Como a M-Sport se tornou ‘mestre’ do Rali da Acrópole: um dos desafios mais duros do WRC


A Grécia é reconhecida como uma das paragens mais exigentes do Campeonato do Mundo de Ralis da FIA (WRC). Os troços acidentados e pedregosos do Rali da Acrópole exigem uma combinação rara de velocidade, resistência mecânica e inteligência estratégica. E nenhuma equipa dominou esse terreno como a M-Sport-Ford.

Desde 1997, a estrutura britânica soma oito vitórias na Grécia (1997, 2000, 2001, 2002, 2003, 2006, 2007 e 2009), contribuindo para as 13 conquistas totais da Ford desde a criação do rali em 1951. Para se ter uma ideia do seu domínio, o segundo construtor mais bem-sucedido é a Lancia, com seis triunfos. As suas rivais mais recentes, Toyota (1990, 2021, 2023) e Hyundai (2022, 2024), somam juntas apenas cinco vitórias.

1997 – Sainz conquista a primeira vitória da M-Sport no WRC

O Rali da Acrópole de 1997 tem um lugar especial na história da M-Sport: foi ali que a equipa alcançou a sua primeira vitória no Mundial de Ralis. Com os Ford Escort WRC oficiais, Carlos Sainz e Juha Kankkunen deram à equipa um memorável 1-2.

Vários favoritos caíram nas armadilhas da prova: Colin McRae (coluna de direção partida), Kenneth Eriksson (capotamento), Tommi Mäkinen e Richard Burns (acidentes e problemas mecânicos). Kankkunen liderou, mas Sainz recuperou 1m30s perdidos no primeiro dia e venceu por 17 segundos.

“Estou absolutamente encantado por toda a equipa. Quando se sabe o esforço que foi feito para chegar aqui, é uma enorme satisfação. Há muita emoção agora”, afirmou o fundador da equipa, Malcolm Wilson.

2000-2003 – A era McRae: quatro anos de domínio

No início dos anos 2000, a M-Sport foi intocável na Grécia. Colin McRae e o Ford Focus WRC formaram a combinação perfeita para os trilhos gregos, conquistando três vitórias consecutivas (2000-2002), com Markko Märtin a somar a quarta em 2003.

2000: McRae liderou, perdeu a vantagem para Sainz que desobedeceu ordens de equipa, mas o espanhol cedeu a liderança deliberadamente na última especial.

2001: McRae voltou a vencer, desta vez frente a Burns e Sainz. Os adversários desistiram com problemas mecânicos.

2002: Depois de um forte início de Märtin, McRae assumiu a liderança após um furo do estónio e venceu, mesmo depois de bater numa árvore e ter de fazer reparações na estrada.

2003: Märtin finalmente triunfou, superando Sainz e problemas como um capô solto que lhe bloqueou a visão. “Estou muito feliz, trabalhei muito para conseguir este resultado e finalmente conseguimos. O carro esteve impecável”, disse Märtin.

2006-2007 – Grönholm bate Loeb duas vezes

Marcus Grönholm brilhou ao derrotar Sébastien Loeb em duas edições consecutivas. Em 2006, interrompeu uma série de cinco vitórias do francês com uma exibição dominante no Focus RS WRC 06, vencendo por 2m26.8s. “É o meu primeiro rali com a Ford aqui e a minha primeira vitória, é um bom dia”, afirmou Grönholm, que viria a perder o título por apenas um ponto.

Em 2007, Grönholm perdeu a liderança para Chris Atkinson na sexta-feira, mas recuperou e derrotou Loeb por 38.6s, assumindo a liderança do campeonato.

2009 – Hirvonen relança a luta pelo título, Loeb capota

A temporada de 2009 começou com supremacia da Citroën, mas tudo mudou com a introdução da última evolução do Ford Focus RS WRC. Depois de Jari-Matti Latvala vencer na Sardenha, a M-Sport voltou a brilhar na Grécia.

Latvala liderava quando ficou preso numa vala. Mikko Hirvonen herdou a liderança e resistiu à pressão de Dani Sordo e Sébastien Loeb, ambos forçados a desistir por danos nos seus Citroën. “É impressionante como as coisas podem mudar. Sempre disse que neste desporto nunca se pode desistir”, sublinhou Malcolm Wilson. Hirvonen venceu com 1m12.9s de vantagem sobre Sébastien Ogier, que conquistou o seu primeiro pódio no WRC.

A história da M-Sport na Grécia é um verdadeiro estudo de resiliência, capacidade técnica e talento ao volante. Seja com Sainz, McRae, Grönholm ou Hirvonen, a equipa britânica fez do Rali da Acrópole o seu terreno de consagração.

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