‘Estórias’ do Rali de Portugal 1991: o momento decisivo em Arganil


Em termos desportivos, o Rali de Portugal de 1991 teve dois momentos significativos: Em primeiro lugar, a segunda etapa, ao longo da qual Carlos Sainz conseguiu mudar o rumo dos acontecimentos, passando a dispor de um saldo positivo em relação aos pilotos da Lancia. Mas o momento verdadeiramente decisivo da prova acabou por se viver em Arganil, mais concretamente na segunda passagem pelo troço do Alqueve, depois de um troço em que Auriol conseguiu recuperar algum terreno a Sainz.

Os dois pilotos estavam separados por 11 escassos segundos e sentia-se que ou era ali que Auriol jogaria tudo por tudo, ou então Sainz poderia encarreirar para o triunfo. Uma chuva miudinha, um frio tremendo e uma fina camada de nevoeiro ajudavam a constituir um ‘decor’ de um filme de suspense que se vivia em plena serra, onde milhares e milhares de pessoas suportaram estoicamente o frio, embora muitos tivessem chegado à hora de passagem dos concorrentes longe das condições ideais para o fazer… Sainz chegou ao início do troço já com o capacete colocado. Concentrado, Auriol ainda os tinha os intercomunicadores e Occelli fazia sinais para os presentes, para não distraírem o seu piloto. Didier Auriol apenas teve tempo de nos dizer “É uma loucura!”

O piloto francês partiu de faca nos dentes e foi progressivamente a ganhar terreno ao seu adversário: Ao quilómetro 19 tinha seis segundos de avanço, estava apenas a cinco de Sainz. Mas tudo se complicava na frente e ainda havia sete quilómetros para percorrer. E foi neste espaço que tudo se resolveu: “O troço estava, logicamente, em piores condições do que na primeira passagem, tendo-se formado pequenos trilhos que era necessário seguir. Vinha a andar muito depressa e só me lembro que o carro saiu ligeiramente dos trilhos e com a velocidade, levantou um pouco as rodas da frente, até porque se tratava de uma zona com uma lomba.

Ainda tentei travar, mas não havia nada a fazer. Saí de frente e perdi poucos segundos, mas altamente preciosos”. Perdendo mais terreno para Sainz, Auriol baixaria aí os braços e a partir desse momento apenas pensou nos 15 pontos para o Mundial. Chegara ao final um dos mais belos duelos do Vinho do Porto.

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