Luta de galos no WRC

Por a 4 Julho 2018 15:53

Thierry Neuville e Sébastien Ogier chegaram a meio do ano do WRC isolados na luta pelo título, mas já o ano passado o belga esteve em boa posição e a fiabilidade estragou tudo. O que nos reservam os próximos seis ralis?

Numa altura em que estamos a meio do WRC 2018, já ficou claro para todos que Thierry Neuville, o primeiro belga a vencer uma prova do WRC, tem uma forte possibilidade de se tornar no primeiro piloto não francês a ser Campeão do Mundo de Ralis em 15 anos.

Desde 2016 que Thierry Neuville é o piloto que mais luta dá a Sébastien Ogier no campeonato, mas se nesse ano foi ainda desigual (Ogier terminou o campeonato com mais de 100 pontos de avanço face a Neuville), já no ano passado as coisas foram bastante diferentes, e sem a falta de fiabilidade do seu Hyundai na Alemanha e em Espanha a história podia ter sido bem diferente.

Em 2017, ao cabo de três provas, Neuville tinha 38 pontos de atraso face a Ogier, mas seis ralis depois, no final da Finlândia, Ogier e Neuville estavam empatados. Duas provas depois, Ogier estava novamente na frente… com 38 pontos de avanço. Irónico. Daí até final, o belga pouco pôde fazer e Ogier somou mais um título. Como será a história este ano?

Algumas diferenças

Primeira diferença. O ano passado por esta altura Ogier estava 18 pontos na frente. Este ano, é Neuville quem lidera, com 27 pontos de avanço. Recorde-se que a FIA rejeitou o apelo da M-Sport sobre a penalização de 10 segundos atribuída a Sébastien Ogier pelos Comissários desportivos do Rali do México, pelo que essa questão já não irá interferir nas contas.

A diferença está longe de ser decisiva, temos pela frente provas em que para lá de Ogier e Neuville é bem provável haver outros pilotos a disputar as melhores posições, como da parte da Toyota, por exemplo, já na próxima prova, na Finlândia. Por isso, muito ainda pode acontecer.

Até aqui, ambos os pilotos e equipas tiveram os seus altos e baixos. Sébastien Ogier e a M-Sport começaram bem no Monte Carlo, o francês foi claramente quem menos errou, aproveitando muito bem a sua experiência do Monte Carlo para ‘capitalizar’. Já Neuville, logo no Sisteron, perdeu 4m16s com uma saída de estrada, comprometendo desde logo a sua prova, que terminou em quinto.

Mas as coisas mudaram na Suécia, com o belga a realizar um rali perfeito, ‘vingando’ o que lhe sucedeu 12 meses antes, com aquele inexplicável acidente na super especial quando liderava.

Já Ogier, passou ao lado do Rali da Suécia, pois nunca conseguiu acompanhar os mais rápidos, terminando num ‘estranho’ 10º lugar. Sem problemas no Ford Fiesta, Ogier simplesmente não teve andamento e apenas lutou pelos pontos. As condições dos troços, com muito mais neve do que o habitual, transtornaram por completo o rali do francês, que era o primeiro na estrada.

No Rali do México foi a vez de Sébastien Ogier voltar à mó de cima, numa prova marcada pelo regresso de Sébastien Loeb, que lutou na frente do rali até ter um furo que o atrasou. Apesar de ser o segundo na estrada num rali de terra, nunca virou a cara à luta, e claro, quando Loeb e Sordo furaram, Ogier estava apenas a 15.5s empatado com Meeke. O inglês da Citroën fez um pião e Ogier virou as coisas, convertendo os 35s que teve de atraso no primeiro dia para 34.5s de avanço no segundo.

Desta vez foi Thierry Neuville a ter pesadelos, com uma falha da pressão do combustível no Hyundai i20 WRC, e Ogier a ganhar 19 pontos a Neuville e a comandar novamente o Mundial.

Se até aqui, Ogier e Neuville pareciam alternar entre altos e baixos, depois de ter vencido no México, o francês teve uma prestação sem mácula na Córsega, sendo pouco menos que imparável. Uma performance totalmente dominadora, atacando logo desde o início. Aqui terá funcionado o ‘efeito’ Loeb, que a realizar a sua segunda prova do ano, cometeu um erro cedo, e se Ogier já vinha motivado para não permitir veleidades ao seu compatriota, aproveitou o embalo e venceu mais um evento.

Já Thierry Neuville foi terceiro, num rali que terminou com graves problemas de motor. Tinha ganhado um ano antes no mesmo local, mas desta feita não teve andamento, teve cedo problemas nos travões (equilíbrio de travagem), ainda tentou o segundo lugar, mas nem isso conseguiu.

Na Argentina o grande protagonista foi Ott Tänak, que a realizar apenas a quinta prova aos comandos do Toyota Yaris WRC esteve em grande plano.

Neuville, primeiro líder do evento argentino, preferiu olhar para o que fazia Ogier, e chegou ao segundo lugar, duas posições na frente de Ogier. Para além disso, o belga venceu a Power Stage, somou 23 pontos em solo sul americano e ficou a 10 da liderança de Séb. Ogier, rumando a Portugal com a possibilidade de chegar à liderança do Mundial. Curiosamente, foi exatamente isso que sucedeu…

Ponto de viragem

Thierry Neuville conseguiu em Portugal a sua segunda vitória da temporada no WRC, para além de se ter estreado a vencer o Rali de Portugal, ao passo que Sébastien Ogier despistou-se logo no primeiro dia de prova. O belga alcançou um total de 29 pontos, 25 da vitória e quatro na Power Stage, que lhe permitiram passar para a frente do Campeonato do Mundo após seis provas, com 19 pontos de avanço sobre Ogier, que saiu de Portugal sem qualquer ponto. Depois do erro que o colocou fora de estrada na sexta-feira, o francês nada conseguiu na Power Stage.

Na Sardenha, a diferença de 0,7 segundos com que Thierry Neuville bateu Sebastien Ogier pode ter sido um grande tónico para o que aí vem. Em Itália travou-se um perfeito duelo de campeões, foi uma autêntica luta de titãs e provavelmente uma projeção do que podem ser as próximas seis provas.

Neste momento, ambos os pilotos já perceberam que todos os pontos vão ser importantes, e face à diferença que existe entre Ogier e o terceiro classificado do campeonato, Ott Tänak, que é de 45 pontos e por isso difícil de recuperar, mais do que olhar para as vitórias os dois pilotos andarão mais a querer marcar-se um ao outro.

De qualquer forma, tendo em conta que Ogier está 27 pontos atrás, o francês precisa de recuperar, enquanto Neuville tem alguma margem para gerir.

Isto significa que Ogier irá ‘chegar-se à frente’ com mais evidência do que Neuville poderá fazer, mas será natural, para dar apenas um exemplo, que Neuville se escuse a atacar o líder de um rali, se Ogier estiver classificado atrás de si. Ou seja, mais do que vencer ralis, o que ambos querem é ir somando pontos que lhes permitam chegar ao objetivo e, nesse particular, a pressão que Neuville terá será muito maior do que a de Ogier, pois este último já coleciona cinco títulos e, por isso, mais um, menos um não fará grande diferença. Já para Neuville…

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