Histórias do Rali de Portugal, José Miguel Leite Faria: “Por acaso, tínhamos levado dinheiro connosco…”


Vou tentar descrever nestas breves linhas a aventura que era fazer o Rali de Portugal há quase 40 anos. Sim, passaram quase 40 anos! Estávamos em 1985. No primeiro dia do rali, que começava com o famoso trio de classificativas Lagoa Azul , Peninha e Sintra ,disputadas por 3 vezes, tudo correu sem problemas de maior com a assistência. Para que possam fazer uma ideia, depois dessa sequência em Sintra, havia um pequeno descanso e partíamos para uma secção noturna Estoril-Póvoa do Varzim, que começava ao anoitecer e acabava na Póvoa às 7h da manhã do dia seguinte.

Foi aqui que surgiu o episódio que passo a descrever: feita a classificativa do Gradil, a primeira das 8 classificativas, todas diferentes (cerca de 120 km de troços),que compunham a secção, tivemos a assistência na berma da estrada como era normal na altura. Mas a partir daí, nunca mais voltávamos a encontrar as carrinhas de assistência no final dos troços, apesar das nossas insistentes tentativas de comunicação com os moderníssimos rádios CB, o último grito em comunicações na altura.

Os elementos da assistência tinham-se perdido durante a noite e, em consequência disso, fomos fazendo todas as classificativas com os mesmos pneus (valeu-nos a sorte de não chover) e, como não podia deixar de ser, metíamos gasolina nos postos que estavam abertos! Por acaso, eu e o Zé Luís Nascimento tínhamos levado dinheiro connosco! Não imaginam o alívio que sentimos quando chegámos à Póvoa de Varzim e vimos tudo pronto para mudar as suspensões do Escort para terra.

Finalmente, após 7 classificativas sem qualquer contacto com as carrinhas (Montejunto, Figueiró do Vinhos, Campelo, Serra da Lousã, Préstimo, Vouzela e Oliveira de Frades), o Ford iria ter direito a assistência. Claro que, depois, só faltavam mais cerca de 545 km de classificativas e mais 2 dias inteiros de prova…

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