Derrapagens, Rui Madeira: “vermelho às bolinhas amarelas e brancas”


Em 1996 disputei o Rali da Argentina, fazendo equipa com o Nuno Rodrigues da Silva. Como é habitual, havia que treinar a prova antes dela começar, mas arranjar um carro de treinos na Argentina não é tarefa fácil. Para piorar as coisas, houve um problema técnico no nosso voo e chegámos com um dia de atraso. No hotel, chamaram-nos e mostraram-nos um carro, dizendo que era aquele o nosso carro de treinos. Eu e o Nuno desmanchámos-nos a rir, a olhar para aquele carro dos anos 80, vermelho às bolinhas amarelas e brancas e com aqueles pneus estreitinhos para pisos de terra que usavam na Argentina. Não sabíamos, mas na verdade aquele Renault 18 tinha sido campeão nacional pelas mãos de Ernesto Soto e era um carro de Grupo A. A nossa má impressão acentuou-se quando, logo a seguir na estrada de ligação, o motor simplesmente partiu-se, deixando-nos apeados. Fartámos-nos de andar à procura de um carro de aluguer, que substituísse aquele e o melhor que conseguimos foi um Fiat Uno 45, muito fraquinho. Mas enfim, lá prosseguimos os treinos, o mais rápido que conseguiámos andar com aquele carrito, durante o dia. À tardinha, voltámos ao hotel e, pouco depois de lá chegarmos, apareceram os mecânicos com o nosso R18 vermelho às bolinhas. Tinham conseguido desmanchar o motor e arranjá-lo de novo e o carro estava de novo pronto para tudo. Ficámos muito satisfeitos, porque entretanto tínhamos percebido que era um luxo podermos treinar com um muleto assim, já que o R18 tinha sido talvez o melhor carro de ralis na Argentina.

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