Didier Pironi: O lendário Ferrari 28


Didier Pironi tinha o sonho de ser o primeiro francês a sagrar-se Campeão do Mundo de F1. Graças ao seu talento e determinação, a Ferrari deu-lhe essa oportunidade, ao volante do carro número 28, mas o destino encarregou-se de acabar com a chama do piloto, no dia 23 de Agosto de 1987.

1980 foi um ano para esquecer. A Ferrari tinha passado de campeã para o final da grelha, o chassis 312T estava desatualizado face aos carros com efeito de solo, o velhinho boxer de 12 cilindros não acompanhava os motores turbo nem o Cosworth DFV, e Jody Sheckter tinha-se retirado da competição. Enzo Ferrari manteve Gilles Villeneuve, rendeu-se ao turbo e contratou uma estrela em ascensão na F1 para secundar Villeneuve, umjovem francês chamado Didier Pironi, que tinha impressionado pela sua rapidez nas fórmulas promocionais, pela sua vitória nas 24 Horas de Le Mans em 1978 com a Renault e pelo seu desempenho na Tyrrell e na Ligier.

Perdendo o 1 e o 2 para a Williams, a Ferrari ficou com os números 27 e 28. Pironi, como piloto mais novo, viu ser-lhe atribuído o segundo, mas não se deixou ficar num papel secundário e durante a pré-época de 1981 foi capaz de igualar os tempos do mais experiente Villeneuve ao volante do Ferrari 126 CK. Pironi testou intensivamente o novo monolugar, mas fiabilidade era coisa que o seu carro não tinha no início do campeonato, abandonando nas três primeiras provas com duas avarias de motor e uma colisão.

Em San Marino tudo correu melhor e o francês aproveitou o erro de Villeneuve na escolha de slicks para passar pelo comando, mas um problema numa saia lateral do carro fê-lo cair na classificação. Na Bélgica, Pironi voltou a liderar, mas uma saída de pista atirou- o para fora dos pontos. Depois das vitórias de Villeneuve no Mónaco e em Espanha e mais problemas de fiabilidade, o francês acabou por ter uma época apagada, acabando em 13º lugar do campeonato, com nove pontos. Ascensão e queda No início de 1982, Pironi ainda não o sabia, mas esta seria simultaneamente a sua melhor e pior época na Fórmula 1. Nos testes da pré-temporada, o novo 126C2 desenhado por Harvey Postlethwaite impressionou com Villeneuve ao volante, e o canadiano apresentou-se como candidato ao título. No entanto, quando a Ferrari teve a hipótese de obter a sua primeira vitória do ano, foi Didier Pironi quem a conquistou. Num Grande Prémio de San Marino onde apenas estiveram 14 carros à partida, os Ferrari aproveitaram o abandono dos Renault para liderar a corrida. Villeneuve acreditava que a vitória era sua devido a ordens de equipa, mas Pironi não concordou e passou o canadiano na última volta. Os dois pilotos cortaram relações e Villeneuve morreu nos treinos da prova seguinte, na Bélgica, quando tentava bater o tempo de Pironi e chocou contra o March de Jochen Mass. Pironi foi considerado moralmente responsável pelo acidente pois tinha sido a sua manobra na prova anterior a causa do estado de espírito de Villeneuve.

Mas os problemas do francês mal tinham começado. No Mónaco, perdeu a vitória na derradeira volta por falta de combustível no carro e no Canadá deixou o Ferrari ir abaixo na largada, sendo abalroado por Riccardo Paletti, que perdeu a vida como consequência do acidente. Felizmente, Pironi viu a fortuna sorrir-lhe no GP da Holanda, onde roubou o comando a René Arnoux para não mais o largar. Ums egundo lugar em Inglaterra e um terceiro em França deixaram-no no comando do campeonato com nove pontos de vantagem e o francês começava agora a sonhar com o título.

Depois veio a Alemanha. Pironi já havia conquistado a pole na solarenga sexta-feira, portanto não havia motivo para sair para a pista no chuvoso sábado. No entanto, o francês sair das boxes, até que, sem visibilidade, chocou com o Renault de Alain Prost, levantando voo e batendo de frente nas barreiras de proteção. As suas pernas ficaram inutilizadas, obrigando a diversas intervenções cirúrgicas ao longo dos anos, e nunca mais o 28 esteve envolvido na batalha pelo campeonato. Didier Pironi acabaria por se dedicar à competição offshore vindo a falecer em 1987 ao largo da ilha de Wight vítima de um acidente com o seu barco Colibri.

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