La Jamais Contente (1899): Eléctrico a 100 à hora


O conde belga Camille Jenatzy era conhecido por Diabo Vermelho, graças à sua desgrenhada barba ruiva. Nasceu em Schaerbeek, a 4 de Novembro de 1868, filho de um fabricante de objectos em borracha, como por exemplo pneus. Por isso, não estranha que, no final dos seus estudos, Camille se tenha interessado pela tracção eléctrica aplicada a automóveis. O conde viajou no final do séc. XIX para Paris, onde começou a fabricar fiacres eléctricos, em nome da Companhia Internacional de Transportes de Paris.

Em 1898, atento às questões da publicidade, transformou um dos seus chassis, montando-lhe uma carroçaria ligeira em forma de óbus e colocando-lhe dois motores Postel-Vinay entre as quatro rodas. A potência máxima era de 50 Kw, o correspondente a 68 cv. A alimentação dos motores era da responsabilidade de baterias por acumuladores Fulmen, constituídas por cerca de 80 elementos e cujo peso era de metade do total do artefacto – que pesava algo como 1.500 quilos! Os motores atacavam directamente as rodas traseiras, com a possibilidade de trabalhar em série ou em paralelo, através de uma caixa de seis relações, comandada por pedal. As suspensões dianteiras eram por barras semi-elípticas, enquanto

as traseiras viam as mesmas barras duplicarem. A direcção era uma barra fixa, comandada por uma alavanca, enquanto os travões eram de tambor, accionados por uma alavanca manual e os pneus eram especiais, marca Michelin.

Pois bem: com este estranho veículo, Jenatzy decidiu atacar o recorde de velocidade do conde Chasseloup-Laubat e, após diversas tentativas, a 29 de Abril de 1899 tornou-se o primeiro mortal a ultrapassar a barreira dos 100 km/h, ao cumprir, na recta de Achères, um quilómetro lançado em 34s, ou seja, 105,580 km/h, com uma ponta final de 105,882 km/h.Oconde foi ainda um dos melhores pilotos da altura, morrendo numa caçada, em 1913, quando um amigo o confundiu com um… urso!

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