A magia dos números na F1, WRC, MotoGP, Le Mans e muito mais…


Numa altura em que se ficou a saber que o #1 vai regressar à Fórmula 1, pelo menos para já o #33 de Max Verstappen fica em stand by, recorde alguns ‘números mágicos’ que fizeram História no desporto motorizado.

Provavelmente o #46 de Valentino Rossi acima de todos, o #44 hoje em dia todos sabem quem é, cá pelo burgo o #18 também, o nada supersticioso piloto que utiliza o #13, mas há muitos mais. Conheça algumas histórias…

O número mais baixo na F1

Não, não foi o 1 – foi o 0! O zero, pois é! Aconteceu apenas com dois pilotos: Jody Scheckter (1973) e Damon Hill (1993 e 1994).

Em 1973, Jody Scheckter foi autorizado, a título excecional, a usar o número 0 no seu McLaren M23, nos dois últimos GP da temporada – Canadá e Estados Unidos, onde fez figura de terceiro piloto da equipa, ao lado dos titulares Denny Hulme e Peter Revson (que até venceu no Canadá). Desistiu em ambos.

Vinte anos mais tarde, em 1993, Damon Hill correu com o número 0 no Williams FW15C/Renault, porque o campeão do ano anterior, Nigel Mansell, deixou a F1 e emigrou para os ‘States’, para correr na Fórmula Indy. No final desse ano, o seu colega de equipa, Alain Prost, sagrou-se campeão e, a exemplo do que fez Mansell um ano antes, abandonou a F1 – ou melhor, colocou um ponto final na sua carreira. Por isso, o bom do Damon voltou a usar o número 0 no seu Williams [FW16 e FW16B] por mais um ano… E, no final de 1994, apenas perdeu o campeonato [por um ponto, 91 contra 92…] porque um senhor chamado Michael Schumacher decidiu atirar-se, com o Benetton e tudo, para cima do britânico, durante o último GP do ano, na Austrália…

Já agora e para que conste, o número 0 venceu um total de nove GP de F1: em 1993, Hungria, Bélgica e Itália; em 1994, Espanha, Grã-Bretanha, Bélgica, Itália, Portugal e Japão. Fez ainda quatro ‘poles’, dez melhores voltas e ‘subiu’ ao pódio por 21 vezes, nesses dois anos – em que conquistou um total de 160 [69 + 91] pontos.

O número da superstição

Existem vários – o 7, o 17… – mas é o 13 que é unanimemente considerado como o número do azar. E, na F1, quando a numeração passou a ser seguida, desde o 1, ‘saltava-se’ do 12 para o 14, ‘esquecendo-se’ do 13.

Mas, na verdade, ele foi utilizado na F1 por duas vezes. A primeira, foi pelo piloto mexicano Moises Solana (26/12/1935 – 27/07/1969), no GP do seu país, em 1963 – nesse ano em estreia (dele e do ‘seu’ GP, já agora…) no Mundialde F1. Ao volante de um BRM P157, da Scuderia Centro Sud, Solana – que viria a perder a vida num acidente durante a rampa Vale de Bravo – Bosencheve, com um McLarenM6B/Chevrolet ex-CanAm– qualificou-se no 11º lugar e, na corrida, terminou precisamente na mesma posição.

Treze (!) anos mais tarde, foi a vez de Divina Galica – uma inglesa nascida em Bushey Heath, a 13 de agosto de 1944, apesar do nome meio latino – tentou qualificar-se para po GP da Grã-Bretanha, com um Surtees TS16 da equipa Shellsport/Whiting. Fez o 27º tempo nos treinos (entre 29 pilotos) e ficou pelo caminho.

E foi somente a partir do ano passado que o número 13 se tornou residente no plantel da F1. A ousadia deve-se ao venezuelano Pastor Maldonado que, imune a superstições, tem corrido com o 13 no ‘nariz’ do seu Lotus. Talvez por isso a sua carreira tenha entrado num acentuado declive…

Outro dos pilotos que não sente qualquer tipo de problemas com o nº 13 é António Félix da Costa, que desde que passou do karting para os fórmulas, sempre que pode, utilizou esse número. Curiosamente, nas World Series by Renault, não sendo possível utilizar o 13, pois bem, duplicou-o, foi o 26…

O número mágico no WRC

No WRC, os pilotos não são conhecidos pelos números que levam nas portas, mas sim para sua espetacularidade e, no caso de Sébastien Loeb e Sébastien Ogier, pela sua terrível eficácia e capacidade de serem imunes aos erros.

Porém, houve um número que ficou na lenda do WRC: o 555, uma das marcas de tabaco do conglomerado económico B.A.T. [British American Tobacco] e que, de imediato, é associada à Subaru [que nesses tempos se chamou mesmo ‘555 Subaru WRT’, até à temporada de 1998 e em 2002 a 2004] e ao nome de Colin McRae, quiçá o mais temerário piloto do seu tempo. Mas também a Carlos Sainz, Richard Burns, ‘Possum’ Bourne, Ari Vatanen, Petter Solberg, Markko Martin, Tommi Mäkinen, Piero Liatti, Kenneth Eriksson, Juha Kankkunen, ou Mikko Hirvonen, para apenas citar os mais notáveis. Entre todos, ganharam 47 provas do WRC com os seus Subaru ‘555’, entre 1993 [Nova Zelândia, McRae]. O seu melhor ano (e mais amargo…) foi o de 1997, em que dominou o WRC, com oito triunfos… mas perdeu o título de Pilotos, por um mísero ponto, para Tommi Mäkinen, ainda na rival Mitsubishi Ralliart.

Na realidade, o seu verdadeiro nome é State Express 555 e foi criado nos já longínquos idos de 1896 por um mercador de tabaco londrino, Sir Albert Levy, como recordação de uma viagem que fez no comboio expresso imperial, em que foi batido o recorde de velocidade em terra, com a locomotiva nº 999. Em 1925, a marca foi adquirida pela B.A.T. e, desde então, saiu da Virginia norte-americana para todo o Mundo, tornando-se numa das marcas mais vendidas do Quénia ao Vietnam, sem esquecer Brasil ou a Arábia Saudita, os Estados Unidos da América ou o Uganda. Na China é a marca de tabaco mais popular e, na Europa, os principais mercados são o Reino Unido e a Bélgica.

Mas, regressando ao WRC, a marca 555 apareceu quando, em 1993, a Subaru passou a ser principalmente patrocinada pela B.A.T., que escolheu os tabacos 555 como a sua marca representativa. Durante mais de uma década – até 2005 – os Subaru Legacy, primeiro e, depois, Impreza foram decorados com o amarelo da marca sobre o azul profundo do 555, uma associação que depressa ficou lendária. Uma ligação tão forte que, em 1995, o Subaru usado em competição se chamou mesmo Impreza 555. Mas, em 2004 e 2005, por causa da lei impeditiva de publicitar o tabaco, o número mágico desapareceu das portas do Impreza, ficando apenas o azul profundo com o amarelo por cima…

Ao longo desses dez anos, as cores do tabaco 555 conquistaram seis títulos no WRC: três de Construtores (1995 a 1997) e outros tantos de Pilotos: 1995 (Colin McRae), 2001 (Richard Burns) e 2003 (Petter Solberg).

Os números dos pilotos portugueses

De Casimiro de Oliveira a Tiago Monteiro

Até agora, foram cinco os pilotos portugueses que tentaram a sua sorte no Campeonato do Mundo de F1. Dois deles nunca conseguiram disputar qualquer GP – Casimiro de Oliveira, por nem sequer ter chegado aos treinos oficiais do GP de Portugal de 1958 e Pedro Chaves por nunca ter ultrapassado as sessões de pré-qualificação, em 1991, com o medíocre Coloni.

Dos outros, Mário de Araújo ‘Nicha’ Cabral foi o primeiro a realmente correr num GP de F1 (GP Portugal de 1959) e Pedro Lamy foi o primeiro a pontuar num GP – 6º, na Austrália em 1995. Por sua vez, Tiago Monteiro, que foi o último a chegar à F1, em 2005 e, logo nesse ano, foi o primeiro a subir ao pódio num GP, com um Jordan. No seu caso, no GP dos Estados Unidos, em Indianapolis, que terminou em 3º lugar, atrás dos Ferrari de Michael Schumacher e Rubens Barrichello.

Veja quais foram os números com que correram na F1.

Casimiro de Oliveira (´1958: 1 NA)

34 (GP Portugal 1958, Maserati)

Mário de Araújo “Nicha” Cabral (1959/1960/1963/1964: 5 GP/4 largadas)

18 (GP Portugal 1959, Cooper/Maserati, 10º)

32 (GP Portugal 1960, Cooper/Maserati, abandonou)

22 (GP Alemanha 1963, Cooper/Climax, abandonou)

64 (GP Itália 1963, Cooper/Climax, NQ)

50 (GP Itália 1964, Derrington-Francis/ATS, abandonou)

Pedro Chaves (13 GP/13 NPQ)

31 (GP USA ao GP Portugal 1991: 13 NPQ, Coloni/Ford)

Pedro Lamy (32 GP)

11 (GP Itália ao GP Japão 1993, Lotus/Ford; GP Brasil ao GP Mónaco 1994, Lotus/Mugen-Honda)

23 (GP Hungria ao GP Austrália 1995, Minardi/Ford)

20 (GP Austrália ao GP Japão, Minardi/Ford)

Tiago Monteiro (37 GP)

18 (GP Austrália ao GP China 2005, Jordan/Toyota; GP Bahrain ao GP Turquia 2006, Midland/Toyota; GP Itália ao GP Brasil 2006, Spyker/Toyota)

O número dos bravos

Quando se fala em Gilles Villeneuve (18/01/1950 – 08/05/1982), pensa-se em duas coisas – a primeira, na sua coragem inaudita e no seu poder de controlo de tudo o que movesse a alta velocidade. A segunda, no ‘seu’ número 27.

Na realidade, Villeneuve somente utilizou esse número durante uma temporada completa – a de 1981. Mas, depois da sua morte, que sucedeu com ele ao volante do Ferrari 126 C2 com o nº 27, tornou-se hábito associar o nº 27 aos pilotos mais bravos, tornando-se sinónimo de bravura.

Depois de Gilles Villeneuve, o nº 27 foi usado por Ayrton Senna em 1990 e por Jean Alesi entre 1992 e 1995. E qualquer deles era bem… arrojado!

Antes, tinha sido usado por homens de coragem como Carel Godin de Beaufort, Giancarlo Baghetti, Chris Amon, Peter Revson, Lucien Bianchi, Jacky Ickx, Piers Courage, Ronnie Peterson, Jo Bonnier, Carlos Reutemann, Carlos Pace ou James Hunt , entre outros, numa altura em que os números eram aleatórios. O primeiro piloto a ter o nº 27 foi o belga Johnny Claes (11/08/1916 – 03/02/1956), no GP de 1952: foi 14º, com um Simca-Gordini Type 15, a seis voltas do vencedor, Alberto Ascari.

E, a partir de 1974, quando estes começaram a ser fixos, por pilotos como Mario Andretti (1975 e 1976) , Patrick Nève (1977), Jean-Pierre Jarier (1977), Alan Jones (1978 a 1980), Patrick Tambay (ainda em 1982 e em 1983), Michele Alboreto (1984 a 1989), Nigel Mansell (1989), Senna (1990), Alain Prost (1991), Gianni Morbidelli (1991) e Alesi (1992 a 1995), Nicola Larini (1994). A última vez que foi usado foi a 12 de novembro de 1995, por Alesi, que foi 5º no GP da Austrália.

Gilles Villeneuve correu também com os nº 40 (GP Grã-Bretanha 1977), 21 (Ferrari, 1977), 12 (Ferrari, 1978 e 1979) e 2 (Ferrari, 1980).

O 7 de Le Mans

Todos os números já correram em Le Mans, com certeza. Muitos foram os que já venceram, também com certeza. Mas há um que ficou na memória de todos nós – o 7. Talvez porque, por trás das suas vitórias, estava um português – Domingos Piedade. E o 7 nem sequer foi o número que mais vezes ganhou em Le Mans…

A sua primeira vitória foi apenas em 1974. Nesse ano, o Matra Simca MS670C da equipa Gitanes, pilotado por Henri Pescarolo e Gérard Larrousse bateu por quatro voltas o Porsche 911 Carrera RSR Turbo de Gijs van Lennep/Herbert Müller, no ano em que a Ferrari abandonou as corridas de ‘endurance’.

Depois, por preciso esperar mais dez anos por nova vitória do 7 – a primeira da Jöst Racing, que tinha aos comandos Domingos Piedade. Nesse ano, entrou para a lenda da prova o Porsche 956B com as cores da New Man, o principal patrocínio da equipa alemã. Os pilotos eram Henri Pescarolo e Klaus Ludwig, com o francês a carimbar aquela que foi a 4ª e última vitória na prova. Num ano em que equipa de fábrica da Porsche (a Rothmans) boicotou a prova, os primeiros sete classificados eram… Porsche 956/956B – o primeiro ‘não-Porsche’ foi o Lancia LC2 com as cores da Martini Racing, pilotado por Bob Wollek e Alessandro Nannini.

No ano seguinte, a Jöst repetiu o triunfo, com o mesmo caro e as mesmas cores – mas agora com Paolo Barilla e ‘John Winter’ a acompanharem Klaus Ludwig. Um triunfo ainda mais saboroso quanto, desta feita, a equipa oficial foi batida, em estratégia pura – o melhor Porsche da Rothmans acabou em 3º lugar [Derek Bell/Hans-Joachim Stuck] e era já o mais recente 962C.

O nº 7 ainda voltou a ganhar, ainda e sempre com a Jöst Racing, em 1996, num TWR Porsche WSC-95, pilotado por Davy Jones, Alexander Wurz e Manuel Reuter, que bateram os Porsche 911 GT1 da Porsche AG, que ocuparam os outros dois lugares do pódio. E, em 1997, com Michele Alboreto/Stefan Johansson/Tom Kristensen no mesmo carro, a Jöst ganhou Le Mans pela quarta vez, sendo então melhor que os dois McLaren F1 GTR, que se classificaram a seguir.

Finalmente, em 2003, o Bentley Speed 8 do Team Bentley [na verdade, um Audi R8 ‘camuflado’…] que, com Rinaldo Capello/Tom Kristensen/Guy Smith ao volante, venceu as 24 Horas de Le Mans, tinha também o nº 7 na carenagem. Foi a sexta mas não foi a última vitória do ‘7’ em Le Mans. A última foi em 2021, o #7 da Toyota Gazoo Racing, o Toyota GR010 Hybrid de Mike Conway, Kamui Kobayashi e José María López.

Dois números na Indy

A Fórmula Indy (ou ChampCar ou, agora, IndyCar…) viveu, na sua essência, sob a luz (em oposição a sombra) de dois números: o 98 e o 14.

O 98 estava em todos os carros de JC Agajanian (16/06/1913 – 05/05/1984), um dos mais carismáticos donos de equipa nesta competição – e até noutras, desde as motos aos ‘midgets’, pequenos carros para correr em pistas ovais com piso de terra. Foi com o nº 98 que Walt Faulkner (16/02/1918 – 22/04/1956), em 1950, se tornou o primeiro ‘rookie’ [estreante] a conquistar uma ‘pole position’ nas Indy 500. E foi também com este nº que, dois anos mais tarde, Troy Ruttman (11/03/1930 – 19/05/1997) se tornou o mais jovem piloto de sempre a ganhar a mesma prova. E, porque então as Indy 500 faziam parte do Mundial de F1, tornou-se também o mais jovem a ganhar uma prova de… F1! Enfim, Parnelli Jones (12/08/1933), quando por sua vez a venceu, em 1963, exibia igualmente o nº 98 no seu carro. Aliás, este correu com um carro de Agajanian (e, claro, com o nº 98) durante quase uma década, até 1966.

A.J. Foyt fez 80 anos no passado dia 16 e é uma verdadeira lenda viva da IndyCar. Nas últimas semanas foi notícia por causa de uma delicada operação ao coração, de que ainda está a convalescer, em casa, depois de quase dois meses num hospital. O seu nome ficou associado ao nº 14, que usou em praticamente toda a sua carreira, que passou pelos carros de ‘sport’, ‘stock cars’, Nascar e, claro, IndyCar.

Foyt é um dos poucos a terem ganho a ‘tripla coroa’ – atribuída pelas vitórias nas 24 Horas de Le Mans [1967, Ford GT 40], 12 Horas de Sebring [1985, Porsche 962] e 24 Horas de Daytona [1983, Porsche 935L; 1985, Porsche 962]. Além disso, foi campeão de IndyCar [USAC/CART] em 1960, 1961, 1963, 1964, 1967, 1975 e 1979 [67 vitórias em 369 corridas], entre as quais as Indy 500, por quatro vezes – em 1961, 1964, 1967 e 1977. Quase sempre, é claro, com o carro nº 14… Por exemplo, nessas exceções está Le Mans, onde correu com o nº 1; Daytona (nº 6 e 8) e Sebring. E, curiosamente, as Indy 500 de 1961 e 1964.

Porém, um dos momentos mais dramáticos da História recente da IndyCar ficou ligado ao nº 99. Este foi o número desde sempre utilizado pelo jovem canadiano Greg Moore (22/04/1975 – 31/10/1999), que perdeu a vida na última prova da temporada de 1999, em Fontana, quando, aos 24 anos, era já uma das mais promissoras ‘vozes’ das competições de monolugares nos ‘States’ e tinha uma carreira repleta de sucessos à sua frente. Ligado desde 1995, ainda nas Indy Lights, à equipa Player’s/Forsythe Racing, esteve apenas quatro anos na IndyCar e, aqui, deixou a sua marca registada em todas sas 72 corridas que fez, ganhando cinco e subindo ao pódio por 14 vezes. Depois da sua morte, o nº 99 nunca mais foi usado na IndyCar.

Os números na Nascar

Na Nascar [Sprint Cup], a competição que, todos os anos, arrasta centenas de milhares de pessoas às ovais e movimenta dezenas de milhões de dólares em atividade económica variada, em, que a simples ‘merchandising’ tem uma importância significativa, existem números que ficaram na História.

Os mais recentes são os de Jeff Gordon (24) e de Jimmie Johnson (48), talvez ao mais carismáticos pilotos da atualidade e que, juntos, somam dez títulos de Campeão [Gordon: 1995, 1997, 1998 e 2001; ‘JJ’: 2006 a 2010 e 2013] e 162 vitórias [92 para Gordon e 70 para ‘JJ’]

Todavia, dois números ficaram gravados a letras de poiro no peculiar mundo da Nascar: o 3 e o 43.

O 3 representa o lendário e temível Dale Earnhardt (29/04/1951 – 18/02/2001), ‘The Intimidator’. Só este apodo dá que pensar… Vencedor do campeonato em 1980, 1986, 1987, 1990, 1991, 1993 e 1994, conquistou um total de 76 vitórias, entre 1979 e 2000. E a sua morte trágica (partiu o pescoço numa edição das Daytona 500, a poucas voltas do fim, quando bateu numa parede num ângulo fatal de quase 45º) apenas contribuiu para cravar mais funda a lenda do seu nome e dos seus feitos.

Mas há ainda um outro número mais intenso na Nascar: o 43 – e todo e qualquer objeto que tenha esse número é alvo de verdadeira e histérica adoração pelos fãs. Pertenceu a Richard ‘The King’ Petty [nascido a 2 de julho de 1937, em Level Cross, Carolina do Norte], o piloto que mais títulos e vitórias conquistou na História na competição: 200 triunfos [em 1.184 corridas na Sprint Cup], entre 1960 e 1984 e o título nos anos de 1964, 1967, 1971, 1972, 1974, 1975 e 1978. [Na realidade, está empatado com Earnhardt no número de campeonatos ganho – sete].

Os números nas duas rodas

Não foi só nos automóveis que certos números ficaram célebres. Também nas motos, em especial no MotoGP (mesmo antes do campeonato ter este nome) existiram pilotos que, de imediato, são associados a um determinado número.

Hoje, isso acontece com o prodígio Marc Márquez (93) e com o português Miguel Oliveira (44). Porém, sem dúvida que o número mais conhecido e rentável, em termos de imagem, é o 46, de Valentino Rossi e que o italiano transformou numa marca registada – à imagem daquilo que Cristiano Ronaldo fez com o seu número 7, no futebol.

No passado, ficaram célebres o nº 34, de Kevin Schwantz e o nº 65, de Loris Capirossi. No total, apenas recordando estes números, estão associados a imensos títulos de Campeão do Mundo – nove de Rossi (125cc, 1997; 250cc, 1999; 500cc, 2001; MotoGP, 2002 a 2005; 2008 e 2009); quatro de Márquez (125cc, 2010; Moto2, 2012; MotoGP, 2013 e 2014); um de Schwantz (500cc, 1993); e três de Capirossi (125cc, 1990, 1991; 250cc, 1998). Apenas Oliveira ainda não conquistou nenhum – mas isso certamente será uma questão de tempo.

Uma curiosidade: o piloto que mais anos seguidos utilizou o nº 1 foi Giacomo Agostini. Entre 1967 e 1976, quer nas 350cc quer nas 500cc, aquele que ainda é hoje o recordista de títulos mundiais conquistados no Mundial de Motociclismo (percursor do MotoGP), com 15 [350c: 1968 a 1974; 500cc; 1966 a 1972 e 1975], e de vitórias em GP, com 122 [em 186 GP], numa daquelas categorias exibiu esse número na carenagem da sua MV Agusta (até1973) ou Yamaha (entre 1974 e 1976). Porém, o seu nome não ficou ligado a qualquer número, mas sim à marca italiana, que tornou lendária.

SABIA QUE…

…Hoje são os pilotos que escolhem os números que querem usar na F1? Isso sucede desde 2014 e, enquanto estiverem na F1, deverão manter sempre esses números, seja qual for a equipa. A exceção é o Campeão do Mundo, que deverá usar o nº 1 – mas, mesmo assim, o piloto pode optar por manter o seu ‘número da sorte’. É isso que, este ano, vai fazer Lewis Hamilton, que continuará com o nº 44, deixando ‘cair’ o nº 1., de Campeão do Mundo em título.

… Até ao GP da Espanha de 1973, a quarta prova do ano, não existiam critérios fixos para a escolha dos números, que variavam em cada GP. Na maioria deles, escolhiam-se somente números pares, começando no 2. Nem sequer era usual o Campeão do Mundo usar o nº 1 – embora isso tivesse sucedido algumas vezes… embora sempre por mero acaso. Ou os carros de uma mesma equipa terem numeração seguida. Mas, no GP da Bélgica desse ano, pela primeira vez, a FIA implementou uma numeração fixa, que valeu, no entanto, somente até ao final essa temporada.

…A partir de 1974, os números foram arrumados pela FIA, de acordo com a classificação do campeonato [Construtores] anterior. As equipas passaram a receber dois números consecutivos, com as exceções a serem num eventual terceiro carro inscrito, que recebia o número a seguir ao mais alto então existente. No entanto, passou a ser hábito a equipa campeã num ano ficar com os números da equipa campeão no ano seguinte, uma troca que se manteve ativa durante duas décadas. Um exemplo: em 1979, a Ferrari foi campeã com os nº 11 e 12 e, em 1980, quando a Williams foi campeã, a Ferrari passou a ter os nº 27 e 28, em 1981, que eram os da Ferrari em 1980.

… A partir de 1996, os números passaram a ser determinados pela ordem de classificação das equipas no Mundial de Construtores. Ou seja, a equipa campeã levava o 1 e o 2, a vice-campeã, o 3 e o 4 e assim sucessivamente. O nº 1 pertence, contudo, sempre ao piloto que foi Campeão do Mundo – que, se mudar de equipa, leva esse número (e o nº 2) consigo.

… Os nº3 e 4 são os recordistas de permanência em uma mesma equipa: pertenceram à Tyrrell entre 1974 e 1995. A equipa só deixou de tê-los devido às mudanças de regras de numeração em 1996. No começo de 1984, a FISA quis dar esses números à Ferrari, passando a Tyrrell para o 9 e o 10. René Arnoux e Michele Alboreto, pilotos da Ferrari, chegaram a posar para fotografias com um Ferrari com o número 4, mas Ken Tyrrell protestou e recuperou a “posse” de seus números tradicionais. A Ferrari, por sua vez, continuou com o 27 e o 28.

… Depois que os carros passaram a ter o mesmo número durante todo o ano, o nº 5 foi o que deu mais títulos (7) a seus portadores: Emerson Fittipaldi (1974), Mario Andretti (1978), Nelson Piquet (1981 e 1983), Nigel Mansell (1992), Michael Schumacher (1994) e Damon Hill (1996).

… Olivier Panis correu com o nº 9 no GP de Mónaco de 1996, quando conseguiu uma vitória surpreendente – a última da equipe Ligier. Em 2001, depois de um ano afastado da categoria, Panis voltou a correr pela BAR. Teoricamente, o primeiro piloto Jacques Villeneuve receberia o número 9 e a Panis caberia o 10. Mas Craig Pollock, então chefe da BAR, resolveu dar a Panis o mesmo número que ele tinha usado naquele ano de 1996. Oficialmente, foi para evocar a vitória de Mônaco, mas há quem aposte em superstição pura e simples – que, no caso, não serviu para nada.

… O 15 e o 16 foram os números que a Renault usou enquanto teve equipe própria na F 1, entre 1977 e 1985. A curiosidade é que, devido à semelhança dos algarismos 5 e 6, a equipa resolveu diferenciá-los, pintando sempre o 15 em vermelho e o 16 em azul claro. Em duas ocasiões, a Renault inscreveu um terceiro carro, igualmente com número em cor diferente: GP de Portugal de 1984 (Philippe Streiff, com número 33 em verde fosforescente) e Alemanha de 1985 (François Hesnault, com o 14 em branco).

… O nº 20 não irá ser usado este ano na F1. Em 2013 foi o número de Charles Pic (Caterham) e, em 2014, de Kevin Magnussen (McLaren), que foi ‘dispensado’ com o regresso de Fernando Alonso e foi passado a piloto de reserva. Mas foi com ele que a equipa Wolf ganhou o seu GP de estreia (Argentina de 1977, com Jody Scheckter) e Nelson Piquet o GP da Austrália de 1990 [a 500ª corrida da história da F1]. Foi também o número da equipa Fittipaldi na sua última temporada na F1 (1982).

… O nº 26 é o segundo colocado em tempo de uso por uma mesma equipa (Ligier, entre 1976 e 1995; como a Tyrrell, só deixou de usá-lo por causa das mudanças nas regras a partir de 1996). E é também recordista de uso por um mesmo piloto (Jacques Laffite, que correu na Ligier de 1976 a 1982 e de 1985 a 1986).

… Os nº40 e 41 merecem menção pelo que não aconteceu. Em 1994, quando a equipe Forti Corse estava a preparar-se para estrear na F 1 (o que aconteceu no ano seguinte), alguém da equipe teria pensado em pedir à FIA para usar nos carros os números 40 e 41. Motivo: em inglês, “40” é “forty”, uma pronúncia praticamente idêntica à do nome da equipe. Mas a ideia não vingou: na curta permanência da Forti na F 1 (uma temporada e meia), os carros correram com os números 21 e 22.

… Nelson Piquet Fez a sua estreia pela equipe Brabham, que inscreveu um terceiro carro no GP do Canadá de 1978, com o nº 66. Os pilotos titulares daquela temporada, Niki Lauda e John Watson, corriam com o 1 e o 2.

… O 101 foi o número mais alto a vencer um GP (Alberto Ascari, GP da Alemanha de 1952). Nessa corrida, todos os pilotos usaram números acima de 100, caso único na F1.

… O obscuro piloto alemão Rudolf Krause tem lugar garantido na história da F 1 por ter disputado o GP da Alemanha de 1952 com o nº 136, o mais alto a largar em um GP.

… A italiana Lella Lombardi, única mulher que conseguiu pontuar na F 1, tem outra primazia: a de se ter apresentado no GP da Inglaterra de 1974 com o número mais alto da história da F 1, o 208. Lella, porém, não se qualificou para a corrida.

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