GP de Abu Dabi F1: os cenários de risco para a McLaren
Todos sabemos que a Red Bull e Max Verstappen têm pela frente uma tarefa muito difícil para chegar ao título, mas essa ausência de pressão, esse “não ter nada a perder” tem outro lado: a pressão de não falhar está toda do lado da McLaren. Por isso, analisamos os fatores que podem custar o título aos pilotos da McLaren.
No caso de Oscar Piastri, que está quatro pontos atrás de Verstappen, pouco ou nada tem a perder: precisa de vencer na frente de Verstappen e que Norris seja apenas sexto. Difícil, mas possível.
O maior risco para a McLaren é um colapso tático e operacional derivado da pressão extrema. Uma corrida “normal” com Verstappen no controlo da corrida e Norris preso atrás de Piastri seria suficiente para Norris ser campeão. Mas se caísse para quarto, por exemplo atrás de George Russell, já não…
Portanto, qualquer desvio – incidente, falha mecânica, pitstop imperfeito ou erro estratégico – amplifica exponencialmente as chances de desastre para Woking. A McLaren necessita de perfeição operacional, mas tal raramente existe em Abu Dabi, que costuma ser uma corrida caótica.
E nem sequer é preciso recordar 2021, basta 2010, quando a Ferrari e Alonso quiseram marcar Webber, e ambos ficaram presos atrás de Petrov, com Vettel lá na frente a assegurar o seu primeiro título.
A qualificação de Abu Dabi coloca a McLaren numa posição aparentemente vantajosa: Lando Norris em segundo lugar e Oscar Piastri em terceiro, atrás apenas de Max Verstappen na pole position. Contudo, esta configuração cria múltiplos cenários de risco que poderão ser fatais para as ambições de título de ambos os pilotos britânico e australiano.
O controlo tático de Verstappen
O maior perigo para a McLaren reside na capacidade estratégica de Verstappen e na Red Bull. Com a pole position, o neerlandês terá a possibilidade de controlar o ritmo da corrida desde o primeiro instante.
A estratégia é simples: Verstappen pode reduzir o seu ritmo o suficiente para se manter à frente de Norris, sem permitir que o britânico se aproxime o bastante para uma ultrapassagem viável.
Enquanto isso, Piastri, alinhado em terceiro, estará imediatamente atrás de Norris.
Este cenário é problemático para a McLaren não porque Norris se deva preocupar com Piastri, mas porque com um ritmo baixo de corrida, Russell deve estar colado ao McLaren, com os riscos inerentes a isso. E se o Mercedes passa um pode passar também o outro. E se isso acontecesse, se pudesse, Verstappen ‘fugia’…
Portanto, a posição relativa dos dois pilotos da McLaren é paradoxalmente um fator de risco. Com Norris a lutar pela sobrevivência do título e Piastri igualmente inserido na disputa, existe pressão para que ambos olhem pelos seus interesses e Piastri não deve atirar a toalha logo de início ao resignar-se em ficar atrás de Norris. Se o fizesse, seria um bom tampão, pois também ele poderia atrasar o comboio atrás de si e dar espaço a Norris.
O que vamos ter é uma partida que vai definir muita coisa. Verstappen sai na frente, logo a seguir, Norris não pode arriscar nada, e atrás, Piastri pode arriscar tudo. Portanto, provavelmente, Norris ‘esconde-se’ e Piastri vai com tudo.
Se saírem da primeira curva na mesma ordem, nas primeiras voltas vamos perceber melhor as intenções de cada um. Verstappen vai querer impedir DRS atrás de si – mas com isso tem que andar depressa – e os homens da McLaren evitarem a todo o custo envolverem-se em manobras perigosas. Mas este é só um cenário, pois se fosse um qualquer McLaren para a frente, a questão tática alterava-se muito.
Por outro lado, a fiabilidade é sempre um fator em Abu Dabi, particularmente num fim de semana de máxima tensão. Uma falha hidráulica, problema de transmissão ou desgaste prematuro de travões, pneus, poderia tirar qualquer dos pilotos McLaren da corrida. Enquanto Verstappen corre o mesmo risco, ele apenas precisa de terminar à frente de Norris e Piastri para assegurar o título. Uma falha em Norris, por exemplo, invalida imediatamente a campanha McLaren de construtores e pilotos.
Tendo em conta o ‘comboio’ que se espera, o envolvimento de rivais de fora da luta pelo título é possível.
George Russell, Charles Leclerc e Fernando Alonso, estão por perto e representam ameaças secundárias.
Qualquer incidente pode desestabilizar a formação McLaren, ao alterar o equilíbrio tático. Exceto Norris, todos os restantes pilotos têm pouco a perder e tudo a ganhar em Abu Dabi, potencialmente agindo com maior agressividade.
Pitstop imperfeito e gestão de pneus
Uma paragem nas boxes fora de tempo, erros na mudança de pneus poderão custar posições cruciais. Se Norris cumprir uma paragem longa enquanto Verstappen e Piastri conseguem uma mais rápida, pode colocar Norris em risco. A McLaren terá de equilibrar a agressividade ofensiva com a disciplina operacional, uma combinação difícil em condições de pressão extrema.
Apesar da qualificação demonstrar competitividade, a corrida é diferente. Mesmo que Verstappen tenha mais ritmo que os McLaren, não lhe interessa aumentar a margem e ganhar conforto, pois se o trio da frente se afasta face ao quarto classificado, o piloto da Red Bull não pode fazer nada para tentar chegar ao título e é por isso que todos julgam que não vai abrir na frente. Como já explicámos atrás.
Pneus e degradação
As temperaturas de pista em Abu Dabi são imprevisíveis. Se a degradação de pneus favorecer uns ou outros, esse é mais um fator que pode mudar a corrida, não se sabendo para já quem pode prejudicar.
FOTO Red Bull ContentPool/Getty Images
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