Entrevista a João Franco (Campeão T2): “Quero aprender mais, criar mais memórias e ter mais aventuras para contar”

Por a 27 Novembro 2020 12:31

João Franco e Pedro Inácio são os novos Campeões de T2, no culminar de um ano em que se estrearam no CPTT com a Nissan Navara DD2 do Agrupamento T2 com que Alexandre e Rui Franco já tinham sido campeões há uns anos. Boa passagem de testemunho…

Num ano complicado para toda a gente devido à pandemia de coronavírus, João Franco e Pedro Inácio aceitaram o desafio de passar em 2020 dos SSV para o T2, com a Nissan Navara. Filho de Alexandre Franco (sobrinho de Rui Franco, navegador), foram de imediato campeões, logo na primeira época. Depois de terem aprendido os princípios básicos de andar em terra com o SSV, adaptaram-se bem à mais de um tonelada de diferença no peso entre o SSV e a Nissan…

Que balanço fazes desta época de estreia no TT em que chegas ao título logo no primeiro ano?

Não era num ano atípico como este que ambicionava ser campeão. Contudo, ao longo dos anos que acompanhei o todo o terreno, aprendi que o sucesso faz-se de velocidade, inteligência e regularidade. Foi sempre este o nosso objetivo! Assim, o meu balanço desta época é muito positivo. No nosso primeiro ano de carreira conseguimos completar todas as provas, ficamos bem classificados e ainda conquistamos o título de campeões nacionais. É, sem dúvida, algo que me enche o ego e o coração.

Qual foi o segredo deste triunfo?

O segredo deste triunfo foi ter aprendido que, num desporto como este, a persistência e vontade de ganhar fazem tudo e, por isso, apesar de todos os problemas, nunca desistimos e alcançámos bons resultados. Às vezes, quando tudo corre mal, basta uma curva para nos motivar. Nos momentos maus, comentamos dentro do carro, entre notas “e aquela curva?”. Existem curvas e saltos que valem pela vitória e são essas lembranças que nos fazem continuar.

Quais foram as principais dificuldades que sentiste nesta tua adaptação ao TT?

As principais dificuldades que senti foram, sem dúvida, perceber o meu limite para poder andar ao máximo sem arriscar e, com o passar dos km, comecei a sentir-me mais à vontade, saber até onde podia ir e como… Consequentemente, a velocidade veio.

Tens muitas pessoas na equipa que te podem dar conselhos. O teu pai e o teu tio devem ter sido peças chave na forma como encaraste as provas. Queres dar exemplos de conselhos que te tenham dado?

Ambos me deram conselhos muito úteis, como por exemplo como colocar o carro para uma curva saber onde se pode arriscar ou não. Ainda sobre a última pergunta, como tive a oportunidade de conduzir com o meu tio ao lado, recebi conselhos chave sobre o peso do carro, ponto de travagem, entre outros… ajudou a começar com “o pé direito”. Por fim, o conselho que mais utilizo e mais vezes ouço é colocar sempre a diversão à frente dos resultados, é algo que nunca me quero esquecer!

Qual a prova que mais gostaste e a que menos gostaste e porquê?

A prova que mais gostei foi a Baja Portalegre por causa do terreno e do espírito de ajuda que foi necessário entre os pilotos por causa das condições climatéricas que nos faziam ficar atolados ao mais pequeno erro. A que menos gostei na minha opinião foi a prova de Beja, pois tinha pouca zona de condução, era uma prova muito rápida e o carro contava muito. Ganhava o que tinha o melhor carro e não o que conduzia melhor.

Como é guiar a vossa carrinha? O que gostas mais e gostas menos?

Guiar a nossa carrinha é algo de espetacular! Não consigo dizer o que menos gosto nela pois todos os momentos são um momento único e contribuem para a nossa aprendizagem. Quanto ao que mais gosto, aí é fácil, a cumplicidade que ganho com o Pedro, o meu co-piloto. Ambos aprendemos a conhecer o carro, saber o que precisa, como e quando. Passamos também a conhecer-nos melhor e até a saber se o outro vai bem ao ouvir a respiração. É uma sensação boa demais para descrever e, para mim, não é tanto sobre a carrinha mas sim o que ela nos permite viver.

Apanhaste alguns sustos durante a temporada?

Sim apanhei vários, quando andamos a uma certa velocidade existem vários sustos. O último, na Baja Portalegre, íamos numa zona muito rápida, 5ª a fundo e, de repente, o carro derrapou demasiado numa curva e ficamos pretíssimo de uma árvore, parecia que já não havia volta a dar, mas nos últimos centímetros o carro voltou a ganhar tração e tudo correu bem. Mas, como disse, são peripécias que acontecem com a adrenalina e velocidade.

Qual é o teu tipo de pistas preferido?

O meu tipo de pistas preferido é lama e com condução porque, para além de serem desafiantes, foi onde aprendi a conduzir. Estas pistas trazem sempre boas memórias.

Como foi guiar com muita lama?

Foi muito giro, eu tenho um gosto particular em andar com o terreno em lama, como já referi. São memórias, sorrisos, bons momentos dentro do carro, muita adrenalina… Já quero voltar!

Qual foi o teu adversário mais difícil de bater?

O adversário mais difícil foi, sem dúvida, o João Ferreira. O João é um ótimo piloto e tem um bom carro. Então as nossas oportunidades vinham com os erros dele, tivemos de saber agarra-las.

Dentro de quantos anos achas que podes estar a andar ao nível do Miguel Barbosa, João Ramos, etc?

Para mim, é sonho pensar, um dia, chegar ao nível deles. Irei fazer de tudo para o realizar agora quanto tempo irei demorar não sei. Prefiro viver no momento e aproveitar o que tenho agora, o depois vai chegar e vamos recebê-lo de braços abertos também.

Como foi fazer TT em ano de Covid?

TT e Covid… não combina! Foi um ano bastante complicado, não sabíamos se iria existir corrida ou iria se a mesma ia ser cancelada até ao início do setor. Também tivemos de ter outros cuidados com os nossos colegas, familiares… foi muito chato mesmo e espero que, com a contribuição de todos, possamos avançar, prevenir mais infeções e fazer de tudo para que a normalidade regresse.

O que esperas do próximo ano?

Antes de pensar no próximo ano, e até porque sem eles não existia ‘próximo’, quero agradecer aos meus patrocinadores pelo apoio incondicional, carinho, pela presença nas provas… O nosso grande obrigado a todos! Para o próximo ano espero divertir-me mais ainda, renovar o título, poder abraçar e celebrar com a minha equipa. Quero aprender mais, criar mais memórias e ter mais aventuras para contar.

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