F1, Grande Prémio de Portugal: Próximo, mas ainda não confirmado

Por a 5 Dezembro 2022 13:31

É a prenda de Natal que todos gostaríamos de receber. O GP de Portugal de F1 pode voltar a ser uma realidade em 2023 e poderemos receber Max Verstappen, Charles Leclerc, Lewis Hamilton e companhia no Autódromo Internacional do Algarve. Faltam apenas alguns pormenores, mas por vezes os pormenores fazem a diferença.

É a  notícia que marca a atualidade desportiva nacional, no que diz respeito à competição automóvel. Numa altura em que andamos moderadamente entretidos com o Mundial de Futebol, pouco habituados a tempo cinzento e lareiras acesas em altura de Mundial, eis que surge uma notícia que deixou qualquer português entusiasmado. A F1 pode regressar a Portugal em 2023. O Grande Circo, que atrai cada vez mais seguidores, com uma base de fãs que aumenta a cada época, poderá regressar à Montanha Russa algarvia, repetindo as passagens de 2020 e 2021. Está perto, mas ainda não é certo.

Antes de mais, importa fazer o enquadramento e explicar como chegamos até aqui. O calendário de 2023 foi definido contando mais uma vez  com a China, com o fim de semana de Xangai a ser marcado de 14 a 16 de abril. No entanto, a política “COVID 0” aplicada pelo governo chinês, ainda com  regras muito restritas, deixa a F1 com pouca vontade de arriscar uma ida à China, correndo o risco de perturbar o normal funcionamento de toda uma engrenagem com pouca tolerância para falhas, atrasos e muito menos staff retido num país longe das fábricas. Assim, a F1 deixou cair o evento e confirmou o cancelamento do GP da China em 2023, o quarto consecutivo. Chegou a dizer-se que a F1 ficaria apenas com 23 provas, mais que suficiente para uma competição mundial, mas o hiato entre o GP da Austrália e o GP do Azerbaijão era demasiado grande (quase um mês). A F1 olhou para outras soluções e Portimão apareceu no topo da lista.

A pista portuguesa tornou-se numa das preferidas dos fãs e da F1, com infraestruturas de topo, uma meteorologia agradável e um traçado de sonho. A juntar a tudo isto, a tenacidade de Paulo Pinheiro, chefe da operação do AIA, e de toda a sua equipa, em trazer a F1 para festejar condignamente o 15º aniversário do traçado algarvio. 

Tendo em conta que o Conselho Mundial da FIA está agendado para 9 de dezembro e que o calendário da F1 tem de ficar aprovado nessa reunião, era necessário que um acordo fosse conseguido com celeridade. Há sempre muitos pormenores a ter em conta neste tipo de negócio, mas no caso do GP português há alguns com muito peso. Um deles, o AIA recebe a segunda jornada do mundial de endurance, no ano do centenário das 24h de Le Mans, uma notícia fantástica para os fãs de endurance. Mas a data agendada para as 6h de Portimão é exatamente a mesma que a data do GP da China, fim de semana que a F1 procura preencher com uma prova de substituição. Paulo Pinheiro e a sua equipa mostraram disponibilidade para fazer o (aparentemente) impossível e receber dois mundiais FIA (F1 e WEC) em fins de semana consecutivos, uma operação deveras exigente, uma quase loucura, mas que mostra bem a determinação da equipa do AIA em receber as melhores competições do mundo. 

O outro pormenor é o de sempre… o dinheiro. Até ao final da semana passada, a vinda da F1 a Portugal parecia muito bem encaminhada, faltando apenas algumas autorizações ao mais alto nível e a finalização de todos os acordos necessários. Mas, tal como em pista, a competição na F1 é grande e a lista de interessados em receber uma prova é também extensa. E há um concorrente que também tenta ficar com a vaga do GP da China. A Turquia terá apresentado uma proposta para receber a F1 em Istanbul Park e apresenta argumentos de peso… dinheiro, mais especificamente. Ora a questão dinheiro é sempre sensível para os donos da F1, mas do outro lado da balança estão argumentos de peso. As equipas preferem Portimão, pois a Turquia está demasiado próxima da Ucrânia, que continua a enfrentar a invasão russa e as ligações da Turquia ao aparelho russo também não agradam, pois as equipas sempre fizeram questão de se afastar de tudo o que possa estar ligado à Rússia.

Em declarações à Lusa, Ni Amorim, Presidente da FPAK admitiu negociações para Fórmula 1 regressar a Portugal, confessou que “Portugal está na linha da frente” para poder substituir a China no calendário de 2023, mas acrescentou que a Turquia também está na corrida.

Tal como sucedeu das outras duas vezes que a F1 veio a Portugal, em 2020 e 2021, há sempre a necessidade de ser feito um investimento, mas essa resposta ainda não existe: “Vai depender se há verbas para Portugal receber o GP. As taxas são caras, mas o retorno justifica o investimento”, diz o presidente da FPAK.

Em resumo, Portimão quer receber a F1, as equipas querem Portimão, mas as contrapartidas apresentadas pela Turquia podem tornar-se mais apelativas. Tudo isto será decidido nesta semana e, à hora em que escrevemos este artigo, sabemos que o GP de Portugal já esteve mais perto de acontecer, mas que ainda há uma boa probabilidade de vermos os monolugares de F1 a percorrer o traçado do AIA. Talvez quando ler esta notícia o caso esteja resolvido, pois a decisão é iminente. Esperemos que seja uma decisão favorável a Portugal e que possamos receber a F1, com casa cheia, numa das melhores pistas do mundo, vendo os melhores pilotos do mundo em ação. 

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