CPTT, Baja TT Montes Alentejanos: Estreia a vencer de João Ferreira

Por a 21 Fevereiro 2022 17:15

FOTOS FPAK/Go Agency; AIFA/Jorge Cunha

João Ferreira, no competitivo Mini John Cooper Works Rally, estreou-se a vencer no CPTT, na sequência de uma prova quase perfeita. Cristian Baumgart foi segundo e mostrou argumentos para lutar pelos triunfos, com Tiago Reis em terceiro, condicionado por vários furos e uma penalização.

Nos últimos 10 anos, apenas 10 pilotos tinham vencido provas no CPTT: Miguel Barbosa, João Ramos, Nuno Matos, Ricardo Porém, Tiago Reis, Alejandro Martins, Alexandre Ré, André Amaral, José Dinis Lucas e Pedro Grancha.

Desde o passado fim de semana, há mais um nome na lista: João Ferreira, 22 anos, que com David Monteiro ao lado, no Mini John Cooper Works Rally da X-Raid, preparado e assistido em Portugal pela ARC Sport, triunfou na Baja TT Montes Alentejano. Uma estreia para o piloto e também para a ARC Sport, a vencer no CPTT.

O jovem piloto (22 anos), filho de Paulo Rui Ferreira, entra desta forma para o restrito clube de vencedores de provas do CPTT, curiosamente criando um impacto semelhante ao que o seu ‘mentor’, Ricardo Porém, teve em 2011.

Quando se ficou a conhecer o projeto de João Ferreira para esta temporada, com um Mini John Cooper Works Rally na Taça da Europa de Bajas, sabia-se que iria fazer algumas provas do CPTT, mas poucos imaginavam que, apesar da competitividade do carro, conseguisse vencer na sua estreia com o Mini no CPTT.

O segundo lugar no prólogo, onde se ‘mede’ a velocidade pura, despertou atenção, o triunfo na SS1 começou a desvendar mais do que aí vinha, e novo triunfo na SS2 e a confirmação do triunfo na Baja TT Montes Alentejanos, trouxe a certeza que estamos perante de um grande valor para o TT nacional. Como dizem os ingleses, “The next big thing”. Perguntei a Ricardo Porém se esperava ‘isto’, a resposta foi clara e objetiva: “sim, tenho-o visto andar, já sabia o que poderia suceder”.

Agora, o que pode acontecer no futuro, não sabemos, para já a intenção é de disputar a Taça da Europa de Bajas, e quanto ao CPTT, já se sabe que o calendário não permite disputar todas as provas, pelo que se irá ver como tudo evolui.

Arranque a todo o gás

O CPTT 2022 começou com uma surpresa, mas só para quem não viu João Ferreira e David Monteiro a andar no Mini John Cooper Works Rally. Já se sabia que o jovem piloto tinha feito boas provas com a Toyota Hilux no ano passado, mas em Beja o andamento que imprimiram não deixou dúvidas a ninguém.

Não foi só por este motivo que o CPTT 2022 arrancou bem, já que ao contrário do que sucedeu o ano passado, em que houve muitas críticas a esta prova devido a um road book deficiente, este ano tudo foi corrigido, e das críticas de 2021, somaram-se os elogios de 2022. Está de parabéns, por isso, o CPKA, clube organizador.

Outro ponto muito positivo, que já se desconfiava, faltando apenas a confirmação no terreno, é que a vinda de duas duplas brasileiras para o CPTT, Marcos Baumgart/Kleber Cinca e Christian Baumgart/Beco Andrazetti, ambos em Toyota Hilux, é uma grande mais valia para a competição, já que vem alargar o número de candidatos a lutar pelos primeiros lugares e pelas vitórias no CPTT. E segundo pudemos apurar, ainda virá uma terceira dupla brasileira muito competitiva para abrilhantar o CPTT.

Outro pormenor que atesta bem a subida de nível do campeonato tem a ver com o facto de equipas que têm vindo a alcançar resultados no top 5, ou mesmo pódios, desta feita ficaram bem mais longe e nem tudo teve a ver com problemas.

Boas lutas

Apesar do triunfo de João Ferreira e David Monteiro, não se pode dizer que houve um enorme domínio, porque os tempos intermédios contam uma história mais fidedigna. Por exemplo, na SS1, Tiago Reis liderou até ao ponto intermédio 5, em que teve uma vantagem curta para Marcos Baumgart, e que oscilou entre 5.0s e 41.0s para João Ferreira. Na parte final, um furo, e a cedência de quase dois minutos que o atiraram para o quarto lugar.

Contas feitas, quatro pilotos, João Ferreira, Marcos Baumgart, Cristian Baumgart e Tiago Reis, foram para a SS2 separados por 49.1s.

Na SS2, Tiago Reis entrou ao ataque, no intermédio 2 já tinha recuperado 23.0s a João Ferreira, com os dois brasileiros a perderem quase um minuto, mas depois veio novo furo numa das rodas da Hilux de Tiago Reis e no intermédio 3 passou a ser João Ferreira a liderar o SS2, com 1m02s face a Cristian Baumgart, 1m12s para Tiago Reis, e Marcos Baumgart já tinha cedido 3m40s também com um furo. A prova decidiu-se nesta fase, pois daí para a frente o jovem do Mini permitiu alguma recuperação a Tiago Reis, mas nada que o impedisse de vencer com mais de 2 minutos de avanço para o segundo classificado. Uma penalização de um minuto para Tiago Reis, atirou-o ainda do 2º para o 3º lugar da geral.

João Ferreira foi segundo no prólogo e venceu os dois setores seletivos, obtendo uma fantástica vitória de um jovem que promete muito. Recorde-se que há dois anos, na Baja TT ACP 2020 lutava pelo triunfo no T2. Notável a sua evolução. Não é demais referir que tem apenas 22 anos…

Cristian Baumgart e Beco Andreotti mostraram também bom andamento com a sua Toyota Hilux, e quando começarem a perceber melhor as Bajas lusas, têm condições para mostrar maior consistência. Mostraram andamento para o quarto lugar, retirando os pequenos incidentes que os quatro da frente tiveram, mas como conseguiram fugir melhor a problemas, acabaram por terminar a prova em segundo, depois da penalização de Tiago Reis.

Já se sabia que as duas duplas brasileiras eram rápidas, e ficou claro que a adaptação a terras lusas está a fazer-se de forma muito célere.

Tiago Reis e Valter Cardoso (Toyota Hilux) terminaram no lugar mais baixo do pódio, mas mostraram andamento para mais. Atrasos com furos, um em cada dia, problemas com os travões perto do final do SS2, e ainda uma penalização por falsa partida, não permitiram melhor que o terceiro lugar final, mas para lá da maior oposição que parece irem ter ao longo do campeonato, o que sucedeu em Beja foram normais incidentes de corrida.

De Marcos Baumgart/Kleber Cinca (Toyota Hilux), já se conhecia o andamento em Portugal, basta relembrar o que fizeram na Baja TT Capital dos Vinhos de 2020, pelo que não foi de estranhar o surgimento nos primeiros lugares.

Deu forte luta na SS1 a Tiago Reis até se atrasar no intermédio 6, mas na SS2 esteve bem pior, já que um furo o atrasou terminando por isso a prova a cinco minutos da frente, o que é enganador face ao andamento.

Seja como for, boa estreia no CPTT para a dupla dos irmãos Baumgart da X Rally Team.

Alejandro Martins e José Marques (Mini John Cooper Works Rally) terminaram em quinto a mais de sete minutos da frente, depois duma prova também marcada por um furo, a que se juntou alguma demora em encontrar um local bom para mudar a roda, já que entre cercas era perigoso. Só esse facto justifica alguma perda de tempo, e a isso se juntou um andamento que é semelhante ao que lhe temos visto, mas que já não lhe permite andar mais perto da frente, porque aí o ritmo voltou a aumentar. Ou seja, Alejandro Martins não piorou, os ‘outros’ é que melhoraram.

Ainda assim Top 5 não é nada mau.

Nuno Madeira e Filipe Serra (Ford Ranger) foram sextos numa prova em que tiveram alguns problemas com o motor do seu carro. Terminaram os dois SS em quinto e sexto, mas o tempo que foram perdendo aqui e ali, tudo somado, ficaram a mais de oito minutos dos vencedores. Andaram sempre com o carro em seis, sete cilindros, falhava abaixo das 5.000 rpm, e isso foi uma forte condicionante. Negativo, só mesmo o contratempo mecânico, pois ficar em sexto com um plantel destes é bom.

João Dias e João Miranda (Can Am Maverick X3) venceram os T3, rodaram sempre no top 10, e mostraram um forte andamento. Numa prova rápida como esta, ter um carro limitado a 135 Km/h não ajuda, mas ficaram colocados na melhor posição que em teoria poderiam aspirar.

Francisco Barreto e Carlos Silva (Ford Ranger) foram oitavos, em mais uma boa prova do jovem que continua a sua evolução e aprendizagem como piloto nos T1. Terminaram os dois SS em nono e sétimo, e ficaram na frente de equipas que normalmente terminam à sua frente.

André Amaral e Nelson Ramos (Ford Ranger) foram nonos classificados. Desde cedo, nos pontos intermédios se quedaram por posições em que não costuma estar, e nunca conseguiram recuperar, com os dois SS a correrem-lhe mais ou menos da mesma forma. Melhores dias virão.

Depois de muito tempo fora do TT, Manuel Correia, que teve um navegador ‘emprestado’, Jorge ‘Jet’ Carvalho, na Mitsubishi HRX Ford, fecharam o top 10. Alguma falta de ritmo no primeiro dia, melhor no SS2. Um bom resultado.

Miguel Casaca e João Luz (Volkswagen Amarok) foram 11º e andaram sempre por estas posições.

Edgar Reis e Rafael Lutas estrearam-se com uma nova Toyota Hilux, terminaram em 12º numa prova de permanente evolução e adaptação à nova máquina, melhorando do primeiro para o segundo dia.

Rui Madeira e José Pires (Bombardier Can Am X3 XRS) foram segundos do T3 na estreia com um SSV no TT.

Luis Recuenco e Sergio Peinado (Mini JCW Rally) foram 14º fazendo uma prova muito abaixo das suas possibilidades e dos que já os vimos fazer muitas vezes.

Nuno Tordo e Ricardo Sobral (Nissan Navara) venceram o T8 depois duma grande luta com Ricardo Nascimento e Ricardo Brito (BMW X5) ficando ambas as duplas separadas por pouco mais de 30 segundos após quatro horas de corrida. David Spranger e André Guerreiro (Herrator X3) foram 17º da geral a terceiros do T3, na frente de Georgino Pedroso/Sérgio Cerveira (Nissan Navara), terceiros do T8.

Na 20ª posição ficaram Filipe Cardoso/Pedro Cardoso (Can Am Maverick X3), que triunfaram no T4 (SSV), seguindo-se José Mendes/Jorge Baptista (Mitsubishi L200) quintos do T8, que terminaram imediatamente na frente dos vencedores do T2, Fernando Barreiros/Fernando Miguel (Isuzu D-Max).

Os Gameiro, terminaram em 23º e 28º, com Maria Luís/António Saraiva (Mini All4 Racing) na frente de José Gameiro/Navarro Dominguez (VW Amarok). João Franco/Pedro Inácio (Nissan Navara D22) foram 24º e 2º do T2,

Houve abandonos bem sonantes, como é o caso de João Ramos e Filipe Palmeiro (Toyota Hilux), que ficaram fora de prova logo ao Km 5 do SS1, porque o comando das bombas dentro distribuição, cedeu e deixou de funcionar a bomba da direção assistida e a bomba de óleo do motor.

Pelo caminho ficaram também César Sequeira/Tânia Sequeira (Mini Cooper D Protótipo), Pedro Grancha/Inês Ponte (Ford Mo EXR05 Proto), Jorge Cardoso/André Barras (Mercedes A 140 Proto), Lino Carapeta/Rui António (Land Rover Proto Bowler), Nuno Matos/Joel Lutas (Opel Mokka Proto), Alexandre Franco/Rui Franco (Mercedes Benz 350 SLC), entre outros.

O CPTT prossegue dentro de sensivelmente um mês com a Baja TT ACP, nos terrenos arenosos de Santiago do Cacém e Grândola.

Classificação

Pos. Nº Piloto/Navegador Carro Tempo/Dif. Pos./Cat.

1 540 João Ferreira/David Monteiro Mini Jonh Cooper Works Rally 3:53:54.7 1/T1

2 525 Cristian Baumgart/Beco Andreotti Toyota Hilux +2:13.9 2/T1

3 511 Tiago Reis/Valter Cardoso Toyota Hilux +2:49.5 3/T1

4 533 Marcos Baumgart/Kleber Cincea Toyota Hilux +5:00.1 4/T1

5 548 Alejandro Martins/José Marques Mini John Cooper Works Rally +7:46.6 5/T1

6 577 Nuno Madeira/Filipe Serra Ford Ranger +8:18.8 6/T1

7 529 João Dias/João Miranda Can Am Maverick X3 +9:58.3 1/T3

8 515 Francisco Barreto/Carlos Silva Ford Ranger +13:10.4 7/T1

9 503 André Amaral/Nelson Ramos Ford Ranger +14:37.0 8/T1

10 513 Manuel Correia/Jorge Carvalho Mitsubishi HRX Ford +17:50.8 9/T1

11 508 Miguel Casaca/João Luz Volkswagen Amarok +19:43.0 10/T1

12 535 Edgar Reis/Rafael Lutas Toyota Hilux +25:24.3 11/T1

13 567 Rui Madeira/José Pires Bombardier Can Am X3 XRS +26:12.8 2/T3

14 502 Luis Recuenco/Sergio Peinado Mini JCW Rally +27:43.3 12/T1

15 555 Nuno Tordo/Ricardo Sobral Nissan Navara +28:08.4 1/T8

16 524 Ricardo Nascimento/Ricardo Brito BMW X5 +28:42.6 2/T8

17 579 David Spranger/André Guerreiro Herrator X3 +29:09.2 3/T3

18 571 Georgino Pedroso/Sérgio Cerveira Nissan Navara +32:57.6 3/T8

19 569 Johan Senders/Luis Bento Nissan Navara +39:24.1 4/T8

20 541 Filipe Cardoso/Pedro Cardoso Can Am Maverick X3 +41:12.1 1/T4

21 545 José Mendes/Jorge Baptista Mitsubishi L200 +42:37.1 5/T8

22 522 Fernando Barreiros/Fernando Miguel Isuzu D-Max +52:49.2 1/T2

23 527 Maria Luis/Antonio Saraiva Mini All4racing +53:03.5 13/T1

24 519 Joao Franco/Pedro Inácio Nissan Navara D22 +56:25.4 2/T2

25 594 João Paula/Mota Ribeiro Can Am Maverick X3 +58:38.8 2/T4

26 507 Filipe Cachopas/Paulo Torres Nissan Pathfinder +1:13:40.1 3/T2

27 509 Sérgio Vitorino/Pedro Santos Can Am Maverick +1:19:04.6 4/T3

28 576 José Gameiro/Navarro Dominguez VW Amarok +1:25:56.9 14/T1

29 543 Alexandre Pinto/Fausto Almeida Bombardier X3 +2:12:58.9 3/T4

30 592 Francisco Dias/Mario Feio Nissan Pick-Up 2.5 +2:48:36.1 4/T2

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