F1: Falta de liderança consistente foi o grande problema da McLaren

Por a 6 Dezembro 2018 13:18

A McLaren enfrentou um ano de 2018 muito complicado. A equipa de Woking terá tido um dos seus piores anos, com um chassis horrível e desta vez sem a desculpa da falta de competitividade dos motores Honda. Desde cedo que ficou claro que o maior problema da McLaren era um problema de liderança, algo que ficou mais explicito ainda com as mudanças na estrutura que Zak Brown operou.

O problema da McLaren? Uma organização implementada por Martin Whitmarsh, ex-chefe da equipa, apontado por Ron Dennis, onde todos os departamentos tinham uma palavra a dizer e onde não há uma chefia clara. Isso levou a que o processo de decisão se tornasse num pesadelo, como chegou a admitir Éric Boulier.

Brown falou agora dos problemas de liderança da equipa:

“Em última análise, o que nos trouxe até este momento menos bom começou há cinco anos. O problema deste ano já tem muito tempo”, disse Brown. “Tivemos uma falta de liderança consistente. Eu não aponto o dedo a qualquer indivíduo. Houve uma falta de foco por causa de todas as atividades que estavam acontecendo, da sala de reuniões: aquisições, fusão de empresas, diretores de equipa, CEO´s… Foi apenas uma constante de falta de foco, e eu acho que foi isso que criou a questão. E o que aconteceu foi que as pessoas não tinham metas claras e responsabilidades. Em última análise, foi isso que produziu um carro de corrida mau este ano. As pessoas são extremamente talentosas. Temos campeonatos mundiais, temos mais de 100 pessoas que estão aqui há mais de 20 anos. Eles não se esqueceram de como ganhar, simplesmente não tínhamos a infraestrutura certa e foi isso que decidimos mudar.”

“Eu preferiria ter um bom ano, mas é claro que este ano foi uma surpresa para todos nós. Obrigou-nos a olhar para dentro, ficar muito perto da equipa, fazer algumas mudanças, e a longo prazo, iremos beneficiar a equipa a partir deste ano. Descobrimos muitas áreas em que tivemos algumas deficiências, o que, em última análise, será um bom, porque achamos que as abordamos ou estamos no caminho certo resolver tudo.”

A F1 é muito exigente a todos os níveis, inclusive ao nível da liderança. É muito raro ver uma equipa com uma liderança fraca a ter sucesso. Equipas como a Mercedes e Red Bull, com um sistema de liderança bem definido e estável conseguem inevitavelmente dar a volta a situações menos positivas. Equipas com problemas de liderança, como aconteceu este ano com a Ferrari e mais concretamente com a McLaren, vão ter sempre mais problemas. Christian Horner e Toto Wolff são mais valias para as equipas, porque conseguem colocar uma estrutura a funcionar sem problemas e tomar as decisões importantes quando tal é necessário, enquanto Zak Brown está ainda a tentar encontrar as pessoas certas para estabilizar a McLaren e Maurizio Arrivabene, apesar do excelente trabalho feito, tem de lidar com a instabilidade típica da Ferrari. A Sauber é outro exemplo… Fréderic Vasseur entrou e mudou radicalmente a forma como a equipa trabalhava. Claro que beneficiou do apoio da Ferrari, mas foi a sua visão e liderança que fizeram de uma equipa que apenas cumpria calendário, uma equipa que luta regularmente por pontos e que está numa fase de crescimento clara.

As grandes equipas precisam de grandes líderes. São vários os exemplos de homens e mulheres que foram peças chaves para o sucesso de uma estrutura, apesar de não pegarem numa ferramenta ou no volante. O sucesso passa também pela forma como quem está no topo gere todo o processo. Na McLaren essa liderança esfumou-se com uma tentativa falhada de liderança horizontal, que claramente não funciona neste tipo de ambiente competitivo. Brown tem agora a missão de escolher os líderes certos para potenciar o grande talento que permanece na McLaren. Uma equipa com os pergaminhos e a tradição da McLaren não desaprende de um momento para o outro. Precisa de um farol, de alguém que aponte o caminho. É essa a grande missão de Brown. Para bem da McLaren e da F1, esperemos que o consiga.

Resta perguntar uma coisa… Teria sido Ron Dennis o homem certo para operar esta “revolução”? Teria sido o grande líder da equipa e o homem que tornou a McLaren numa marca global, capaz de perceber o que estava mal e mudar a situação? Uma pergunta à qual nunca saberemos responder.

 

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