Baja Portalegre 500: Recorde a extraordinária história


Completa-se este ano a 32ª edição da Baja de Portalegre, um evento que nasceu em junho de 1987, no então chamado Rali Maratona de Portalegre – Finicisa, que deu o pontapé de saída para as competições de todo-o-terreno em Portugal. Sem nunca deixar o seu berço, a menina dos olhos de José Megre não mais parou de crescer e evoluir, sendo justamente considerada a prova rainha da modalidade e uma das mais participadas de todo o calendário nacional e internacional – chegando em várias edições a juntar mais de 700 concorrentes!

Verdadeiro motor de um campeonato que chegou a ser considerado o melhor do mundo, Portalegre mantém ainda hoje um carisma que nem mesmo a mundialista Baja 1000 conseguiu alguma vez igualar. Ponto de partida para muitas carreiras, foi o palco de alguns dos mais épicos duelos da história da modalidade, de vencedores e campeões imprevisíveis, de banhos de lágrimas, de champanhe e também de verdadeiros dilúvios! Desde a primeira hora, foi também a mais acarinhada pelo público e a preferida dos concorrentes. Muitos deles ainda hoje afirmam: “Se é em Portalegre, então tudo pode acontecer!”. E assim acontece, ininterruptamente, já lá vão 31 anos…

A Baja 500 Portalegre foi a primeira competição de todo-o-terreno organizada em Portugal, em Junho 1987, com base na cidade de Portalegre.

O Clube Aventura, liderado por José Megre, ex-piloto do Rally Dakar, tinha idealizado esta prova desde 1983, no entanto demorou cerca de 4 anos a concretizar a ideia, desde que obteve ajuda e autorização das autoridades locais.

Foi em 1982 que começaram as actividades de todo-o-terreno não competitivas em Portugal, com José Megre, juntamente com alguns amigos, a formar o Clube Todo-o-Terreno.

Tendo participado no Paris-Dakar em 1982, 83 e 84 como um dos pilotos de fábrica da UMM, José Megre teve um enorme sucesso quando lançou a primeira Baja de Portalegre com o seu amigo, sócio e navegador do Dakar, Pedro Vilas Boas.

Efectivamente cerca de 100 carros e mais de 100 motos participaram na primeira Baja de Portalegre, então chamada Rali Maratona de Portalegre – Finicisa.

A prova decorreu num circuito de 400km, percorrido duas vezes sem quaisquer interrupções. Fortes chuvas e muita lama tornaram a prova num enorme desafio para pilotos, carros e motos.

A segunda e a terceira edição viram o número de inscritos duplicado, mas foi na 4ª edição que foram atingidos os máximos de 250 carros e 450 motos, que se mantiveram vários anos, depois da memorável edição de 1989 em que apenas 10% dos participantes conseguiu chegar ao fim da prova!

Desde o primeiro ano, a prova das motos foi internacional, e disputada pelos melhores pilotos de Todo-o-Terreno do Mundo, tais como Serge Bacou, Thierry Charbonnier, Gilles Lalay, Stephane Peterhansel, David Castera, Cyril Esquirol, Richard Sainct, Alain Perez, Thierry Magnaldi, entre outros.

No entanto, só em 1995 e 1996 é que um piloto estrangeiro venceu a Baja de Portalegre (Richard Sainct e Alain Perez, respectivamente).

Baja Portalegre 500: História da prova

2017 – Se a edição anterior da Baja Portalegre 500 tinha sido marcada por feitos históricos, a prova de 2017 não foi diferente, com vários pilotos a estabelecerem registos recorde na competição do Automóvel Club de Portugal. Ricardo Porém voltou a vencer nos Auto, tornando-se no primeiro a assinar quatro vitórias consecutivas na Baja, batendo um recorde que já havia estabelecido no ano anterior. A isso o piloto de Leiria juntou ainda a conquista do título de Campeão Nacional de TT. Nas Motos a vitória foi para António Maio, que assim entrou para o “Clube dos Seis”, ao lado de Mário Patrão e de Roberto Borrego, que também conquistou o sexto triunfo na Baja entre os Quads, o segundo “hat-trick” do piloto. Nos SSV estreia auspiciosa de Ruben Faria, que levou de vencida a corrida.

2016 – Foi um ano histórico para a Baja Portalegre 500 que, além de celebrar a 30ª edição, viu Ricardo Porém tornar-se no primeiro piloto na história da prova do Automóvel Club de Portugal a garantir o terceiro triunfo consecutivo, enquanto Nuno Matos levou a melhor no Campeonato Nacional de TT com o terceiro lugar na prova. Entre as duas rodas, vitória para Luís Oliveira, que bisou no mais alto do pódio, enquanto a coroa de louros do Nacional de TT foi para António Maio. Um terceiro título sofrido para o piloto, que fez quase todo o último sector com a clavícula esquerda fraturada, consequência de queda que sofreu 10 km após a partida. No Quads Roberto Borrego também fez história ao vencer pela quinta vez, um recorde na categoria. Já nos UTV/Buggy, a vitória coube a João Silva e Marco Silva depois de terem sido apenas 17º no Prólogo.

2015 – Ricardo Porém repetiu o triunfo na Baja Portalegre 500, mas desta feita o ceptro foi para Miguel Barbosa, que com a segunda posição assegurou o sétimo título absoluto da carreira. No mais baixo do pódio ficou João Ramos. Já nos T2, o triunfo foi para Edgar Condenso e, tal como na geral, quem se sagrou Campeão foi o segundo classificado César Sequeira. Enquanto isso, nas duas rodas o triunfo foi para Luís Oliveira, que colocou ponto final em 11 anos de triunfos repartidos em exclusivo entre António Maio (5 vitórias) e Mário Patrão (6). Nos Quads Roberto Borrego terminou três anos de jejum em Portalegre ao assegurar a quarta vitória da carreira na prova do Automóvel Club de Portugal, enquanto João Dias levou a melhor nos UTV, com Daniel Russo a vencer nos Buggy.

2014 – Em 2014 a vitória na Baja Portalegre 500 valeu o título nacional de TT a Ricardo Porém, isto depois de quatro pilotos terem passado pela liderança ao longo da prova. Nasser Al-Attiya foi o primeiro líder, mas depressa perdeu a primeira posição no segundo dia para Filipe Campos. No primeiro controlo horário do segundo Sector Selectivo o brasileiro Reinaldo Varela era o mais rápido, com Porém logo atrás, panorama que se repetia no CP2. Contudo, a tirada terminou com João Ramos a garantir a melhor marca. Com as decisões adiadas, só no último SS é que Porém conseguiu saltar para a frente, passando o seu principal Miguel Barbosa, que acabou por terminar na quarta posição da geral, atrás de Al-Attiya, segundo, e de Varela, terceiro, e com Campos a fechar o Top 5. Enquanto isso, o russo Vladimir Vasilyev terminava na sexta posição, o bastante para garantir o título da Taça do Mundo de Ralis de Cross Country. Já nas motos, a vitória foi para Mário Patrão, que assim garantiu o título nacional, bem como o recordista de vitórias na prova do ACP e também no que toca a ceptros. Nos UTV o triunfo ficou a cargo de João Lopes, enquanto Ricardo Carvalho foi o melhor entre os Quads e Bruno Martins foi o grande vencedor nos Buggy.

2013 – A 27ª edição da clássica alentejana foi totalmente dominada por equipas polacas. Krysztof Holowczyc, em Mini All4 Racing, venceu pela segunda vez em Portalegre e conquistou a Taça FIA de Bajas. O seu compatriota, Martin Kaczmarski, em carro igual e navegado pelo português, Filipe Palmeiro, ficou em segundo. Neste ano a chuva não apareceu mas não foi por isso que as equipas não sentiram as dificuldades tradicionais desta prova. Pedro Grancha foi imune a problemas e acabou como melhor português, no último lugar do pódio. Nas motos, a triunfo de Mário Patrão foi renhido como nunca. O piloto sagrou-se campeão nacional com um triunfo garantido pela diferença de apenas um segundo para António Maio. Pedro Afonso fechou o pódio. Nos quads, André Carita foi o mais forte e nos UTV Buggys Nuno Tavares estreou-se a vencer.

2012 – Emoções fortes até ao cair do pano, com o checo Miroslav Zapetal a disparar da terceira posição que ocupava aquando da passagem pelo último ponto de controlo para a liderança da prova. Zapetal anulou os quase 13 minutos de atraso para ganhar com 34 segundos de vantagem sobre Rui Sousa, com Boris Gadasin a cair de primeiro para terceiro. Nas motas a glória foi para António Maio, com Mário Patrão a terminar a mais de oito minutos e Hélder Rodrigues a fechar o pódio. Nos Quads, vitória de Roberto Borrego, seguido de Rui Cascalho e André Mendes.

2011 – Mais de 600 participantes nas comemorações das Bodas de Prata da competição. Depois de um verdadeiro recital no último SS, Filipe Campos impôs-se nos automóveis, batendo Helder Oliveira por 2m41s e Miguel Barbosa por 2m53s. Com este resultado Filipe Campos tornou-se assim no recordista de vitórias na mais mítica das provas nacionais de todo-o-terreno. António Maio impôs-se nas motos, Roberto Borrego nos quads, Jorge Monteiro nos UTV e os irmãos Porelo nos Buggy.

2010 – Kryzstof Holowczyc, na Taça FIA de Bajas, e Filipe Campos, no Campeonato Nacional, acabaram por ser os pilotos com maiores motivos para festejar no final da 24ª edição da Baja BP Ultimate Portalegre 500, corrida sob difíceis condições atmosféricas, com a chuva a tornar a tarefa dos concorrentes ainda mais dura. O polaco juntou ainda a vitória na prova, garantindo o seu primeiro sucesso em Portugal. Nas motos venceu António Maio.

2009 – Quarta vitória para Filipe Campos (auto) e Mário Patrão (moto) em Portalegre.

2008 – Estreia mundial do novo Mitsubishi Racing Lancer que, através de Stéphane Peterhansel e Jean Paul Cottret, dominou a prova. Vitoriosos também – António Maio (motos) e Rui Mendes (quad), numa prova onde à partida alinharam 90 autos, 87 motos e 57 quads.

2007 – Numa prova disputada sem chuva e com muito pó, destaque para a terceira vitória de Miguel Barbosa, desta vez ao volante de um BMW X5, e ainda para o domínio de António Maio e Vítor Santos em Moto e Quads, respectivamente.

2006 – Alinharam 114 Autos, 127 Motos e 84 Quads. Domínio do espanhol Marc Blazquez. Nas motos, Mário Patrão foi o mais rápido e nos Quad seria Luis Engeitado quem levaria a melhor.

2005 – Com a presença das equipas oficiais da VW (Carlos Sainz, Bruno Saby, Jutta Kleinschmidt e Mark Miller) e da Mitsubishi (Hiroshi Masuoka e Luc Alphand), a prova foi disputada sobre péssimas condições meteorológicas, com a vitória a ser entregue ao francês da Mitsubishi. Nas motos a vitória foi para Mário Patrão. Nos quads o triunfo pertenceu a Rui Fernandes

2004 – A presença do piloto escocês Colin McRae, numa Nissan Pick Up, levou a Portalegre a presença de 250 000 espectadores (segundo dados da Guarda Nacional Republicana)

2003 – A 17ª Baja Anta da Serra 500 Portalegre continuou com o esquema de 3 sectores selectivos. Dois SS no sábado e um terceiro SS, ao qual se chamou “Epilogo”, no domingo.

2002 – Já com o estatuto de prova Taça FIA de Bajas, Portalegre regressou ao Campeonato Nacional com o estatuto de Prova “Joker”!!!

2001 – Na edição deste ano foi introduzido o sistema de 3 sectores selectivos, sendo o primeiro disputado após a realização do prólogo. A edição deste ano não contou para o Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno, mas candidatou-se à então criada Taça FIA de Bajas

2000 – A prova não foi pontuável para o Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno (Auto). Paulo Barbosa torna-se no primeiro vencedor da categoria Quad.

1999 – Baja Porta da Ravessa 500 Portalegre – Entrada da Adega Cooperativa do Redondo que, a par da Câmara Municipal de Portalegre, foi dos principais patrocinadores da prova. Abandono do esquema tradicional de prova em linha, sendo esta dividida em 2 sectores selectivos com uma neutralização entre eles.

1997 – 11ª Baja Galp 500 Portalegre – Mudança do nome da prova, numa edição onde só se disputaram 182 Km, em 2 Sectores Selectivos, fruto das más condições atmosféricas que se fizeram sentir na prova.

1996 – O francês Alain Perez torna-se no segundo piloto estrangeiro a vencer a Baja na categoria de Motos.

1995 – Richard Sainct torna-se no primeiro estrangeiro a vencer nas duas rodas.

1993 – Tomaz Mello Breyner tornou-se no primeiro piloto a somar duas vitórias na categoria Auto.

1992 – António Lopes torna-se no primeiro piloto, desde que a categoria de motos passou a ser feita por um piloto apenas, a vencer a prova por três vezes.

1990 – Nas motos, a participação passou a ser só para um piloto.

1989 – A prova foi disputada numa única volta, num percurso de 500 km de extensão. A prova decorreu sob o nome 500 km Cerveja Sagres Portalegre.

1988 – Nesta 2ª edição, o percurso teve 2 voltas sem interrupções, num circuito com 400 km.

1987 – Realizou-se a primeira edição da prova sob o nome de Rali Maratona de Portalegre – Finicisa. Nas motos, a prova era aberta à participação de 2 pilotos, tal como na Baja da Califórnia.

NOTA: Se tiver conhecimento de vídeos do youtube relevantes para este artigo, teremos todo o gosto em colocar.

 

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