História do Dakar (1979-2022): Desafio para os que partem, sonho para os que ficam

Por a 26 Dezembro 2022 08:00

Numa altura em que o Dakar está prestes a arrancar, vamos aproveitar para recordar a história da prova, que entra agora no seu 45º ano.

Em 1977, Thierry Sabine, o ‘pai’ do Dakar, participa no rali Abidjan-Nice de moto, e perde-se durante a prova na Líbia. Resgatado in extremis, regressa maravilhado com a paisagem africana… e com uma vontade: organizar um rali que passasse por Argel, Agadir e Dakar. Foi assim que nasceu o mito: “Um desafio para os que partem. Um sonho para os que ficam”.

Sabine esteve quase a morrer, foi encontrado por nómadas, deitado nas areias escaldantes.Recuperou, e da sua cabeça saiua epopeia heróica que se conheceaté hoje. Sendo África um continente multifacetado, ofereceu o elixir perfeito. As coisas mudaram com o tempo, mas a ‘alma’ da prova está lá. A 26 de Dezembro de 1978, arrancava a primeiraprova, de Paris, o dia em que o Dakar descobriu a Place du Trocadero. Já lá vão 44 anos!

1979 A estreia

(26/12/1978, Trocadero, Paris – 14/1/1979, Lac Rose, Dakar)

182 participantes, divididos entre 80 carros, 90 motos e 12 camiões, atravessaram seis países em mais de 10 000 km, dos quais 3 168 em especiais.

Neveu, Rayer, Fanouil e Auril são os nomes mais conhecidos. Houve sete senhoras à partida e chegaram ao fim 74 concorrentes. O vencedor foi Cyril Neveu, em Yamaha, numa classificação global, sem distinção entre automóveis, motos ou camiões. Um sucesso e os resultados ficaram para segundo plano. Presente nesta edição já esteve Hubert Auriol, diretor do Dakar entre 1994 e 2003.

Vencedores – Motos: Cyril Neveu (Yamaha); Autos: Genestier/Terblaut/Lemordant (Range Rover), 4º da classificação geral.

1980 Os camiões surgem

(1/1, Trocadero, Paris – 23/1, Lac Rose, Dakar)

A grande novidade é uma classifi cação específica para camiões, mas no Prólogo os 15 primeiros lugares são ocupados por motos! Os inscritos aumentam (são agora 216), mas Cyril Neveu repetiu o triunfo nas motos. Nos automóveis venceu um VW Iltis de quatro rodas motrizes, pilotado por Kotulinsky, enquanto o primeiro 4×2 foi o Buggy de Yves Sunhill, em 11º. Pela primeira vez, os Camiões participam como concorrentes, com Ataquat a triunfar.

Vencedores – Motos: Cyril Neveu (Yamaha); Autos: Kottulinsky/Luffelman (VW Iltis); Camiões: Ataquat/Boukrif/Kaoula (Sonacome)

1981 De Rolls-Royce…

(1/1, Trocadéro, Paris – 20/1, Lac Rose, Dakar)

Primeira vitória de Hubert Auriol, numa BMW (Motos). Nos automóveis ganhou René Metge, depois de bater os Citroën 2400 GTI oficiais e de um susto quase no final da prova, quando ficou sem direção assistida. Esta edição fica marcada pela chegada de todo o tipo de veículos: 4×4, buggies, side-cars) e de… um Rolls-Royce! Thierry de Montcorgé inscreve um Rolls-Royce com patrocínio da Christian Dior (!) e gasta duas mil horas a prepará-lo. Ficou pelo caminho…

Vencedores – Motos: Hubert Auriol (BMW); Autos: Metge/Giroux (Range Rover); Camiões: Villette(Gabrielle/Voillereau (ALM/ACMAT)

1982 Estreia portuguesa

(1/1, Place de la Concorde, Paris – 20/1, Lac Rose, Dakar)

Três anos depois da estreia, o dobro dos concorrentes! Com um carro quase artesanal, um Renault R20, os irmãos Marreau (mais conhecidos como as ‘raposas do deserto’) surpreenderam ao serem mais fiáveis que os Mercedes 280 GE, Lada Niva e Range Rover, oficiais ou ‘semi’. Nas motos, terceiro triunfo em quatro possíveis para Cyril Neveu. José Megre foi 45º e Pedro Cortez termina logo atrás, na estreia portuguesa na prova.

Vencedores – Motos: Cyril Neveau (Honda); Autos: Claude e Bernard Marreau (Renault R20); Camiões: Groine/De Saulieu/Malferiol (Mercedes)

1983 Sem descanso

(1/1, Place de la Concorde, Paris – 20/1, Lac Rose)

Pensada sem dia de repouso, uma tempestade de areia leva à anulação de várias especiais… e a três dias sem competição! Auriol bisou nas motos, apesar de ter partido com um braço… ao peito (!), depois de uma queda a 13 de dezembro, enquanto Ickx conseguiu o primeiro triunfo para a Mercedes. Os irmãos Marreau trocam os Renault 4 e 20 por um 18 4×4. Megre (47º) e Cortez (42º) regressam.

Vencedores – Motos: Hubert Auriol (BMW); Autos: Ickx/Brasseur (Mercedes 280 GE); Camiões: Groine/De Saulieu/Malferiol (Mercedes)

1984 Novos horizontes

(1/1, Place de la Concorde, Paris – 20/1, Lac Rose, Dakar)

Primeira vitória do Porsche 911 4×4, com René Metge a obter uma segunda vitória nos carros e Gaston Rahier a fazer o mesmo nas motos. À partida, 427 equipas, das quais 313 em automóveis, entre elas a Lada, com o Poch 2121 e um Niva 4×4; a Citroën, com um Proto; a Rover, a Porsche (Ickx convence a marca a participar e os alemães estreiam-se com um sexto posto) e a Mercedes. Lembra-se de Montgorgé? Depois do Rolls, aposta num Proto de 6 rodas, com o mesmo resultado… Última participação para a dupla Megre (42º)/Cortez (34º).

Vencedores – Motos: Gaston Rahier (BMW); Autos: Metge/Lemoyne (Porsche 911); Camiões: Lalleu/Durce (Mercedes)

1985 Aristocracia presente

(1/1, Place d’Armes, Versailles – 22/1, Lac Rose, Dakar)

Da Praça da Concorde para Versailles, o príncipe Alberto do Mónaco – e irmã Carolina – participam numa edição marcada pela vitória da Mitsubishi, graças a Patrick Zaniroli, e pelo Mercedes 190 de seis rodas de Jean-Pierre Fontenay, com uma asa traseira pensada para atingir 220 km/h no deserto…

Vencedores – Motos: Gaston Rahier (BMW); Autos: Zaniroli/Da Silva (Mitsubishi Pajero); Camiões: Capito/Capito (Mercedes)

História do Dakar

1986 O luto

(1/1, Place d’Armes, Versailles – 22/1, Lac Rose, Dakar)

Quarta vitória de Neveu nas Motos e terceira seguida para a Porsche, de novo com René Metge, que fez mesmo a ‘dobradinha’ com Jacky Ickx. Mas ninguém se vai lembrar disto, pois a prova ficou enlutada pela morte, num acidente de helicóptero, no dia 14 de janeiro, do seu criador, Thierry Sabine. O helicóptero onde seguia Sabine e outras quatro pessoas despenha-se contra uma duna, durante uma tempestade de areia no Mali. As cinzas de Sabine são espalhadas no deserto, onde é erigida uma lápide em sua memória: a árvore de Thierry Sabine.

Vencedores – Motos: Cyril Neveu (Honda NXR); Autos: Metge/Lemoyne (Porsche 959); Camiões: Vismara/Minelli (UNIMOG Mercedes)

1987 A dor de Auriol

(1/1, Place d’Armes, Versailles – 22/1, Lac Rose, Senegal)

Entrada de leão da Peugeot e Ari Vatanen, com o Peugeot 205 T16 com o Nº 205 a conseguir a primeira vitória à primeira tentativa, mesmo depois de um monumental capotanço! No entanto, este primeiro Dakar sem o seu fundador fica marcado pela imagem do sofrimento de Hubert Auriol, então líder nas Motos, a terminar a penúltima etapa com os dois tornozelos partidos.

Vencedores – Motos: Cyril Neveu (Honda NXR); Autos: Vatanen/Giroux (Peugeot 205); Camiões: De Rooy/Geusens/Van (DAF)

1988 O roubo do Peugeot!

(01/01, Place d’Armes, Versailles – 22/01, Lac Rose, Senegal)

Edição histórica do Dakar. Lista de inscritos com 603 concorrentes (183 motos, 109 camiões e 311 automóveis), estreia de um tal Peterhansel e um dos mais célebres episódios da prova: o roubo do Peugeot 405 T16 de Vatanen! Desclassifi cado pela organização, o carro apareceria dias mais tarde, mas já Juha Kankkunen assegurava o segundo triunfo para a marca. Edi Orioli ‘substituiu’ Neveu na Honda e venceu, após este desistir com um pé partido.

Vencedores – Motos: Edi Orioli (Honda NXR); Autos: Kankkunen/ Piironen (Peugeot 205); Camiões: Loprais/Stachura/Ingmuck (Tatra)

1989 Estreia da Líbia

(25/12/1988, Porte de Versailles, Paris – 13/1/1989, Lac Rose, Dakar)

Ari Vatanen ‘bateu’ o seu colega de equipa, Jacky Ickx, porque Jean Todt receou que ambos se travassem de ‘razões. E, por isso, na paragem de Gao, pegou numa moeda de dez francos, atirou-a ao ar e decidiu assim quem iria ser o vencedor: Vatanen, que escolheu coroa. Stéphane Peterhansel não ‘engana’ ao terminar a suasegunda participação no quarto lugar, numa prova ganha por Gilles Lalay. Nos carros, só o quarto lugar de Guy Fréquelin impede um domínio da Peugeot no pódio (Ickx foi segundo).

Vencedores – Motos: Gilles Lalay (Honda NXR); Autos: Vatanen; Camiões: Não houve

1990 Adeus, Peugeot

(25/12/1989, Paris – 16/1/1990, Lac Rose, Dakar)

Pela primeira vez, uma equipa russa participa com uma viatura russa: é a estreia da Kamaz no Dakar. Nos carros, é o adeus da Peugeot, que termina o seu envolvimento, embora fazendo-o como sempre quis e seguindo o ‘tónico’ de anos anteriores: conquistando os três primeiros lugares com trêsPeugeot e nova vitória de Vatanen. Nas motos, Orioli repetiu a vitória de 1988, desta feita com uma Cagiva.

Vencedores – Motos: Edi Orioli (Cagiva); Autos: Vatanen/Berglund (Peugeot 405); Camiões: Villa/ Delfino/Vinante (Perlini)

1991 Citroën e Schlesser

(29/12/1990, Chevill y, Paris – 17/1/1991, Lac Rose, Dakar)

Rei morto… rei posto! A Peugeot dá lugar à Citroën e três dos quatro pilotos do leão estão de regresso. Para não variar, Ari Vatanen volta a vencer – quarto sucesso, numa prova que contou com um motard de… Harley-Davidson e Peterhansel obtém a primeira vitória do seu palmarés, com uma Yamaha. Schlesser estreia um… Schlesser!

Vencedores – Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha); Autos: Vatanen/Berglund (Citroën XZ); Camiões: Houssat/De Saulieu/Bottaro (Perlini)

1992 Auriol faz história

(25/12/1991, Château de Vincennes, Paris – 16/1/1992, Cidade do Cabo, África do Sul) Pela primeira vez, a prova não acabou em Dakar, iniciando-se novamente em Paris, mas terminando na Cidade do Cabo. Uma prova transcontinental, com vitória histórica para Hubert Auriol. Depois das motos (81 e 83), o sucesso nas quatro rodas. Mas nem a entrada em cena do GPS evita a dureza da prova: tempestade de areia na Mauritânia, guerra no Chade e cheias na Namíbia. Peterhansel repetiu triunfo nas motos.

Vencedores – Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha); Autos: Auriol/Monnet (Mitsubishi Pajero); Camiões: Perlini/Albieiro/Vinante (Perlini)

1993 Adeus TSO

(01/1, Trocadéro, Paris – 16/1, Lac Rose, Dakar)

A última edição do Dakar nas mãos da Thierry Sabine Organization. No seu segundo ano, Bruno Saby vence e oferece à Mitsubishi o tão procurado primeiro triunfo, tendo como navegador Dominique Serieys. Segunda derrota consecutiva da Citroën. Peterhansel continua imbatível nas duas rodas (terceira vitória seguida) e Auriol é o único piloto a ter estado presente nas 15 primeiras edições.

Vencedores – Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha); Autos: Saby/Serieys (Mitsubishi Pajero); Camiões: Perlini/Albieiro/Vinante (Perlini)

1994 Paulo Marques & Bernardo Vilar

(28/12/1993, Paris – 16/1/1994, Euro Disney, Paris)

Pela primeira vez, a prova terminou onde começou, Paris. Vatanen aposta no Mundial de Ralis e a Yamaha boicota a prova, deixando ‘Peter’ apeado. Aos comandos do Citroën ZX, Pierre Lartigue consegue a primeira vitória na estreia da ASO como organizador. Nas duas rodas, Edi Orioli ganhou pela terceira vez, na estreia de Paulo Marques (abandono) e Bernardo Villar (23º).

Vencedores – Motos: Edi Orioli (Cagiva); Autos: Lartigue/Périn (Citroën ZX); Camiões: Loprais/Stachura/Kalina (Tatra)

1995 O novo patrão

(1/1, Granada, Espanha – 15/1, Lac Rose, Dakar)

Depois de piloto de motos e carros, só faltava a Hubert Auriol ser diretor de prova. Lartigue toma-lhe o gosto e volta a vencer, terceira vitória da Citroën – e segunda do francês, com Peterhansel a vingarse do ano sabático a que a Yamaha o obrigara no ano anterior. Marcel Hugueny torna-se o decano do Dakar, com 81 anos! Jacques Lafitte e Philippe Alliot trocam a F1 pelo Dakar.

Vencedores – Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha); Autos: Lartigue/Périn (Citroën ZX); Camiões: Loprais/Stachura/Kalina (Tatra)

1996 A estreia de Carlos Sousa

(30/12/1995 – Granada, Espanha – 14/1/1996, Lac Rose, Dakar)

Despedida em grande da Citroën, com quatro ZX nos cinco primeiros lugares e Lartigue pela terceira vez no lugar mais alto do pódio, enquanto Orioli volta a impor-se nas duas rodas (4ª vitória) – apesar de ter trocado de marca – depois de Peterhansel perder muito tempo (3 horas) num reabastecimento em Marrocos, com gasolina de fraca qualidade. Primeira vitória para a Kamaz. Estreia de Carlos Sousa (12º).

Vencedores – Motos: Edi Orioli (Yamaha); Autos: Lartigue/Périn (Citroën ZX); Camiões: Moskovskikh/Kouzmine (Kamaz)

1997 Regresso ao Ténéré

(04/1, Dakar – 19/1, Lac Rose, Dakar)

Pela segunda vez, a prova começou e terminou no mesmo local. Mas agora em Dakar, em vez de Paris. E, pela primeira vez, não foi à Europa. Percurso com um regresso ao passado e primeira vitória para um japonês: Kenshiro Shinozuka. Sem os Citroën, a Mitsubishi não teve grandes dificuldades em triunfar, com quatro Pajero nos quatro primeiros lugares. Também Jutta Kleindschmidt dá nas vistas ao ser quinta e tornando-se a primeira mulher a ganhar uma etapa. Na ocasião, aos comandos de um buggy do namorado… Schlesser. Carlos Sousa foi 10º. Nas motos, Peterhansel vingou-se do azar do ano anterior.

Vencedores – Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha); Autos: Shinozuka/Magne (Mitsubishi Pajero); Camiões: Reif/Deinhofer (Hino)

1998 Última de Peterhansel nas motos

(1/1, Pl ace d’Armes, Versailles – 18/1, Lac Rose, Dakar)

Dez anos depois da estreia, Stéphane Peterhansel consegue, finalmente, colocar um ponto final nas suas participações em duas rodas, obtendo o sexto triunfo, mais um que o compatriota Cyril Neveu. Também na 20ª edição da mítica prova africana, Jean-Pierre Fontenay manteve a Mitsubishi no topo,terminando na frente dos seus colegas de equipa Shinozuka, Saby e Masuoka.

Vencedores – Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha); Autos: Fontenay/Picard (Mitsubishi Pajero); Camiões: Loprais/Stachura/Cermak (Tatra)

1999 Domínio francês

(1/1, Granada, Espanha – 17/1, Lac Rose, Dakar)

17 anos depois da última vitória de um Renault, Jean-Louis Schlesser leva o seu buggy ao lugar mais alto do pódio. Ao mesmo tempo, outro francês (Richard Sainct) oferece à BMW o primeiro triunfo nos últimos 14 anos. Kleindschmidt passa pela liderança e Peterhansel estreia-se aos comandos de um automóvel.

Vencedores – Motos: Richard Sainct (BMW); Autos: Schlesser/Monnet (Buggy); Camiões: Loprais/Stachura/Kalina (Tatra)

2000 Ameaças terroristas

(06/1, Dakar, Senegal – 23/1, Cairo, Egito)

Num ano que contou com 11 participantes em quad – entre os quais Ricardo Leal dos Santos – e novas vitórias de Schlesser e Sainct, a edição de 2000 ficou sobretudo marcada pelas ameaças terroristas que levaram a organização a suspender a prova durante cinco dias, terminando no Egito. Em termos desportivos, tudo igual ao ano anterior, com Sainct a ganhar nas motos e Schlesser nos carros. Após vencer duas etapas, Carlos Sousa sofreu sério acidente quando lutava pelo comando, sendo hospitalizado, tal como seu navegador, João Luz.

Vencedores – Motos: Richard Sainct (BMW); Autos: Schlesser/Magne (Buggy Renault Elf); Camiões: Chagin/Yakoubov/Savostine (Kamaz)

2001 Sexo fraco, o tanas

(1/1, Champ de Mars, Paris – 21/1, Lac Rose, Dakar)

Depois da primeira especial e da liderança, Jutta Kleinschmidt tornou-se a primeira mulher a ganhar a prova, com Carlos Sousa a falhar por pouco o triunfo, terminando em 5º lugar e vencendo duas etapas. Primeira vitória da KTM, nas motos, com Fabrizio Meoni.

Vencedores – Motos: Fabrizio Meoni (KTM); Autos: Kleinschmidt/Schulz (Mitsubishi Pajero); Camiões: Loprais/Kalina (Tatra)

2002 “Peter” quase, quase…

(28/12/2001, Arras – 13/1/2002, Lac Rose, Dakar)

Hiroshi Masuoka consegue a primeira vitória no Dakar, com Meoni a repetir o primeiro lugar do ano anterior. Depois de no ano passado ter estado perto de vencer, Sousa repete igualmente a posição, voltando a terminar a prova no quinto posto.

Vencedores – Motos: Fabrizio Meoni (KTM); Autos: Masuoka/Malmon (Mitsubishi Pajero); Camiões: Chagin/Mardeev/Savostine (Kamaz)

2003 A última de Sainct

(1/1, Marseille – 19/1, Sharm El Sheikh, Egito)

O Dakar festeja a sua 25ª edição. Sainct vence e junta-se aos grandes nomes da prova com três vitórias, enquanto Masuoka volta a vencer. Mas é Peterhansel a dar nas vistas, já que por pouco não se torna apenas no segundo piloto a vencer em duas e quatro rodas. Carlos Sousa consegue o seu melhor resultado de sempre, o 4º lugar, atrás dos seus colegas da equipa Mitsubishi, Peterhansel (3º), Fontenay (2º) e Masuoka. Regresso da VW…

Vencedores – Motos: Richard Sainct (KTM); Autos: Masuoka/Schulz (Mitsubishi Pajero); Camiões: Chagin/Yakoubov/Savostine (Kamaz)

2004 Mitsubishi x 10

(1/1, Région d’Auvergne – 18/1, Lac Rose, Dakar)

Com Carlos Sousa ausente – venceu a Taça do Mundo no ano anterior, mas o orçamento ficou curto –, Stéphane Peterhansel consegue a ambicionada vitória, tal como Nani Roma, que dá dessa forma o segundo triunfo da KTM. O piloto espanhol teve que esperar pela nona participação para o conseguir! Primeira vitória de um Diesel em etapas (Luc Alphand em BMW) e estreia de Colin McRae.

Vencedores – Motos: Nani Roma (KTM); Autos: Peterhansel/Cottret (Mitsubishi); Camiões: Chagin/ Yakoubov/Savostine (Kamaz)

2005 Born in the USA

(31/12/2004, Barcelona – 16/1/2005, Lac Rose, Dakar)

Ainda sem o carro que o tornará famoso, Robby Gordon troca as pistas da Nascar pela areia do Dakar. Com Carlos Sousa de regresso com um sétimo lugar e Guerlain Chichérit a vencer o ‘Volante Dakar’ (menos de 30 anos), Peterhansel repetiu o triunfo do ano anterior e, nas motos, foi a estreia de Cyril Despres no lugar mais alto do pódio. 2005 fica ainda marcado por ser o ano em que morreu Fabrizio Meoni, antigo vencedor da prova por duas vezes.

Vencedores – Motos: Cyril Despres (KTM); Autos: Peterhansel/Cottret (Mitsubishi); Camiões: Kabirov/ Belyaev/Mokeev (Kamaz)

2006 Olá, Portugal!

(31/12/2005, Praça do Império, Lisboa – 15/1/2006, Lac Rose, Dakar)

Finalmente, o Dakar passa por Portugal. 300 mil pessoas deslocam-se a Lisboa para ver de perto a caravana da prova, em ano de estreias: Carlos Sainz faz o seu primeiro Dakar e Luc Alphand obtém a primeira vitória, mas trocando o BMW por um Mitsubishi. De resto, a KTM continuou imbatível, mas agora com Marc Coma. Sousa voltou a ser 7º e, nas motos, Hélder Rodrigues foi o melhor português, em 9º. Também Rúben Faria dá nas vistas, ao vencer a segunda especial.

Vencedores – Motos: Marc Coma (KTM); Autos: Alphand/Picard (Mitsubishi); Camiões: Chagin/ Yakoubov/Savostine (Kamaz)

2007 Portugueses brilham no arranque

(06/1, Praça do Império, Lisboa – 21/1, Lac Rose, Dakar)

Nova partida de Portugal e os ‘nossos’ não perdem tempo. Carlos Sousa vence a primeira classificativa, enquanto Hélder Rodrigues e Rúben Faria fazem o mesmo nos dois dias seguintes. Mesmo sem o saber, Peterhansel obtém a sua última vitória no Dakar aos comandos de um Mitsubishi (a nona da carreira, terceira nos carros). Sousa foi 7º pela 3º vez seguida… mas sendo o 2º melhor VW. Segunda vitória de Despres, nas motos, onde a KTM continuou a dominar. Já Hélder Rodrigues foi 5º.

Vencedores – Motos: Cyril Despres (KTM); Autos: Peterhansel/Cottret (Mitsubishi); Camiões: Stacey/ Gotlib/Der Kinderen (MAN)

2008 Medo vence Dakar

(5/1, Praça do Império, Lisboa – 20/1, Lac Rose, Dakar)

A 30ª edição do Dakar foi anulada após ameaças terroristas, na véspera da partida da Praça do Império, nos Jerónimos, em Lisboa. Depois de dois anos fantásticos na passagem do Dakar por Portugal, o destino seria a América do Sul. África despediu-se, até ver, do Dakar.

2009 No fim do Mundo

(3/1, Buenos Aires, Argentina – 15/1, Buenos Aires, Argentina)

Depois do fiasco do ano anterior, o Dakar rumou à América do Sul. Razões para queixas teve a BMW – Nasser Al Attiyah fez batota e foi afastado pela equipa quando era forte candidato à vitória – e, sobretudo, a Mitsubishi. Três dias, três abandonos, sobrando apenas Nani Roma. Primeira vitória de um Diesel, o VW de Giniel de Villers. Nas motos, Marc Coma foi o vencedor, repetindo o triunfo de 2006, sempre com a KTM, depois de mais uma luta com Despres. Hélder Rodrigues foi de novo 5º classificado, numa prova histórica pela mudança de continente.

Vencedores – Motos: Marc Coma (KTM); Quads: Josef Machacek (Yamaha); Autos: De Villiers/Von Zitzewitz (VW); Camiões: Kabirov/Belayev/Mokeev (Kamaz)

2010 Estreia de Carlos Sainz

(2/1, Buenos Aires – 16/1, Buenos Aires)

Carlos Sainz estreia-se a vencer no Dakar, mas quem entusiasmou foi Nasser Al-Attiyah, que por pouco não roubou a glória ao espanhol. Num pódio VW, destaque ainda para comitiva nacional: Sousa (6º) liderou nos automóveis e Rodrigues (4º) nas duas rodas. Cyril Despres dominou e venceu nas motos, numa edição emque Portugal conseguiu o melhor resultado de sempre com o 4º lugar de Hélder Rodrigues.

Vencedores – Motos: Cyril Despres (KTM); Quads: Marcos Patronelli (Yamaha); Autos: Sainz/Cruz (VW); Camiões: Chagin/Savostin/Nikolaev (Kamaz)

2011 Triunfo de Nasser Al-Attiyah

(1/1, Buenos Aires – 15/1, Buenos Aires)

Nasser Al-Attiyah vingou a ‘afronta’ do ano anterior, liderando um pódio totalmente VW. Nas motos, o duelo Coma-Despres, que se iniciou em 2005, ainda em África, continuou – mas, agora, com resultado favorável ao espanhol, pela terceira vez na sua carreira. Nos camiões, Vladimir Chagin faz história ao conquistar o seu sétimo Dakar, um recorde absoluto. Entre as cores nacionais, Hélder Rodrigues foi ao lugar mais baixo do pódio – à época, o melhor resultado de sempre de um português, enquanto Ricardo Leal dos Santos terminou em sétimo.

Vencedores – Motos: Marc Coma (KTM); Quads: Alejandro Patronelli (Yamaha); Autos: Al-Attiyah/ Gottschalk (VW); Camiões: Chagin/ Savostin/ Shaysultanov (Kamaz)

O piloto de carro Stéphane Peterhansel e seu navegador Jean-Paul Cottret durante a segunda etapa do Rally dos Sertões 2012, entre Barreirinhas (MA) e Bacabal (MA). O Rally dos Sertões é a maior prova de rally brasileira e o rally mais extenso que acontece dentro do mesmo país, com início no dia 16 de Agosto em São Luis (MA) e chegada no dia 29 de Agosto em Fortaleza (CE). Bacabal, Brasil – 20/08/12. Foto: Theo Ribeiro / Fotoarena

2012 Raposa do deserto

(1/1, Mar del Plata, Argentina – 15/1, Lima, Peru)

Não se chama Erwin Rommel, mas sim Stéphane Peterhansel. A MINI confirma o favoritismo com a décima vitória do francês, a sua primeira na América do Sul. Cyril Despres vence a batalha com Marc Coma, numa edição muito controversa pois o francês ficou atolado na lama da polémica etapa 8, ‘ganhando’ depoisna secretaria o tempo que então perdeu para o catalão. Carlos Sousa é sexto com os chineses da Great Wall e Hélder Rodrigues é novamente terceiro classifi cado. Vencedores – Motos: Cyrl Despres (KTM); Quads: Alejandro Patronelli (Yamaha); Autos: Peterhansel/ Cottret (MINI); Camiões: De Rooy/Rodewald/Colsoul

(Iveco)

2013 Melhor resultado português de sempre

(5/1, Lima, Peru – 20/1, Santiago, Chile) Stéphane Peterhansel vence a prova pela 11ª vez, entre autos e motos, numa prova que fica marcada pelo segundo lugar de Rúben Faria nas motos, a melhor classifi cação de um português no Dakar. Cyril Després vence pela quinta vez e iguala Cyril Neveu em vitórias. Paulo Fiúza é quinto ao lado de Orlando Terranova, e Hélder Rodrigues é apenas sétimo na estreia com a Honda, que lhe deu imensos problemas. Carlos Sousa também repetiu – mas o 6º lugar, com o Haval.

Vencedores – Motos: Cyril Despres (KTM); Quads: Marcos Patronelli (Yamaha); Autos: Peterhansel/Cottret (MINI); Camiões: Nikolaev/ Savostin/Rybakov (Kamaz)

2014 Nani Roma vence, Quandt ‘decide’

(4/1, Rosario, Argentina – 18/1, Valparaiso, Chile)

Nani Roma venceu a prova, mas este triunfo foi uma ‘oferta’ de Sven Quandt, que impediu que Stéphane Peterhansel lutasse até ao fi m com o espanhol. Este demonstrou ser menos efi caz em velocidade pura e em luta direta que o francês. Nas motos, Coma regressou e ganhou de novo, dominando no ano em que Desprestrocou a KTM pela Yamaha. Hélder Rodrigues foi 5º.

Vencedores – Motos: Marc Coma (KTM); Quads: Ignacio Casale (Yamaha); Autos: Roma/ Perin (MINI); Camiões: Karginov/Mokeev/ Devyatkin (Kamaz)

2015 Paulo Gonçalves em 2º

(4/1, Buenos Aires, Argentina – 18/1, Buenos Aires, Argentina)

Nasser Al-Attiyah venceu pela segunda vez o Dakar, numa prova que dominou de fio a pavio. A Toyota deu luta, mas ainda não tem carro para a MINI. Boas prestações dos pilotos lusos. Nos autos, sem o erro de navegação que lhe custou 40 minutos, Carlos Sousa teria lutado por um lugar no top 5, enquanto Ricardo Leal dos Santos terminou o Dakar na 25ª posição. Nas Motos, Paulo Gonçalves igualou o melhor resultado de sempre de Portugal – igualando o melhor resultado de sempre obtido por um motard português na prova, o de Ruben Faria, em 2013. Ruben Faria terminou o Dakar em sexto, a sua segunda melhor classificação na prova, ao passo que o 12º lugar de Hélder Rodrigues foi o seu pior resultado de sempre na prova. Mário Patrão abandonou.

Vencedores – Motos: Marc Coma (KTM); Quads: Rafal Sonik (Yamaha); Autos: Attyah/Baumel (MINI); Camiões: Mardeev/Belyaev/Svistunov (Kamaz)

2016 Regresso aos triunfos da Peugeot

Stéphane Peterhansel venceu o seu 12º Dakar, seis nas motos e agora seis nos autos. A Peugeot obteve a sua quinta vitória, a primeira de um buggy de duas rodas motrizes desde o triunfo de Jean Louis Schlesser no Paris Dakar de 2000. Sébastien Loeb liderou enquanto os percursos foram ao estilo WRC, mas quando chegoua areia, a vegetação rasteira e os rios secos, não evitou um aparatoso capotanço que lhe retirou quaisquer hipóteses de triunfar. Carlos Sainz e Nasser Al-Attiyah também poderiam ter vencido, mas Peterhansel foi mais forte na ‘endurance’, contando com um Peugeot à prova de bala. Nas motos, Toby Price não deu hipótesesà concorrência, à frente de Stefan Svitko e Pablo Quintanilla. Paulo Gonçalves foi o único a ameaçar o australiano, mas fi cou de fora da luta após uma aparatosa queda e problemas mecânicos no radiador da sua Honda. Com o 5º lugar, Hélder Rodrigues foi o melhor português. Menção especial para Mário Patrão, 13º geral e vencedor da classe Maratona, e ainda para Pedro Bianchi Prata, que nunca baixou os braços apesar de todos os problemas, terminando pela oitava vez em outras tantas participações.

Vencedores – Motos: Toby Price (KTM); Quads: Marcos Patronelli (Yamaha); Autos: Stéphane Peterhansel (Peugeot); Camiões: De Rooy/Torrlladrona/ Rodewald (Iveco).

2017 Loeb esteve quase, mas…

2017 (2/1, Assunção, Paraguai – 14/1, Buenos Aires Argentina)

Parecia que seria à segunda tentativa que um antigo campeão nos ralis convencionais, Sébastien Loeb, se iria impor na prova ‘rainha’ do todo-o-terreno mundial, algo que a experiência de Stéphane Peterhansel se encarregou de desmentir quanto mais interessava. O pódio foi todo para a Peugeot.

Nas Motos, Sam Sunderland venceu pela primeira vez e a KTM conquistou a 16ª vitória consecutiva na prova, mantendo uma invencibilidade histórica num ano onde Portugal foi o único país a colocar três pilotos no top 10, Paulo Gonçalves Honda) em 6º, Hélder Rodrigues (Yamaha) em nono e Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) em 10º. Nos Camiões, novo triunfo para a Kamaz, por intermédio de Eduard Nikolaev/Evgeny Yakovlev e Vladimir Rybakov.

Vencedores – Motos: Sam Sunderland (KTM); Quads: Sergey Karyakini (Yamaha); Autos: Stéphane Peterhansel (Peugeot); Camiões: Eduard Nikolaev/Evgeny Yakovlev e Vladimir Rybakov; • Quads: Sergey Karyakin (Yamaha); SSV: Leandro Torres/Lourival Roldan (Polaris)

2018 Mais uma para a Peugeot

2018 (6/1, Lima, Peru – 20/1, Cordoba, Argentina)

Carlos Sainz e Lucas Cruz venceram o seu segundo Dakar, oferecendo à Peugeot a sua terceira vitória em quatro anos, na despedida do Dakar. Depois do azar de Peterhansel, os Toyota completaram o pódio, numa prova desastrada para a Mini

Nas Motos, e pelo 17º ano consecutivo a KTM venceu, desta feita, a marca austríaca, pela primeira vez, conquistou a corrida com um piloto originário da Áustria. De seu nome: Matthias Walkner. Carlos Cousa abandonou o Dakar a caminho da oitava etapa, no arranque para a segunda metade da prova

Não acabou bem e terminou cedo a participação de André Villas-Boas e Ruben Faria no Dakar. Fausto Mota terminou pela terceira vez o Dakar.

Nos Camiões, novo triunfo de Eduard Nikolaev (Kamaz), mas a categoria de pesos pesados só ficou resolvida a favor do russo quando Federico Villagra cedeu na etapa 13, isto depois de ter arrancado para essa tirada a um segundo do líder.

Nos SSV, triunfo de Reinaldo Varela, que dominou por completo. Pedro de Mello Breyner e Pedro Velosa, desistiram cedo, devido a acidente.

Nos Quads, quatro anos após a sua primeira vitória no Dakar, Ignacio Casale venceu pela segunda vez.

Vencedores – Motos: Matthias Walkner (KTM); Quads: Ignacio Casale (Yamaha); Autos: Stéphane Peterhansel (Peugeot); Camiões: Eduard Nikolaev (Kamaz) (Kamaz), Reinaldo Varela (SSV)

2019 Toyota fez história

2019 (6/1, Lima, Perú – 17/1, Lima, Perú)

A Toyota fez história ao vencer o Dakar pela primeira vez. Para Nasser Al-Attiyah este foi o seu terceiro triunfo, numa prova que dominou quase por completo. Nani Roma levou o seu Mini 4X4 ao segundo lugar e Sébastien Loeb terminou no pódio. Filipe Palmeiro fez o seu melhor resultado no Dakar,

Com uma missão de mochileiros no Dakar, Bruno Martins e Rui Ferreira levaram o Can-Am X3 UTV até ao fim, depois duma prova de grande abnegação e espírito de luta contínua. Ricardo Porém e Jorge Monteiro terminaram o Dakar em 11º da geral, naquela que foi a primeira participação do bicampeão de Portugal de Todo-o-Terreno.

Nas Motos, só podia dar KTM. Vezes 18! Toby Price foi o homem que manteve a supremacia da marca laranja numa corrida bem disputada e onde a indefinição quanto ao vencedor perdurou até ao último dia. As rivais Honda e Yamaha saíram como as grandes derrotadas.

Nos Camiões, Apesar dos Iveco terem vencido quatro das 10 etapas, com os Kamaz a vencerem as outras seis, o triunfo foi novamente para Eduard Nikolaev, o que fez pela quarta vez. Nos SSV, ‘Chaleco’ Lopez, que tinha terminou o Dakar 2010 em terceiro nas motos, venceu entre os SSV no Dakar. Nos quads, o triunfo foi para Nicolas Cavigliasso.

Vencedores – Motos: Matthias Walkner (KTM); Quads: Ignacio Casale (Yamaha); Autos: Stéphane Peterhansel (Peugeot); Camiões: Eduard Nikolaev (Kamaz) (Kamaz), Reinaldo Varela (SSV)

2020 Perdemos Paulo Gonçalves

2020: 5/1 Jeddah – 17/1 Qiddiya (Arábia Saudita)

Carlos Sainz conquistou pela terceira vez o Dakar, mas este Dakar fica na história por vários motivos, infelizmente, um deles demasiado triste até para ser recordado. A morte de Paulo Gonçalves irá ensombrar para sempre esta prova, numa edição do Dakar que para as cores portuguesas ficará marcada também pelo melhor resultado de sempre de um luso nos automóveis, com o terceiro lugar de Paulo Fiúza, navegador de Stéphane Peterhansel. Portugal já tinha dois segundos lugares nas motos, em 2013 e 2015, por intermédio de Rúben Faria e Paulo Gonçalves, respetivamente, mas nos autos pontificava ainda o quarto lugar de Carlos Sousa e Henri Magne de 2003, agora suplantado pelo navegador luso.

Este Dakar fica também para a história devido ao fim do domínio da KTM nas motos, com a Honda a vencer 30 anos depois da última vez que o tinha conseguido, agora intermédio de Ricky Brabec.

Nos Camiões Andrey Karginov, Andrey Mokeev e Igor Leonov venceram a categoria dos camiões do Dakar no seu Kamaz. Casey Currie e Sean Berriman venceram o Dakar nos SSV. Nos Quads, Ignacio Casale nunca teve verdadeira oposição, e venceu.

Dakar 2021: 14ª vitória de Stéphane Peterhansel (Arábia Saudita)

Stéphane Peterhansel (Mini Buggy) venceu o Dakar! Ao lado do seu novo co-piloto, Édouard Boulanger, o francês susteve com êxito os ataques da dupla de Nasser Al-Attiyah e Matthieu Baumel e obteve o seu oitavo triunfo no Dakar nos autos e o seu 14º entre autos e motos. Além disso, este triunfo de ‘Mr. Dakar’ surge precisamente 30 anos após a sua primeira vitória, nas motos, em 1991. Nasser al Attiyah (Toyota Hilux) foi segundo a menos de um quarto de hora, na frente de Carlos Sainz (Mini Buggy) que desta vez se quedou pelo lugar mais baixo do pódio.

Nos quatro anos anteriores, só Giniel de Villiers, Nani Roma e Sébastien Loeb se conseguiram imiscuir no pódio do Dakar no meio do enorme domínio que tem sido levado a cabo por Stéphane Peterhansel, Carlos Sainz e Nasser al Attiyah. Há muito que estes veteranos da grande maratona que é o Dakar, dominam a disciplina e 2021 não foi exceção.

Nas motos, vitória de Kevin Benavides, dobradinha da Honda. Ricky Brabec foi segundo, permitindo à Honda conquistar os dois primeiros lugares do pódio final, uma ‘dobradinha’ da marca japonesa que não acontecia desde o triunfo de Cyril Neveu em 1987. A KTM acabou como a grande derrotada de um Dakar disputado do princípio ao fim, apesar do terceiro lugar de Sam Sunderland.

A prestação lusa foi globalmente positiva. Lamenta-se apenas a desistência de Paulo Fiúza e Vaidotas Zala, com problemas no motor do Mini no início da segunda semana, mas todos os restantes concorrentes dos autos e SSV todos terminaram a prova, e todos eles com prestações muito meritórias.

Ricardo Porém e Jorge Monteiro (Borgward) chegaram ao fim da prova no 20º lugar da geral. Beneditkas Vanagas e Filipe Palmeiro (Toyota Hilux), terminaram a prova na 12ª posição. Gintas Petrus e José Marques (Optimus Chevrolet) terminaram a prova no 31º lugar da geral. Nos SSV, Lourenço Rosa e Joaquim Dias (Can Am) foram 15º. Rui Carneiro e Filipe Serra (MMP Can Am) terminaram o Dakar na 26ª posição.

Nos SSV, Chaleco Lopez bisou e venceu com 17m23s de avanço para Austin Jones e 51m53s para Aron Domzala. Nos T3, o melhor classificado Josef Machacek.

Por fim, nos Camiões, Dmitry Sotnikov deu à Kamaz o seu 18º triunfo no Dakar e o quinto consecutivo, igualando o recorde estabelecido pela Kamaz entre 2002 e 2006, bem como pela Mercedes de 1982 a 1986.

Dakar 2022: Nasser Al-Attiyah vence pela 4ª vez

Nasser Al-Attiyah e Matthieu Baumel venceram o Dakar, no quarto triunfo do piloto do Qatar, que empatou com Ari Vatanen. Sébastien Loeb foi segundo e está cada vez mais perto de vencer um Dakar. Yazeed Al Rajhi foi merecido terceiro classificado, um pódio em ‘casa’.

Esta prova só não foi mais interessante nos autos, porque Nasser al Attiyah esteve a um nível muito difícil de bater. Resolvida a questão dos furos com os novos T1+, o piloto do Qatar esteve pouco menos que imbatível. A Toyota esteve um nível acima da BRX Prodrive, que apesar de ter construído o seu segundo carro em dois anos, mostrou estar pronta para dar cada vez mais luta à Toyota. 

A pioneira Audi cumpriu o seu caminho, cedo ficou claro que não seria chegar ver e vencer, mas as suas três equipas fizeram o suficiente para deixar claro que no próximo Dakar vai ter que se contar com a equipa alemã. Por fim, a Mini, sem piloto de topo já viu o conceito dos seus buggy ultrapassado, mas ainda capaz de lutar no top 10, tal como sucedeu.

Os portugueses no Dakar estiveram bem. O melhor resultado do ‘nosso’ contingente pertenceu a Luís Portela Morais e David Megre (Can-Am/Bp Ultimate SSV Team), que terminaram no sétimo lugar da geral do SSV T4. Vaidotas Zala/Paulo Fiúza (Mini All4 Racing) bem tentaram chegar ao top 10, mas ficaram-se pela 11ª posição. Mário Franco/Rui Franco (Yamaha ZX 1000R), terminaram o Dakar na 13ª posição. Na etapa 10 tiveram problemas, caíram para 16º mas ainda recuperaram três posições.

Rui Oliveira/Fausto Mota (Can-Am/CRN Competition Team) fizeram uma prova regular, e terminaram no 16º da geral. José Martins/Belivier/Gimbre, finalizaram o Dakar no 28º da geral, depois da terem iniciado no 37º. Por fim, no Dakar Classic, João de Almeida/João Sousa (Ssangyong da TH-Trucks) foram 80º classificados. Todos os portugueses, com exceção de Filipe Palmeiro, terminaram a prova.

Nas Motos, Sam Sunderland vence pela segunda vez o Dakar. A quatro dias do final do rali Dakar, Sam Sunderland tinha conseguido vencer a oitava etapa e, em simultâneo, manter a posição de líder do rali. 

O britânico estava assim obrigado a abrir caminho na etapa seguinte e, como se iria comprovar, pagaria caro por isso… No cômputo geral, apenas cinco minutos e meio o separava do quatro classificado, Pablo Quintanilla, em Honda; Matthias Walkner e Adrien Van Beveren ocupavam a segunda e terceira posições, com 4 fabricantes diferentes instalados nos quatro primeiros lugares: GasGas, Honda, KTM e Yamaha

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