WRC, Chris Williams: “A consistência é que nos deu os campeonatos”

Falámos com Chris Williams, engenheiro chefe da M-Sport, durante o Autosport International Show, que analisou a atual situação do WRC, falando-nos, logicamente de aspetos mais técnicos do WRC, como por exemplo, diferenciais e aerodinâmica.

Concordas que a fiabilidade deu à M-Sport os dois títulos? Mais do que uma performance superior?

“A consistência é que nos deu o campeonato. Fomos consistentemente rápidos o suficiente. Apenas num rali não terminámos, pelo menos, em segundo [Polónia, onde Sebastien Ogier foi terceiro]. Não foi uma performance superior do carro, mas sim de toda a equipa. Todos os pilotos foram rápidos, não foi apenas um. A fiabilidade foi importante para, mas não foi o único fator. Todos os pilotos venceram, pelo menos, um rali, e podia estar aqui a dizer que tinham ganho pelo menos dois. O Elfyn Evans deveria ter ganho na Argentina com facilidade, mas algumas coisas não o ajudaram, perdendo por menos de um segundo (ndr, 0,7s). Este ano, vamos tentar melhorar ainda mais o que fizemos o ano passado, talvez um pouco mais de performance, mas mantendo a fiabilidade e a consistência. Se formos consistentes a terminar os ralis e ficarmos no pódio estaremos mais próximos de ser campeões novamente”.

Olhando para o futuro, o que gostavas de ver desenvolvido na performance do carro?

“Não sei, estamos a ver tudo! Penso que não existe nenhuma área que esteja muito fraca. Vamos ter de olhar para as coisas pequenas. A tecnologia do motor está estável. Sim, temos agora um novo restritor, mas a base das regras é a mesma desde 2011. Temos já muito conhecimento nesta área. Existem sempre pequenas diferenças, e pequenas melhorias aqui e ali, mas conseguir fazer uma grande mudança não é fácil. Podem aparecer alguns benefícios com a transmissão. Vamos ter algumas melhorias a nível aerodinâmico, mas serão sempre pequenos ganhos. A tecnologia dos amortecedores tem evoluído bem, talvez seja aqui que se verão maiores diferenças”.

Falaste na transmissão, referes-te a uma maior aprendizagem sobre o diferencial central?

“Sim, talvez. A interação entre os diferenciais é algo que podes desenvolver quando olhas para a forma como eles trabalham em conjunto e tentas equilibrá-los para circunstâncias diferentes”.

Que mudanças tiveram lugar nos regulamentos para os carros em 2018?

“Não há grandes mudanças nos regulamentos e nada de significativo mudou em relação ao ano passado, apenas algumas peças. Penso que o maior impacto para nós será o novo sistema de segurança por localização. Será provavelmente a maior diferença para todos em 2018, de resto é quase tudo igual a 2017”.

Que mudanças específicas estão a fazer a nível aerodinâmico?

“Nenhuma grande mudança. Temos várias pequenas coisas, mas não são significativas. Estamos satisfeitos com o nosso pacote aerodinâmico e por isso, não mudámos grande coisa, apenas redefinimos a arquitetura original. Se começássemos de novo, poderíamos ter uma filosofia diferente, mas isso estaria fora do número de jokers que temos neste momento. Se pensarmos no design do carro no futuro, existirão várias mudanças que poderemos fazer”.

Como é que as outras três equipas estão, a nível de carros e dos seus pacotes aerodinâmicos?

“É difícil dizer. As equipas fazem caminhos diferentes por diferentes razões. Depende da base do carro, isso também influencia muito e é uma grande vantagem ou desvantagem. Estamos felizes com o que temos, não existem grandes mudanças que queiramos fazer. Todos os carros estão a caminhar na mesma direção. Vão poder ver semelhanças aerodinâmicas similares nos vários carros, mas claro que se mantêm algumas diferenças. Fizemos algumas escolhas que outros podem ter feito de outra maneira, não sei. Estou feliz com o que temos, não quero olhar muito para os outros, temos de nos focar no nosso, por sabermos como tudo foi feito, copiar os outros não é o nosso modelo”.

Martin Holmes