Baja TT ACP: Regresso vitorioso de Miguel Barbosa

Por a 8 Março 2020 16:17

Por José Luís Abreu

FOTOS AIFA/Jorge Cunha; Rui Reis Fotos, Go Agency/Ricardo Oliveira

Foi um regresso vitorioso o de Miguel Barbosa e Pedro Velosa (Toyota Hilux) ao todo o terreno, com o triunfo dominante nesta nova Baja TT BP Ultimate ACP Santiago do Cacém/Grândola. João Ramos e Víctor Jesus (Toyota Hilux) asseguraram o segundo lugar, com Alejandro Martins e José Marques (Mini JCW Rally) a levarem de vencida com clareza a sua batalha com os campeões em título, Tiago Reis e Valter Cardoso (Mitsubishi Racing Lancer), que terminaram em quarto.

Curiosamente, disputada exatamente um mês depois da prova inaugural, em Beja, prosseguiu este fim de semana, novamente a sul, o Campeonato de Portugal de Todo Terreno AM48, e logo com uma prova que trouxe novidade à competição. O novo evento do ACP realizou-se em pisos com muita areia, fazendo recordar a primeira etapa do Dakar 2007, que também se realizou para aquelas zonas.

Um novo e interessante cenário, e muita areia pelo meio a colocarem novas e diferentes dificuldades às equipas. Uma interessante novidade para o campeonato, que se realizava há muito pelas mesmas provas e pistas.

Não só a primeira prova, a Baja TT Vindimas do Alentejo, como esta segunda, Baja TT ACP Santiago do Cacém/Grândola valorizaram o CPTT, sendo que como é timbre do clube dos automobilistas portugueses, a prova esteve excelente em termos de organização no terreno.

Um bom parque de assistência, acolhedor e perto de tudo, em Santiago do Cacém, e uma zona de reagrupamento em Grândola com espaço para dar e vender. Foi só mesmo a areia que colocou dificuldades à caravana, isto num percurso que em algumas zonas era muito rápido e algo estreito, em que qualquer despiste significaria ‘abraçar’ um pinheiro e provavelmente ficar a bloquear o percurso. Houve quem nos dissesse, dos SSV, vínhamos quase a bater dos dois lados da pista. Imagine-se os carros maiores…

Mas com maior ou menor dificuldade a areia foi ultrapassada e quem o fez bem melhor que todos os restantes adversários foram Miguel Barbosa e Pedro Velosa, que com a sua bem competitiva Toyota Hilux não deram a mais pequena hipótese à concorrência, vencendo o prólogo e os três setores seletivos, terminando a Baja com mais de dois minutos e meio para a concorrência mais próxima, isto sem sequer atacar demasiado no decisivo setor seletivo final.

Barbosa veio para vencer

O recordista de títulos nacionais de TT mostrou que vem para conquistar o ‘oitavo’ e para isso utilizou uma Hilux da Overdrive, com as evoluções já vistas no Dakar. Por isso mesmo é que não teve carro a tempo da primeira prova.

Por outro lado, a sua experiência de areia nos vários Dakar que já fez – inclusivamente o Dakar 2007, que andou por perto da zona desta prova – permitiam-lhe estar perfeitamente descansado quanto ao que iria encontrar pela frente, e cedo se percebeu que mais ninguém teria andamento para suplantar Barbosa. O ritmo que trouxe dos quatro anos de ralis coloca-o num patamar muito elevado e quando a isso se junta o melhor carro, estão reunidos os ingredientes para uma ‘candidatura’ a muitas mais vitórias.

João Ramos deu tudo

Tal como nos disse logo a seguir ao prólogo, João Ramos, que teve Víctor Jesus ao lado na habitual ‘Dama Negra’ (Toyota Hilux) fez o que pode.

Nos últimos anos o CPTT foi muito equilibrado e disputado até à última prova porque as forças em presença eram equilibradas o suficiente para que isso sucedesse. Provavelmente, só mesmo João Ramos tinha um ‘package’ acima da concorrência, ‘unhas’ e carro, mas ‘azares’ mecânicos e não só levaram-no a perder provas quando o seu andamento se mostrava um bom bocado acima dos adversários. Só que agora isso mudou.

O que João Ramos nos referiu após o prólogo, diz muito acerca do que pode ser este CPTT: “demos o nosso máximo, não posso fazer mais tenho a plena consciência da diferença de carro que existe do Miguel (Barbosa) para a minha. As pessoas pensam que os carros são iguais mas não são. O centro de gravidade é diferente, o peso é diferente a geometria da suspensão é diferente, aquele carro é sempre cerca de um segundo mais rápido que o meu, e este prólogo é prova disso. Fiz tudo perfeito, andei no máximo, notas impecáveis, e fizemos segundo lugar”. Cinco segundos em 4.40 Km é muito.

Boa luta pelo pódio

Terceiro lugar para Alejandro Martins e José Marques num competitivo Mini JCW Rally da X-Raid, que ‘correu’ no Dakar. Com a MRacing a (bem) prepará-lo, Alejandro Martins envolveu-se numa interessante luta com Tiago Reis e apesar de não ser grande fã da areia e das muitas curvas de 90 graus do percurso “o Mini tem pouca brecagem”, imprimiu um andamento interessante, cometeu somente um ou dois pequenos erros, pelo que terminou num merecido pódio, aproveitando a maior extensão do derradeiro setor seletivo para impor a competitividade do Mini, já que foi o melhor na pista logo a seguir a Miguel Barbosa.

Tiago Reis lidera campeonato

Com isso, e depois de ter entrado para o segundo dia com 22.1s de avanço para Tiago Reis, terminou com 2m39.1s face ao campeão em título, que teve no último dia de prova problemas com o diferencial central, que claramente justificam tão grande diferença, apesar do bom andamento de Alejandro Martins.

Curiosamente, o quarto lugar de Tiago Reis permite-lhe continuar a liderar o campeonato. O piloto do Team Transfradelos não ficou ‘cliente’ da areia, mas lutou até onde pode pelo resultado.

Nuno Matos e Joel Lutas, com o FIAT Fullback Proto terminaram na quinta posição, depois de recuperarem uma posição no último dia. Tiveram mais dificuldades e cautelas na condução em areia, mas sempre que tiveram pistas mais ao ‘jeito’ de Portalegre, andaram bem: “Não se pode descurar a diferença técnica que existe para os carros da frente, por isso, saímos com o sentimento de missão cumprida”, disse o campeão nacional de 2016.

Alexandre Ré venceu T3

Alexandre Ré e Pedro Ré (Can Am Maverick X3) foram sextos da geral e venceram facilmente o T3. Sem ‘montada’ para grandes andamentos, saem-se bastante bem em partes mais enroladas e sinuosas, mas não tanto quando a rapidez impera. O Can Am Maverick X3 que utilizam este ano é mais competitivo que o modelo do ano passado, mas foi mais limitado em termos regulamentares, pelo que as zonas rápidas são um tormento: “Se vinha a fundo? Já venho a fundo há uma data de tempo”, ouvimo-lo… Ainda assim, novo bom resultado face às condicionantes.

Nuno Madeira e Filipe Serra (KIA Sportage TT) andou maioritariamente pelo sexto posto da geral, mas perto do final da SS2 tiveram um furo que os fez perder uma posição, caindo para sétimo, lugar em que terminaram a prova.

André Amaral e Nélson Ramos (Ford Ranger) foram oitavos, e também eles tiveram as naturais dificuldades de quem nunca tinha andado em areia.

Ainda assim, depois de ter terminado o primeiro dia em 11º, logrou subir para a oitava posição da geral depois de obter essa a mesma posição na decisiva SS3.

Sem preocupações quanto a resultado, pois andam lá somente para se divertirem, Paulo Rui Ferreira e Jorge Monteiro levaram a sua competitiva Toyota Hilux ao nono lugar, abaixo das capacidades da máquina e da dupla, algo que se justifica devido a alguns problemas com que se depararam.

A fechar o top 10 ficaram Luis Dias e Pedro Cunha Rêgo (Nissan PickUp Proto). Começaram a prova um pouco mais à frente, mas acabariam por terminá-la em 10º.

Quem voltou a não ter muita sorte foram Edgar Condenso e Nuno Silva, já que o seu Ford MO EXR05 Proto voltou a ter problemas, tal como na primeira prova da temporada. Desta feita o motor ‘soluçava’ a partir de determinada rotação, e com isso foram acumulando atraso. “Os problemas de motor verificados inicialmente, agravaram-se este domingo”. Apenas na parte final tudo voltou ao normal: “Aí foi um verdadeiro prazer conduzir a Ford Ranger, a carrinha tem um enorme potencial”, confessou Edgar Condenso que realizou uma bela recuperação de 17º para 11º.

Barreto vence T8, Franco, o T2

Lino Carapeta e Rui António (Land Rover Proto Bowler) foram 12º e em 14º terminaram Francisco Barreto e Sérgio Cerveira (Nissan Navara), que venceram o T8 com quase sete minutos de avanço para Carlos Faustino e Rui Gomes (Mitsubishi Pajero GLS)

Também com sete minutos de avanço no T2 estavam João Ferreira e David Monteiro (Nissan Pathfinder) no final do primeiro dia de prova, mas as coisas não correram bem no segundo, ficaram pelo caminho, abrindo as portas do triunfo na categoria aos jovens João Franco e Pedro Inácio (Nissan Navara). Um orgulho para Alexandre Franco que vê o seu jovem filho, que corre ao lado do seu melhor amigo, vencer pela primeira vez nos autos, na sua ainda curta carreira. Entre os concorrentes da Taça de Portugal de Todo-o-Terreno, os vencedores foram João Paulo Oliveira e Pedro Cação, em Nissan Terreno II, que bateram Luís e Hugo Rodrigues (Nissan Pick Up D21) por mais de dezoito minutos.

De assinalar ainda o regresso de Georgino Pedroso ao CPTT, novamente ao lado de Carlos Silva na Isuzu D-Max com que foi campeão o ano passado. Esta prova não correu bem e foram apenas terceiros do T2.

Abandonos sonantes

No rol dos desistentes ficaram Manuel Correia e Miguel Ramalho que partiram uma transmissão do seu Mitsubishi HRX Ford logo no prólogo, abandonando. regressaram no segundo dia só para rodar Isso não sucedeu com Pedro Dias da Silva e José Janela, que na competitiva Ford Ranger, com motor V8 de 5.0 litros de cilindrada, tiveram um problema com a caixa de direção assistida, ficando cedo pelo caminho.

Classificação

Pos. Equipa Carro Tempo/Dif. Cat.

1 Miguel Barbosa/Pedro Velosa Toyota Hilux 2:55:04.5 T1

2 João Ramos/Vitor Jesus Toyota Hilux 2:33.0 T1

3 Alejandro Martins/ José Marques Mini JCW Rally 3:49.2 T1

4 Tiago Reis/Valter Cardoso MITSUBISHI RACING LANCER 6:28.3 T1

5 Nuno Matos/Joel Lutas FIAT FULLBACK PROTO 10:33.0 T1

6 Alexandre Ré/Pedro Ré CAN AM MAVERICK X3 12:17.0 T3

7 Nuno Madeira/Filipe Serra KIA SPORTAGE TT 12:25.7 T1

8 Andre Amaral/Nelson Ramos FORD RANGER 18:30.6 T1

9 Paulo Rui Ferreira/Jorge Monteiro Toyota Hilux 19:31.3 T1

10 Luis Dias/Pedro Cunha Rêgo NIssan PickUp Proto 20:21.2 T1

11 Edgar Condenso/Nuno Silva FORD MO EXR05 PROTO 23:50.3 T1

12 Lino Carapeta/Rui António Land Rover Proto Bowler 25:02.0 T1

13 Hugo Arellano/Fabien Bigard (LUX ) Isuzu D-MAX 25:52.2 T1

14 Francisco Barreto/Sérgio Cerveira NISSAN NAVARA 31:28.6 T8

15 Jorge Cardoso/André Barras MERCEDES A 140 PROTO 38:08.9 T1

16 Carlos Faustino/Rui Gomes MITSUBISHI PAJERO GLS 38:28.2 T8

17 Luis Recuenco/Victor Alijas (ESP ) MINI Country Man 38:35.3 T1

18 Edgar Reis/Filipe Martins Mitsubishi Pajero 43:21.9 T8

19 Bruno Rodrigues/Ricardo Claro Mazda Proto CX5 52:47.7 T1

20 José Mendes/Jorge Baptista MITSUBISHI L200 58:45.8 T8

21 Cesário Santos/Alexandre Gomes NISSAN D21 1:10:32.9 T8

22 Joao Franco/Pedro Inácio Nissan Navara D22 1:16:39.6 T2

23 César Sequeira/Tânia Sequeira MINI COOPER D PROTOTIPO 1:41:21.0 T1

24 Wojciech Musial/Daniel Siatkowski (POL ) Dacia Duster 1:54:33.6 T2

25 Rui Marques/Vitor Mendes Nissan Navara D21 2:43:38.5 T8

26 Georgino Pedroso/Carlos Silva Isuzu D-Max (TFS 85) 4:36:25.3 T2

27 Manuel Correia/Miguel Ramalho MITSUBISHI HRX FORD 6:47:36.8 T1

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