos desportivos, agora é só rodar para chegar ao fim.
Pedro de Mello Breyner e Pedro Velosa muito azarados
Foi muito azarada a participação de Pedro de Mello Breyner e Pedro Velosa no Dakar. Logo no segundo dia de prova, um forte acidente teve como consequência o abandono, com Pedro Velosa a ter que passar pelo hospital para observação. Não foi grave, mas o susto foi enorme. Foi pena, pois as coisas até começaram de forma prometedora, já que Mello Breyner estreou-se com um 4º lugar, naquela que foi a estreia portuguesa na categoria SSV. Aos comandos do Yamaha YXZ 1000 R #370 da Cat Racing, a formação lusa teve uam boa estreia: “Foi um aperitivo que correu bem para uma primeira experiência, deu para aliviar os nervos e o stress”. Mas o pior estava para vir logo no dia seguinte: “Vínhamos a rolar bem, com cautelas quando, numa duna muito alta e íngreme, o nosso Yamaha tombou. Capotámos muitas vezes, eu agarrei-me ao volante e não tive nada, mas o Pedro (Velosa) queixava-se das costas e fomos para o hospital. Por muito que o nosso desejo fosse continuar a saúde está em primeiro lugar. O principal problema que o Yamaha teve foi ter ficado com três dos pneus fora da jante. De resto estava pronto para andar. Seguramente que perderíamos algum tempo, mas não era nada que não se resolvesse. Temos muita pena de ter terminado esta aventura mais cedo, mas não podemos brincar com a saúde”, disse Pedro Mello Breyner. Pedro Velosa fez um raio X no hospital, que nada acusou em termos de fraturas. Ironicamente, com ‘tanto’ Dakar à volta, o acidente foi no mesmo sítio onde Yazeed al-Rahji e Filipe Palmeiro chocaram de frente.
2017: Fiúza e Palmeiro com sortes diferentes
Únicos portugueses presentes na competição dos automóveis deste Dakar, os navegadores Paulo Fiúza e
Filipe Palmeiro tiveram sortes diferentes, e mesmo ‘ao cair do pano’. Isto porque Palmeiro seguia na sétima posição ao lado de Boris Garafulic, e acabaria por abandonar no penúltimo dia do rali, já Palmeiro concluiu a corrida num 15º posto, que não era óbvio no começo da prova, ao lado de um piloto como o alemão Stephan Schott. Palmeiro andou quase toda a prova à frente do seu compatriota, revelando a sua mestria no banco da direita do Mini, mas tudo se precipitou na 11º etapa, quando Garafulic foi obrigado a desistir. Uma ironia já que o chileno também tinha abandonado nesta tirada do rali em 2011.
Já para Fiúza a corrida foi sempre a subir, pois se no começo da segunda semana de prova ele e Schott
estavam no 18.º lugar, ganharam mais uma posição no penúltimo dia e no último deram o ‘salto’ para o top 15.
2016: Carlos Sousa e Paulo Fiúza desistiram a a 4.000 metros de altitude
Nos Autos, marcaram presença Carlos Sousa e Paulo Fiúza (Mitsubishi Brasil), Filipe Palmeiro navegou o chileno Boris Garafulic e José Martins foi um dos pilotos de um camião Renault.
Carlos Sousa abandonou depois de uma saída de pista cerca do km 188 da 5ª etapa do Dakar, numa altura em que começou a chover intensamente e o vidro do ASX ficou embaciado. “Foi tudo muito rápido. O Paulo Fiuza estava a tentar limpar o vidro, porque a visibilidade era quase nula… E em dois segundos, estávamos fora de estrada. Ficámos com o carro junto a um precipício, pendurado em duas pedras.
O nosso colega de equipa ainda tentou ajudar-nos, mas na posição em que o carro ficou, só mesmo com a ajuda de um camião”, explicou Carlos Sousa.
O piloto português do Mitsubishi ASX Racing sublinhou ainda que: “Entretanto, começou a cair granizo e a temperatura baixou para perto dos zero graus. Estávamos a 4.000 metros de altitude e começamos a passar um pouco mal. Ao fim de cerca de duas horas, os médicos da organização insistiram para abandonarmos o local, porque não nos deixariam passar ali a noite. Este não foi o nosso Dakar”.
Logo na 2ª etapa Carlos Sousa teve problemas com a poli da bomba de água do seu Mitsubishi ASX Racing e perdeu duas horas com esse ‘detalhe’, no dia seguinte os portugueses subiram de 94º para 73º, na Etapa 4 foram 24º na etapa e subiram para 54º geral. No dia seguinte, o abandono.
Filipe Palmeiro voltou a alinhar no Dakar ao lado de Boris Garafulic, num MINI ALL4 Racing da X-Raid, terminaram o evento em 23º vivendo algumas peripécias, que são apanágio num Dakar. “Queríamos tentar o top 10 mas sabíamos que este ano iria ser muito mais difícil, como se provou. Ainda estivemos em 16º e atacámos muito mais do que no que no ano passado para conseguir esse objetivo mas o leque de pilotos e carros era muito superior ao ano anterior. A segunda semana foi para nos ‘matar’ a todos, houve 2/3 dias terríveis.”
2015: Carlos Sousa termina Dakar na 8ª posição
Se à prestação de Carlos Sousa e Paulo Fiúza retirássemos o erro do falhanço do waypoint e os problemas de suspensão da primeira semana facilmente se concluiria que o piloto luso poderia lutar pelo top 5. Mas o Dakar não é assim, é puro e duro mas o positivo da questão é que está ali uma excelente base para lutar por outras posições no futuro.
À partida, com tantos e tão bons adversários, pensava-se que até o top 10 era complicado mas a prática veio desmenti-lo, porque a experiência e a qualidade de um piloto vêm muito ao cimo num Dakar e pode mesmo questionar-se o que faria Carlos Sousa nesta prova com um MINI.
Pela 11ª vez em 16 participações, Carlos Sousa concluiu o Dakar no top10 da classificação, desta feita no oitavo lugar, um resultado que facilmente poderia ter sido ainda mais positivo, não fosse a penalização de 40 minutos que lhe foi imposta no final da 9ª etapa, por ter falhado um waypoint.
Projecto BAMP completou com sucesso estreia no Dakar
Ricardo Leal dos Santos terminou o Dakar na 25ª posição o que sendo uma prestação muito longe do que já conseguiu – o seu melhor resultado foi um sétimo lugar em 2011 – , não deixa de ser positiva tendo em conta o contexto em que se realizou. O projecto BAMP (Brasil Angola Moçambique Portugal) demonstrou potencial o mesmo sucedendo com a Nissan NavaraV8, que tem muito por onde evoluir, mesmo já sendo muito competitiva: “Foi a estreia deste projeto no Dakar e estar à chegada era um dos mais importantes objetivos.”
Filipe Palmeiro à porta do top 10
O objetivo de Filipe Palmeiro e Boris Garafulic terminarem no top 10 não foi alcançado, já que a dupla luso/chilena se quedou pela 12ª posição final. Contudo, o piloto chileno tem tido uma enorme regularidade nos Dakar que realizou, já que foi duas vezes 11º e duas vezes 12º. Foi também o piloto latino melhor classificado e mais uma vez o melhor chileno. Conseguiu apenas um top 9 numa etapa, mas a nona foi madrasta, já que o falhanço de um waypoint levou a uma penalização de 40 minutos. Nazareno Lopez e Vitor Jesus terminaram a prova na 48ª posição, pois apesar de um top 15 e outro top 17 em etapas, os problemas mecânicos que tiveram não permitiram uma melhor classificação, mas com a estreia do piloto argentino este ano, o objetivo era terminar e isso foi plenamente conseguido: “Era muito importante adquirir a experiência do Dakar, e para o ano será muito melhor” disse Lopez.
Nos camiões, Pedro Velosa foi 24º, enquanto José Martins e Armando Loureiro cedo deixaram de aparecer na classificação geral, embora se tenham mantido a fazer o seu trabalho na prova, ajudar quem precisou. Martins chegou mesmo a dormir no deserto, em virtude de problemas com a bateria do seu camião.