Baja Portalegre 500: Contado por quem a viveu


Contado por quem a viveu

Arrancou a 35.ª edição, Orlando Romana, Jaime Santos, Carlos Barbosa e Mário Martins da Silva recordaram há uns anos, as memórias que têm da Baja Portalegre, o que mudou e o impacto de José Megre na maior das provas do TT nacional. O AutoSport recupera esse texto.

Um entrou pela porta do jornalismo. O outro como voluntário. Foi assim que se envolveram com um sonho chamado Portalegre, impulsionado pelo pai do todo-o-terreno português, José Megre. Conheceram a prova e o protagonista, apaixonando-se de imediato por ela e pelo homem que a criou. Sentimentos que permanecem até hoje e que explicam a devoção à causa no ano em que se realiza a 30.ª edição da Baja das Bajas. “A minha ligação nasceu há 30 anos, como repórter. Colaborava numa rádio pirata de Lisboa, onde fazia um programa de desporto automóvel… pirata, como é lógico! Ouvi falar da Baja Portalegre e consegui chegar à fala com o José Megre através do meu pai, que como um dos responsáveis do Entreposto o havia conhecido. O Megre convidou-nos para vir fazer a reportagem e a partir daí comecei a gostar desta modalidade e desta prova”, recorda Jaime Santos, hoje com 50 anos, admitindo ser impossível esquecer o amigo: “Todos os dias penso nele, como é lógico. Tanto eu como o Orlando Romana somos, entre aspas, os herdeiros desta parte [organizativa] da prova e pensamos sempre nele. As recordações são as melhores. Essencialmente estamos sempre a tentar aplicar o que ele nos ensinou, e o que aprendemos ao longo de quase 25 anos ao lado dele. Procuramos fazê-lo a todos os níveis, e particularmente ao nível das relações humanas, no contacto com as autarquias, proprietários dos terrenos e com os nossos colaboradores e voluntários”.

Uma opinião partilhada pelo parceiro de longa data Orlando Romana, a outra figura central da organização da Baja, cuja primeira experiência ao serviço da prova remonta a 1988, um ano depois da primeira edição: “Comecei como começavam a maior parte das pessoas nessa altura – como voluntários. O que é que isso queria dizer? Se tivessem um jipe, que era o meu caso, podiam contactar o Clube Aventura, disponibilizando-se para ajudar. E foi assim que eu apareci em Portalegre. Depois, em 1989, já estava a funcionar a ‘full time’ no Clube, depois de o meu amigo e vizinho João Paulo Ribeiro Lopes, que estava com ideias de estudar e ir para fora, e já trabalhava com o Zé [Megre], ter sugerido o meu nome para ocupar o seu lugar. Houve ali uma ligação gira com o Zé. Ficámos amigos desde essa altura, não sei porquê… Quer dizer, eu sei porque gostava dele”, assegura.

Diz o adágio popular que para se ser respeitado é antes necessário respeitar os outros. E é essa a imagem que transparece de José Megre depois de ouvidas duas das pessoas que melhor o conheceram. Sobre o trato referido por Jaime Santos, Orlando explica que “isso nem sequer é uma tentativa”, e sim algo que surge naturalmente: “Faz parte de nós. É uma coisa naturalíssima, porque na realidade nós aprendemos com o Zé e o Zé aprendeu connosco. Não é por acaso que se rodeou de miúdos e miúdas. Na realidade ele tinha mais 20 anos do que qualquer um de nós, porque via também que a disponibilidade era muito maior. [Esse trato] faz parte da nossa formação intelectual, de base, portanto nós adoramos as pessoas que vêm à nossa prova. Tratamo-los como clientes, que é o que são, mas acima de tudo somos amicíssimos de imensa gente. Não fazemos nenhum esforço para tratar bem as pessoas, isso faz parte de nós. Não há aqui nada que seja muito diferente. E o Zé, com certeza, esteja onde estiver, quando olhar cá para baixo, percebe isso perfeitamente, porque há uma continuidade nesse tratamento. Veria com muito orgulho, garantidamente. Se as pessoas não fossem bem tratadas, os concorrentes, as câmaras municipais, as juntas de freguesia e todos os voluntários não regressavam”, salienta o supervisor do percurso e diretor de prova adjunto, deixando uma palavra de apreço para estes: “São fundamentais, já que uma prova destas vive com 400 ou 500 voluntários. Pessoas que colocam dias de férias para ir à prova, a quem nós pagamos as despesas obviamente, mas que não ganham nada com isto para além disso. Portanto, a essas pessoas nós devemos a nossa vida: eu trabalho a tempo inteiro, tenho o meu ordenado, e trabalho, mas dependo de essa gente, portanto essa gente – as pessoas que colaboram connosco na organização para nós – é sagradíssima. Tratamos-lhos como amigos, como irmãos. Há aqui uma continuidade, e não é por acaso que chegamos à 30.ª edição da Baja com mais de 440 inscritos”.

Orlando Romana

Jaime Santos

Orlando Romana (em cima) e Jaime Santos (em baixo) estão há muito ligados à Baja Portalegre 500, e também eles têm inúmeras histórias para contar…

OUTROS TEMPOS

Trinta edições são também um marco no tempo, e na forma como este evento que testa a resistência das máquinas evoluiu ao longo desse percurso. Da carolice própria do amadorismo a uma maior exigência pelo estatuto mundial da Baja, profissionalização das equipas e desenvolvimento das mecânicas, Jaime Santos e Orlando Romana assumem que hoje vive-se um espírito distinto, mantendo-se melhor preservado nas motos, onde a aventura e sobretudo a natureza não-competitiva (participa-se mais por gosto, e não pelo resultado) é a grande motivação da maioria dos participantes:

“Houve uma primeira fase em que havia o amador, em que qualquer pessoa quase podia ganhar o Portalegre, apesar de haver um envolvimento grande de algumas fábricas e marcas nacionais. Depois, uma fase em que se teve uma quebra, antes de entrar um operador televisivo que nos veio dar aqui um impulso, fazendo com que nessa altura as listas de inscritos disparassem completamente. E depois outra fase com a crise, que baixou bastante a lista de inscritos. Mas a pouco e pouco o número de inscritos da prova tem vindo a aumentar. No fundo, acho que para muita gente isto é um desafio, é o Dakar português. Chegar ao fim desta prova é uma vitória e as pessoas sonham durante o ano inteiro para vir fazer o Portalegre. Tenho muitos amigos que vêm fazer a prova, nas motos principalmente. É aqui que ainda está o verdadeiro espírito ainda do Portalegre, em que o objetivo é mesmo chegar ao final”, refere Jaime Santos, responsável pela segurança e também diretor adjunto da Baja. Orlando Romana, por outro lado, fala numa “evolução natural”, como na vida. “As coisas nessa altura eram amadoras, obviamente. Foram as primeiras edições. No TT havia o Dakar, basicamente. E depois havia outras provas espalhadas pela Europa, mas era tudo muito amador. Os carros, as pessoas, até mesmo a organização, embora nos empenhássemos muito e levássemos aquilo a sério, não pode, como é óbvio, ser comparado aos dias que correm. Não tem nada a ver. E então desde que entrámos na Taça do Mundo FIA de TT, a exigência aí é um pouco maior porque, até determinada altura, quem geria e mandava no TT a nível mundial eram os franceses, e depois passou para os ingleses. Hoje os observadores e os técnicos da FIA são ingleses e gente dos ralis. E como os ralis já nessa altura eram mais evoluídos do que o TT, a exigência tornou-se cada vez maior”. O mesmo acontece com os participantes, que já não se podem dar ao ‘luxo’ de esperar para ajudar os outros:

“Há quem diga que se perdeu um bocado o espírito do TT… mas o que era o espírito? Era o facto de as pessoas pararem no meio das provas para puxar outros que estavam atascados. Isso hoje, naqueles lugares da frente – sei lá, nos 50 primeiros, é muito difícil de acontecer. Mas naquela altura não era. Era menos importante. Havia um espírito de equipa, de grupo, muito grande. Agora é um bocadinho menor. As exigências também são outras, já que esses pilotos têm patrocinadores e têm que lhes dar contrapartidas, portanto não se podem dar a esses pormenores de parar e pôr em causa um bom lugar. Talvez seja a maior diferença. A nível de organização também evoluímos, obviamente, sendo hoje um bocadinho mais profissional. É um facto”, refere o dirigente de 52 anos.

Baja Portalegre 500 1989

Baja Portalegre 1988

GRANDES MOMENTOS

A longevidade da Baja Portalegre explica-se pelas pessoas que a fazem e que nela participam. Em 29 anos são muitos os momentos emblemáticos, mas também edições e concorrentes que não se esquecem. A passagem de Colin McRae foi um deles, tal como a prova de 1989, marcada por um autêntico dilúvio e grandes avarias mecânicas: “Penso que houve duas provas muito emblemáticas, para além da primeira, claro. Destacaria 89, que foi uma prova super-difícil: choveu torrencialmente na véspera e as pistas ficaram impraticáveis, o que fez com que toda a organização travasse uma luta imensa para que o evento se realizasse até ao fim. Nessa edição chegaram pouquíssimos carros e motos. Andámos a noite toda a fazer salvamentos de motos e alguns participantes tiveram de ser retirados de helicóptero no dia a seguir porque não se conseguia lá chegar de carro. Depois houve também a edição de 1997, igualmente uma prova em que choveu muito, e em que nós conseguimos em tempo recorde fazer um percurso alternativo, com bastantes cortes. À prova foi retirada metade dos quilómetros, mas correu bem, apesar de imensas peripécias que aconteceram. Quanto a pilotos, foi a passagem do Colin McRae, sem dúvida.

Porque para além de ser aquele ídolo de toda a gente, foi um ano em que nós tivemos mais espectadores na Baja de Portalegre. Eu peço sempre à GNR para fazer uma estimativa. Vale o que vale, mas na altura foi avaliado que estiveram mais de 250 mil pessoas a ver a prova. O Colin era uma pessoa super-simpática – eu falei com ele uma ou duas vezes, mas acima de tudo distinguia-se por aquele nível de pilotagem brutal. Ele fez uma prova espectacular e deliciou o imenso público que esteve em Portalegre. Nas motas, é evidente que há o António Maio, o Mário Patrão, que são os recordistas da prova, os irmãos Lopes, que também tiveram excelentes prestações, o Paulo Marques… Mas impressionou-me uma vez o Carlos Crespo, que era um piloto não muito conhecido, que chegou aqui na 13ª edição da Baja, com o nº 13, e ninguém dava nada por ele e ganhou excelentemente bem. Foi fantástico!”, recorda Jaime Santos.

Embora com mais dificuldades em selecionar ‘favoritos’, Orlando Romana adiciona a Colin McRae pilotos como Stéphane Peterhansel ou Carlos Sainz, e a passagem de equipas oficiais, como a Volkswagen ao seu leque de grandes figuras e momentos: “As primeiras edições foram realmente muito marcantes, e depois quando tivemos cá os grandes nomes. Começou pelas motos, com aquela carrada de pilotos brilhantes como o Stéphane Peterhansel, o Richard Sainct… Os melhores pilotos  o mundo vinham a Portalegre e vinham, enfim, porque o Zé tinha umas ligações com o Serge Bacou [antigo piloto do Dakar], que depois angariava esta gente toda. Portanto isso era realmente forte. E depois quando teve cá o Colin McRae; os Volkswagen, com o Carlos Sainz – isso a nível desportivo foi fabuloso. No plano pessoal, não consigo realçar uma em particular. Para mim são todas boas”, assegurou o coordenador da Baja. Mas ao fim de alguma insistência lá revelou:

“Voltando para trás, sou capaz de lhe dizer essa de 1989. Como foi a mais marcante de todas, na realidade uma hecatombe por causa do mau tempo, essa é que ficou na memória de toda a gente. É a de que todos falam e se calhar a que eu também coloco lá em cima. Até o Paulo Marques disse no ano seguinte, em cima do palco, com o sotaque do norte: ‘Lembrai-vos de 89, carago!’”Colin McRae Baja Portalegre 500 2004UM ABRAÇO

A dureza da Baja Portalegre levou naturalmente a situações de improviso e a historietas que explicam bem como as condições eram outras, ao nível das comunicações e da tecnologia. Jaime Santos, por exemplo, nunca mais se vai esquecer de andar às voltas no Monte da Pedra, em 1989: “Aquela noite foi uma aventura, desde atascanços a saídas de estrada. A nossa zona começava no Castanheiro e acabava ao pé de Sousel, uma zona dificílima, em condições super- difíceis, e lembro-me de um salvamento dos pilotos, que de cada vez que nos viam a aparecer com um jipe, se metiam quase de joelhos a pedir boleia! Nós tínhamos um UMM e levámos 17 pilotos dentro dos carros para metê- los no alcatrão. Na altura não havia telemóveis, e entretanto encontrámos uma equipa de assistência e passámos logo metade dos pilotos. Como muitos de nós não conheciam bem as estradas, passámos para aí cinco vezes no Monte da Pedra, sempre à noite, acabando por chegar às 8 horas da manhã em Portalegre”, recorda com uma gargalhada Jaime Santos. Mas apesar dos avanços da tecnologia, patente em objetos hoje corriqueiros como smartphones ou sistemas de navegação avançados, nem por isso existem mais ‘facilitismos’, explica Orlando Romana: “Pelo contrário. Todos os anos é mais difícil por vários motivos. O Alentejo mudou completamente. Quando as coisas começaram a acontecer, a região estava ainda numa fase de abandono. Ainda havia herdades nas cooperativas que estavam a ser entregues, portanto fazia-se um bocado o que se queria. Hoje as herdades estão todas fechadinhas, muitas delas com cadeados. Há uma dificuldade acrescida em encontrarmos um percurso para realizar a prova. E no plano desportivo, como expliquei anteriormente, há também uma exigência muito grande porque nos carros é a Taça do Mundo FIA. Nas motos é a exigência natural porque estamos na presença de 300 e muitos concorrentes, que na realidade são muito frágeis, já que podem cair. Quando eles se magoam dói-nos imenso e é uma chatice. Portanto essa exigência é muito grande”, assegura.

Apesar de sentir falta “da pessoa, não do organizador”, é esse requisito que faz com que Orlando continue a dar o melhor de si pela Baja e a recordar os momentos e inspiração de José Megre, confessando que o abraço sentido que partilhavam no final de cada edição é a sua melhor recordação destes (quase) 30 anos: “Não é fácil levar para a frente uma prova com este número de concorrentes e com esta dimensão. Eram verdadeiras batalhas. Nós chegávamos ao final de rastos. Mas aqueles abraços que nós dávamos eram, para mim, a melhor coisa do mundo”.

Publicado na edição #2026 do AutoSport

Carlos Barbosa: “O prestígio da prova deve-se ao Zé”

cbarbosaCarlos Barbosa, hoje presidente da Comissão Organizadora da Baja de Portalegre, conhece o evento desde o seu primeiro dia, já que esteve entre os participantes da primeira edição, em 1987. Antes disso, era participante assíduo da Transportugal, evento precursor da atual prova: “A Baja de Portalegre é a melhor e mais importante prova da Taça do Mundo de TT. Tem um prestígio que foi alcançado devido ao trabalho que o Zé Megre fez, quer no início ou depois na continuação com o ACP, com ele e o Pedro Villas boas. É uma referência a nível mundial, e não é por acaso que tem os concorrentes que tem. Está neste momento ligeiramente prejudicada pela sua data no calendário, mas estamos a tentar corrigir isso, procurando que o Rali de Marrocos possa ser um pouco mais cedo, de modo a que os carros possam vir aqui e terem tempo de embarcar para o Dakar. Tem sido sempre essa a nossa dificuldade. A Peugeot era para vir cá este ano, e exatamente por causa de Marrocos não tinha um carro disponível. A importância da Baja para o ACP é fundamental, é como o Rali de Portugal – estamos no top da modalidade a nível mundial em TT”, começou por dizer Carlos Barbosa, recordando depois a sua primeira participação: “O Transportugal era um passeio extraordinário e o Zé Megre resolveu transformar isso numa prova de velocidade, nascendo assim a Baja de Portalegre. A minha primeira prova com o Néné Neves foi extraordinária. Tinha um Range Rover que mandei transformar, colocando um arco de segurança e essas coisas todas. Ainda não havia fatos obrigatórios nem nada, pelo que o Néné foi de calcinhas e sapatinhos Gucci. Dobrou as calças, para guiar, mas a meio da prova, que era muito dura, irritou-se, já estava farto daquilo, pois estava convencido que ia fazer um passeio. A meio da prova não fez mais nada do que atirar o carro para dentro de um rio e lá ficámos plantados. Em vez de passar por fora, foi pelo rio para ficarmos ali mesmo. Ele teve que sair do carro de calcinhas arregaçadas e com os sapatos Gucci, portanto acabou por se sujar todo. Saiu com lama até aos joelhos e ficou vacinado até ao resto da vida quanto às provas de TT. Nunca mais! Eu continuei a fazê-las todas. Fiz uma série delas e ainda consegui alcançar um sétimo lugar, mas era uma prova muito dura e o Zé Megre fazia gala que a prova assim fosse, não uma prova de velocidade como são hoje em dia quase todas, mas que pudesse conciliar a dureza do trial com a velocidade também das pistas”, recordou o presidente do ACP, que tem um grande historial de presenças em competições motorizadas.

José Luís Abreu


Mário Martins da Silva: “Só me apetecia sair de dentro do carro e fugir”

msilva Não deixa de ser curioso que as duas principais personalidades da Baja de Portalegre, presidente e vice-presidente, tenham estado presentes na primeira edição, há quase 30 anos. A exemplo de Carlos Barbosa, Mário Martins da Silva, vice-presidente da Comissão Organizadora do evento, recordou igualmente com o AutoSport a sua primeira participação, em 1987: “Quando o Zé Megre fez a Baja, Francisco Romãozinho, na altura diretor de marketing da Citroën, disse logo que tínhamos que fazer aquilo. Foi dele que partiu a ideia e lá embarcámos nesse projeto, que era mais uma aventura que outra coisa. O carro com que participámos estava feito para Autocross, não tinha pára-brisas nem nada. Colocámos-lhe um pára-brisas em rede, e levámos capacetes com viseira. A única coisa que modificámos foi a colocação de uma entrada de ar junto ao párabrisas para podermos passar nas ribeiras sem que a água entrasse no motor. Foi uma aventura, e nos primeiros 500 km estávamos nos lugares da frente, mas já mais mortos que vivos. Aquilo era uma coisa horrível, e mesmo gostando tanto de automóveis, foi a primeira prova em que pensei que só me apetecia era sair de dentro do carro e fugir. Entretanto, quando chegámos à assistência no final da primeira volta, verificámos que o carro tinha um apoio de motor partido. Nós estivemos a tentar soldá-lo, mas era difícil e tivemos a perfeita noção que já não ia durar muito. Pouco depois lá ficamos num lado qualquer”, recordou Martins da Silva, continuando ligado à prova como Comissário Desportivo: “Uma coisa que me fazia muita confusão era estar às duas ou três da manhã à espera que chegassem todos os concorrentes, pois ninguém queria desistir. Todos queriam chegar ao fim e nós, comissários, nunca mais conseguíamos fazer as classificações, pois o Zé Megre entendia sempre que tínhamos que esperar pelo último. Enquanto andasse alguém no meio do lamaçal nós ficávamos sempre à espera que chegasse”.

José Luís Abreu

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