Automobilismo na Suíça: É proibido correr… ou quase


A Suíça é o único país europeu onde as corridas de automóveis são proibidas, o que não impediu esta nação poliglota de criar os seus próprios ídolos

Os circuitos e eventos de corridas de automóveis foram proibidos na Suíça após o desastre de Le Mans de 1955, com excepção de eventos tipo Ralis e Montanha. No entanto, ralis e rampas são permitidos, mesmo com público, uma vez que os participantes correm sozinhos na estrada. Os campeonatos suíços de montanha e ralis são disputados dentro do território suíço, enquanto a velocidade tem todas as provas fora do território.

Em 2007, o parlamento suíço aprovou o fim da proibição de provas em circuito, mas o senado vetou esta legislação definitivamente em 2009, alegando que um circuito automóvel teria um impacto ambiental negativo, assegurando que a Suíça nunca mais poderá ter provas em circuito.

Em 2015, o governo suíço permitiu uma flexibilização da lei, permitindo corridas apenas para veículos eléctricos. Em Junho de 2018, a Suíça organizou a sua primeira corrida automóvel em 63 anos, quando o primeiro ePrix de Zurique foi realizado como uma ronda do campeonato de Fórmula E. E mais nada…

A imagem do desporto automóvel ficou bastante danificada com o desastre das 24 Horas de Le Mans de 1955, que vitimou o piloto de Pierre Levegh e cerca de 80 espetadores. No mesmo ano, Alfonso de Portago atropelou várias pessoas, entre elas cinco crianças, que assistiam às Mille Miglia. As corridas foram banidas em vários países, mas regressaram gradualmente até ao início do ano seguinte, com uma exceção: a Suíça.

O país dos banqueiros e dos chocolates tinha um Grande Prémio de 1934, disputado num circuito urbano em redor da floresta de Bremgarten, perto da capital Berna. A pista era considerada perigosa, ladeada por árvores demasiado perto do asfalto, com diferentes qualidades de piso. Bremgarten foi palco de dois acidentes fatais nos treinos para a edição de 1948, que vitimaram um dos maiores pilotos do pré-guerra, Achille Varzi, e o gentleman driver local Christian Kautz. A última edição foi em 1954, dominada por Fangio e pelos Mercedes streamliners. A de 1955 já não se realizou.

A prova regressaria apenas duas vezes, em 1975 e 1982, mas, por causa da proibição, foi disputado em França, perto da fronteira, em Dijon-Prenois. Clay Regazzoni venceu a primeira destas edições, uma prova extra-campeonato, uma corrida que foi dominada por Jean-Pierre Jarier, até este desistir com problemas de caixa no seu Shadow. Regazzoni foi o primeiro suíço a ganhar o GP do seu país, ainda que tenha tido que o fazer fora de portas. A edição de 1982 foi a unica vitória de Keke Rosberg nesse ano, e a única necessária para garantir o título..

É irónico que, para um país onde as corridas eram proibidas, tenham surgido tantos pilotos de Fórmula 1 e de resistência. Para além de Regazzoni, contam-se Jo Siffert, Emmanuel de Graffenried, Sébastien Buemi, Alain Menu, André Wicky, Marc Surer, Neel Jani ou Marcel Fässler. Todos tiveram que se formar fora de portas, geralmente na Alemanha ou Itália, mas também no Reino Unido.

O imigrado

Clay Regazzoni começou a correr apenas com 24 anos de idade, em Itália, mas logo deu nas vistas, e conquistou o título europeu de F2. Na F1, correu pela Ferrari, BRM e Williams e teve cinco vitórias no Mundial. Ficou paralisado num acidente em Long Beach em 1980, mas continuou a participar em provas, como o Dakar. Morreu em 2006,

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