F1, HALO: A salvar vidas desde 2018

Por a 21 Setembro 2021 11:30

De aberração a bênção. O Halo teve um parto difícil e demorou muito até que todos os intervenientes na F1 o aceitassem, mas o sistema de proteção já salvou a vida a alguns pilotos e mais que isso, justificou todo o investimento e teimosia da FIA.

O acidente de Jules Bianchi, em Suzuka 2014 colocou a nu uma das maiores fragilidades dos monolugares… a cabeça dos pilotos. Se a grande maioria do corpo se encontra protegida por chassis ultra resistentes, a cabeça, talvez uma das zonas mais frágeis do corpo humano, continuava exposta e o acidente de Bianchi recordou a todos de forma demasiado amarga que a busca pela segurança não podia parar, apesar de não haver mortos na F1 há mais de 20 anos.

Foram discutidas várias propostas mas a que foi escolhida pela FIA foi o Halo. E apesar da inovação e da evolução serem palavras-chave na F1, as mudanças radicais são sempre vistas com muita desconfiança e o Halo não foi diferente. Desde as críticas na altura de Niki Lauda que criticava a escolha do dispositivo em detrimento de outros apresentados, até à grande desconfiança de alguns pilotos como Nico Hulkenberg, Kevin Magnussen, muitos falar da estética e do impacto visual do Halo. Chegou-se a falar que o Halo poderia não ser tão feio quanto inicialmente proposto, mas no final o Halo chegou, tal como foi apresentado, manteve-se, deixou de ser um problema e já salvou pelo menos seis vidas.

O sistema foi introduzido em 2018 e não foram precisos mais de 4 meses para ver os efeitos do sistema implementado pela FIA. Tadasuke Makino afirmou que o Halo salvou-lhe a vida na corrida em Espanha em que o carro de Nirei Fukuzumi acabou em cima do cockpit do piloto japonês apoiado pela Honda. Charlie Whiting confirmou e disse que Makino poderá ter sido o primeiro grande beneficiário do sistema. Poucas semanas depois foi a vez de Charles Leclerc ser salvo pelo Halo depois de ver o McLaren de Fernando Alonso passar-lhe por cima da cabeça. Ainda em 2018 o jovem Alex Peroni escapou ileso a um espetacular acidente, graças ao Halo. Apenas num ano, o sistema terá salvo três pilotos, todos eles jovens. O investimento estava pago. Mas não ficou apenas por aí.

Em 2020 vimos um dos mais violentos acidentes da história da F1, com Romain Grosjean a escapar a um terrível acidente que, sem o Halo, teria tido um desfecho bem mais sombrio, com o francês a escapar com “apenas” algumas queimaduras. Já este ano na W Series, Sarah Moore e Beitske Visser escaparam a males maiores graças ao Halo depois de vários despistes em Eau Rouge e finalmente Lewis Hamilton escapou ileso ao acidente com Max Verstappen em Monza depois do Red Bull do neerlandês ter passado por cima da cabeça do britânico.

São pelo menos sete vidas salvas graças ao Halo. Uma contabilidade claramente positiva, que justifica plenamente o uso do sistema. Sim não é a peça mais elegante ou bonita de um monolugar, mas o hábito já nos faz olhar para ele de forma diferente, além de permitir que os capacetes se mantenham visíveis, uma das preocupações aquando da sua introdução. O caminho da segurança no desporto motorizado nunca terá fim, mas é bom ver que quem trabalha nesse campo não se deixa influenciar pelas vozes exteriores, Graças a isso foram menos sete vidas que poderiam ter ficado irremediavelmente afetadas que continuam a competir, a fazer aquilo que mais gostam e a entreter os seus fãs.

Marino Sato

Charles Leclerc

Link para vídeo AQUI

Alex Peroni

Romain Grosjean

Sarah Moore e Beitske Visser

Lewis Hamilton

Link para o vídeo AQUI

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Cágado1
2 anos atrás

É inegável que o Halo oferece uma protecção que não havia e nesse sentido é muito bem vindo, mas exagera-se a sua utilidade. No caso recente do Hamilton e Verstappen, quem fez a maioria do trabalho foi o Rollbar, que está lá desde tempos imemoriáveis, tendo até a popular alcunha de Santo António. É possível que o Hamilton tivesse ficado magoado sem o Halo, mas duvido que a sua vida tivesse ficado em causa. Vimos em toda a história dezenas de monolugares voarem sobre outros, sem consequências, sendo basicamente deflectido o seu impacto pelo rollbar. Um que para mim não… Ler mais »

917/30
Reply to  Cágado1
2 anos atrás

Se é verdade que o rollbar fez grande parte do trabalho, não é menos verdade que há uma fase em que roda assenta no halo, ainda assim a cabeça de LH é empurrada pela roda. Se não houvesse o halo a roda assentaria com todo peso/força no capacete do LH. Sinceramente duvido que não ficasse no mínimo muito magoado…
O facto de a Sophia Florsch estar bem, apenas quer dizer que teve sorte (muita). Como todos sabemos, existem muitos outros casos (sem halo) em que o piloto não sobreviveu para contar a história.

Last edited 2 anos atrás by Haters...coisa mais estúpida não há!
Cágado1
Reply to  917/30
2 anos atrás

Claro que existem muitos casos tristes: o do Bianchi; o do Surtees; recuando muito no tempo, o do Pryce; do Cévert… Só acho que não tem forçosamente de ser dado crédito de tudo ao Halo, como se fosse preciso justificá-lo. Dei um exemplo disso. Mas parece-me inegável que as suas virtudes ultrapassam todas as reservas que teve (incluindo minhas).

917/30
Reply to  Cágado1
2 anos atrás

Não vejo a situação como dar “crédito de tudo ao halo” mas sim dar o crédito devido quando é devido, e neste caso para mim, esse crédito é mais que devido.

917/30
2 anos atrás

“O acidente de Jules Bianchi, em Suzuka 2014″…”apesar de não haver mortos na F1 há mais de 20 anos.” Ora bem, deixa-me cá fazer as contas…

Last edited 2 anos atrás by Haters...coisa mais estúpida não há!
anotheruser
2 anos atrás

Sim. É inegável.

Era preciso fazer uma outra análise sobre a razão da frequência de acidentes em que o halo teria relevância antes e após a sua introdução e o período de tempo em que ocorreram. Em 4 anos parece-me haver demasiados eventos potencialmente graves quando comparados com os 4 anos anteriores.
Carros demasiado rápidos para algumas das pistas, má estimativa de escapatórias, barras de suspensão demasiado resistentes, demasiados pilotos inexperientes/pagantes?

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