Vitórias Improváveis na F1: Giancarlo Fisichella, Brasil 2003


A competição não vive só do domínio e da luta entre as grandes equipas pela vitória e pelos campeonatos. As lutas por categorias intermédias ou no meio do pelotão apaixonam muita gente, e no meio dessas contendas, descobrem-se grandes talentos que poderão, um dia, ascender ao Olimpo do desporto motorizado. Isto é transversal a todas as disciplinas do desporto automóvel. No caso da Fórmula 1, nunca faltaram vencedores inesperados. Aqui fica uma dessas histórias.

Tal como muitas vezes acontece no Brasil, o Grande Prémio de 2003 foi disputado sobre forte chuva. Devido às condições extremamente precárias de visibilidade e aderência, a partida foi dada atrás do safety-car, e muitas equipas tentaram uma aposta arriscada, chamando os seus pilotos no início da prova para encher o tanque até ao fim, antevendo que os muitos piões e despistes acabassem, inevitavelmente, por trazer o safety-car para a pista, permitindo aos pilotos poupar no consumo. Foi essa a decisão da Jordan, então longe dos dias áureos da viragem da década, e Giancarlo Fisichella não deixou passar a oportunidade, fazendo uma das maiores exibições da sua carreira. Considerado como uma das maiores promessas do automobilismo italiano quando chegou à F1 com a Minardi em 1996, Fisichella nunca conseguiu estar no sítio certo à hora certa para andar na luta pelas vitórias, acabando por chegar ao topo e deparar-se com um génio como Alonso ao seu lado. No entanto, na sua segunda passagem pela Jordan, o italiano ainda nunca tinha vencido e a sua reputação estava em queda, mas o piloto esteve impecável e nunca caiu vítima das muitas armadilhas do traçado de Interlagos, ao contrário de Schumacher e outros. Depois de Barrichello desistir quando era líder destacado, os McLaren assumiram o comando, mas Fisichella não precisava, em teoria, de voltar a parar. Coulthard parou e, na volta seguinte, Räikkönen cometeu um erro e Fisichella aproveitou para fazer uma ultrapassagem fenomenal e assumir o comando. No final dessa volta, Webber despistou-se violentamente na entrada para a meta, motivando a entrada do safety-car. No entanto, a maioria dos pilotos estava já a disputar a volta 55, com Fischella no comando quando, no final dessa volta, Alonso não conseguiu travar a tempo de evitar os muitos destroços deixados por Webber, bateu numa roda e despistou-se com enorme violência, danificando os rails. O safety-car entrou na volta 56, mas a corrida foi imediatamente suspensa com bandeira vermelha devido aos estragos causados pelos dois acidentes e, com 75% da prova cumprida e condições sem dar tréguas, a organização optou por atribuir a classificação final, permitindo a Fisichella vencer pela primeira vez!!! Porém, os festejos de Giancarlo e de Eddie Jordan foram sol de pouca dura, já que a organização deu como interrompida a prova na volta 54, sendo as classificações atribuídas na volta 53, entregando o triunfo a Räikkönen. Só durante a semana seguinte é que se verificou o erro, e Fisichella viu, então, confirmado o seu primeiro triunfo. Felizmente, esta confusão não teve alterações nas contas do campeonato já que, mesmo que saísse vencedor, Räikkönen seria sempre vice-campeão, pois empataria com Schumacher, mas perdia no número de vitórias.

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