Yuji Ide: o pior piloto da história da Fórmula 1?


Há muita discussão sobre muita coisa na Fórmula 1, mas concluir que Yuji Ide é o pior piloto de F1 da história é bem capaz de ser um tema com pouca discussão, mesmo no contexto atual das redes sociais.

Yuji Ide é por muitos considerado o pior piloto de F1 da história por vários motivos: teve um desempenho extremamente lento, em média, perdia vários segundos por volta para Takuma Sato na super Aguri, cometeu erros frequentes e perigosos, por exemplo o acidente com Christijan Albers no Grande Prémio de San Marino de 2006, que foi basicamente a gota de água para a FIA, e para além disso tinha uma condução perigosa. Todos esses fatores juntos, levaram a FIA a ‘cassar’ a superlicença de Ide após apenas quatro corridas.

Foi o único piloto na história da F1 a ter sua superlicença cassada por condução perigosa.

É óbvio que embora seja difícil dizer, com certezas, quem é o pior piloto da história da F1, Yuji Ide é certamente um dos candidatos mais fortes ao ‘título’.

A estreia de Yuji Ide ao volante dum Fórmula 1 aconteceu num teste em que fez 43 voltas com o Super Aguri SA05. No final, disse: “Agora sim, já me sinto piloto de Fórmula 1. Nem quando assinei o contrato, nem quando a equipa fez o anúncio oficial, nem sequer quando fiz algumas passagens no aeródromo de Kemble na semana passada, o senti.” Ide explicou na altura que, “mal soube que o Aguri ia fazer uma equipa de F1 pedi-lhe para me dar uma oportunidade, mas ele sempre brincou comigo, dizendo que eu não tinha a menor hipótese.

Mas decidi arriscar tudo e quando saí do Japão, abandonando a Fórmula Nippon e os GT, não tinha qualquer contrato assinado. Podia ter ficado sem nada, mas não levaria a mal ao Aguri, porque ele nunca me prometeu nada.” Para este piloto de 31 anos seria um ano de aprendizagem, pois não conhecia nem as pistas nem os outros pilotos. A sua experiência anterior de F1 tinham sido cinco voltas, devagar, com um Ferrari F399 de colecção, numa pista japonesa, o que quer dizer que não tinha experiência nenhuma.

Depressa alguma imprensa foi particularmente crítica com Yuji Ide, considerando o japonês demasiado lento para a Fórmula 1, mas a verdade é que muito depressa Yuji Ide ficou na corda bamba e com um pé fora da Super Aguri, depois de ter tido um desempenho patético em Melbourne. Sem experiência de Fórmula 1 o veterano japonês nem deu muito má conta do recado no Bahrein, mas as suas performances pioraram na segunda corrida do ano, na Malásia, e atingiram um ponto preocupante na Austrália, onde cometeu erros sucessivos na qualificação e se arrastou durante a corrida, andando a mais de três segundos por volta de Takuma Sato! Face a esta evolução negativa de Yuji Ide, a Super Aguri decidiu que o Grande Prémio de San Marino seria a última oportunidade para o nipónico, proporcionando-lhe um dia de testes em Barcelona para se preparar para este derradeiro exame.

Como nos disse na altura Daniele Audetto, “sabemos que as condições em que o Yuji está a competir são muito duras, pois não tem experiência de Fórmula 1, mas necessitamos dum piloto que esteja mais próximo dos tempos do Takuma, pois em Melbourne já vimos que ao seu melhor nível o Sato pode andar no meio do pelotão, mesmo com o material antiquado que lhe damos. Estamos a investir muito na evolução do chassis e na preparação do carro novo e não podemos ter um piloto muito mais lento no segundo carro. Por isso vamos ver como é que o Yuji se comporta em Imola, antes de decidirmos o que a equipa vai fazer para o resto da temporada.”

Depressa houve mexidas e Montagny correu no lugar de Ide. O francês passou da posição de desempregado à de piloto de Grande Prémio no espaço de uma semana. Foi contratado como terceiro piloto da Super Aguri apenas para este Grande Prémio da Europa, mas acabou por substituir o japonês Yuji Ide, que foi aconselhado a parar de correr e a acumular quilómetros em testes privados, depois de ter protagonizado situações potencialmente perigosas em Melbourne e em Imola.

Segundo a Super Aguri foi a FIA a requerer a suspensão temporária de Ide, mas fontes japonesas mostraram- se convictas que foi Daniele Audetto, o Director Desportivo da equipa nipónica a pedir este parecer por parte da FIA para colocar Montagny no lugar de Ide.

A situação de Ide nunca foi brilhante, pois só efectuou um dia de testes antes do início do Campeonato e o seu SA06 teve sempre mais problemas de fiabilidade que o de Sato, impedindo-o de acumular os muito necessários quilómetros. O japonês foi sucumbindo à pressão, depois de nem ter estado muito mal no Bahrein, acabando por cometer erros sucessivos nas duas últimas corridas.

Por fim, a FIA suspendeu licença de Ide e este não voltou a competir neste Mundial de Fórmula 1. Uma medida sem precedentes e que surpreendeu quase toda a gente, pois no passado diversos pilotos mostraram-se mais lentos e potencialmente perigosos que o japonês – Inoue, Tuero e Deletraz, só para dar três exemplos – e até Channock Nissany teve super-licença para ser terceiro piloto da Minardi no GP da Hungria de 2005, quando andava sete a oito segundos por volta (!!!) mais lento que os seus companheiros de equipa.

Mas a FIA decidiu ser extremamente rigorosa com Ide, deixando- o numa situação muito complicada para continuar a correr, pois a sua imagem ficou claramente denegrida com esta decisão e até no Japão poderia ser complicado encontrar uma equipa de F. Nippon ou Super GT que o quisesse.

Em julho de 2006, Ide foi correr para a Team Dandelion Racing nas últimas seis rondas do campeonato de Fórmula Nippon, com o objetivo de aumentar a sua experiência de corrida. Disputou a ronda International Pokka 1000km da Super GT Series 2006 em Suzuka com a Nismo no Nissan #23. Durante a corrida, foi penalizado depois de entrar em contacto com o carro #55 de Hidetoshi Mitsusada. Ide ignorou a bandeira preta, resultando na desqualificação da sua equipa da corrida.

Em 2007, permaneceu na Fórmula Nippon com a equipa Autobacs Racing Team Aguri (ARTA), que era propriedade de Aguri Suzuki. A sua melhor classificação da época foi um terceiro lugar, obtido na quinta ronda em Suzuka. Ide também correu como terceiro piloto da ARTA no International Pokka 1000 km de 2007, onde a equipa terminou em segundo lugar na geral. Ide correu ainda como piloto a tempo inteiro no Super GT para a Team Kunimitsu em 2008 e 2009, e depois para a ARTA em 2010. Ganhou o Pokka GT Summer Special de 2010 e terminou em segundo lugar no evento de 2008. Também correu a tempo inteiro na Fórmula Nippon em 2008 e 2010, mas marcou pontos apenas três vezes.

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