Circuitos portugueses (menos) conhecidos: Ota

Por a 17 Novembro 2022 11:10

Quanto ao Circuito da Ota, é necessário enquadrá-lo nesta longa história dos traçados portugueses desde 1945. Com a inauguração do Autódromo do Estoril em 1972, Portugal passava finalmente a contar com um circuito permanente, o que era deveras necessário para dar um impulso definitivo à modalidade. Porém, a Crise do Petróleo de 1973 e a Revolução dos Cravos causaram profundas mudanças políticas, económicas e sociais que alteraram definitivamente o paradigma do automobilismo nacional.

O Autódromo do Estoril foi nacionalizado e chegou a estar encerrado, assistindo-se a um período de decadência em finais dos anos 70, com o automobilismo nacional a ser essencialmente sustentado por Vila do Conde e Vila Real, mas gradualmente voltou a assumir um papel de liderança no cenário desportivo nacional, principalmente com o regresso da F1 a Portugal em 1984.

O autódromo foi utilizado para receber a categoria-rainha do desporto mundial entre 1984 e 1996, mas no início de 1997, devido a vários problemas logísticos e conflitos entre os centros de poder e a nível de entidades federativas, o G.P. de Portugal foi excluído do calendário. Era evidente que o Autódromo do Estoril precisava de obras de melhoramento a nível geral, com maior ênfase na segurança, e pouco tempo depois foi encerrado para obras. À data ainda se realizavam corridas em Vila do Conde, mas Vila Real era já uma memória algo vaga, por isso restava apenas o Circuito Vasco Sameiro, construído em torno do aeródromo de Braga e inaugurado em 1993. Para continuar a realização de provas na Grande Lisboa, o ACP e a FPAK encontraram como solução de recurso a Base Aérea da OTA, em Alenquer. O traçado era extremamente simples, usando as pistas de aviação principais, ligadas por duas curtas recas traçadas nos traçados de ligação, o que dava ao circuito um formato exatamente retangular. Para aumentar a seletividade do traçado – e também porque os tempos já não se prestavam a ter provas de alta velocidade e retas enormes – foram introduzidas duas chicanes na recta da meta e três (!!!) na reta oposta, utilizando barreiras de plástico e betão, perfazendo um perímetro de 5.294 Km.

A Ota serviu assim como substituto do Estoril nas várias provas dos campeonatos nacionais entre 1997 e 1999, ficando conhecida pelas provas extremamente acidentadas devido às inúmeras chicanes. Mas esta pista nunca foi mais do que uma solução de recurso e, quando as obras no Estoril finalmente terminaram e o Autódromo foi reaberto em todo o seu esplendor em 2000, a OTA foi devidamente consignada à história.

Nos dias de hoje, Portugal conta com mais um traçado permanente, o Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão, inaugurado em 2008. Tanto o AIA como o Estoril estão aptos a receber provas internacionais, enquanto o Circuito de Braga está homologado apenas para provas nacionais. Com o fim esperado de Vila do Conde – que dificilmente poerá ser reeditado – a última década assistiu à revalorização dos traçados citadinos, primeiro da Boavista e depois de Vila Real. Ambos já foram amplamente discutidos nestas páginas, por isso concentremo-nos agora no futuro, na nova época e nos nossos circuitos. Restam as memórias.

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1 Comentário
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crosa
crosa
3 anos atrás

As fotos podiam ser da Ota, mas são de Base Aérea De Sintra, BA1,onde também se correu!

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