Como autêntico vinho vintage, Carlos Sainz espalhou o perfume da sua condução na sua estreia absoluta no TT. Definitivamente, Portugal é um país marcante para a carreira de Carlos Sainz.
Foi no nosso país que cumpriu a sua primeira prova no Mundial de Ralis (1987), que juntou duas vitórias ao seu impressionante palmarés (91 e 95) e ainda celebrou a sua centésima participação (98).
E foi em Portugal que passou também a assinalar um novo marco na sua longa carreira no automobilismo: o batismo numa nova disciplina ao serviço da equipa Volkswagen. Responsável direto pela vinda de espetadores e (ainda mais) jornalistas espanhóis até Portalegre, Carlos Sainz foi justamente homenageado pelo patrocinador principal da prova com uma garrafa comemorativa das suas duas estreias mais marcantes em Portugal.
Como tal, o AutoSport quis saber qual a real importância do nosso país na carreira do antigo bicampeão do Mundo de Ralis. “Não tenham dúvida que para mim é um prazer enorme voltar a Portugal e cumprir a aqui a minha estreia oficial no Todo- o-Terreno. Aliás, parece mesmo que Portugal é, definitivamente, um marco na minha carreira, já que aqui festejei várias efemérides”, começou por afirmar.
Mas se o futuro passa agora pelo Todo-o-Terreno e, sobretudo, pela participação no Dakar, Carlos Sainz explicou que Portalegre apresentou-se como o local ideal para pilotar pela primeira vez, em competição, a sua nova máquina. “Já que o Dakar sai de Portugal este ano, fazia todo o sentido estar aqui presente.
Ao mesmo tempo, foi-nos possível situar a nossa prestação face à concorrência direta (Mitsubishi e Nissan) para percebermos em que grau nos situamos e o que pode vir a ser o Dakar».
Num meio que ainda não domina, o piloto espanhol reconheceu que o nível competitivo parece ser bastante interessante e que a experiência acumulada no Mundial de Ralis lhe permite encarar este novo desafio de uma forma mais otimista. “Ainda fiz muito poucos quilómetros ao volante do Touareg, mas o estilo de condução é, basicamente, o mesmo. Trajectórias e travagens assemelham-se ao que fazia com o Citroën WRC e só mesmo a altura ao solo é que obriga a uma ligeira correção na abordagem a determinadas zonas”.
Notas em inglês?
Provando que quem sabe nunca esquece, Sainz entrou com o pé direito nesta baja ao rubricar o melhor tempo no Prólogo… que realizou quase sem notas! “De facto, ter um piloto espanhol a ouvir notas em inglês pronunciadas por um alemão é complicado! Aliás, a determinado momento, o Andy (Schulz) pronunciou uma palavra que eu não conhecia e, na dúvida, fiz a curva a fundo. Correu tudo bem…”, recordou. Nos sectores seletivos, o superior conhecimento do terreno pelos pilotos portugueses e alguns problemas com o Touareg (pára- brisas embaciado) levaram o madrileno a perder tempo e terreno para os seus adversários, algo que não o impediu de fazer um balanço positivo de mais uma estreia em território português. “O nosso objetivo era o de testar o carro para as etapas portuguesas do Dakar e foi isso mesmo que fizemos. O resultado era secundário, ainda que nos tenha sido possível comparar o nosso andamento com a concorrência… e por pouco não vencíamos. Foi pena!”.