F1, Mercedes: Equipa procura norte, tal como o seu líder

Por a 21 Novembro 2023 16:32

A Mercedes procura o norte desde a entrada neste novo conjunto de regulamentos, em 2022. E Toto Wolff procura o norte desde a final perdida de Abu Dhabi em 2021. E talvez por isso estejamos a ver a fase mais instável da Mercedes desde 2013.

A Mercedes viveu anos e ouro de 2014 a 2021, com um domínio incontestado da F1 nessa época. Mas a Red Bull e um tal de Max Verstappen fizeram a Mercedes tropeçar em 2021 e o tropeção tornou-se maior em 2022 e 2023.

A Mercedes tornou-se na equipa mais forte da F1 nos primeiros anos da era híbrida. Um pouco à imagem da história da Brawn GP, que seria comprada pela Mercedes, os engenheiros germânicos trataram de desenvolver com tempo um motor híbrido e chegaram a 2014 com a melhor unidade motriz da grelha e isso fez a diferença nos primeiros anos dessa nova era. Foi aí que a Mercedes solidificou a sua posição e tornou-se numa das grandes potências da F1. A dupla Toto Wolff, Niki Lauda tinha um equilíbrio a toda a prova e a equipa foi respondendo aos desafios sempre de forma afirmativa. As tentativas da Ferrari e da Red Bull de se aproximarem (mais da Ferrari) foram sempre infrutíferas, pois a Mercedes conseguiu sempre encontrar as melhores soluções. A filosofia implementada na equipa de responsabilização máxima / Liberdade máxima ajudou. Com isso, o ambiente opressivo de uma equipa de F1 foi minimizado e a engrenagem dos Flechas de Prata foi-se mantendo bem oleada e eficiente. E a chefia parecia imaculada. Wolff tornou-se na referência no paddock.

Mas em 2021, a Red Bull aproximou-se o suficiente para pressionar a Mercedes e Toto Wolff, já sem a preciosa ajuda de Lauda, falecido em 2019, claudicou. Já escrevemos anteriormente que Lauda era importante na forma como comunicava para dentro e para fora. Era duro no discurso quando tinha de ser, e expansivo nos elogios nos momentos certos. Mantinha os pilotos motivados e conseguia granjear a harmonia necessária para uma equipa ter sucesso. Com a sua morte, a Mercedes perdeu muito, Toto Wolff perdeu muito. Juntando-se a isso as várias saídas da equipa e o inevitável fim de ciclo confirmou-se e temos agora uma Mercedes menos forte. Lauda desempenhou um papel importante na equipa. Uma figura insubstituível que deixou um vazio que ainda hoje se nota.

E o vazio torna-se maior com a nova postura de Toto Wolff. Na guerra Wolff vs Christian Horner, o britânico da Red Bull levou a melhor sobre o austríaco da Mercedes. Wolff nunca tinha sido pressionado de tal forma em 2021 enquanto Horner parece gostar de situações mais conflituosas. Horner não tem medo de fazer jogos políticos, de pressionar, mesmo correndo o risco de ser pressionado. É talvez o chefe de equipa mais feroz da grelha. Wolff foi apanhado nessa luta e foi trucidado.

Desde então nunca mais se viu o Wolff do pré-2021. No GP de Las Vegas tivemos uma pequena caricatura do que tem sido Wolff desde 2022. Perdeu as estribeiras quando questionado sobre o problema da tampa de esgoto que saltou, desculpabilizando os responsáveis da prova, dizendo que não era nada. Perder um chassis de milhares de euros e perder pontos por isso não pode ser minimizado. Se fosse um carro da Mercedes o discurso seria outro. E no fim de festa em Las Vegas questionado sobre a curta margem para a Ferrari, fez questão de lembrar 2021, sem necessidade.

Wolff parece perdido. Curiosamente, também a Mercedes. Em 2022 apostou numa filosofia aerodinâmica que se revelou errada, mas em 2023 a equipa manteve a aposta, o que resultou na saída Mike Elliot do cargo de diretor técnico para o regresso de James Allison. A Mercedes, que era brilhante em quase todos os capítulos da corrida, parece ter perdido o brilho, tal como o seu diretor. As saídas de figuras importantes da estrutura parece ter abalado um pouco a estabilidade. A Red Bull também perdeu pessoal importante, também teve de fazer regressar Adrian Newey depois da renovação de contrato que lhe permitiu apostar noutros projetos fora da F1, no arranque da era híbrida. Mas os Bull´s sempre pareceram mais sólidos, apesar das dificuldades vividas com a Renault e com os primeiros tempos com a Honda. Isto porque também tem uma chefia forte.

Será que a Mercedes precisa de sangue novo no leme da equipa? Wolff prepara já a sucessão e tem “dado formação” a Jérôme d’Ambrosio que se está a preparar para assumir o leme da equipa, quando Wolff quiser tratar de assuntos mais administrativos, largando a parte desportiva. Mas parece faltar algo à chefia da Mercedes. Talvez não seja esse o maior problema da estrutra, mas pode ser uma das causas do insucesso recente.

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Scirocco
Scirocco
11 meses atrás

Depois de 8 anos de domínio, Toto mostrou que não tinha capacidade para continuar a navegar com a equipa desta vez em mares agitados. Falha importante se pensarmos no meio absolutamente implacável em que se movimenta. De 2021 para cá têm tido uma postura de arruaceiro e sobretudo de pânico (quem não se lembra da sua atitude na reunião com os outros chefes de equipa sobre o porpoising), que além de ser grave a nível pessoal, é-o também por transmissão, transversal á sua equipa. Os ciclos de vitória e derrota são normais na vida e por arrasto na F1. C.… Ler mais »

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