Os ‘momentos’ do ano na Fórmula 1

Por a 4 Dezembro 2022 11:52

Como sempre, todos os anos há muito a acontecer à volta da parte desportiva da F1, e mesmo, acontecimentos muitos significativos em termos desportos. Por exemplo, o facto de Max Verstappen ter batido o recorde de triunfos num só ano na F1, ou muito do que se passou e que afetou a F1, desede a guerra na Ucrânia, os mísseis na Arábia saudita, os problemas da Mercedes, os erros da Ferrari que culminaram com a saída de Mattia Binotto, a polémica na Red Bull entre Max Verstappen e Sergio Pérez, os acontecimentos do GP do Japão com o aparecimento duma grua com pilotos em pista a alta velocidade, algo a que a F1 já se devia ter ‘vacinado’ há muito, o limite orçamental ultrapassado pela Red Bull e o competente castigo. Muitas coisas se passaram e são essas que vamos agora aqui recordar sucintamente.

FEVEREIRO

Michael Masi foi afastado, Eduardo Freitas passou a ser um dos novos diretores de corrida. A investigação à polémica final de Abu Dhabi foi concluída e discutida na Comissão para a F1 com os resultados a serem apresentados à posteriori. Mas uma das medidas tomadas já é conhecida e Michael Masi foi afastado do cargo de diretor de corrida da F1. A FIA implementou um novo sistema, alternando entre o diretor de corrida do WEC, Eduardo Freitas, e o antigo diretor de corrida do DTM, Niels Wittich. Para além de mudar de diretor de prova, a FIA introduziu um novo sistema de controlo de prova virtual (uma espécie de VAR na F1). Herbie Blash que foi vice diretor de corrida com Charlie Whiting regressou como conselheiro permanente.

Pouco depois, a Rússia invadiu a Ucrânia e com essa escalada de tensão e violência, a F1 começou por lançar um comunicado no qual disse estar atenta à situação.

Não demorou muito, a Haas retirou as cores da bandeira russa e a Uralkali da decoração do carro, apresentando-se com um carro branco para o último dia de testes em Barcelona. Pouco depois, o GP da Rússia de Fórmula 1 foi retirado do calendário, e as coisas não ficariam por aqui.

A FIA decidiu continuar a permitir que os pilotos russos e bielorussos pudessem correr nas competições internacionais, mas não o podem fazer sob a bandeira da FIA e não poderão representar a sua nação. Logo a seguir a Haas terminou contrato com Nikita Mazepin e com a Uralkali, patrocinador principal da equipa. Para substituir o russo, Kevin Magnussen foi o escolhido

MARÇO

Começaram a ficar bastante claros os problemas da Mercedes. As dificuldades que a equipa que dominou a ‘Era Turbo Hibrida’ sentiu nos testes do Bahrein já deixavam transparecer problemas com o W13, mas muitos suspeitavam que a Mercedes estivesse a esconder o jogo, à semelhança do que acontecera em defesos anteriores, esperando que no primeiro GP da temporada pudesse, pelo menos, estar ao nível da Ferrari e Red Bull. Não aconteceu, bem antes pelo contrário.

Mais guerra, agora na Arábia Saudita: no fim de semana da corrida a guerra bateu às portas da F1 com um ataque feito com mísseis, a uma infraestrutura da Aramco, a poucos quilómetros do circuito. Os Houthi reivindicaram o ataque que levou os pilotos a considerarem seriamente o boicote à prova. A corrida reralizou-se, mas houve muita gente desagradada…

Dias depois ficou a saber-se que a Fórmula 1 iria regressar a Las Vegas em 2023, numa pista citadina e numa corrida que se realizará à noite na cidade que nunca dorme, e do jogo. Os EUA passam a ter três GP, com Las Vegas a juntar-se a Miami e Austin.

ABRIL

No GP de Emilia Romagna de F1, Charles Leclerc desiludiu fortemente os tifosi, pela primeira vez no ano. Não seria a única. Carlos Sainz voltou a ter azar e a ficar de fora na primeira volta e Charles Leclerc cometeu um erro grave, que lhe custou um pódio que estava garantido.

MAIO

Já em maio, no GP Espanha F1 uma ironia à priori: Max Verstappen venceu, com a ajuda de Sergio Pérez. Lá mais para a frente as coisas seriam bem diferentes.

No Mónaco, pole-position para Charles Leclerc, numa sessão que terminou mais cedo depois de Sergio Perez fazer um pião à entrada do túnel, ficando a bloquear a pista. Pode parecer um simples incidente, mas isto teve efeitos mais à frente na época…

Na corrida, acidente violento de Mick Schumacher obrigou a bandeira vermelha. O alemão bateu violentamente na saída da Piscina, com o Haas VF-22 partido em duas partes. Depois do que sucedeu na qualificação, a Ferrari entregou a vitória a Sergio Pérez, com a meteorologia a pregar partidas e com um acidente que motivou uma interrupção a meio da corrida, o vencedor acabou por ser surpreendente, Sergio Pérez. A maldição do Mónaco voltou a abater-se sobre Charles Leclerc que passou de líder indiscutível da corrida, para quarto, num erro da equipa que custou caro.

JUNHO

No GP Azerbaijão de F1, novo ‘desastre’ da Ferrari que facilita dobradinha da Red Bull. Um duplo abandono da Scuderia, que teve uma passagem por Baku para esquecer.

Já no Canadá, era a Mercedes que ia de de mal a pior… Tal como no Mónaco e em Baku, as tentativas continuavam a manifestar-se infrutíferas, pois o carro permanecia mau tanto nas curvas baixas como nas de alta velocidade. Lewis Hamilton dizia que o carro estava a piorar.

Em Baku houve também muitas queixas dos pilotos sobre os efeitos nocivos do ‘porpoising’ e a FIA decidiu intervir e começou a pensar-se numa alteração regulamentar em forma de diretiva técnica… que não agradou “a gregos nem a troianos” e por isso não entrou em vigor no GP do Canadá.

Dias depois, “Comentários racistas” de Nelson Piquet sobre Lewis Hamilton foram alvo de declaração da F1. Num podcast brasileiro, Nelson Piquet comentou o incidente de Silverstone entre Lewis Hamilton e Max Verstappen com o brasileiro a usar o termo “neguinho” para se referir ao piloto britânico. Passado algum tempo, Nelson Piquet pediu desculpa “do fundo do coração” a Lewis Hamilton.

Mas os ‘veteranos’ da F1 não estavam no seu melhores dias e Bernie Ecclestone disse ‘apoiar’ Vladimir Putin. A F1 condenou, claro. Ecclestone disse aos microfones da Good Morning Britain da ITV que “levaria uma bala” por Vladimir Putin. Dias depois, Ecclestone penitenciou-se, e pediu desculpa, diz aue falou sem pensar.

JULHO

O arranque do GP da Grã-Bretanha de F1 ficou marcado por um grave acidente que envolveu vários pilotos, em situações distintas, que acabaram por resultar em batidas de vários monolugares. Alex Albon (Williams) e Guany Zhou (Alfa Romeo) foram levados para o centro médico. Ambos estavam conscientes e depois de avaliados no centro médico, a FIA revelou que o piloto chinês, que sofreu um um acidente muito aparatoso, capotando a alta velocidade depois de ter sido tocado pelo Mercedes de George Russell (que por sua vez tinha sido tocado por Pierre Gasly) não tinha fraturas, e estava bem, tendo em conta a gravidade do acidente. Que grande susto.

Essa corrida ficou marcada pela 1ª vitória na carreira de Carlos Sainz e Mick Schumacher pontuou pela primeira vez na F1.

A McLaren foi para Portimão com o seu monolugar de 2021, testar com Colton Herta, Jehan Daruvala e Will Stevens.

Já George Russell, insurgia-se com a falta de consistência nas decisões da direção de corrida nas últimas provas da Fórmula 1. O inglês apelou ao regresso de apenas um diretor de corrida na F1, permitindo mais consistência nas decisões. Ficou depois a saber-se que Sebastian Vettel abandonou um briefing dos pilotos frustrado com a discussão que estava a acontecer.

Na Áustria, mais meio descalabro na Ferrari. Estava a ser uma boa corrida, a Scuderia esteve sempre no controlo, não falharam nas decisões estratégicas, no entanto falhou o motor do monolugar de Carlos Sainz, que se incendiou. O que valeu foi que Charles Leclerc compensou, com a vitória.

Voltando aos Diretores de Corrida, Michael Masi deixou a FIA. Depois das decisões polémicas de 2021, não resistiu ao rol de críticas e a FIA não teve outra solução.

Paralelamente, ficou a saber que a Porsche se mantinha em ‘stand-by’ e Audi avançava para a F1.

No GP França F1, a Ferrari, em particular Charles Leclerc, voltaram aos erros. O piloto, que começou a corrida da pole position, controlou toda a corrida até, à volta 18, quando perdeu o controlo do carro e embateu nos muros da Curva 11, enquanto liderava. A diferença no campeonato para Verstappen passou para 63 pontos.

AGOSTO

Logo no início de agosto se ficou a saber que Fernando Alonso iria para a Aston Martin, ocupando o lugar de Sebastian Vettel, que se despedia da F1. Já se sabia que a saída de Vettel iria fazer movimentar o mercado, mas esta aposta em Alonso foi surpreendente.

Na Hungria, continuava o calvário da Ferrari: mais uma vez errou e, depois de ter arrancado com os seus carros entre os três primeiros lugares na grelha de partida, terminou sem nenhum dos seus pilotos no pódio, num dia em que Max Verstappen vindo bem de trás na grelha.

Oscar Piastri foi confirmado na Alpine em 2023, mas por… poucos minutos. Piastri negou ter assinado qualquer acordo para pilotar pela Alpine em 2023. Que bela confusão!

A Fórmula 1 continuava resistente à entrada da Andretti Autosport, com várias equipas a levantarem objeções.

Mas também havia boas notícias. A Audi anuncia a entrada na Fórmula 1 em 2026 como fabricante de motores.

No GP da Bélgica F1, Max Verstappen venceu largando de 14º na grelha, precisando apenas de 12 voltas para chegar à frente da corrida.

SETEMBRO

Logo a abrir o mês, ficou a saber-se que Mick Schumacher deixará de ser piloto Ferrari no final da temporada. O seu lugar na Haas estava também em risco.

Por outro lado, a Red Bull deixou Porsche em posição fragilizada, pois surgiram entraves e era a marca de carros desportivos germânica que ficou numa situação difícil.

Entretanto a FIA confirmou que o contrato da McLaren era o único contrato válido para Oscar Piastri. A novela terminou.

No GP dos Países Baixos, mas uma falha da Ferrari, desta feita na troca de pneus no F1-75 de Carlos Sainz durante a corrida de Zandvoort.

Sem setembro morreu a a Rainha Isabel II e a Fórmula 1 não ficou indiferente, bem antes pelo contrário. “Durante mais de sete décadas, dedicou a sua vida ao serviço público com dignidade e devoção e inspirou tantos em todo o mundo.”

Dias depois, a Porsche cancelou oficialmente os planos de entrada na F1 com a Red Bull, depois de não ter conseguido chegar a acordo com a Red Bull. As conversações foram interrompidas, esbarrando no interesse da Porsche em assumir uma participação de 50% na Red Bull, o que não foi visto com bons olhos para os lados de Milton Keynes.

No GP de Itália F1, finalmente a estreia de Nyck de Vries. Fez o TL1 pela Aston Martin, regressou às funções de piloto reserva da Mercedes, mas foi surpreendido com uma chamada surpresa da Williams para substituir Alex Albon, que teve de ser operado a uma apendicite.

O sonho de Colton Herta na F1 foi desfeito: a Red Bull desistiu da tentativa de entrada do piloto. A falta de pontos para a emissão da superlicença obrigatória para pilotar na Fórmula 1 era um gande óbice e a FIA não quis abrir qualquer exceção.

A Williams confirmou o fim de relação contratual com Nicholas Latifi no fim de 2022. Deve ser o adeus definitivo à F1 do canadiano, pouco fez para merecer ficar.

OUTUBRO

Após o anúncio da saída de Pierre Gasly da AlphaTauri no final da presente época e do acordo entre Alpine e Red Bull, a equipa italiana confirmou Nyck de Vries como piloto para o próximo ano.

No GP Japão F1, grande polémica: Pierre Gasly bastante insatisfeito por ter quase batido num trator em pista antes da interrupção da corrida por bandeira vermelha, durante o período de Safety Car. Já Lando Norris: “Como é que isto aconteceu!? Perdemos uma vida nesta situação”. Christian Horner, em entrevista durante a suspensão da corrida, afirmou que foi uma situação “totalmente inaceitável. Perdemos aqui Jules Bianchi, há 5-6 anos e isso nunca, jamais, deveria acontecer.

Nesse mesmo fim de semana, Max Verstappen sagrou-se bicampeão do mundo. Uma corrida muito encurtada, em que estivemos duas horas à espera para ver carros em pista, não foi o melhor espetáculo para a F1, mas terminou com um título mundial atribuído.

Noutra latitude, a F1 aumentava a pressão sobre a FIA para uma sanção severa à Red Bull, por ter excedido o limite orçamental na época passada.

Dietrich Mateschitz morreu, aos 78 anos. Foi uma das personagens mais influentes da F1 e que tornou possível a criação da Red Bull e Toro Rosso.

Depois da polémica do GP do Japão, a FIA realizou alterações a direção de corrida, com a saída de Eduardo Freitas, ficando Niels Wittich sozinho.

Logo a seguir, a Audi confirma parceria com Sauber a partir de 2026. A Audi vai adquirir uma participação maioritária no Grupo Sauber, o que levará a equipa suíça a competir como a equipa de fábrica da Audi a partir de 2026, utilizando a unidade motriz desenvolvida pelos germânicos.

A FIA confirmou multa à Red Bull, que terá de pagar 7 milhões de dólares de coima por ter violado o limite orçamental de 2021, além de um decréscimo de 10% no tempo disponível no desenvolvimento aerodinâmico do monolugar de 2023. A Aston Martin foi multada em 450 mil dólares.

NOVEMBRO

Mauro Forghieri, mítico engenheiro da Ferrari, elemento que contribuiu muito para que a Scuderia se tornasse no que é, morreu aos 87 anos.

No GP Brasil F1, a chuva ‘abençoa’ a primeira pole position de Kevin Magnussen. Na corrida, George Russell conquistou a primeira vitória da sua carreira e a única da Mercedes em 2022. Também no Brasil, ‘birra’ de Max Verstappen deixou Sergio Pérez incrédulo: “mostra quem realmente ele é…”. Nunca se tornou público, mas há quem diga que não ajudou o colega por causa do que sucedeu na qualificação do Mónaco…

Laurent Rossi ameaçou substituir Ocon e Alonso após incidente em Interlagos depois dos dois pilotos da Alpine se terem envolvido em toques na corrida Sprint do Brasil.

Dias depois Nico Hulkenberg foi confirmado na Haas em 2023 e Helmut Marko confirmou o regresso de Daniel Ricciardo à Red Bull.

Em Abu Dhab, Max Verstappen dominou e Charles Leclerc bateu sergio Pérez no campeonato. Não houve qualquer ajuda de Verstappen ao mexicano, mas o mais importante foram as 15 vitórias do neerlandês em 2022. Um recorde face às 13 de Michael Schumacher em 2004 e Sebastian Vettel, em 2013.

A Williams Racing confirmou Logan Sargeant como piloto da equipa em 2023, depois deste ter garantido pontos suficientes após a corrida final da Fórmula 2, realizada em Abu Dhabi, passando a ter a Super Licença para correr na F1.

Chegou ao fim o ‘reinado’ de Ross Brawn ao leme da F1. Um período de seis anos onde a F1 evoluiu muito. O engenheiro britânico despede-se da F1 com o sentimento de dever cumprido e com orgulho no trabalho feito. Por fim, o que já se suspeitava há algum tempo: a Ferrari confirma saída de Mattia Binotto.

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