GP da Suécia F1 de 1978: O fim do ‘aspirador…’


Aconteceu há precisamente 40 anos, o GP da Suécia de 1978 ficou na história da F1 por um único motivo: foi a única prova feita pelo Brabham ‘aspirador’ que chegou, viu e ganhou. Logo a seguir, foi banido da F1.

Em 1978, naquele que era apenas o segundo ano de uma ainda incipiente ‘era turbo’ na F1, o Lotus dominava tudo e todos, primeiro com o revolucionário 78, o ‘carro-asa’ mais perfeito e, depois, com o 79, que mais não era que uma evolução, ainda mais perfeita, do anterior. As outras equipas andavam enervadas com o ascendente dos carros de Colin Chapman e uma delas decidiu que as coisas não podiam continuar assim. Essa equipa foi a Brabham, que era então dirigida por um tal Bernie Ecclestone.

Assim, mesmo antes do GP da Suécia, a Brabham pediu ao carismático e audaz Gordon Murray para fazer uma coisa diferente, essa coisa foi ‘carro-aspirador’ que, se não passava de uma evolução do BT46 (por isso, se chamava BT46 B), tinha contudo uma diferença substancial: uma ventoinha, de generosas dimensões, colocada junto ao motor e que, basicamente, ajudava a fazer um efeito de sucção – muito parecido com o efeito de solo provocado pelos túneis de Venturi dos ‘carros-asa’ rivais – ao ‘sugar’ o ar que passava debaixo do carro, ‘atirando-o’ para trás.

As restantes equipas, ao verem aparecer ‘quilo’ em Anderstorp, ficaram indignadas: as regras proibiam terminantemente aquele género de artefactos móveis e, embora a Brabham insistisse na legalidade do ‘aspirador’, garantindo que era apenas para arrefecer o motor Alfa Romeo, a verdade é que a razão de ser não estava no que a equipa invocava, mas sim no fato de provocar um efeito semelhante ao de solo, mas por vias diferentes e muito mais total. Além disso, logo desde os primeiros reinos, os pilotos que rodavam (ou ficavam…) atrás dos Brabham, queixavam-se de que o ‘aspirador’ lhes atirava com areia (e terra, e lixo…) para os olhos. Literalmente… e em sentido figurado!

Do triunfo ao pontapé de… partida

Em Anderstorp, apesar da teórica (e, afinal, prática…) vantagem tecnológica que era ter mais um ‘motor’ a ajudar, o BT46B foi batido pelos Lotus 79, na primeira batalha do fim-de-semana – a da ‘pole position’, que foi conquistada por Mario Andretti, o homem que vinha dominando o Mundial desse ano. Mas, logo a seguir, ficaram John Watson e Niki Lauda, ambos com o Brabham ‘aspirador’, antes do outro Lotus, o de Ronnie Peterson, este já no segundo ‘23’.

Dada a largada, Andretti tomou o comando na travagem para a primeira curva, com Lauda a bater o seu colega de equipa e Patrese, com um Arrows, a lutar pelo terceiro lugar com o homem da casa, Peterson, até o conseguir passar. Só que, nessa altura, Andretti e Lauda já tinham ido embora, começando uma luta pelo comando, que durou até o norte-americano do Lotus cometer um erro a meio da corrida, oferecendo assim a liderança a Lauda, que nunca mais a largou. Andretti acabou por abandonar mais tarde, com problemas de motor e Peterson teve que enfrentar um furo lento na fase final, o que o impediu de continuar a lutar com Patrese, tendo no entanto ainda subido ao pódio, no terceiro lugar, embora a somente 0,086s do italiano.

O AutoSport, já nessa altura presente nos GP de F1, viu assim o que se passou em Anderstorp, pela experiente pena de Hélder de Sousa: ‘Depois de ter deixado a impressão de ser incapaz de quebrar a supremacia dos Lotus 79 nos treinos, Niki Lauda impôs o seu Brabham BT46 [B] numa corrida que ficará nos anais da História da competição.’ E realmente ficou: por vários motivos – a novidade, a ousadia tecnológica e por ter sido caso único.

Mas continuou o ‘AutoSport’: “O carro de Bernie Ecclestone, com o seu sistema de aspiração de ar de debaixo da carroçaria, mostrou-se capaz (…) de bater os Lotus 79 de Colin Chapman.” Perante um carro ‘que representa uma viragem na técnica da F1’, Mario Andretti ‘foi impotente para conter a pressão constantemente exercida por [Niki] Lauda, que o ultrapassou quando quis. Beneficiando da aderência extraordinária que o novo sistema confere ao Brabham, Lauda passou [Andretti] como uma bala à saída da curva que antecede a reta da meta e distanciou-se imediatamente do italo-americano que ainda tentou resistir.’ Como o próprio confessou a Hélder de Sousa, depois da corrida terminar: “Dei tudo por tudo para conter a pressão do Lauda, mas nunca cheguei a ser capaz de me distanciar dele.”

 

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