O que é feito dos Rookies da Fórmula 1 de 2007…

Por a 20 Julho 2017 18:00

O tempo é um excelente barómetro para as coisas, e só mesmo ‘ele’ permite o distanciamento necessário para olhar duma forma totalmente correta para uma questão. Há precisamente dez anos, Lewis Hamilton foi a estrela do Mundial de 2007, chegando muito mais longe do que qualquer outro estreante na história da F1, num ano de ouro para a categoria, com a chegada de toda uma nova geração de talentos, Nico Rosberg, Robert Kubica e Heikki Kovalainen como outras cabeças de cartaz, mas também tem de incluir jovens como Sebastian Vettel, Adrian Sutil, Timo Glock, Nelson Piquet e até Kazuki Najakima. É, no mínimo curioso olhar para hoje e perceber como as coisas se anteviram, e como são…

Vamos olhar para o que se escreveu sobre esses pilotos há dez anos (2007) e relembrar a sua realidade atual…

Nico Rosberg é o veterano desta nova geração de pilotos, graças ao ano de experiência a mais que tem, face à concorrência. Com duas temporadas de F1 no seu currículo, o filho de Keke Rosberg já é o lider da equipa Williams-Toyota e a forma como terminou a temporada de 2007 não deixa dúvidas a Sam Michael o Director Técnica da escuderia inglesa, que o jovem alemão é um potencial Campeão do Mundo: «Logo na sua primeira corrida connosco o Nico foi muito impressionante. Teve um toque na primeira volta, caiu para o último lugar, mas manteve a serenidade, atacou até ao final da corrida e chegou aos pontos, acabando por ser o terceiro mais rápido em pista, só atrás do Alonso e do Schumacher, que discutiram a vitória.» Este ano, sem Mark Webber para ajudar no desenvolvimento do carro, Rosberg continuou a impressionar o engenheiro australiano: «O Nico tem a vantagem de ser muito rápido e cometer poucos erros, mas é também dos pilotos mais inteligentes que conheço e é de extrema utilidade para nós, engenheiros. Espero que isso se concretize dentro de dois ou três anos com a Williams, mas não tenho dúvidas que ao volante do carro certo o Nico pode vencer o Campeonato do Mundo, pois tem uma maturidade impressionante para a sua idade.» Quanto ao interessado, as dúvidas também não são muitas: «Ganhei os outros campeonatos em que competi e espero ser Campeão do Mundo, com a Williams, de preferência.» Quanto aos seus rivais mais jovens, «conheço melhor o Hamilton, pois corremos juntos no karting, mas também acho o Kubica muito rápido. E o Kovalainen também tem muito talento e está numa equipa com potencial.»

Não foi fácil, mas as palavras de Sam Michael confirmaram-se. Com o carro ‘certo’ foi Campeão do Mundo. Como se sabe, esgotou todas as suas ‘energias’ no processo e saiu da Fórmula 1…

Anti-vedeta por excelência, Robert Kubica pode ter no seu modo direto de dizer as coisas o seu pior inimigo. Mas tem um talento muito acima da média, foi capaz de superar mais obstáculos que todos os seus rivais – incluindo um acidente de estrada que lhe causou 14 fraturas no braço esquerdo – para chegar à Fórmula 1, sem ter um patrocinador ou um construtor que o apoiasse. O polaco é senhor duma rapidez e concentração extraordinárias, que impressionaram toda a gente, a começar pelo normalmente pouco expansivo Willy Rampf: «Quando se tem muito talento isso vem à tona rapidamente. Tal como o Raikkonen ou o Massa, que fizeram os seus primeiros testes de F1 com a Sauber, o Robert impressionou-nos a todos na primeira vez que testou connosco. Acabou por ser uma decisão simples colocá-lo no lugar do Villeneuve a meio da temporada, porque a diferença de andamento entre os dois era muito grande.» O Director Técnico da BMW Sauber acredita que «temos um piloto que vale tanto como o Hamilton, mas que não tem apoio mediático e é dum pais sem tradição na F1. Mas se continuarmos a evoluir como nos últimos dois anos, acredito que o Robert vai ganhar Grandes Prémios e poderá ser um futuro Campeão do Mundo.» Sem papas na língua, como é seu timbre, o polaco limita-se a dizer que «se ganhei ao Hamilton e ao Rosberg no karting, quanto tinha material inferior, porque é que não lhes hei-de ganhar na F1? Sei o que valho e eles também sabem o que eu valho!»

Todos sabem o que aconteceu em 2011, e esse é o único motivo que justifica o facto de Robert Kubica não ter sido Campeão do Mundo de Fórmula 1. Augurava-se-lhe uma excelente carreira, mas o destino não quis assim. Curiosamente, pode estar prestes a voltar…

Desterrado para as últimas posições da grelha ao assinar com a Spyker, Adrian Sutil não teve problemas em acabar rapidamente com a carreira de Christijan Albers e manteve a sua superioridade sobre Yamamoto, quando o japonês substituiu o holandês. Mas Sutil cometeu demasiados erros, sobretudo em qualificação e, por isso, Mike Gascoyne ainda não está convencido que tem entre mãos um piloto de elevado potencial e um futuro vencedor de Grandes Prémios: «Vi algumas coisas do Adrian de que gostei, sobretudo com condições climatéricas adversas e na primeira parte da corrida de Spa, mas ainda não vi nada que me convencesse que o Adrian é um futuro Campeão do Mundo. Ele não é muito dotado tecnicamente, não parece capaz de aceitar críticas de quem tem muito mais experiência do que ele e, por isso, repete os mesmos erros muitas vezes. Mas consegue ser bastante veloz, quando está em dia sim e tudo lhe corre bem, o que é melhor ponto de partida do que ser muito bom tecnicamente, muito profissional mas desesperantemente lento…» Menos dúvidas acerca do seu potencial tem o piloto: «Se estou preparado para fazer mais um ano com a Force India, também já me sinto apto para rodar com uma equipa grande e lutar pelas vitórias, pois aprendi muito ao longo do ano. Sei o que posso fazer contra pilotos como o Hamilton e sei que posso ganhar Grandes Prémios.»

O melhor que conseguiu nos ses sete anos de F1 foi um quarto lugar e um segundo lugar na grelha de partida. Em sete anos de F1. Piloto mediano, que nunca fez o suficiente para voos maiores, embora de vez em quando tivesse prestações meritórias. Saiu da F1 no fim de 2014…

Timo Glock e Kazuki Nakajima saltaram da GP2 para a Fórmula 1 no final da temporada e tiveram a companhia de Nelson Piquet Jr. em 2008. Glock regressa à F1 depois duma travessia do deserto que incluiu um ano na Champ Cars e dois anos na GP2, mas está mais forte agora do que em 2004, quando efetuou três corridas com a Jordan: «Marquei um ponto no Canadá e fiz um bom trabalho, mas não tinha muita experiência. Agora estou mais maduro e numa equipa com a Toyota vou poder evoluir rapidamente no que será o meu verdadeiro ano de estreia na F1.» Já o jovem Nakajima saltou para a F1 depois de apenas uma temporada na GP2 – campeonato que concluiu na quinta posição – mas impressionou Frank Williams com a sua estreia no Brasil: «As pessoas falam do erro que ele fez nas boxes e na má qualificação; eu prefiro lembrar-me que ele fez quinta volta mais rápida da corrida, ganhou sete lugares durante o GP e mostrou grande rapidez e maturidade. Tem futuro na F1, mas ainda é cedo para dizer onde pode chegar.» Quanto a Piquet Jr., a sua estreia deverá acontecer com a Renault e Pat Symonds tem fundadas esperanças depositadas no brasileiro: «Até agora sabemos que ele é rápido e consistente, mas só nas corridas veremos o que ele pode fazer. Os sinais que temos são bons e acredito que é um potencial vencedor de Grandes Prémios. Mas para ter a certeza quero, primeiro, vê-lo em ação numa corrida de F1.» w

Glock obteve três pódios nos seus tempos com a Toyota, mas sofreu com a saída da equipa e depois disso andou pelo fim do pelotão até sair da F1 para o DTM onde ainda está com algumas interrupções pelo meio. Kazuki Nakajima esteve dois anos com a Williams na F1, o melhor que conseguiu foi um sexto lugar. Foi correr para o Japão, mas tem também acompanhado a Toyota na sua aventura pelo Endurance. Nelson Piquet esteve ano e meio na F1, ficando claramente marcado pelo Crashgate de Singapura. Com a Renault, ainda obteve um segundo lugar, e depois disso andou um pouco por todo o lado, GT Open, NASCAR, Grand Am, Ralicross, Blancpain, WEC (LMP2) e Fórmula E.

Um mau início de campeonato, que levou Briatore a considerar mesmo a sua substituição por Zonta, não foi suficiente para deitar abaixo Heikki Kovalainen, o substituto de Alonso na Renault. Aproveitando um momento de sorte, o finlandês foi o quarto classificado no Canadá e, daí para a frente foi o ponta de lança da equipa de Enstone, relegando Fisichella para segundo plano. Mas até o mau início de campeonato lhe foi perdoado pela Renault, como nos explicou Pat Symonds: «Um estreante necessita dum carro que lhe dê confiança e nós não fomos capazes de dar um carro consistente ao Heikki. Foi por isso que ele cometeu erros, mas quando nós começamos a acertar com o R27 o seu enorme talento veio logo ao de cima.» O engenheiro inglês é um claro adepto deste finlandês muito falador: «Não posso compará-lo ao Alonso, que nos deixou já como piloto feito, mas o Heikki tem as mesmas qualidades que o Fernando tinha quando cá chegou. Mas é mais comunicador – nunca conheci um finlandês que falasse tanto! – e acaba por dar ainda mais detalhes sobre o carro, o que ajuda bastante. Na pista é rápido e combativo e como já ganhou campeonatos competitivos, penso que temos nele um vencedor em potência e um possível Campeão do Mundo. Mas tudo vai depender do material que lhe dermos.» Kovalainen, pelo seu lado, só admite um cenário para o seu futuro: «Espero que este tenha sido o meu pior ano na F1! Nunca na vida tinha feito apenas um pódio ao longo de um ano e, por isso, em 2008, seja em que equipa for, quero é ter carro para poder ganhar corridas.»

Não são muitos os pilotos que se podem orgulhar de ter, pelo menos, uma vitória na F1, esteve na Renault, depois na McLaren dois anos, mas desde aí foi sempre a descer, saindo da F1 a meio do seu sétimo ano na disciplina. Foi para o Super GT japonês, onde ainda está…

E deixámos o melhor para o fim, Sebastian Vettel. Partilhado a meias pela BMW e pela Red Bull até meados deste ano, Sebastian Vettel acabou por se comprometer em definitivo com a segunda, depois de ter marcado um ponto para a BMW no seu Grande Prémio de estreia, quando substituiu Kubica em Indianápolis. E a sua chegada à Toro Rosso coincidiu com um arranque fulgurante da equipa para a fase final do Mundial. Segundo Giorgio Ascanelli, o experiente Director Técnico da Toro Rosso, Vettel teve um papel muito importante neste crescendo de forma: «Nós trabalhamos bem, mudámos muito o carro, mas também passámos a ter um grande piloto ao lado do Liuzzi. Ele trouxe-nos rapidez, inteligência, conhecimentos técnicos, vontade de trabalhar e uma simplicidade que o seu antecessor não tinha.» Prudente, o veterano italiano elogia o seu piloto, mas sem embandeirar em arco: «Trabalhei com Senna, Prost, Piquet e outros grandes pilotos e não vou começar a dizer já que o Sebastien tem potencial para ser Campeão do Mundo. Mas se continuar a trabalhar como até aqui, tiver a sorte de se encontrar na equipa certa, no momento certo, acredita que este rapaz vai dar muito que fazer a Hamilton e companhia.» Sempre tranquilo e com uma maturidade que espanta, face à sua juventude, Vettel mostra que tem os pés bem assentes no chão ao dizer que, «o meu único pensamento, agora, é o de fazer com que a Toro Rosso marque pontos de forma mais constante em 2008. Se conseguir isso, então poderei começar a pensar nos objetivos seguintes.»

Giorgio Ascanelli foi muito modesto na sua apreciação, pois ao rumar para a Red Bull, Vettel encontrou a equipa e os carros certos para ser Campeão quatro vezes. O resto da história toda a gente sabe…

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*RPMS*™
6 anos atrás

Assim de cabeça e sem ver os registos, acho que a estreia de Jacques Villeneuve em 1996 foi superior à de Hamilton. Cumprimentos

Pity
Pity
Reply to  *RPMS*™
6 anos atrás

Só que o texto fala apenas de pilotos que começaram em 2007

*RPMS*™
Reply to  Pity
6 anos atrás

“…chegando muito mais longe do que qualquer outro estreante na história da F1…” Cumprimentos Pity

Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
Reply to  *RPMS*™
6 anos atrás

Nope, Hamilton fez melhor que Villeneuve. Vamos a números: 1ºs Lugares – JV: 4. LH: 4 2ºs Lugares – JV: 5. LH: 5 3ºs Lugares – JV: 2. LH: 3 Outras classificações: – JV: 7º, 11º e 3 DNF. LH: 4º, 5º, 7º, 9º e 1 DNF. Sem falar que dos rookies em questão, é um dos que chegou mais longe, tendo ganho campeonato 3 vezes e estando à beira de bater o recorde de poles do Schumacher, tendo também já batido outros recordes nestes 10 anos. E é disso que o artigo trata, os rookies de 2007. Melhor que… Ler mais »

furoni
furoni
Reply to  Frenando_Afondo™
6 anos atrás

É claro que o Jacques foi melhor que o Elton, basta dizer que fez a pole na primeira corrida e dominou toda a prova até poucas voltas do final quando uma pequena incursão fora da pista cortou um tubo de óleo, obrigando-o a baixar o ritmo e ceder a vitória ao Hill.

*RPMS*™
Reply to  Frenando_Afondo™
6 anos atrás

Vamos lá a ver uma coisa: estreante, ou rookie, só se é no primeiro ano. Não é da carreira que estou a falar. Depois, quantas corridas fez Villeneuve em 1996 para obter essas vitórias e quantas corridas fez Hamilton? Cumprimentos

MVM
MVM
6 anos atrás

“O melhor que conseguiu nos seus sete anos de F1 foi um quarto lugar e um segundo lugar na grelha de partida. Em sete anos de F1. Piloto mediano, que nunca fez o suficiente para voos maiores, embora de vez em quando tivesse prestações meritórias. Saiu da F1 no fim de 2014…”
Se não fosse a última oração, diria que estavam a referir-se ao Nico Hülkenberg.

*RPMS*™
Reply to  MVM
6 anos atrás

Não podia ser porque o Hulkenberg já conseguiu uma pole-position com um Williams. Ou ainda estás atrofiado pelo resultado do ultimo fim de semana, ou então foi o sol da tal “praia” que te queimou os poucos neurónios que te restavam… Cumprimentos

depaula
depaula
6 anos atrás

Só sei que os rookies da Fórmula 1 de 2007 acabaram com a carreira de Alonso .Nunca mais conseguiu nada ,nem um carro competitivo .

*RPMS*™
Reply to  depaula
6 anos atrás

Sr. paula, esqueça lá o Alonso nem que seja só por um bocadinho… Cumprimentos

MVM
MVM
Reply to  depaula
6 anos atrás

Exactamente. Ou, como diz o Roto Paneleiro Maricas da Silva: “Muitíssimo bem escrito. Cumprimentos.”

MVM
MVM
6 anos atrás

Quero pedir as minhas sinceras desculpas a todos os comentaristas do AS, menos ao visado no meu comentário mais abaixo. Sigo apaixonadamente a F1 – e, por arrastamento, as fórmulas secundárias – desde 1980. Sempre gostei de uma boa troca de impressões sobre F1 e desportos motorizados, mas a vida tem este condão de afastar as pessoas e já não tenho contacto regular com nenhum dos amigos com quem via F1 na minha juventude. Nenhum dos amigos, familiares e colegas de trabalho com quem agora tenho contacto diário gosta de F1, daí que venha até aqui comentar. O que eu… Ler mais »

*RPMS*™
Reply to  MVM
6 anos atrás

Estás desculpado pá! E a pole-position do Hulkenberg? Cumprimentos

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