‘Estórias do Rali de Portugal 1984: Arganil por controlado por terra e ar


Hoje em dia, com os parques de assistência centrais, o Mundial de Ralis é bem diferente do que sucedia há quatro décadas, em que as assistências na estrada eram algo perfeitamente natural. Bastava seguir as ligações da prova, e era fácil ir encontrando pelo caminho antes e depois dos troços as carrinhas de assistência, que dava apoio aos seus pilotos.

Isto era verdade para a maioria dos troços da prova, mas havia uma zona que era especial: Arganil. Aí, valia tudo para ajudar os pilotos, nem que fosse com assistências no meio do troço, ou helicópteros a limpar o pó. Atente-se nesta história de 1984: “Num troço tão longo como Arganil e com características decisivas para o rali, era natural que as duas equipas interessadas na vitória se rodeassem de todos os meios possíveis para assegurar aos seus pilotos quer uma assistência rápida em caso de qualquer problema, quer uma informação dos tempos que iam realizando. As táticas adotadas pela Audi e pela Lancia foram diferentes.

Assim, a marca italiana tinha três assistências no meio do troço. Estas controlavam os tempos de Alén a uma certa distância, apressavam-se a escrever a diferença com fita isoladora num papel e depois exibiam esse cartaz improvisado a Alén, num verdadeiro serviço de ‘box’ para o finlandês saber o ritmo da sua prova.

Por outro lado, o helicóptero alugado pela Lancia voou sempre bastante baixo e no pó de Mikkola para que a estrada ficasse clara para a passagem de Alén, Por seu turno, Mikkola montou com Roland Gumpert (que se encontrava no helicóptero) um sistema de rádio, ficando com um canal não utilizado pela assistência em via aberta com o helicóptero, de onde Gumpert controlava a diferença para Alen. Caso Mikkola estivesse a perder terreno, o diretor da Audi entraria em contacto com Mikkola em pleno troço; se Gumpert se mantivesse calado, é porque o piloto da Audi estava em situação de vantagem. Como se pode verificar pelos tempos, não foi necessário a Gumpert interromper a concentração de Mikkola nesta segunda passagem por Arganil, já que a sua vantagem foi permanente”.

Hoje, deixou de ser possível os pilotos saberem os tempos parciais nos troços, de modo a que não façam uma gestão do seu andamento e andem sempre o mais que puderem, e muito menos assistências a meio do troço. A única ‘assistência’ que há hoje em dia a meio dos troços, é quando os espetadores ajudam a colocar um carro sobre as quatro rodas…

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