F1: A cartada fundamental para o futuro
A F1 tem implementado mudanças profundas que irão ter repercussão no seu futuro a médio prazo, e todas elas parecem boas. Mas falta uma mudança para que a F1 possa ganhar ainda mais força… os motores.
A revolução na F1 começou com a procura e implementação de uma nova filosofia aerodinâmica com o “efeito solo” a ganhar mais força para a nova regulamentação que entra em vigor em 2022, na esperança de permitir mais lutas em pista. Seguiram-se as mudanças estruturais, com a mais importante a ser a implementação de um limite orçamental que obrigará as equipas a gastar menos, tornando o campeonato mais atrativo. Apesar dos efeitos destas mudanças não serem ainda sentidos em pista, o interesse que têm suscitado é cada vez maior com mais investidores a quererem colocar o seu dinheiro na F1.
Mas agora é preciso decidir quais os motores da próxima era. E esta escolha é importantíssima para o futuro da F1 a médio prazo. É esta escolha que vai definir a filosofia do campeonato, que poderá atrair mais marcas e que poderá dar um espetáculo melhor.
Ainda há muito a ser discutido sobre este assunto, mas a base parece estar definida. Os motores não sofrerão uma revolução e irão manter o mesmo bloco V6, 1.6L, turbinado. Esta decisão serve também como “prémio de fidelidade” aos construtores que já estão na F1 e já investiram milhões de euros no desenvolvimento desta plataforma. Assim, garante-se que pelo menos a Ferrari, Mercedes e Renault (nessa altura com a Red Bull também a fazer parte do lote de construtoras de motores) não tenham motivos para sair da competição. A grande diferença aqui será o uso de combustíveis sintéticos. A F1 já enviou uma amostra de combustível sintético feito a partir de bio resíduos, para as equipas entenderem o que é pretendido. É aqui que está uma das grandes apostas para o futuro. Em 2022 veremos os combustíveis da F1 terem 10% de combustíveis sintéticos, número que deverá aumentar em breve. A aposta pela sustentabilidade total em 2030 depende muito da adoção destes combustíveis, que serão uma das pedras basilares da nova regulamentação.
Espera-se também que a componente híbrida ganhe ainda mais peso, aumentando para o dobro da capacidade que têm agora. Mas irão acontecer mais mudanças neste capítulo pois foi o sistema híbrido que deu dores de cabeça aos engenheiros. A conjugação de dois sistemas de recuperação de energia transformou estas unidades motrizes em maravilhas tecnológicas, que têm tanto de interessante como de complexo… e na F1 complexo é sinónimo de caro. Existe uma bateria (ES-Energy Store), duas unidades de recuperação de energia (MGU) e uma Unidade Eletrónica de Controlo (CE) para ligar os dois.
Temos dois tipos de MGU, o K que recupera energia cinética na travagem (sistema idêntico usado até 2013 denominado KERS). e o H que recupera a energia térmica.
As regras restringem o MGU-K, que pode apenas fornecer 160cv em adição à potência fornecida pelo motor, enquanto que em modo gerador só pode permitir o armazenamento de 2mJ de energia para a bateria. Este sistema é relativamente simples de implementar.
A complicação chega com o MGU-H, um motor/gerador que é ligado diretamente ao turbo, indo até as 125.000rpm (a rpm máxima para o turbo), um enorme desafio de engenharia em si mesmo.
O MGU-H foi a maior dor de cabeça. Como motor, o MGU pode ajudar a girar o turbo, quando o piloto não tem o pé no acelerador, uma espécie de Sistema Anti-Lag (ALS, usando energia da bateria para isso. Quando o piloto acelera, os gases de combustão que fazem o turbo girar, provocam também movimento no MGU-H recuperando energia que é armazenada.
Este sistema complexo tem de ser gerido por uma eletrónica que permite que tudo funcione em harmonia, sem ultrapassar os limites estabelecidos.
Só o facto dos engenheiros terem colocado este sistema a funcionar com eficiência e fiabilidade é um feito que merece ser louvado, mas foi à custa de muito esforço e muito dinheiro. A F1 percebeu que para ser atrativa tem de ser mais barata.
Assim, para o futuro, a unidade elétrica deverá ter mais capacidade, mas terá que ser inevitavelmente mais simples de construir e implementar o que deverá ditar o fim do MGU-H, a peça mais interessante de toda a unidade motriz, mas também a mais complexa.
Resumindo deveremos ter mais capacidade elétrica, vinda de um sistema mais simples e mais barato, em conjunto com um motor de combustão interna alimentado com combustíveis 100% sintéticos e sustentáveis.
A F1 não olha para os elétricos (a Fórmula E é a estrela nessa área) e o hidrogénio é ainda uma tecnologia muito verde ( e o ACO pretende que seja o combustível do futuro para a resistência). Sobravam os híbridos que podem ser a solução ideal. O desenvolvimento conjunto da eletrificação e de sistemas de combustão 100% sustentáveis é do interesse das marcas e os rumores de que a Porsche pode estar interessada em regressar à F1 é um sinal que esta base é de facto interessante. Mas este é apenas um rascunho que terá de ganhar detalhe e serão esses detalhes que se tornarão fundamentais para definir a filosofia do futuro… e o interesse de outras marcas.
O caminho será o da sustentabilidade, disso não há dúvida, mas mantendo a combustão interna, a F1 tenta manter no espetáculo um elemento que é apreciado por todos… o som e a emoção. É uma aposta de risco pois tenta-se agradar a Gregos e Troianos, tentando dar nova vida a uma tecnologia que alguns dizem estar a chegar ao fim, conciliando a nova vaga elétrica. Tenta-se agradar a construtores e fãs. O esboço parece prometedor. Resta esperar pelo desenho final.
Já não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Oferta de um carro telecomandado da Shell Motorsport Collection (promoção de lançamento)
-Desconto nos combustíveis Shell
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI
Um conceito que tem todos os ingredientes para estar obsoleto ainda antes de ser implementado.
Tão obsoleta que suscitou o interesse de um grupo que até já tinha dito que não apostaria mais em programas com combustão interna, mas que entretanto já o fez em pelo menos dois (WEC e Dakar). Mas o que sabem os engenheiros e marketeers de determinado grupo não é?! As opiniões técnicas e fidedignas estão por de trás destes teclados todos dos user AutoSport (que pelos vistos até bolas de cristal têm).
Boa, uma mudança radical na F1 que tem tudo para ter muito sucesso.