Rali de Monte Carlo: Jean Claude Andruet, e o Le Moulinon: o troço da tarte de maçã da família Jouanny


A épica história do Rali de Monte Carlo tem lá pelo meio detalhes absolutamente deliciosos, e este ‘conto’ é feito por um dos melhores protagonistas do historial da prova, Jean Claude Andruet, relativo a um troço, Moulinon-Antraigues, numa zona super famosa da prova, muito perto doutro troço muito conhecido, o Burzet. Segundo Jean-Claude Andruet “ainda estou no Moulinon-Antraigues. 38 quilómetros de estradas pela Ardèche. A primeira vez foi entre 1968 e 1973, depois só voltou a ser disputada entre 1980 e 1990. A partir do Col de la Fayolle, zona onde de juntava mais gente, este é também o percurso do troço St. Pierreville-Antraigues, que foi repetido entre 2007 e 2010” começou por contar Jean-Claude Andruet, que nunca esqueceu esta especial: “Para todos os pilotos da minha geração, era o mais belo dos troços. Fazer um tempo ali impunha respeito. Disputado no Monte-Carlo, no Stuttgart-Lyon-Charbonnières e no Tour Auto, este troço exigia que os pilotos estivessem no seu melhor para enfrentar a dureza da estrada, com uma magnífica descida de seis quilómetros entre Genestelle e Antraigues no final.

Uma delícia, a apoteose e a recompensa com a chegada a Antraigues, a tarte de maçã da família Jouanny, em frente ao La Remise. Em 1973, no Tour Auto, com um Stratos com grandes problemas, estabeleci o recorde em 26m53s. Mas eu sabia que, para estar plenamente satisfeito, tinha de fazer menos de 25 minutos. Em 1983, no Monte-Carlo, com Walter Röhrl, com os nossos Lancia 037, marcamos a diferença, embora lutando muito nervosamente. À partida para o Moulinon, eu queria conseguir a proeza.

No entanto, pouco depois da partida, a buzina do 037 saiu do seu cubo e ficou a vaguear na ponta de trinta centímetros de fio. Era impossível conduzir com tranquilidade! E assim foi durante oito quilómetros. Biche, o meu navegador, diz-me que já não estou a progredir, que já não estou a ouvir as notas e que perdi pelo menos 30 segundos. No final, marcámos 24m33s e fomos derrotados pelo Walter Rohrl por apenas 3 segundos. O que eu tinha pensado dez anos antes estava certo.

Os espíritos dos meus amigos de Antraigues, já falecidos, devem ainda vaguear por essa maravilhosa descida de Genestelle e sabem que, para eles, fomos os mais rápidos. Isso era importante para nós e é um grande conforto”.

Nesse troço, Markku Alén no mesmo carro, o Lancia 037 Rally ficou a 34s de Rohrl, Bruno Saby (Renault 5 Turbo Tour de Corse) a 46s e um ‘tal’ de Henri Toivonen (Opel Ascona 400), a 53s…

41 anos passaram…

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