Didier Pironi: encontro marcado com o destino


Didier Pironi, o piloto francês que marcou o início da década de 80 tinha um trágico encontro marcado com o destino. A França contava com ele para ser o primeiro piloto gaulês a alcançar o título de campeão do mundo, e Didier esteve muito perto de o ser em 1982, um ano dramático na história da F1, quando a “scuderia” Ferrari se viu privada dos seus dois pilotos e principais candidatos ao título.

O ano começou sob o signo de Villeneuve, que relegou Didier para segundo plano, até ao GP de S. Marino, onde a vingança foi servida fria. Com a desistência dos principais adversários, os dois Ferrari ficaram calmamente na frente, com Villeneuve a liderar a corrida. As ordens da equipa eram para abrandar e manter as posições, mas os dois pilotos envolveram-se numa luta encarniçada até final, com Pironi a contrariar as ordens e a ultrapassar um furioso Villeneuve.

Essa manobra valeu-lhe uma alcunha pouco lisonjeira entre os “tiffosi” – “il bastardo”, mas seria um episódio rapidamente ofuscado pela sombra de tragédia que se abateu sobre Maranello, após a morte de Villeneuve, em Zolder.

Pironi ficava com o caminho aberto para o título, mas o destino acabou por cobrar a conta do francês, quando em Hockenheim, Didier destruiu o Ferrari e ficou paralisado, colocando assim um ponto final na sua carreira na F1.

Carreira que se iniciou em 1978, quando a Elf e Ken Tyrrel ficaram encantados com as qualidades reveladas pelo piloto na F2 e também com o prestígio da vitória em Le Mans em 1978, tripulando o Alpine Renault A442B que partilhava com Jaussaud.

Dois anos brilhantes na Tyrrel valeram-lhe o bilhete de entrada para a então competitiva Ligier onde em 1980 venceu o seu primeiro GP na Bélgica. Em 1981, seduzido pela sua eficácia e agressividade, Enzo Ferrari e Mauro Forghieri convidam-no a formar o duo maravilha da F1 do início da década de 80.

Duo dramaticamente desfeito em 1982, quando Pironi se sentou pela última vez ao volante de um F1, depois de 70 corridas e três vitórias. Mas o destino

não se contentara com a sua dívida e cobrou-a na totalidade em 1987, quando o piloto francês morreu num brutal acidente de motonáutica, numa prova ao largo da Ilha de Wight, a 23 de agosto de 1987, quando o Colibri, barco que ele próprio tinha feito, com base nas suas dificuldades físicas, se desfez ao enfrentar uma onda cruzada; com ele, morreu toda a equipa do barco.

A traição fatal

A história é rica em coincidências e a que sucedeu ao seu “irmão” Gilles Villeneuve é irónica. O canadiano era o seu melhor amigo, o seu confidente. Até Imola, até ao dia 25 de abril de 1982. Nesse dia, o francês cometeu um ato que Gilles considerou uma traição: quase no final, ao ver que o terceiro classificado, Michele Alboreto, estava muito longe, a Ferrari deu ordem aos pilotos para abrandarem o ritmo, para evitar quebras mecânicas ou consumo excessivo. Villeneuve, na frente de Pironi, cumpriu a indicação, acreditando que a ordem por que estavam em pista era para manter.

Mas Pironi não entendeu assim e passou Villeneuve, que reagiu, reassumindo o comando. Porém, na Tosa, não defendeu a linha de trajetória na última volta e Pironi aproveitou para voltar a passá-lo, cortando a linha de chegada 0,366s na frente de Gilles. Villeneuve, no pódio, nunca falou a Pironi, garantindo que este o tinha traído. E jurou que, na sua vida, nunca mais iria dirigir a palavra ao francês. Triste ironia: duas semanas depois o canadiano, estava morto, cumprindo-se da pior forma a sua promessa.

Em 1978, Didier Pironi ganhou o estatuto de herói francês ao vencer

as 24 Horas de Le Mans com o Alpine Renault

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