GP Portugal F1: Leclerc confirma progresso da Ferrari

Por a 26 Outubro 2020 20:06

Charles Leclerc venceu a corrida do Segundo Pelotão do Grande Prémio de Portugal, confirmando a evolução que a Ferrari tem vindo a protagonizar, pelo menos através do monegasco, e nem Sérgio Pérez seria uma ameaça sem os seus problemas na primeira volta.

A “Scuderia”, depois de um longo período letárgico, começou a desenvolver o problemático SF1000, introduzindo novos componentes na zona das asas no Grande Prémio da Rússia, para depois montar novos fundo plano e derivas laterais entre o eixo dianteiro e os flancos na prova de Nurburgring.

Para além de pequenas melhorias performances no recalcitrante carro de Maranello, os responsáveis pretendiam perceber se os dados que viam nas suas ferramentas de simulação se verificam no mundo real, uma vez que a falta de correlação entre os dois universos era um problema vivido pelos italianos nos últimos e anos e, por isso, os componentes foram sendo montados gradualmente.

Face aos bons resultados dos últimos Grandes Prémios, para a prova do Autódromo Internacional do Algarve foi estreado um novo extractor aerodinâmico.

Apesar do desconhecimento da pista lusa, uma situação basicamente vivida por todos, o monolugar de Maranello mostrou-se mais competitivo desde a primeira sessão de treinos-livres e Leclerc parecia capaz de assegurar a pole-position do Segundo Pelotão.

Os desejos do monegasco foram alcançados com uma volta extraordinária, plena de agressividade e de destreza, o que lhe garantiu o quarto posto na grelha de partida, batendo Sérgio Pérez por mais de um décimo de segundo, que prometia ser o seu principal adversário na corrida.

A sublinhar a subida competitiva da Ferrari, Leclerc era o único piloto, juntamente com os da Mercedes, a passar à Q3 com pneus médios, menos performantes numa volta ao circuito algarvio, mas mais consistentes para a primeira fase da corrida de domingo, que se adivinhava difícil, devido às baixas temperaturas que induziam granulação nas borrachas macias, sobretudo no canto direito esquerdo.

Este era um dos problemas que impediram Leclerc de concretizar os bons resultados em qualificação numa boa classificação em corrida, a dificuldade em colocar os pneus na temperatura correcta de funcionamento.

Na tarde do Grande Prémio Portugal o calor com que associamos o Algarve estava longe e as temperaturas eram as mais baixas do fim-de-semana, 25ºC na pista e 20ºC no ar, e um pequeno e ligeiro aguaceiro no momento da partida prometia mais dificuldades para colocar os pneus na janela térmica desejada, sendo os pilotos com médios os que mais sofreriam.

As duas primeira voltas foram difíceis para Leclerc, e até para os homens da Mercedes, que caiu para o oitavo lugar, mas pior estava Sérgio Pérez que, quando tentava disputar o terceiro lugar com Max Verstappen, promoveu um contacto na subida para a exigente Curva 4, o que o atirou para uma saída de pista com um furo, obrigando-o a parar nas boxes.

O grande adversário do piloto da Ferrari estava no último lugar e deixava de ser um factor, mas tinha ainda de recuperar, mas para isso, os seus pneus médios tinham de começar a funcionar correctamente.

A partir da sexta volta, Leclerc começou a recuperar, ultrapassando Carlos Sainz, que passara pelo comando da corrida durante quatro voltas, na décima primeira volta para ascender ao quarto lugar, o que corresponde à liderança do segundo pelotão.

Então, o piloto da Ferrari ostentava uma vantagem de 21,457s para Sérgio Pérez, que estava ainda no último lugar, mas com pneus médios mostrava um andamento rápido. Dificilmente o mexicano do “Mercedes Cor de Rosa” poderia alcançar o jovem da “Scuderia”, mas os pontos era uma objectivo realista.

O desejo de todos em pista era realizar apenas uma paragem nas boxes e Leclerc estava numa posição invejável, dado ter pneus médios montados no seu monolugar. Mas para que isso fosse uma realidade, o Ferrari teria de ter uma gestão muito mais efectiva das borrachas da Pirelli, algo que não se tinha verificado nos últimos Grandes Prémios.

Contudo, as evoluções colocadas no SF1000 no Algarve também neste aspecto mostraram ser um passo em frente, tendo mantido as borrachas médias com que iniciara a corrida até à trigésima quarta das sessenta e seis voltas que compunham a corrida algarvia.

Para além da evolução na utilização dos pneus, o ritmo do monegasco era muito competitivo e até à volta anterior à sua passagem pelas boxes, ganhara mais de oito segundos a Pérez, que, entretanto, era já quinto e não perdera tempo significativo na sua subida pela classificação graças a facilidade de ultrapassar na recta da meta do circuito português.

A evolução do SF1000 era uma certeza – o monolugar italiano apresenta mais performance pura tanto em corrida como em qualificação e a gestão dos pneus é muito mais efectiva, parecendo agora a terceira máquina em pista.

Quando saiu das boxes, com pneus duros para terminar a corrida, o monegasco continuava no quarto lugar, mas agora tinha o piloto da Racing Point a apenas 3,4s e, com as baixas temperaturas que se fizeram sentir ao longo de toda a tarde, colocar os pneumáticos C1 da Pirelli na temperatura correcta de funcionamento não seria fácil.

Contudo, apesar de Pérez estar com pneus médios na janela térmica correta, o jovem da Ferrari afastou-se consistentemente do seu perseguidor, e quando este na quadragésima quinta volta parou pela segunda vez nas boxes, para montar macios usados, tinha perdido quase dois segundos para Leclerc.

O “Mercedes Cor de Rosa” não tinha resposta para o Ferrari em circunstância alguma e o mexicano acabaria mesmo por se ver suplantado por Pierre Gasly e Carlos Sainz, terminando no sétimo posto, depois de as borrachas C5 não terem o comportamento que a equipa de Silverstone desejava.

Por seu lado, Leclerc ainda acalentou o desejo de se mostrar ameaçador para o pódio de Verstappen, que tinha pneus médios onze voltas mais antigos. Contudo, o holandês mostrou que tinha a capacidade de manter o seu perseguidor à distância e o monegasco passou a gerir a sua corrida de modo a terminar no quarto lugar e com o triunfo no Segundo Pelotão no bolso.

Para este triunfo, o piloto da Ferrari beneficiou dos problemas de Pérez, mas dificilmente o mexicano poderia ser um problema para Leclerc e ir além de quinto, sobretudo porque iniciara a corrida com os problemáticos macios, mas também graças à evolução que o SF1000 evidenciou nas últimas corridas.

O Grande Prémio de Eifel, devido às suas gélidas temperaturas, não pode ser visto como uma verdadeira bitola, mas usando-o como termo de comparação, entre a situação de Safety-Car Virtual, que terminou na décima sexta volta, e a sua segunda paragem nas boxes, na trigésima quarta, Leclerc perdeu una média de 2,26s por volta para Hamilton em Nurburgring, ao passo que no Autódromo Internacional do Algarve perdeu ao longo de toda a corrida uma média 0,990s por volta.

Nem tudo será evolução, e a Ferrari na Alemanha, em situação de corrida, não terá colocado o seu carro na janela correcta de performance , mas é um passo em frente para os italianos que poderão ter a esperança de estar em processo de recuperação, caso confirme este salto já no próximo fim-de-semana, no Grande Prémio da Emilia Romagna.

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