CRÓNICA: “O mundo está a mudar, o desporto motorizado está a mudar”

Por a 21 Abril 2018 15:27

Tenho a certeza que, a exemplo do que sucedeu comigo, a 5 de março de 1986, dia do Rali de Portugal em Sintra, infelizmente bem mais recordado pelo trágico acidente, esse dia trouxe muitos adeptos para a ‘causa’ dos ralis. Eu fui um deles.

Já conhecia os ralis, mas nem de perto nem de longe tinha a mesma ligação que passei a ter depois desse dia. Ainda hoje, já lá vão 32 anos, me lembro do chão tremer a cada grupo B que se aproximava, especial o Audi, lembro-me do eco dos motores, lembro-me da intensidade dos carros a passaram junto a mim, sentado em cima de um muro imediatamente antes do cruzamento do Palácio da Pena, no início da descida da Rampa da Pena.

Foi um dia inesquecível, e o começo duma ligação que dura até hoje. Durante muitos anos não perdi um único Rali de Portugal na estrada, vi o Sainz ‘ganhar’ a super especial do autódromo do Estoril, em 1987, estava em Montim 1993 quando o Sainz capotou várias vezes e em Amarante quando Sainz e McRae lutaram ao décimo de segundo pelo triunfo no rali de 1998. Estava também em Ponte de Lima quando Sainz e Makinen lutaram ao décimo de segundo pelo triunfo na prova de 2001. Fui a Macedo de Cavaleiros, – aí falhei um dos anos, regressei em 2005 ao Algarve, a foto da capa do AutoSport do Rali de Portugal 2007 é minha.

Nos últimos anos fui menos à estrada, mas estive muito mais vezes sentado frente a Ogier, Makinen, Latvala, os heróis que andam ou andaram lá dentro.

Já passei pela era dos Grupos B, dos Grupos A, os primeiros WRC, os segundos, e dos terceiros…

Agora fala-se em carros elétricos para o futuro do WRC. É inevitável, não sabemos quanto tempo irá demorar, mas se não for elétrico, será híbrido ou outra coisa qualquer. O mundo não pára de evoluir, há quem não goste desta evolução, mas não há como ficar preso ao passado.

Ouço e leio muita gente dizer que no dia em que o WRC for ‘assim ou assado’ deixa de ver ralis.

Não vou tão longe. Tenho uma ‘tática’ que me faz ver a beleza das coisas sempre pelo lado positivo. Gosto da Fórmula E não só porque o António Félix da Costa lá anda. Se tirasse o som à TV, via à mesma boas corridas, na maior parte das vezes.

Respeito a opinião dos que dizem que nunca se irão converter. Têm o seu direito, mas pelo sim pelo não comecem já a olhar para as alternativas fora do desporto automóvel, porque se tiverem ainda pela frente duas ou três décadas de desporto automóvel para ‘saborear’, não fiquem sentados à espera do barulho dos motores de combustão. Podem continuar a malhar em ferro frio, mas isso será inútil, pois o futuro será diferente.

Tudo a isto a propósito do facto de haver neste momento discussões quanto ao futuro do WRC. fala-se logicamente em energias alternativas, e sendo verdade que estamos apenas no começo do segundo de cinco anos de um novo ciclo em que não vai haver alterações – pelo menos radicais – depois disso a conversa será diferente.

O presidente da FIA, Jean Todt quer que o WRC se vire para tecnologias alternativas, híbridas ou totalmente elétrica, como vai ser o Ralicross já em 2020, e mesmo sendo verdade que hoje ainda é impossível fazer um rali do mundial em modo totalmente elétrico, dentro de cinco anos não sabemos: “Para já está totalmente excluída a hipótese de ter um WRC totalmente elétrico, mas é claro que precisamos de introduzir tecnologias mais amigas do ambiente nos ralis. É importante ter diferentes categorias com diferentes formas de otimizar as novas tecnologias. O desporto motorizado não é só um espetáculo, é também um laboratório para novas tecnologias e segurança, pois isso justifica o investimento dos construtores. Temos que introduzir tecnologia híbrida nos carros de ralis, claramente. O mundo está a mudar, a indústria está a mudar, o desporto motorizado está a mudar” disse Jean Todt.

‘Eles andam aí!’ A M-Sport já está a trabalhar num carro de ralis elétrico capaz de competir um dia inteiro, e a Prodrive estuda as possibilidades.

Portanto, a questão não é se, mas sim quando. E quem não quer, sempre tem algum tempo para se habituar à ideia, ou mudar de hobby…

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