CRÓNICA: Não estraguem o todo-o-terreno…

João Ramos levantou em Beja uma questão que há muito é falada nos bastidores do todo-o-terreno, mas o tempo passa e não parece haver medidas concretas que o impeçam. Que alguns utilizem todas as artimanhas possíveis e imaginárias para vencer não é nada de novo – cada um sabe da sua consciência, e de como se sente se fizer batota – mas João Ramos levou a questão bem mais longe e alertou para outro problema que não afeta só alguns. Já na apresentação do CPTT, Humberto Silva, presidente do CPKA revelou as crescentes dificuldades que os organizadores têm para arranjar percursos, situação que sucede não só por causa das questões ambientais – as Câmaras Municipais são cada vez mais sensíveis a essa questão – mas também porque continua a haver quem, nas semanas anteriores às provas vá para o terreno reconhecer as pistas deixando pelo caminho muitos sinais negativos dessa presença. Desta forma, e muito naturalmente, cada vez haverá menos gente propensa a autorizar a passagem das provas pelos seus terrenos. Sabemos que as federações e organizações não têm meios para um controlo sistemático, mas por mim a ‘coisa’ resolvia-se duma forma drástica. Quem tivesse o azar de ser apanhado sofreria uma pesada sanção, que servisse de exemplo para quem quisesse arriscar a seguir.

Ainda este fim-de-semana o Carlos ‘Tucha’ Barbosa nos dizia que “hoje em dia, a competição está completamente diferente. A nível de carros, não há explicação. A nível de equipas, antigamente havia mais harmonia, mesmo dentro dos setores seletivos. Os pilotos paravam, perguntavam das avarias, agora não se vê isso. O espírito é completamente diferente. Acho que o espetáculo e o espírito de sacrifício do todo-o-terreno perderam-se um pouco.”

Percebe-se que os tempos mudaram, a ‘vida’ é agora muito mais stressante, intensa, competitiva, não há problema nenhum que hoje em dia se dê mais importância ao aspeto competitivo, ao querer ganhar ou conseguir o melhor resultado. Nada disso é mau. Só é mau da parte de quem tenta ganhar vantagem de uma forma ilegal porque sente não ter capacidade para obter resultados doutra forma.

Não estraguem o todo-o-terreno. Se há uma disciplina que sempre foi um pouco diferente das outras – para melhor – em termos de ambiente, foi o TT.