F1, GP do Mónaco: Alpine dá chapada de luva branca ao seu CEO

Por a 29 Maio 2023 15:40

Esteban Ocon foi a grande surpresa do fim-de-semana do Grande Prémio do Mónaco, tendo estado envolvido na luta pela pole-position e conquistando um pódio que nem mesmo os responsáveis da Alpine esperavam.

O início de temporada da equipa do construtor gaulês não foi fácil, com dificuldades em extrair a potencial do A523 e, sobretudo, problemas com a execução a criar contrariedades, a mais evidente no Grande Prémio da Austrália, quando os dois pilotos se anularam, o que significava apenas catorze pontos no seu nome no Campeonato de Construtores.

Estes resultados desapontantes precipitaram ainda comentários duros, antes e durante o evento de Miami, de Laurent Rossi, o CEO da Alpine, que ameaçava com alterações na estrutura da formação, caso não se verificassem melhorias.

Vivia-se um ambiente pesado em Enstone e Viry-Châtillon, devido à falta de confiança que vinha de cima, o que nunca faz bem aos homens que tem de fazer evoluir o carro e explorar o potencial deste em pista.

Antes do fim-de-semana de Monte Carlo ninguém apontava a Alpine como uma candidata a um lugar no pódio, estando os holofotes apontados para a Ferrari e Aston Martin como potenciais disruptoras da hegemonia da Red Bull.

Mesmo as sessões de treinos-livres monegascas não apontavam que Esteban Ocon ou Pierre Gasly pudessem incomodar de forma activa os pilotos das quatro equipas mais fortes – o máximo que a equipa de bandeira francesa conseguira foi um sexto lugar na terceira sessão pelas mãos do seu novo recruta a 0,6s de Max Verstappen e batido por Lando Norris.

A qualificação previa-se muito disputada e, como sempre no Mónaco, poderiam existir oportunidades, o que se verificou com o despiste de Sérgio Pérez logo na Q1, abrindo um lugar entre as filas da frente.

Mas nem tudo corrida bem aos homens da Alpine, que na Q2 foram obrigados a registar um terceiro jogo de pneus para assegurar a passagem à fase seguinte e este terá sido o maior erro de Esteban Ocon ao longo de todo o fim-de-semana e que, provavelmente, lhe poderá ter negado um ataque mais intenso à pole-position.

Na sua primeira volta da Q3 o francês teve de usar pneus macios usados, contra novos dos seus adversários, o que não lhe proporcionou o mesmo ‘feeling’ para atacar durante a sua melhor volta, que ainda assim o colocou temporariamente na pole-position, depois de todos os candidatos terem realizado a sua primeira tentativa.

Outro factor que jogou contra si foi o facto de ter realizado o seu derradeiro ‘run’ muito antes de Max Verstappen, Fernando Alonso e Charles Leclerc, o que numa pista que estava a melhorar consideravelmente, o terá desfavorecido.

Ainda assim, o seu crono valia-lhe o quarto posto na tabela de tempos a apenas 0,188s do Bicampeão Mundial, o que se transformaria no terceiro lugar com a penalização do monegasco da Ferrari.

O primeiro passo para um resultado relevante estava dado, mas era preciso ainda fazer a tortuosa corrida de setenta e oito voltas e a de domingo prometia ser um desafio estratégico, uma vez que a possibilidade de chuva era real.

Com a pluviosidade possível para depois do meio da prova, as equipas colocaram de parte o uso dos pneus macios para a primeira parte da corrida, uma vez que estes não lhes davam a elasticidade estratégica para realizar a desejável paragem única nas boxes.

Ainda assim, Ocon apostou nos médios contra duros da generalidade dos pilotos à sua volta e isso quase que lhe permitiu desfeitear Alonso no arranque, conseguindo o espanhol manter o segundo posto com uma passagem agressiva por Sainte Dévote.

O francês rodava na terceira posição com Sainz no seu encalço e era evidente que não conseguiu acompanhar os dois da frente e mesmo o espanhol parecia ter mais ritmo que o piloto da Alpine, que o perseguia de muito perto, chegando a mesmo a tocar-lhe na Chicane do Porto, quando a frustração tomou conta de si e lançou-se para um ataque que nunca poderia dar resultado.

O carro de Maranello ficou sem a deriva esquerda da asa dianteira e o Alpine passou incólume, ficando tudo como estava.

Com Sainz próximo, mas com os ímpetos controlados, a questão para Ocon era conseguir evitar o ‘undercut’ do piloto da Ferrari, ao mesmo tempo que estendia o seu ‘stint’ o máximo possível para que pudesse parar apenas quando a chuva aparecesse, caso realmente esta se fizesse sentir.

Foi então que, com a chuva a teimar em não fazer a sua visita ao Principado, Hamilton, que rodava em quinto, espoleto as paragens nas boxes entre os homens da frente, estavam cumpridas trinta e uma voltas.

O inglês da Mercedes não era uma ameaça imediata ao Ocon, mas a Alpine preferiu responder imediatamente, antecipando-se a uma potencial tentativa de ‘undercut’ da parte de Sainz.

O espanhol foi chamado uma volta depois, para seu desagrado, uma vez que preferia continuar em pista para tentar um ‘overcut’, mas na verdade os tempos que realizou na sua volta de entrada nas boxes não sustentam a sua teoria, tendo perdido tempo para o francês.

Ocon mantinha assim a sua posição relativa e estava mais próximo de chegar ao degrau mais baixo do pódio.

Porém, a chuva apareceria mesmo, quando estavam cumpridas cinquenta e duas voltas. Primeiro timidamente, na zona de Mirabeau até à Chicane do Porto, mas depois foi-se intensificando e foi então que Ocon, que voltou a estar muito pressionado por Sainz, decidiu parar no momento certo, na quinquagésima quarta volta, quando a pista ficou bastante molhada na área mencionada.

A decisão do francês, e foi ele que a tomou, permitiu-lhe deixar para trás os pilotos da Ferrari, que pararam demasiado tarde, e não ser suplantado pelos homens da Mercedes, que seguiram o jovem da Alpine.

A pista foi secando progressivamente até ao final da prova, mas apesar da pressão de Hamilton, Ocon nunca cometeu um erro, assegurando um pódio que parecia distante antes do circo chegar ao Mónaco, mas que foi inteiramente merecido pela performance do francês na qualificação e pela execução de toda equipa, piloto incluido, na corrida de domingo.

Estava dada a chapada de luva branca a Rossi.

FOTOS Philippe Nanchino e Martin Trenkler
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